quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E 2009 abre a porta...

E eis que 2008 fecha a porta daqui a poucas horas…
Será hora de balanço, e hora de perspectivar os próximos 365 dias que espreitam.
2008 trouxe algumas mudanças, talvez menos que as desejadas há um ano. Mas significativas e que espero sejam esteira para mais algumas em 2009.
O ano que agora se despede, se pudesse ser encerrado em apenas uma palavra, seria “intimista”. Porque conhecer novas pessoas – ou algumas já conhecidas de forma diferente e mais profunda – é como abrir novas janelas. E foi isto o mais importante.
Depois haverá alguns desapontamentos, o que não conseguimos realizar. E aqui reside o ponto que irá requerer mais empenho em 2009. Mais ambição. Mais espírito positivo. Mais abertura ao inesperado. Mais. Mais. Mais.
Ao jeito do último filme do Jim Carrey: “Sim!” Apenas uma palavra para abrir muitas portas.
Como canta o Jorge Palma, “enquanto houver estrada para andar/a gente não vai parar”. O importante é o step by step

E uma nova porta se abre: 2009… que seja um ano de mudança e de mudanças.

"Persegue um sonho, mas não o deixes viver sozinho!
Deixa-te levar pelas vontades, mas não enlouqueças por elas!
Acelera os teus pensamentos, mas não permitas que eles te consumam!
Procura os teus caminhos, mas não magoes ninguém nessa procura.
Arrepende-te, volta atrás, pede perdão!
Não te acostumes com o que não te faz feliz,
Revolta-te quando julgares necessário.
Alaga o teu coração de esperanças, mas não deixes que ele se afogue nelas.
Se achares que precisas voltar, volta!

Se perceberes que precisas seguir, segue!
Se estiver tudo errado, começa de novo.
Se estiver tudo certo, continua.
Se sentires saudades, mata-as.
Se perderes um amor, não te percas!
Se o achares, segura-o!"

(Fernando Pessoa)

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Museu dos Coches

E eis que passados 13 anos fui pela primeira vez ao Museu dos Coches
Recinto encoberto pelo frio e pela penumbra, o Picadeiro Real alberga uma das mais ricas colecções mundiais de coches, berlindas, carruagens, seges, carrinhos de passeio… muitas viaturas de simples aparato.
É uma verdadeira viagem no tempo até ao período entre os séculos XVII a XIX, na qual podemos apreciar as mudanças de gostos, de estilos…

Os coches que mais me chamaram a atenção foram os seguintes:

COCHE da EMBAIXADA ao PAPA CLEMENTE XI - dos Oceanos

Peça de um fausto extraordinário, “fazia parte do conjunto de 5 coches temáticos e 10 de acompanhamento que integraram o cortejo da Embaixada enviada pelo rei D. João V ao Papa, em 1716, como ponto alto da ostentação da magnificência do Poder Real, de quem dominava um vasto império.”
Não pude inibir-me de pensar que o show off sempre foi uma especialidade nacional...

COCHE de D. MARIA ANA de ÁUSTRIA

Com “o exterior totalmente revestido por um riquíssimo trabalho de talha dourada, é um extenso programa iconográfico aludindo ás virtudes da Rainha e simbolizando a Dignidade, o Afecto, a Sinceridade e a Força. As pinturas do alçado traseiro continuam o tema, apresentando Minerva ladeada de figuras que simbolizam a Verdade, a Firmeza e a Fidelidade.”

O recinto, embora real, é pouco acolhedor. Certamente razões de conservação das peças assim o impõem. De qualquer forma, espero que o prometido novo espaço para este museu tenha outras condições de conforto.

Momento caricato: ao pedir o bilhete o senhor pergunta se é normal ou até 25 anos. Não convencido, ainda pergunta se sou estudante. A genética tem destas coisas... (não, não há aqui pingo de botox ou plástica).

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Revés democrático

Cavaco Silva, à semelhança do que já tinha feito em Julho, voltou a pronunciar-se sobre o diploma que irá regular o Estatuto Político-Administrativo dos Açores.
Do que sei sobre leis, constituição, e equilíbrio de poderes, o Presidente da República tem toda a razão nas suas declarações ao país.
Sendo a Constituição a principal lei do país, não faz qualquer sentido que o que ela determina seja condicionado por uma lei ordinária. Uma lei que não sou condiciona os poderes do Presidente da República, como reduz o âmbito de intervenção da própria Assembleia da República.
Como afirmou Cavaco Silva, "a qualidade da nossa democracia sofreu um sério revés".

Como comentava alguém há pouco na SIC Notícias, a declaração de Cavaco Silva só precisava de um último parágrafo, no qual dissolvia a Assembleia da República. Ou, acrescento eu, em que apresentava a sua demissão. Em que condições poderá ele recandidatar-se, atendendo a este episódio?



A declaração do PR (destaques feitos por mim):

"A lei que aprovou a revisão do Estatuto dos Açores, que tinha sido por mim vetada, foi, no passado dia 19, confirmada pela Assembleia da República sem qualquer alteração.

Isto é, não foram acolhidas, pela maioria dos deputados, as duas objecções que por mim tinham sido suscitadas.

É muito importante que os portugueses compreendam o que está em causa neste processo.

Este não é um problema do actual Presidente da República.

Não é tão-pouco uma questão de maior ou menor relevo da autonomia regional.

O que está em causa é o superior interesse do Estado português.

O Estatuto agora aprovado pela Assembleia da República introduz um precedente muito grave: restringe, por lei ordinária, o exercício das competências políticas do Presidente da República previstas na Constituição.

De acordo com uma norma introduzida no Estatuto, o Presidente da República passa a estar sujeito a mais exigências no que toca à dissolução da Assembleia Legislativa dos Açores do que para a dissolução da Assembleia da República.

Nos termos da Constituição, a Assembleia da República pode ser dissolvida pelo Presidente da República ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de Estado.

Para dissolver a Assembleia Legislativa dos Açores, o Presidente da República terá que ouvir, para além dos partidos nela representados e o Conselho de Estado, o Governo Regional dos Açores e a própria Assembleia da Região.

Trata-se de uma solução absurda, como foi sublinhado por eminentes juristas.

Mas o absurdo não se fica por aqui.

A situação agora criada não mais poderá ser corrigida pelos deputados.

Uma outra Assembleia da República que seja chamada, no futuro, a uma nova revisão do Estatuto vai estar impedida de corrigir o que agora se fez.

Isto porque foi acrescentada ao Estatuto uma disposição que proíbe a Assembleia da República de alterar as normas que não tenham sido objecto de proposta feita pelo parlamento dos Açores.

Quer isto dizer que a actual Assembleia da República aprovou uma disposição segundo a qual os deputados do parlamento nacional, que venham a ser eleitos no futuro, só poderão alterar aquelas normas que os deputados regionais pretendam que sejam alteradas.

Os poderes dos deputados da Assembleia da República nesta matéria foram hipotecados para sempre.

Como disse, não está em causa qualquer problema do actual Presidente da República.

A Assembleia Legislativa dos Açores, em 30 anos de autonomia, nunca foi dissolvida e não prevejo que surjam razões para o fazer no futuro.

O que está em causa é uma questão de princípio e de salvaguarda dos fundamentos essenciais que alicerçam o nosso sistema político.

E não se trata apenas de uma questão jurídico-constitucional. É muito mais do que isso.

Está também em causa uma questão de lealdade no relacionamento entre órgãos de soberania.

Será normal e correcto que um órgão de soberania imponha ao Presidente da República a forma como ele deve exercer os poderes que a Constituição lhe confere?

Será normal e correcto que a Assembleia da República imponha uma certa interpretação da Constituição para o exercício dos poderes presidenciais?

É por isso que o precedente agora aberto, de limitar o exercício dos poderes do Presidente da República por lei ordinária, abala o equilíbrio de poderes e afecta o normal funcionamento das instituições da República.

O exercício dos poderes do Presidente da República constantes da Constituição não pode ficar à mercê da contingência da legislação ordinária aprovada pelas maiorias existentes a cada momento.

Por que é que a Assembleia da República não alterou o Estatuto apesar de vozes, vindas dos mais variados quadrantes, terem apelado para que o fizesse, considerando que as objecções do Presidente da República tinham toda a razão de ser?

Principalmente, quando a atenção dos agentes políticos devia estar concentrada na resolução dos graves problemas que afectam a vida das pessoas?

Foram várias as vozes que apontaram razões meramente partidárias para a decisão da Assembleia da República.

Pela análise dos comportamentos e das afirmações feitas ao longo do processo e pelas informações que em privado recolhi, restam poucas dúvidas quanto a isso.

A ser assim, a qualidade da nossa democracia sofreu um sério revés.

Nos termos da Constituição, se a Assembleia da República confirmar um diploma vetado pelo Presidente da República, este deverá promulgá-lo no prazo de 8 dias.

Assim, promulguei hoje o Estatuto Político-Administrativo dos Açores.

Assumi o compromisso de cumprir a Constituição e eu cumpro aquilo que digo.

Mas nunca ninguém poderá alguma vez dizer que, confrontado com o grave precedente criado pelo Estatuto dos Açores, não fiz tudo o que estava ao meu alcance para defender os superiores interesses do Estado.

Nunca ninguém poderá dizer que não fiz tudo o que estava ao meu alcance para impedir que interesses partidários de ocasião se sobrepusessem aos superiores interesses nacionais.

Como Presidente da República fiz, em consciência, o que devia fazer."

domingo, 28 de dezembro de 2008

Intolável tolerância

Por estes dias foi notícia o facto de uns miúdos do 11º ano de uma escola do Porto apontarem uma pistola (pormenor irrelevante: de plástico) a uma professora...

A palavra a Ferreira Fernandes, em artigo no DN de ontem:

"Leio uma notícia sobre a aula onde alunos do 11º ano de escolaridade (tendo à volta de 16, 17 anos) apontaram uma pistola de plástico a uma professora: "Na origem deste caso (...) está um vídeo, com cerca de 30 segundos, filmado com um telemóvel, que mostra um grupo de alunos a ameaçar a professora de Psicologia com uma arma de plástico." Eu quero fazer uma rectificação: na origem deste caso não está vídeo nenhum, como na origem da queda das Torres Gémeas não estão os filmes, que todos vimos, dos aviões a embater nelas. Na origem deste caso estão alunos a apontar uma pistola de plástico a uma professora. Faço a rectificação também porque a presidente da Associação de Pais da Escola do Cerco, no Porto, achou necessário informar que não foram os alunos que colocaram o filme no YouTube, mas "alguém que não é amigo deles." Eu, se fosse da Associação de Pais daquela escola, focalizaria toda a minha atenção no facto maior, aquele que é "a origem deste caso": alunos de 16, 17 anos apontarem uma pistola de plástico a uma professora. Enquanto estes factos extraordinários forem lavados com água de malvas, continuaremos a ter estes factos extraordinários."

Parafraseando - 28


"Os erros são os portais da descoberta."


James Joyce

sábado, 27 de dezembro de 2008

O mundo é tudo o que acontece

"E a beleza não serve de nada. Atrapalha. Provoca desastres nas famílias, intoxica-nos até ao desmaio, não poupa nada. Devia ser proibida. É um escândalo no meio do mundo. É a causa do espantoso medo que é perdê-la. Não escolhi ser quem sou, este vício de que sou escravo. O que mais importa ninguém escolhe.
Já tentei ser tantos para escapar de mim, para me desviar desta vida que me deram. E depois vem a beleza. Surpreendente ao virar de uma esquina. Um desejo marcado no ponto de encontro do aeroporto onde ficaremos para sempre abraçados. Envolta em nevoeiro a tomar duche à minha frente. A irromper do nada. A primeira coisa que uma qualquer tirania sabe que tem a fazer é demolir a beleza. Com todo o direito, de todas as maneiras. A beleza semeia a desordem nas almas e nos corpos que anima. Alimenta-se de uma liberdade particularmente virulenta. É impertinente. Não conhece regras. Vive da vida e de mais nada."

Vigilância institucional

A notícia do dia é o facto de Cavaco Silva ir questionar o Orçamento de Estado para 2009, por considerá-lo uma ficção (SOL).
O PS/Governo pensava que o seu caminho até às eleições iria ser uma passadeira vermelha, mas o Presidente da República não está pelos ajustes e não embarca em demasiada areia para os olhos dos eleitores.
Foi para isto que votei em Cavaco para PR.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Porque é Natal...

Como não podia deixar de ser, todos os anos há Natal e todos os anos há postais. Normalmente reencaminhados de alguém, que reencaminhou de alguém, que… e todos com umas frases giras, outras idiotas, todas disfarçadas de espírito natalício.

Pois… vem isto a propósito que este ano também decidi ser original e fazer o MEU postal de Natal. Desfiz uma mensagem em formato .pps gigante e voilà!

Depois de a criação de músicas de Natal ter parado no tempo – a última decente que me lembro é da Mariah Carey, “All I want for Christmas is you” , algures nos anos 90 – resta-nos re-ouvir todas as grandes melodias de Natal, mergulhar no seu espírito, e, por fim, fazer de 2009 um grande ano!
E - claro! - esperar que no próximo ano as iluminações de Natal sejam dignas de memória.

Se fores… vai longe.
Se fizeres... faz diferente.
Se rires… ri até chorares.
Se sonhares… sonha mais alto.
Se arriscares… arrisca tudo.
Se pensares… pensa em ti.
Se saíres… sai da rotina.
Se mudares… muda tudo.

Tempo de... boas festas

E qual é mesmo a notícia?

Na sua edição online, o PÚBLICO destaca que "se Cavaco Silva não promulgar o Estatuto dos Açores não é sancionado".

Depois de ler o texto, fiquei a questionar-me qual era mesmo a notícia... Mas o problema é certamente meu.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Tu És

"Tu És. E nada te pode impedir de Ser Tudo Aquilo que já És.
Acorda."

(dos Pensamentos de Borboleta. Vale a pena ler o texto completo.)

PSD: se isto é credibilizar...

Hoje lia-se nos jornais que o PSD pondera "ter como candidata à Câmara da Amadora a jornalista Cecília Carmo e como candidato à Câmara de Odivelas o jornalista de crime da TVI Hernâni Carvalho, que se tornou conhecido pelos comentários ao caso Maddie" (Editorial da SÁBADO).
Depois de apostar em Santana Lopes para Lisboa, e com estas ideias, o PSD vai longe...

Manuela Ferreira Leite pode ser muito competente e credível, mas convém que faça com que o PSD a que preside passe a mesma imagem. Com estas apostas em personalidades da televisão, cuja competência não ponho em causa, mas aos quais não se conhece uma ideia política, o partido vai a caminho da desgraça completa.
Neste aspecto, Marques Mendes foi consequente, firme e credível, e não teve medo de perder algumas câmaras quando deixou cair alguns dinossauros autárquicos do seu partido.

Sócrates, envolvido em propaganda e areia para os olhos dos eleitores, segue o seu caminho triunfal...
Resta-me subscrever Ramalho Eanes (no Jornal de Negócios de hoje): "tenho dúvidas de que uma maioria absoluta nas próximas legislativas seja o melhor para o país".

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Chocólatras

Uma nova revista, com o primeiro número dedicado ao chocolate:

Coisas do Natal

Em tempo de Natal, proliferam algumas mensagens parvas. A moda deste ano é uma mensagem ou mail de natal parvo com a preciosa pergunta ou observação: "esta é a primeira mensagem de Natal que recebes". Brrrrrr!!

A TMN-até-já enviou o seguinte sms:
"Um Natal cheio de alegria e que em 2009 se realizem todos os seus sonhos”
Obrigado.


Para mim, 2009...

Objectivo nº 1: manter a filosofia iniciada em 2008. Optimismo. Energia positiva. Mudar.

Sonhos: isto, aquilo e aqueloutro.

Eventuais prendas natalícias: talão do euromilhões premiado; uma Nespresso (sem o Clonney; mas qualquer uma das roubadoras de cápsulas está ao nível... eheheh); hummm… aquilo, aquilo e mais aquilo.
Pronto, não deve ajudar muito, mas este ano também não sei muito bem o que quero.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Um dia... - 8

Não tem a magia nem a inspiração dos "encontros perfeitos" da Nicola, nem dos seus inspiradores "um dia...", mas cá fica mais um pacotinho de açúcar:


Quem escolhe o quê?

O PSD confirmou que Pedro Santana Lopes (blogue aqui) é o seu candidato em Lisboa.

Tal como fiz quando se começou a falar desta hipótese, gostava de ver respondidas as seguintes perguntas:

- se PSL ganhar, quem ganha: ele ou Manuela Ferreira Leite?

- se PSL perder, quem perde: ele ou Manuela Ferreira Leite?

Esta leitura será inevitável. Tanto em termos do município, como em termos nacionais. E isso vai pesar sobre a líder do PSD no pós-eleições.

CDS - que futuro?

A reeleição de Paulo Portas no passado fim-de-semana está a ter repercussões para os lados do Caldas.

Alguns comentários:

1 –
de acordo com o Público, alguns militantes vão desfiliar-se do partido. É pena, claro. No entanto, se são contra a orientação de Portas, porque não apresentaram uma candidatura às eleições do passado fim-de-semana? Medo de perder? Ou não tinham assim tanta novidade a apresentar?
Entretanto, acusam Portas pela sua "equidistância" em relação ao PS e PSD, dizendo que é um truque para dar uma ajuda ao PS caso este não tenha maioria absoluta em 2009. Hummm... se bem me lembro, o "rigorosamente ao centro" era uma máxima do Prof. Freitas do Amaral quando líder do CDS. Qual a diferença agora?

2 – também de acordo com o
Público, Nobre Guedes não irá ao Congresso e acusa Portas pela sua não eleição como delegado (“Constato que não fui eleito. Os militantes não quiseram, acho que o dr. Paulo Portas não quis, a vida não acaba”). Um disparate. Se tinha uma moção estratégica, candidatava-se contra Portas. Não o fez por vontade própria (ler a entrevista ao Expresso de há duas semanas). Em segundo lugar, acusar Portas por não ser eleito delegado… quem escolheu os delegados ao congresso foram os militantes que votaram (entre os quais eu). Votei em Nobre Guedes para delegado, achei que devia ter alguma coisa a dizer ao partido. E posso jurar que Paulo Portas não agarrou na caneta na hora em que votei. Portanto, vir agora dizer coisas destas na comunicação social é quase só vontade de aparecer.

Documento de Orientação Política de Portas aqui.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O Natal de Herman José

Em tempo de Natal, sábado fui assistir ao espectáculo "O Tal Natal", no Tivoli com Herman José.

Um verdadeiro artista!
Divertiu, inventou, cantou, imitou, contou anedotas... foi o "velho" Herman José, ao melhor nível. Foi tão bom que, no fim, teve de voltar duas vezes ao palco!
Foram duas horas sem pausa.

Nos últimos anos a sua imagem televisiva degradou-se, mas continua a dominar a arte do entretenimento. Um ano assim, como artista de variedades, com aparições esporádicas na televisão, e aí tínhamos novamente o génio do Herman de volta em grande.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Aconchegar... está frio

Porque são os portugueses de esquerda?*

Esta semana, Pedro Lomba, num interessante artigo no DN, questiona porque são os portugueses de esquerda.
O melhor é ler o texto na íntegra:

"Toda a gente quer perceber porque é que a maioria dos portugueses é de esquerda. Ou: porque é que, segundo as sondagens, a maioria dos portugueses está a "virar" à esquerda, pronta para sem um embaraço ou uma indecisão ir depositar o seu voto em Jerónimo de Sousa ou Francisco Louçã?

Não há muito tempo, estudos de opinião situavam o português médio no centro-esquerda. Faziam um retrato conservador daquilo que somos em política: moderados, compromissórios, mas levemente inclinados para a esquerda pela importância que concedemos ao Estado em garantir esquemas vários de assistência social. O "centrão" de que tanto se fala não nasceu só da vontade de PS e PSD se perpetuarem à frente do regime. O "centrão" assentava em toda uma base sociológica. Éramos "nós".

Se os portugueses que antes eram de centro-esquerda estão hoje ainda mais à esquerda, como explicar o fenómeno? Verdade que a crise económica e o pessimismo que tomou conta do mundo ajudam a explicar o que se passa. Quando se tem medo, ninguém pede por mais liberdade e independência, mas por mais segurança e protecção. A única natureza, escreveu o Miguel Esteves Cardoso, é a humana.

Mas eu acrescento, e já o escrevi uma vez, que se os portugueses tendem para a esquerda não é por causa de teorias. Os portugueses são de esquerda porque, no essencial, são mal pagos; e não são mal pagos no meio de outros igualmente mal pagos. Os portugueses mal pagos trabalham todos os dias para os portugueses bem pagos. Mesmo os muito mal pagos têm de "conviver" com os muito bem pagos. E uns e outros apercebem-se da diferença.

As convicções políticas de quase todos nós dependem de sermos bem ou mal pagos. O leitor que faça um esforço: quantas pessoas bem pagas conhece a dizerem que são de esquerda, ou que votam à esquerda? Eu conheço muito poucas. As que conheço enfio-as em três excepções: os bem-pensantes, os "intelectuais" e os que nunca se libertaram do trauma de terem passado um dia pela experiência de ser mal pagos.

Porquê? Porque as pessoas bem pagas adquirem um interesse egoísta, um poder que só o dinheiro confere, uma resistência natural em partilharem o que têm. As pessoas mal pagas, pelo contrário, aspiram a esse interesse, a esse estatuto, a essa resistência. Um filósofo americano (marxista), G.A. Cohen, tem um livro chamado: Se Acreditas na Igualdade, Porque É que És tão Rico? Boa pergunta. Mas é fácil: os ricos que acreditam na igualdade, estão enganados.

Muito do confronto esquerda-direita na política é na verdade entre pessoas mal pagas e bem pagas. Não é uma luta por mais ou por menos igualdade. Ninguém quer ser igual a ninguém. Mas todos queremos ser bem pagos. Só vejo uma forma de acabar com o Bloco. É subir os salários."

Nota: destaques feitos por mim.

* título do texto no DN.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Um dia... - 7


Um dia...
ponho o "Livro do Desassossego" à cabeceira e decoro vários parágrafos.


Porto de honra

Com a vitória azul sobre o Arsenal por 2 - 0, o Porto conquista o primeiro lugar no Grupo G da Liga dos Campeões.

Lindos meninos, estes deputados

"Vejo a necessidade básica de haver sentido do dever, cumprimento dos mandatos, assiduidade. Ser deputado não é beneficiar de um direito, é contrair um dever para com os eleitores", disse Jaime Gama, questionado sobre eventuais alterações ao regimento da Assembleia.(PÚBLICO)

Depois do lamentável episódio da passada sexta-feira, alguns deputados encontraram justificações mirabolantes (as de Guilherme Silva, vice-presidente da AR, são um verdadeiro achado). Jaime Gama lembrou o básico.
Alguns deputados alegaram "trabalho político". Um argumento genial só possível por um sistema eleitoral estranho: os deputados são eleitos em "círculos eleitorais" mas só representam o País como um todo, de acordo com a própria Constituição.
Em Inglaterra, os deputados orgulham-se do seu "serviço público". Em Portugal dizem que não são funcionários públicos.
É nisto que dá ter um sistema eleitoral assente na partidarite e que só permite que os deputados sejam aqueles que não são mais nada na vida social e profissional. Por serem carreiristas políticos, e por os políticos serem mal pagos.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Viagens com palavras - 4


"O destino nunca é um lugar mas uma forma de passarmos a ver as coisas."


Henry Miller

Viagens com palavras - 3

"Viajar só tem vantagens. Se formos para países melhores, podemos aprender a melhorar o nosso. Se pararmos em países piores, podemos passar a divertir-nos (no nosso)."

Samuel Johnson

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Coisas invisíveis

Com o Natal quase a bater à porta, é tempo de ir às compras, espreitar, ver as pessoas cheias de sacos, felizes, a correr, simplesmente a ver...
Haverá algumas ideias para prendas, outras nem tanto. É preciso deixar-se surpreender pelos olhos, tentar fazer um puzzle entre quem recebe a prenda e aquilo que lhe podemos/queremos dar.
Uma prenda será "O Principezinho". Um magnífico clássico infantil, feito de magia e lições para pequenos e graúdos.
Um menino que do seu longínquo asteróide B 612 nos revela um segredo muito simples e sábio: é que as coisas mais importantes são muitas vezes invisíveis para os olhos - só com o coração é que podemos vê-las. É este o segredo condensado numa palavra: cativar.

Um dos mais significativos excertos está aqui.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Isto é liderança

Sarkozy, acusado por muitos de ser uma espécie de gelatina política, deu uma bofetada na China ao encontrar-se na Polónia com o Dalai Lama. (PÚBLICO)
“Sou livre, enquanto Presidente da República francesa, de fazer a minha agenda”, disse antes. “Enquanto presidente do Conselho Europeu, tenho valores, convicções.”
Isto é um político com fibra.
Não como alguns que se vergam aos líderes de Angola, Líbia e Venezuela com a mão na carteira.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Daniel, o vagabundo-filósofo

Nestes últimos dias o Sol tem feito por brilhar vestido de Primavera. Alto, quente, convidando à esplanada e ao mar. O Inverno fugiu, envergonhado.

O Daniel, como frequentemente fazia, foi dar o seu passeio matinal. Nunca compreendera o motivo das pessoas preferirem dormir de manhã em vez de irem agarrar a manhã com os sentidos. A luz, a temperatura, a paisagem…. sempre se sentira atraído pelo nascer do dia. Pensava frequentemente que devia ser crime não aproveitar essa dádiva da natureza. Para os outros todas as manhãs eram iguais, como todos os dias. Para ele, cada manhã era diferente. De uma beleza rara. Não as podia perder enrolado em lençóis.

O passeio matinal daquele dia levou-o à beira-mar. Aquele poço imenso de água sempre o intrigara e maravilhara. Como funcionavam as marés? Nunca ficou convencido com a teoria lunar das marés. Se calhar, era melhor nunca entender, e deixar-se levar assim por aquele misterioso vaivém líquido. Por várias vezes já se surpreendera a trautear a canção infantil “Oito Anos” de Adriana Calcanhoto: “por que os ossos doem enquanto a gente dorme?, por que os dentes caem?, por onde os filhos saem? (…) por que as ruas enchem quando está chovendo?”… e ia-se perguntando coisas. Assim, a cada passo.

Naquela manhã tinha saído apenas com a companhia do iPod. Se ficasse cansado da natureza, iria para outra onda hertziana. Andava simplesmente a pé. E via outras pessoas que também gostavam da manhã. Nunca falavam. Já tinha encontrado ministros matinais. Mas também não os conhecia. Raramente falava com alguém. Nem com os miúdos que podiam atirar a bola de futebol contra si.

Pensando com os seus botões, a bola era como a sua vida, os seus sentimentos. Recebia pontapés anónimos e seguia rumo a nenhures. Tal como nunca soubera jogar à bola, também não sabia o que fazer com os seus sentimentos. Ora voavam, ora rastejavam. Sem destino definido. Era uma bola fora-de-jogo.

Pelas 11h00 subiu até ao estacionamento de terra batida fronteiro à praia, onde tinha deixado o seu Smart azul-escuro. Não precisava de carro para ir até à praia, mas era comodista. E auto-convencia-se com o argumento de que assim aproveitava mais a manhã.

Ao almoço foi almoçar à tasca mais próxima de casa. Não gostava de tascas, preferia o anonimato dos centros comerciais. Mas desta vez foi até à tasca do Sr. Eleutério. Um cubículo com 3 mesas e poucos metros quadrados. Comia um caldo verde – delicioso como em poucos sítios – e uma sande de panado. Enquanto saboreava o minúsculo almoço ia fazendo trocadilhos na cabeça, palavras cruzadas virtuais. O seu trocadilho preferido era brincar com o nome do pouco sorridente Sr. Eleutério: ”ele é o tédio”…

Voltou a casa e perdeu-se nas palavras amontoadas nas estantes em forma de livros. Página após página voou para lugares imaginários até adormecer…

Ao fim da tarde foi passear com o cão que não tinha. Ia ver o pôr-do-sol na praia da manhã, mas desviou-se para uma feira que tinha assentado arraiais perto do parque de estacionamento da praia.

Pelo caminho ia fazendo festas aos cãezinhos, e uma vez ou outra assustava os pombos. Divertia-se a assustar pombos. Quando um deixava cair alguma pena na sua incipiente calvície, imaginava ser uma mensagem dos anjos, que não sabia interpretar. Nem a leitura diária dos signos do Paulo Cardoso o ajudava a decifrar os mistérios do seu dia-a-dia. Seria ele de outro planeta? De algum ascendente desconhecido? Estes pensamentos levaram-no à entrada da garrida feira.

A feira era o contrário de si. Cor, luzes, vozes feitas de alegria, muita gente de sorriso na cara, montanhas russas anãs, carrinhos de choque agitados, coisas a subir e a descer… Perdeu-se naqueles labirintos, ora para a direita, ora para a esquerda. Via jovens sorridentes, famílias de filhos felizes, velhos saudosos, quiosques de churros e cachorros oleosos…

Quase no fim de um desses barulhentos corredores, estava uma banca de cores envelhecidas. Na parede, numa folha desgastada pelos anos e pelo tempo, escrita quase imperceptível, lá estava: “Banca dos beijos. APENAS 1€”. Daniel, o vagabundo-filósofo, olhou para a banca e ficou ali demorados minutos. Não via ninguém a entrar ou a sair. A banca não tinha uma luz a dizer “ocupada”. Ninguém quereria beijos? Ou teriam já todos recebido beijos suficientes? Ou, antes, haveria outra banca, no outro lado da cidade, com beijos mais baratos? Olhou para trás e sentou-se, discretamente, num banco a fingir ouvir o seu companheiro iPod. As pessoas continuavam a passar e ignoravam aquele recanto que o tinha surpreendido a ele.

Já ao anoitecer, e cansado de esperar, mas sem coragem de entrar na “banca dos beijos”, voltou a atravessar a feira em sentido inverso, com as cores, as famílias felizes, e os barulhos ao contrário, e saiu.

Vagabundos pensamentos, misturados com a banca dos beijos, invadiram os seus sonhos nessa noite.

Janeiro 2008

Educação: crónica de uma morte anunciada

Em nenhuma democracia as coisas deviam ser postas como uma contabilidade de recuos e avanços, mas é assim que se passa em termos políticos.
A Ministra da Educação anunciou hoje a sua disponibilidade para substituir o contestado modelo de avaliação dos professores. Um dia após uma gigantesca - melhor, "significativa" - greve dos mesmos. No entanto, diz que só no próximo ano e após a aplicação do actual modelo este ano.
Os sindicatos deliram. Depois de vários meses de manifestações, greves, faltas a reuniões com o governo, conseguem vergar a ministra. Que a partir de agora só tem um caminho: sair.
Os sindicatos perceberam que é uma questão de tempo. Da declaração de hoje da ministra só ouviram a parte do "substituir". Pelo que não vão fazer nenhum esforço para que este ano seja aplicado o actual modelo.
Facto: a ministra teve de ceder. Morreu politicamente. A contestação crescia de mês para mês. Daqui a um ano há eleições legislativas que interessa ganhar ao PS. De preferência com maioria absoluta.
A prioridade à Educação segue dentro de meses.

O que Pacheco Pereira dizia há poucas semanas é certeiro: o resultado desta reforma na Educação iria ditar a forma como qualquer outra reforma seria encarada ou poderia ser feita no futuro. Com este desfecho, a lição é só uma: em Portugal é impossível reformar.
Em termos políticos, podem decretar a impossibilidade de reformar seja o que for neste país.
Como dizia o outro, são um povo que não se governa, nem se deixa governar.

PS: não estou a avaliar a bondade do modelo de avaliação proposto pelo governo. Não tenho qualificação para tal.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Obama e os EUA de sempre

Ferreira Fernandes, no DN de hoje, sob o título "É oficial: Obama é americano!" escreve isto:

"Na noite das presidenciais, o humorista Steve Colbert virou-se para um antigo professor, em Harvard, de Barack Obama e perguntou-lhe: "Então, como vai ser o socialismo?" Colbert é humorista, pode fingir ingenuidades tolas. Mais a sério, mas menos avisado, houve por cá um espanto por Obama ter escolhido, para a segurança e política externa, uma equipa musculada. Hillary Clinton, na Secretaria de Estado, Robert Gates, que passa do governo de Bush para o mesmo posto na Defesa, e o general Jim Jones, que foi comandante supremo da OTAN, para conselheiro principal de Segurança... Colbert perguntaria: "Então, não era o Dalai Lama para a Segurança? E o Michael Moore não ia ser promovido a general, para filmar a retirada das tropas do Iraque? E o Bono?..." Mas não, é oficial: o Presidente eleito vai tentar a todo o custo defender a América. Que coisa mais surpreendente! Querem ver que quando Obama dizia que queria matar (ele disse: matar) o Ben Laden era mesmo a sério?! Olha, esta era uma piada de outro humorista, Jon Stewart, na noite das presidenciais. Os humoristas americanos estão várias semanas à frente de alguns comentadores portugueses."

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Um dia... - 6


Um dia...
vou beber café ao Nicola.


PCP: ...e viva a coerência!

Afinal, os comunistas portugueses estão corrompidos pelo mais acabado exemplo do decadente capitalismo americano: "sim, é possível".
Rendidos a um dos mais geniais momentos de marketing internacional, os comunistas portugueses rendem-se a Barack Obama. Certamente não esquecendo que o exemplo de Obama (imigrante, africano, e tudo e tudo e tudo) seria possível em qualquer daqueles países que eles veneram (Cubas, Coreias, Venezuelas...). Obviamente que sim... É possível...
Gosto tanto desta coerência dos supra-sumos da coerência... Que obviamente NUNCA se serviram de uma série de gadgets só possíveis no decadente capitalismo: telemóveis, automóveis, computadores, internet, televisão, DVDs, rádios... e chega!
Bah!

(ler aqui)

Cantinho do poeta - 47

Regresso à poesia com uma autora brasileira, Clarice Lispector:


"Muda,
mas começa devagar,
porque a direcção é mais importante
que a velocidade.

Senta-te em outra cadeira,
no outro lugar da mesa.
Mais tarde, muda de mesa.

Quando saíres,
Procura andar pelo outro lado da rua.
Depois, muda de caminho,
anda por outras ruas,
calmamente..."

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Um dia... - 5


Um dia... encho um pacote de açúcar com instantes de felicidade.

Um dia... - 4

A ousadia dos saltos altos

Já com quase um mês de atraso, li agora a crónica-experiência do Nuno Markl, na SÁBADO, na qual relata a aventura que é andar três dias com uns "sapatos doirados tamanho 44 com 10 centímetros de altura".
Depois de ler com gozo a aventura do comediante, é justo dizê-lo: as mulheres são umas heroínas! A naturalidade com que cruzam todo o tipo de pavimentos com um salto alto nos pés é notável: da calçada portuguesa às escadas, do alcatrão aos jardins, às alcatifas... Admirável!! Para além das diversas belezas exibidas no cimo de uns saltos altos, a graciosidade deste gesto impossível para os homens. E elas andam, correm, saltam...
Citando o texto do Markl: "à parte disso: minhas senhoras, usai vós os saltos. E que ninguém se atreva a usar as palavras "sexo fraco" para vos definir, que para ter isto nos pés um dia inteiro é preciso tê-los no sítio."
Pelo esforço, pela ousadia, pela coragem com que no dia-a-dia as mulheres ostentam uns triunfais stilettos, tudo em nome da feminilidade, da sensualidade, da elegância e da beleza... como homem, curvo-me. Em homenagem.

O hilariante vídeo...

Tempo aconchegante, hein?

Feriado... 14h30... chuva e frio, algum granizo...

8º!