segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Alguém lhe explica?

Só pode ser analfabetismo funcional.
Toda a gente com espírito responsável percebe a diferença entre "2º resgate" e "programa cautelar". O primeiro afunda-nos de vez; o segundo é o começo da saída desta situação.


O secretário-geral do PS exigiu hoje que o primeiro-ministro venha a público «urgentemente» esclarecer se Portugal vai ou não ter um segundo programa de assistência financeira. 
«O primeiro-ministro tem que vir prestar contas aos portugueses, tem que vir esclarecer, de uma vez por todas, se está ou não a preparar um novo programa de ajuda externa a Portugal», referiu, reagindo a declarações do ministro da Economia, Pires de Lima, em Londres. 
«Ainda temos algum trabalho pela frente, algum progresso que tem de ser alcançado. Mas o nosso objetivo é começar a negociar um programa cautelar nos primeiros meses de 2014», afirmou António Pires de Lima, em entrevista à agência Reuters em Londres. 
Para António José Seguro, Portugal «não pode continuar nesta incerteza, com o primeiro-ministro a dizer uma coisa, os senhores ministros a dizerem outra» e, por isso, considerou que o primeiro-ministro «tem de vir esclarecer rapidamente e urgentemente o que é que o governo está a fazer» e as razões, caso se confirme, pelas quais o está a agir desta forma. 
«Queremos saber, no caso de estar a ser preparado, o que é que está por detrás, que condições estão a ser negociadas porque esta negociação não se pode fazer nas costas dos portugueses», insistiu.
Segundo o líder socialista «o que é necessário, neste momento e de uma forma muito clara, é que o primeiro-ministro venha esclarecer os portugueses, venha prestar contas ao país e venha, de uma vez por todas, dizer: é necessário ou não é necessário um segundo programa de ajuda externa». 
Recordou que no último debate quinzenal na Assembleia da República, realizado a 4 de outubro, «o primeiro-ministro disse que não era necessário e, agora, temos um ministro a dizer que está a ser preparado?», questionou. 
«Nós não podemos viver nesta instabilidade, nesta irresponsabilidade e nesta incompetência porque estamos a tratar da vida dos portugueses o primeiro-ministro precisa urgentemente vir esclarecer os portugueses», considerou. 
«Ainda não foi discutido o Orçamento de 2014, entretanto já está um retificativo para o Orçamento de 2013, é uma autentica trapalhada sobretudo uma enorme irresponsabilidade e incompetência por parte deste Governo», concluiu.

domingo, 20 de outubro de 2013

A palavra a Krus Abecassis

"Quando um país é tolo é fatalmente pobre."

"Um povo só é povo a partir do momento em que arregaça as mangas e começa a trabalhar."

domingo, 13 de outubro de 2013

Coisas da CGTP

O objectivo da CGTP é fazer uma manifestação de protesto (como sempre), ou atravessar a Ponte 25 de Abril?
Se é para mais uma manifestação, podem fazê-la noutro sítio qualquer em que não haja problemas de segurança (e quem percebe de segurança são os organismos competentes, não um sindicato). 
Se é para atravessar a ponte a pé, esperem pelo último fim-de-semana de Março e participem na maratona.

Claro que um dos objectivos da CGTP é atirar à cara do governo que são "fascistas" e "intolerantes", e que não deixam o "povo" manifestar o seu descontentamento. Ou seja, atiçar a conflitualidade e o mal-estar social.
Se efectivamente a manifestação ocorrer na Ponte 25 de Abril, e houver problemas de segurança, adivinhem de quem será a culpa. Do governo, claro.
Se podiam fazer a manifestação noutro sítio qualquer? Podiam, mas não era a mesma coisa.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O País Pergunta

Este novo programa da RTP, em que o Primeiro-ministro se sujeitou às perguntas de 20 cidadãos, é interessante. Mas precisa de alguns retoques, quanto a mim.

Aspectos positivos:

- o "entrevistado" estar perante as questões dos cidadãos sem qualquer tipo de filtro, sem saber que questões lhe poderão ser colocadas. Para os que acham que os políticos ensaiam tudo...

- a proximidade que se estabelece entre os cidadãos e o "entrevistado". Passos Coelho fez bem em tratar as pessoas pelo nome quando respondia. Isto, num país de doutores e engenheiros, deve ter incomodado outros tantos...

- o à-vontade com que o Primeiro-ministro se apresentou.

- surgirem perguntas com pormenores que nunca são colocadas a quem lidera as nossas instituições.

- numa sociedade como a nossa, que infelizmente está cada vez mais virulenta, intolerante e sem respeito, as perguntas serem feitas com notável bonomia. (Se pensarmos que muita gente acha que o criminoso é este Governo e não o caminho que nos trouxe até aqui, não deixa de ser significativo o ambiente que prevaleceu no estúdio).

- ser um formato televisivo testado e normal noutros países ditos mais avançados e democráticos. E nessa medida o resultado poder ser comparado com o que acontece por lá.

Aspectos negativos:

- o programa, de 90 minutos, ser um bloco único. Deveria ter um ou dois intervalos. Como está é cansativo para o público, para o "entrevistado" e para o jornalista.

- ser exagerada a quantidade de questões colocadas: 20. Poderiam ser apenas 10, com a possibilidade de o jornalista tentar aprofundar aquilo que é respondido.

os cidadãos fazerem perguntas que nunca mais acabam, sem objectividade nem clareza, alargando-se em "enquadramentos". Talvez as perguntas pudessem ser tratadas jornalisticamente antes de o programa ir para o ar. Não se trata de "censura", como alguns estarão a pensar. Trata-se de centrar e resumir a pergunta do cidadão.

- os cidadãos acharem que o político entrevistado tem de saber de tudo. Não, não tem. Se numa empresa um director não sabe de tudo, muito menos um político tem de saber. Por isso achei muito bem quando Passos Coelho respondeu singelamente a uma questão "não sei".

- o político poder "dar a maior tanga" ao cidadão sem qualquer contraditório, ou simplesmente falar sem responder minimamente à questão (por exemplo, como o Primeiro-ministro fez em relação à pergunta do taxista sobre combustíveis). E com isto não estou a defender que haja debate com o cidadão.
Este ponto pode facilmente ser resolvido com a possibilidade de o jornalista insistir em aprofundar determinadas respostas.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O país pergunta *

É certo que o país atravessa tempos difíceis.
É certo que isso exige medidas duras, difíceis de explicar, incompreensíveis para alguns, absurdas para outros.
Neste quadro, há uma lacuna neste governo: coordenação política e clareza na mensagem. Sem isso, o governo parece que anda às aranhas. Não sabe explicar medidas, não explica bem, diz e desdiz e embrulha-se todo. 
O que é isto da "pensão de sobrevivência"? Uma trapalhada política em três actos sobre um "direito adquirido automático" e com pouco sentido (como ontem referia Sousa Tavares, podemos dizer que em Portugal os mortos recebem pensão).
Há ministros sem perfil para sê-lo (dantes havia sem perfil mas que iam tomando medidas necessárias. Sim, o Álvaro), e o cargo de MNE exige alguém com peso político e rasgo. Portas tinha isso, mas era muito "agente comercial" e pouco político-diplomático.
E o que é isto de medidas que eventualmente vão constar do OE-2014 (que ainda nem foi aprovado pelo governo, nem foi entregue na AR) irem caindo a conta-gotas na comunicação social? Só gera desagrado e raiva dos cidadãos e desgasta desnecessariamente quem tem de tomar medidas políticas para resolver a situação do país, desviando-se do essencial. Isto chama-se amadorismo.

Por vezes gostava de dar um salto ao futuro para saber como vamos sair do actual momento de crise - e num enquadramento sócio-político-económico confortável e sem conflitos.

* Nome do programa de entrevistas políticas da RTP, que estreia amanhã com a presença do Primeiro-Ministro.

terça-feira, 1 de outubro de 2013