terça-feira, 30 de julho de 2013

O essencial e o acessório

Sobre a perseguição que tem sido feita à ministra das Finanças, não pode passar para segundo plano a causa do mal. Para isso, recomendo a leitura do artigo de Henrique Raposo, no Expresso: 

domingo, 28 de julho de 2013


No domingo passado tive uma experiência nova, interessante e enriquecedora: ir a um almoço em que ninguém se conhece.
Um grupo pequeno, de gente bem disposta e de origens diversas, reuniu-se à volta da mesa para celebrar os dias de verão. Summer Days foi precisamente o tema deste repasto, no centro de Lisboa.

O conceito de supper club já está muito explorado e conhecido lá fora, mas em Portugal está ainda a dar os primeiros passos.

Uma experiência a repetir, sem dúvida.

terça-feira, 23 de julho de 2013

O regresso da política

A remodelação desvendada hoje configura um regresso da política.
É certo que a política (na versão politiquice e floreado) terá pouco espaço para vingar em tempos de restrição financeira, mas, sendo uma ciência social, tem de ajudar a fazer a viragem e a dar esperança num futuro melhor para o país. A psicologia é um factor importante em política, e que não pode ser esquecido.

Feita a remodelação e reorganização do governo, é tempo deste voltar a ter asas e conseguir levar a cabo as reformas que se impõem no país. 
O sucesso deste governo será o sucesso de Portugal nos próximos anos.

domingo, 21 de julho de 2013

Portugal tem saída

Depois de umas semanas de indefinição política, espero que a partir da comunicação de Cavaco Silva esta noite o país político (governo e oposições) se foque no que é importante: conduzir-nos para fora da situação em que estamos.
Isto implica que o Governo governe - bem - e cumpra o seu mandato (que é legítimo), e que as oposições (incluindo o PS) deixem de gritar por tudo e por nada, e deixem o bota-abaixo que têm feito permanentemente.

A lógica não pode ser, entre o mau e o péssimo, escolher o péssimo, como muitos querem. É necessária uma posição construtiva a bem do país e de todos nós.
"Na Europa, há países que fazem compromissos de 10 ou 20 anos para resolverem problemas estruturais", escreveu Teresa de Sousa, hoje, no Público. Porque não é possível fazer compromissos assim em Portugal?

Documentos dos partidos nas negociações para o "compromisso de salvação nacional":
- PSD;
- CDS;
- PS.

domingo, 14 de julho de 2013

sábado, 13 de julho de 2013

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O murro na mesa

Esta noite, Cavaco Silva deu um murro na mesa e pediu aos três partidos do arco da governação, e que subscreveram o Memorando de Entendimento, que se entendam em nome do interessa nacional e deixem a politiquice de lado.
A seguir, excerto do seu discurso (sublinhados meus):

"Tendo exposto ao País o que penso da atual situação e as razões pelas quais considero ser indesejável a realização imediata de eleições legislativas, quero apresentar agora o meu entendimento sobre a solução que melhor serve o interesse nacional.

No contexto das restrições de financiamento que enfrentamos, a recente crise política mostrou, à vista de todos, que o País necessita urgentemente de um acordo de médio prazo entre os partidos que subscreveram o Memorando de Entendimento com a União Europeia e com o Fundo Monetário Internacional, PSD, PS e CDS.

É esse o caminho que deveremos percorrer em conjunto. Darei o meu firme apoio a esse acordo, que, na atual conjuntura de emergência, representa verdadeiramente um compromisso de salvação nacional. Repito: trata-se de um compromisso de salvação nacional.

O Presidente da República não pode impô-lo aos partidos, até porque um acordo desta natureza e deste alcance só terá consistência e solidez se contar com a adesão voluntária, firme e responsável das forças políticas envolvidas.

Terão de ser os partidos a chegar a um entendimento e a concluir que esta é a solução que melhor serve o interesse dos Portugueses, agora e no futuro.

Com a máxima clareza e com toda a transparência, afirmo que esse compromisso deve assentar em três pilares fundamentais.

Primeiro, o acordo terá de estabelecer o calendário mais adequado para a realização de eleições antecipadas. A abertura do processo conducente à realização de eleições deve coincidir com o final do Programa de Assistência Financeira, em junho do próximo ano.

Em segundo lugar, o compromisso de salvação nacional deve envolver os três partidos que subscreveram o Memorando de Entendimento, garantindo o apoio à tomada das medidas necessárias para que Portugal possa regressar aos mercados logo no início de 2014 e para que se complete com sucesso o Programa de Ajustamento a que nos comprometemos perante os nossos credores.

A posição negocial de Portugal sairia reforçada, evitando novos e mais duros sacrifícios aos Portugueses.

Em terceiro lugar, deverá tratar-se de um acordo de médio prazo, que assegure, desde já, que o Governo que resulte das próximas eleições poderá contar com um compromisso entre os três partidos que assegure a governabilidade do País, a sustentabilidade da dívida pública, o controlo das contas externas, a melhoria da competitividade da nossa economia e a criação de emprego.

É essencial afastarmos do horizonte o risco de regresso a uma situação como aquela que atualmente vivemos."

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sentenças - 26

"O próximo Governo pode até ser o velho, com PSD e PP, com Passos e até com Portas, o que interessa é que seja credível, consistente e duradouro. Os investidores querem saber se vamos conseguir cumprir o acordo com a troika; se daqui a seis meses não estamos numa nova crise política; e se quem investiu em dívida pública portuguesa vai ou não perder dinheiro. Os próprios políticos europeus, que há dois meses deram mais tempo a Portugal para pagar a dívida, serão postos em causa pelas suas opiniões públicas se, como na Grécia, houver um novo resgate que aumente a dependência de financiamento institucional, implique quarentena dos mercados - e falta de investimento, de crescimento económico e de emprego."

Pedro Santos Guerreiro, director do Jornal de Negócios, no Editorial de hoje.

Olhando este país

(actualizado)

Perante a situação política presente, face à repentina demissão de Paulo Portas, não resisto a voltar a escrever neste espaço.
Depois de ver, ouvir, ler e pensar sobre o assunto, tinha de dizer qualquer coisa.

Vamos por pontos:

1 – a demissão de Vítor Gaspar era praticamente inevitável. Tendo em conta o nível de contestação, e os desentendimentos no seio do Governo, a persona tinha de ser alterada. Com isto não quero dizer que o rumo deva ser substancialmente alterado. Infelizmente não é possível mudar muito, ou até a definição desse rumo depender da vontade de Portugal. No entanto, é necessária uma forte vertente política que explique esse rumo, que mostre um destino, que faça os cidadãos terem esperança. Essa componente política tem sido uma grande lacuna deste governo.

2 – a demissão de Paulo Portas: uma irresponsabilidade e estupidez pegada. Sendo o Governo de coligação entre dois partidos, têm de se entender. O interesse nacional é superior ao interesse político de cada partido ou de cada líder. O que se passou é inaceitável.

Aceito que haja diferenças de posição num governo que junta vários partidos, mas têm de sentar-se à mesa e chegar a um consenso, longe dos holofotes mediáticos.

O que levou efectivamente o Ministro dos Negócios Estrangeiros a demitir-se? Quanto a mim foram vários os factores: os desentendimentos com o Primeiro-ministro, e não conseguir impor o seu entendimento do rumo a seguir durante o consulado de Vítor Gaspar; não concordar com a escolha de Maria Luís Albuquerque para nova Ministra das Finanças; nestes dias houve notícias de que a troika queria mais cortes (nas pensões, no salário mínimo, na função pública…), e ele não concordou; tinha de apresentar o relatório para o corte de 4 mil milhões, e não tinha coragem para tal; ficando como nº 2 do Governo, seria amarrado ao seu destino e resultado, e não quis esse ónus.

3 – há vários anos que digo que em Portugal há três animais políticos: Mário Soares, Alberto João Jardim e Paulo Portas. Goste-se ou não deles, é uma qualidade que temos de lhes reconhecer. Mas a pequena política e o contorcionismo têm como limite o interesse nacional.

4 – a brincadeira de Portas custou muito ao país em termos de credibilidade e de financiamento. E pode vir a implicar mais dificuldades para os portugueses. Não é aceitável, num momento de dificuldade como o que atravessámos, deitar a perder dois anos de sacrifícios.

5 – neste contexto, embora descontando o “seria precipitado aceitar esse pedido de demissão” (que Passos Coelho disse acerca da demissão de Portas, e que não me parece que possa fazer), o Primeiro-ministro, quanto a mim, foi o único que teve bom senso na sua declaração. 

6 – após isto, o CDS, que foi surpreendido pela demissão de Portas, mandatou o mesmo Paulo Portas que não se entendeu com Passos Coelho para renegociar com ele. Não percebo esta lógica e não faz sentido para mim.

Este fim-de-semana teria lugar o congresso do CDS, que já foi desconvocado. Não percebo como Paulo Portas poderá manter-se na liderança do partido. 

Não é possível o partido ter um discurso de responsabilidade, e depois essa imagem ser deitada por terra por atitudes assim.

7 – naquilo que tem vindo a público sobre as reuniões entre Passos Coelho e Portas há coisas que (embora não confirmadas) não percebo: 

     a) Portas voltar ao governo? Não pode ser. Nem por pressão de Cavaco, como li há pouco, nem por outra via. Não faria qualquer sentido.

       b) Passos Coelho não pode ceder e demitir a recém-empossada ministra das Finanças. Seria o descrédito absoluto.

       c) Se a solução de coligação existente até antes da demissão de Portas se revelou tão frágil, como seria sólido um acordo diferente e sem o eventual líder do segundo partido fora do governo? 

8 – quanto à oposição à esquerda... desde sempre que pede a queda do governo e eleições antecipadas (o PS também se converteu a este coro há uns meses). Com a crise governamental desta semana, foi possível ver as consequências da instabilidade política: bolsas a caírem, juros a disparar, credibilidade do país posta em causa, potencialmente maior dificuldade no acesso aos mercados, logo mais empresas em dificuldade e mais desemprego, imposição de mais austeridade. 

Quando o governo, por incompetência, quase realiza o seu pedido, vêm logo gritar que o governo é irresponsável. Então o que foram eles durante estes dois anos? Eles queriam agravar a crise e as dificuldades nacionais.

9 – como disse no dia em que Portas apresentou a demissão: além de uma esquerda incompetente, agora temos uma direita estúpida. Num momento dificílimo e dramático da nossa vivência colectiva, não consegue entender-se para reformar o país e o Estado. Ficamos todos a perder.

10 - a crise e a austeridade não começaram há dois anos; começaram quando o país andou a gastar o que não tinha. A causa da nossa crise/desgraça não se chama Passos Coelho, Gaspar ou Portas - chama-se país falido.