sábado, 16 de janeiro de 2010

O que se guarda dentro de um livro

"Coisa maravilhosa: a Biblioteca Municipal de Vila Real vai organizar uma exposição sobre “coisas esquecidas no meio dos livros” — marcadores, anotações avulsas, flores secas, poemas anónimos, cartas, bilhetes de namorados, postais ilustrados que durante meio século foram sendo deixados “no meio dos livros” que foram requisitados das suas estantes. Para isso serviam, também os livros: um bilhete, no meio de um dicionário de Latim, a marcar um encontro junto do muro do Liceu; um queixume enternecido e magoado esquecido entre as páginas de uma monografia sobre cerâmica regional. Um bilhete de cinema a fazer de marcador. A lista pode ser interminável, tal como as florezinhas que se deixavam em certas páginas, onde vinham os sonetos de amor. A ideia é de puro génio."

Francisco José Viegas, em A Origem das Espécies

2 comentários:

Mentes Inconstantes disse...

Gonio, em relação ao outro poema não sei de onde o tirei , porque era um dos poemas que tinha num post do meu blog em 2007 então n m lembro, sorry!
Mas vi este e lembrei me de ti :)

"A lentidão da nossa vida é tão grande que não nos consideramos velhos aos quarenta anos. A velocidade dos veículos retirou a velocidade às nossas almas. Vivemos muito devagar e é por isso que nos aborrecemos tão facilmente. A vida tornou-se para nós uma zona rural. Não trabalhamos o suficiente e fingimos trabalhar demasiado. Movemo-nos muito rapidamente de um ponto onde nada se faz para outro onde não há nada que fazer, e chamamos a isto a pressa febril da vida moderna. Não é a febre da pressa, mas sim a pressa da febre. A vida moderna é um lazer agitado, uma fuga ao movimento ordenado por meio da agitação."


Fernando Pessoa, in "Heróstato"


Beijinhoo***

Å®t Øf £övë disse...

Gonio,
Esta é uma ideia muito original, e que irá certamente tornar a exposição muito interessante.
Abraço.