terça-feira, 25 de abril de 2006

Simbolismos

Cavaco Silva, Presidente da República, revolucionou a cerimónia que assinala a revolução de 25 de Abril de 1974.
Pela primeira vez um PR apresentou-se sem o tradicional cravo na lapela durante a sessão comemorativa do 25 de Abril.
Era a dúvida que pairava em alguns espíritos. Não ouvi o discurso do PR, mas sou capaz de apostar que ninguém (sobretudo da esquerda) o ouviu na Assembleia da República. Estavam todos ocupados com este pormenor. Deputados e comunicação social.
Mas já é hábito. A esquerda gosta de encher a boca com os simbolismos, com palavras como liberdade, democracia... E com propaganda. Muita propaganda.
Cavaco Silva fez muito bem. E isso não significa – de forma alguma! – que esteja a pactuar com os longos anos anteriores ao 25 de Abril. A melhor forma de celebrar e de dar sentido a esta data é olhar para frente. Portugal agradece.

A propósito disto, é obrigatório citar o ABRUPTO, de José Pacheco Pereira. Porque há quem não perceba a diferença entre o essencial e o acessório (ou a propaganda).

ONDE ESTÁ A DIFERENÇA
Se não tivessemos a obsessão entre a "esquerda" e a "direita", percebiamos o fosso potencial que existe entre o discurso do Presidente e o do Governo : a separação de águas entre o discurso desenvolvimentista e tecnológico, muitas vezes deslumbrado, do Primeiro-ministro, e a observação do Portugal real, pobre, estragado, desigual, excluído que só poderá agravar-se em período de crise social e económica. Não são as reformas que os separa, mas o Portugal diferente para que olham na análise dos seus efeitos.

PALAVRAS QUE SÃO MULETAS DO NOSSO JORNALISMO: ESQUERDA / DIREITA
Ao "analisar" o discurso do Presidente da República repetem n vezes a muleta da "esquerda" e da "direita" e nem sequer se apercebem de que o fazem para enunciar uma perplexidade, - o Presidente da "direita" fez um discurso de "esquerda" -, que talvez justificasse outro tipo de análise. Só que esta é simples e permite simplificar. O problema é que os factos são mais teimosos do que as palavras.

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