quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Blogosferando por aí - 6


1 - N'Os Canhões de Navarone, uma análise certeira sobre as posições de certa esquerda perante Chávez, esse modelo de democrata...
2- O 31 da Armada e o sistema que beneficia sempre o Porto. Quem é bom, é bom!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Imagem sem palavras - 52

Elevador de Santa Justa - Lisboa

Sopa de letras

Tendo saído já tarde, e sem vontade para ainda ir cozinhar, fui jantar ao Campo Pequeno. Enquanto pagava, pousei o livro que ando a ler ("Portugal - o pioneiro da globalização") no balcão. O brasileiro agarra-o para ver o título e atira esta pérola:
"Leitura também é cultura"

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Eles estão doidos!

António Barreto escreveu esta semana, no seu habitual "Retrado da Semana" do Público, sobre o fundamentalismo da ASAE.
O texto está tão bom que aqui fica:
"A meia dúzia de lavradores que comercializam directamente os seus produtos e que sobreviveram aos centros comerciais ou às grandes superfícies vai agora ser eliminada sumariamente. Os proprietários de restaurantes caseiros que sobram, e vivem no mesmo prédio em que trabalham, preparam-se, depois da chegada da “fast food”, para fechar portas e mudar de vida. Os cozinheiros que faziam a domicílio pratos e “petiscos”, a fim de os vender no café ao lado e que resistiram a toneladas de batatas fritas e de gordura reciclada, podem rezar as últimas orações. Todos os que cozinhavam em casa e forneciam diariamente, aos cafés e restaurantes do bairro, sopas, doces, compotas, rissóis e croquetes, podem sonhar com outros negócios. Os artesãos que comercializam produtos confeccionados à sua maneira vão ser liquidados.
A solução final vem aí. Com a lei, as políticas, as polícias, os inspectores, os fiscais, a imprensa e a televisão. Ninguém, deste velho mundo, sobrará. Quem não quer funcionar como uma empresa, quem não usa os computadores tão generosamente distribuídos pelo país, quem não aceita as receitas harmonizadas, quem recusa fornecer-se de produtos e matérias-primas industriais e quem não quer ser igual a toda a gente está condenado. Estes exércitos de liquidação são poderosíssimos: têm Estado-maior em Bruxelas e regulam-se pelas directivas europeias elaboradas pelos mais qualificados cientistas do mundo; organizam-se no governo nacional, sob tutela carismática do Ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho; e agem através do pessoal da ASAE, a organização mais falada e odiada do país, mas certamente a mais amada pelas multinacionais da gordura, pelo cartel da ração e pelos impérios do açúcar.
Em frente à faculdade onde dou aulas, há dois ou três cafés onde os estudantes, nos intervalos, bebem uns copos, conversam, namoram e jogam às cartas ou ao dominó. Acabou! É proibido jogar!
Nas esplanadas, a partir de Janeiro, é proibido beber café em chávenas de louça, ou vinho, águas, refrigerantes e cerveja em copos de vidro. Tem de ser em copos de plástico.
Vender, nas praias ou nas romarias, bolas de Berlim ou pastéis de nata que não sejam industriais e embalados? Proibido.
Nas feiras e nos mercados, tanto em Lisboa e Porto, como em Vinhais ou Estremoz, os exércitos dos zeladores da nossa saúde e da nossa virtude fazem razias semanais e levam tudo quanto é artesanal: azeitonas, queijos, compotas, pão e enchidos.
Na província, um restaurante artesanal é gerido por uma família que tem, ao lado, a sua horta, donde retira produtos como alfaces, feijão verde, coentros, galinhas e ovos? Acabou. É proibido.
Embrulhar castanhas assadas em papel de jornal? Proibido.

Trazer da terra, na estação, cerejas e morangos? Proibido.
Usar, na mesa do restaurante, um galheteiro para o azeite e o vinagre é proibido. Tem de ser garrafas especialmente preparadas.

Vender, no seu restaurante, produtos da sua quinta, azeite e azeitonas, alfaces e tomate, ovos e queijos, acabou. Está proibido.
Comprar um bolo-rei com fava e brinde porque os miúdos acham graça? Acabou. É proibido.

Ir a casa buscar duas folhas de alface, um prato de sopa e umas fatias de fiambre para servir uma refeição ligeira a um cliente apressado? Proibido.
Vender bolos, empadas, rissóis, merendas e croquetes caseiros é proibido. Só industriais.

É proibido ter pão congelado para uma emergência: só em arcas especiais e com fornos de descongelação especiais, aliás caríssimos.
Servir areias, biscoitos, queijinhos de amêndoa e brigadeiros feitos pela vizinha, uma excelente cozinheira que faz isto há trinta anos? Proibido.

As regras, cujo não cumprimento leva a multas pesadas e ao encerramento do estabelecimento, são tantas que centenas de páginas não chegam para as descrever.
Nas prateleiras, diante das garrafas de Coca-Cola e de vinho tinto tem de haver etiquetas a dizer Coca-Cola e vinho tinto.

Na cozinha, tem de haver uma faca de cor diferente para cada género.
Não pode haver cruzamento de circuitos e de géneros: não se pode cortar cebola na mesma mesa em que se fazem tostas mistas.

No frigorífico, tem de haver sempre uma caixa com uma etiqueta “produto não válido”, mesmo que esteja vazia.
Cada vez que se corta uma fatia de fiambre ou de queijo para uma sanduíche, tem de se colar uma etiqueta e inscrever a data e a hora dessa operação.

Não se pode guardar pão para, ao fim de vários dias, fazer torradas ou açorda.
Aproveitar outras sobras para confeccionar rissóis ou croquetes? Proibido.

Flores naturais nas mesas ou no balcão? Proibido. Têm de ser de plástico, papel ou tecido.
Torneiras de abrir e fechar à mão, como sempre se fizeram? Proibido. As torneiras nas cozinhas devem ser de abrir ao pé, ao cotovelo ou com célula fotoeléctrica.

As temperaturas do ambiente, no café, têm de ser medidas duas vezes por dia e devidamente registadas.

As temperaturas dos frigoríficos e das arcas têm de ser medidas três vezes por dia, registadas em folhas especiais e assinadas pelo funcionário certificado.

Usar colheres de pau para cozinhar, tratar da sopa ou dos fritos? Proibido. Tem de ser de plástico ou de aço.
Cortar tomate, couve, batata e outros legumes? Sim, pode ser. Desde que seja com facas de cores diferentes, em locais apropriados das mesas e das bancas, tendo o cuidado de fazer sempre uma etiqueta com a data e a hora do corte.

O dono do restaurante vai de vez em quando abastecer-se aos mercados e leva o seu próprio carro para transportar uns queijos, uns pacotes de leite e uns ovos? Proibido. Tem de ser em carros refrigerados.

Tudo isto, como é evidente, para nosso bem. Para proteger a nossa saúde. Para modernizar a economia. Para apostar no futuro. Para estarmos na linha da frente. E não tenhamos dúvidas: um dia destes, as brigadas vêm, com estas regras, fiscalizar e ordenar as nossas casas. Para nosso bem, pois claro."

Ora bem...

Alberto João Jardim, hoje:
"O senhor Engº Sócrates pode ser esperto, mas os outros também não são burros."

Um Presidente

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Falar de assuntos...

Paulo Nunes de Almeida, vice-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa e presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, disse isto em entrevista ao PÚBLICO: "Salário mínimo nos 500 euros pode gerar mais desemprego."
Pois...
O que diria se conhecesse Enzo Rossi?
O patrão das massas La Campofilone (Itália) "tentou viver com o ordenado que pagava aos empregados. Ao fim de 20 dias percebeu que ia começar a passar fome e tomou uma decisão radical: aumentou-os em 200 euros.". Nota importante: o salário anterior era de 1000€. (revista Sábado, nº 186)
Era muito bom que certos iluminados descessem à terra. Mas há quem fale de assuntos, citando o outro....

domingo, 25 de novembro de 2007

Parafraseando - 6

"Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic."

Parafraseando - 5

"O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença."

Parafraseando - 4

"Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo."

Imagem sem palavras - 51

Ponta de São Lourenço, a partir de Machico

Politicamente correcto

"Vivemos sobre um despotismo 'iluminado' que não aceita a irregularidade, a dissidência, o direito de cada um à sua própria vida e ao uso irrestrito da sua própria cabeça."

Vasco Pulido Valente, no PÚBLICO de 25-11-2007

Debatendo ideias...

Juan Masiá, teólogo e padre jesuíta espanhol, deu uma interessante entrevista ao caderno P2 do Público. “Manifesta opiniões sobre temas como o aborto, o divórcio ou a bioética que, dentro da Igreja, estão muito longe das teses oficiais.”

Alguns excertos:

“Tanto ao ciência como a mística, que parecem opostas, coincidem em deixar-se mudar pela realidade. O autêntico cientista não presume ter a totalidade da verdade, está disposto a mudar. E o autêntico teólogo tem que ser humilde e admitir que a realidade vai mudando. Religião e ciência têm que ter uma atitude de busca e de caminho e não de dizer que têm as respostas todas.”

“A religião ou a ética, quando querem impor as suas respostas, também estão a fazer ideologia. O problema não é a religião ou a ciência, mas a ciência e a religião convertidas em ideologia. Isso é fundamentalismo. O autêntico cientista e o autêntico religioso são abertos a uma ética de perguntas: descobrimos algo novo, como usá-lo para bem da humanidade e da vida?”
"É muito interessante a maneira como os bispos japoneses falaram do problema (do divócio). Primeiro, dedicam várias páginas ao ideal. Depois referem: dito isto, por circunstâncias que são culpa de ambos ou de nenhum. E dizem três coisas: que os casais sejam acolhidos como Cristo os acolheria; que sejam acolhidos calorosamente; e que se caminhe com eles nos passos que dão para refazer a vida".
E termina citando o padre Pedro Arrupe: "o cristianismo, mais que religião do amor, é religião de esperança".

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Eu gosto!

Gosto da música, da letra, do vídeo. Gosto!

PROTESTO!

O CDS-PP está a promover um abaixo assinado para obrigar o Estado a publicar as suas dívidas para com os cidadãos, tal como faz com os cidadãos que devem ao Estado.

Para obrigar a discussão no plenário da Assembleia da República eram necessárias 4000 assinaturas. Em apenas uma semana já vai em 4650!

Para acabar com este abuso do Estado que exige tudo a todos, mas que não se vê ao espelho, assinar O Estado Mau Pagador.

Não me parece que este caminho seja o mais correcto, porque exacerba o pior da cidadania, e põe de lado o que seria um comportamento normal de cidadãos responsáveis e conscientes, mas este Estado só funciona desta maneira. É um problema cultural.

Este planeta fantástico...


A Terra "tal como ela é"

É um momento histórico: pela primeira vez, uma fotografia da Terra mostra as verdadeiras cores do nosso planeta. Muito azul, menos castanho do que se pensava e – na parte inferior da imagem – o continente australiano em claro destaque. Esta Terra “tal como ela é” foi captada pela sonda Rosetta no dia 15 de Novembro, às 03h30. (PÚBLICO)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Verdade abrupta

"QUEM FICA MAIS POBRE DEVAGAR ACEITA CADA VEZ MAIS O MANDO
Porque é que já estivemos melhor e agora estamos pior e há retrocesso? Porque estamos a ficar mais pobres, com menos esperança, mais presos ao pouco que temos, mais confinados ao mesmo espaço minúsculo, todos em cima dos bens cada vez mais escassos a patrulhar para que os outros não fiquem com eles. Estamos a pagar o preço de um modelo “social” único, de uma Europa única, de um pensamento único que racionaliza este caminho para a pobreza como não tendo alternativa e pune a dissidência.
Só se pode ser pessimista e agir como pessimista, até porque a ideia de que os pessimistas não fazem nada é típíca dos optimistas na sua beatitude."
Pacheco Pereira, no ABRUPTO

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A paranóia da ASAE


A paranóia fundamentalista da ASAE chegou este fim-de-semana à Ginginha do Rossio. E fechou esta fantástica e típica tasca lisboeta.

Ler o excelente artigo de Francisco José Viegas, no JN de hoje. Deixo apenas um excerto:

"A Ginjinha do Rossio era um monumento nacional. Uma referência que amigos italianos, brasileiros e alemães procuravam para provar uma das melhores ginjinhas portuguesas. Aquele espaço tresandava a história e a convivialidade, a sorrisos largos e a um leve ondular de fígados conservados em ginja. Pois que se varrese o seu chão com mais frequência. Que se pusesse um médico à porta. O mal, porém, não é apenas o encerramento da Ginjinha do Rossio, esse parapeito da história da cidade e do país. O mal é a onda de lixívia sintética que vai passando por tudo quanto é "segurança alimentar" nas vetustas tascas onde vinhos fatais fizeram literatura e, certamente, doenças hepáticas. Essa onda que prega a normalização dos costumes alimentares acabará com a pequena alma dessas nobres instituições de pecado, como a Ginjinha do Rossio. Portugal aplica estas leis melhor do que ninguém. A breve prazo, agentes policiais entrarão nas nossas casas apreendendo bacalhau com excesso de sal e ginja da Beira Alta. Seremos saudáveis e faremos jogging. Tudo o resto será encerrado."

Concordo com ele quando diz que não tarda nada temos a ASAE em nossas casas a ver as nossas cozinhas... Está tudo louco!
Não ía lá todas as semnas, nem sequer todos os meses, mas é uma imagem que se perde. Às tantas mandam pôr aquele minúsculo espaço todo forrado em alumínio e mais não-sei-quê.
Eu quero voltar a pedir uma ginginha "sem elas"... é que leva mais!

Consta que cresceram...


sábado, 17 de novembro de 2007

A Estranha em Mim


O filme já está em exibição há várias semanas, e, embora estivesse curioso, só agora o fui ver, após ter lido várias críticas.

Originalmente chamado The Brave One, a tradução portuguesa dá-lhe um título particularmente feliz e apropriado: A Estranha em Mim.

Começa num ambiente romântico, na preparação do casamento de Erica Bain e David, que uma tragédia brutalmente impede. E destrói a felicidade futura de ambos.
A partir daí, inicialmente por medo, depois de forma decidida, Erica irá fazer justiça pelas próprias mãos.

O trauma de sair à rua após o assalto e assassinato do namorado. Mais que receio, o medo de ir à rua. O medo das pessoas, dos lugares. Da repetição.
A lentidão da justiça para fazer justiça. O sentimento de que as autoridades nada fazem, protelam, envolvem tudo em burocracias…

O desempenho de Jodie Foster – fantástico! – traz à tona as personalidades secretas e desconhecidas que cada um tem. O estranho que mora dentro de nós, e que ignoramos até ao limite. Ou, visto de outra forma, as forças desconhecidas que descobrimos ter em tempos de provação, em situações limite.

Embora sem comparação possível com o enredo do filme, também já tive algumas destas sensações após ter sido assaltado no Metro no início do ano passado. E não me considero curado. Há receios que se entranham e permanecem.

Este filme tem algumas críticas e análises muito boas. Destaco a do Corta-fitas e a de Paulo Portas, no SOL.

Sem dúvida alguma, um filme a ver e a rever.

Leva 5 estrelas.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Espreita-se neles a sombra do amor

Há quem escreva de forma mágica. A Inês é assim no seu Trambolhão.
"Espreita-se neles a sombra do amor. Abre-se uma nesguinha da porta e um coração quase que explode na nossa cara. Quando um homem ama, leva a sua amada em bicos de pés, como se se tratasse dum cristal. Pega nela devagarinho para não a partir ou magoar, leva-a na palma das mãos. Sentada na almofada ela sorri, e pode perder tempo com outros disparates. O homem às vezes vira costas e vai matar alguns inimigos, e atirar uns canhões e mostrar que é homem. E beber umas cervejolas. Mas se ele desistir de tudo só porque a sua mulher partiu uma unha, está condenado a amá-la durantes séculos de amor, reinventados em reencarnações supremas.
O amor dos homens é mais forte, é como uma rocha estável, é um amor feliz porque se resignou a amar aquela. E não a outra. As mulheres quando amam é mais fácil, sentem ondas de amor, que são contínuas, mas maleáveis, ondulam-se ao sabor do dia-a-dia, porque sabem que do outro lado existe um amor seguro, que as pemrite ondularem-se. Se alguns tempos atrás escrevi com raiva sobre o facto de os homens só me falarem de ex-namoradas, percebo agora, que o amor deles quando existe, é só um. Uno e indívisivel, para com aquela mulher. E que demora a passar, porque eles não querem largar o cristal, nem encontram espaço ou armários terrestres que o acolham facilmente."

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Perspectivas

A Terra nasce sobre a superfície da Lua, conforme se pode ver neste frame de um vídeo gravado a bordo do explorador lunar japonês Kaguya. (semanário SOL)
Para quem costuma ter o rei na barriga, a Terra vista de longe é tão pequena...

Para onde vamos?

Nos jornais gratuitos de hoje li dois artigos de opinião que me apetecia transcrever integralmente. Não sendo possível, deixo apenas algumas referências.

1-
No Meia Hora, Luciano Amaral comenta uma nova lei italiana feita propositadamente após um romeno ter violentado e assassinado a mulher de um alto oficial da marinha. Vai daí, o governo de Romano Prodi (novamente primeiro-ministro de Itália, após ter sido presidente da Comissão Europeia), “perante o horror público, decidiu que o problema era dos ciganos romenos em geral, pelo que fez passar no parlamento uma lei permitindo a deportação de estrangeiros “suspeitos” de perturbar a “segurança pública”. Num estado de direito todos são inocentes até prova em contrário. A lei inverte a lógica: os estrangeiros (ciganos romenos) são suspeitos sem sequer conseguirem provar o contrário. É típico da esquerda: vive tão convencida da sua razão que quando toma medidas não pára um segundo”.
Mais à frente acrescenta:
“O que levanta um problema, não apenas sobre a Itália mas sobre a Europa em geral. Tem-se expandido pelo continente um estranho consenso no ódio ao “estrangeiro”. A mais bem intencionada pessoa de esquerda está, num instante, a verberar a xenofobia e, no seguinte, a explicar quão horríveis são “os chineses”. O primeiro-ministro italiano Prodi, que tanto lutou pela liberdade de circulação na Europa quando Presidente da Comissão Europeia, no outro dia explicava que “ninguém previu o afluxo maciço de romenos a Itália””
Enfim….

2-
O outro texto era de Jaime Antunes, publicado no OJE, e, a propósito da polémica das Estradas de Portugal, versava assim: “Os contribuintes pagam os seus impostos para o Estado fazer face `s suas despesas, entre as quais se encontram os investimentos em infraestruturas. As estradas vão ser pagas com a nova taxa/imposto; na saúde cada vez mais se impõe e bem o princípio do utilizador pagador; no ensino superior vigoram as propinas e o básico e secundário é cada vez mais uma responsabilidade das câmaras; com a factura da electricidade pagamos a RTP. O Estado não paga nada. As receitas dos impostos servem para quê?”
3-
Ainda nos jornais diários, desta vez no Diário de Notícias, Pedro Lomba escreve sobre os recentes acontecimentos na Cimeira Ibero-americana protagonizados por Hugo Chávez e pelo rei Juan Carlos. Sob o título "O dia em que fomos monárquicos", acaba por afirmar que, não sendo monárquico (eu já tive mais alergia à monarquia...), "quando Juan Carlos saiu da mesa acho que me tornei num carlista. Quero um Rei destes. Até pode ser absoluto." Eu também!
* os destaques são meus.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

The Gift -- 645



Letra:
Want to tell you that I love you because I really do. Want to give you the answers if you ask me to. Want to leave your door for the last time, want to leave the floor for the first time.

Leave the boys, leave the girls, leave it all behind… Trust your dreams, your thoughts it’s a matter of time. Run right, run left just don’t look back… Take this trip as your first step. Because the tears that we waste only make us blow, why we keep in Repeat this Antony song “forgive me, forgive me”

You know why tried to be simple, I tried a lie… everything is perfect from there, and you know I need you there.

Sarkozy - um líder na Europa


Sarkozy, um líder com ideias e com visão para a Europa. Que precisava de meia dúzia de presidentes com esta fibra política.

Só discordo completamente dele sobre a Turquia. Considero um erro impedir a entrada deste país-charneira na União Europeia.

(notícia no PÚBLICO)

domingo, 11 de novembro de 2007

Sem gravata

Num destes dias apanhei o José Alberto Carvalho a apresentar o Telejornal sem gravata. Inicialmente pensei: "esqueceu-se, e vai po-la durante uma notícia maior, ou no intervalo. Ou talvez a tenha sujado e não dê para usar". Mas costumo ver as notícias em zapping, pelo que não dei grande importância ao facto, embora tenha reparado no pormenor.

Afinal não foi nenhuma das minhas hipóteses. Trata-se, sim, de uma nova filosofia na RTP. Porque não? Não me parece mal, e até me agrada a ideia.
Como o próprio José Alberto Carvalho refere em entrevista ao DN, informalidade não quer dizer falta de credibilidade. Concordo.
A RTP podia aproveitar para outra mudança no seu principal serviço noticioso: reduzi-lo a 30 ou 45 minutos no máximo. E ter alguns programas de debates e/ou reportagens por semana. É uma lacuna na RTP. Não basta a "Grande Entrevista" e a "Grande Reportagem", ainda mais para um canal que enche a boca com "serviço público".
A nível da programação do canal, podia ter um pouco de bom senso na definição de horários. Por exemplo, no chamado "filme do mês". O de hoje tem início agendado (segundo o Público) para as 23h25!
Alguém que trabalhe no dia seguinte fica a ver um "filme do mês" que começa a essa hora?!

Viva Espanha!

Aqui as primeiras declarações de Chávez.
A Cimeira Ibero-Americana foi marcada por Hugo Chávez. No seu melhor – o mesmo é dizer no seu pior. O homem não tem emenda!
Desta vez achou por bem chamar “fascista” a José Maria Aznar, ex-chefe de governo espanhol, entre outros disparates. E teve uma digna resposta da parte dos representantes espanhóis: Zapatero (que não aprecio particularmente), educadamente, exigiu respeito por alguém que foi eleito pelo povo espanhol. Já o rei Juan Carlos mandou Chávez calar-se. E abandonou a sala quando Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, voltou a ofender Aznar.

Tenho lido a notícia deste episódio nos sites de vári
os jornais nacionais, e os comentários que alguns leitores deixam são, no mínimo, idiotas. Com aquele discurso de que a Espanha é colonialista e afins.
Os jornais espanhóis, e bem, puseram-se ao lado de Zapatero e do seu rei. Apenas me parece errado o facto de o Partido Popular criticar Zapatero neste momento.

Curioso é verificar que, se um discurso semelhante tivesse sido feito por um líder de direita, já haveria protestos em meio mundo contra a opressão, o fascismo, a limitação à liberdade e mais não sei quê. Mas como se trata de Chávez, um ditador que alguns ainda pintam com tintas de romantismo e idealismo, nada se passa. Um presidente que se quer eternizar na Venezuela, que limita a liberdade, que quer acabar com a propriedade privada, que persegue a oposição, que fecha canais de televisão que não são do seu rebanho… Mas alguma esquerda é assim, enche a boca com liberdade, tolerância e povo, mas está muito longe disso.
Como diziam alguns comentários a estes vídeos, "viva el Rey y viva España!"

sábado, 10 de novembro de 2007

Parafraseando - 3

"Estar preocupado é como oscilar numa cadeira de baloiço; tem-se algo a fazer mas não se vai a lado nenhum."
Evan Esar

Debate bovino

"O estado de bovinidade que afecta com cada vez mais frequência a política em Portugal revelou-se em todo o seu esplendor no debate sobre o Orçamento do Estado de 2008."

Manuel Carvalho, PÚBLICO, 09-11-2007

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Importância da memória

Ninguém se lembra, mas passam hoje 18 anos – repito, 18 anos! – sobre a queda do Muro de Berlim. 9 de Novembro de 1989.
Só vi um pequeno e digno apontamento no Meia Hora. Ninguém mais falou, ninguém mais se lembra. Mas foi neste dia que o muro – “que separava a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã – caiu em 1989 e foi o acto inicial da reunificação do país, acabando também a divisão do mundo em dois blocos.” (ver aqui história e cronologia deste muro que marcou o mundo contemporâneo).
Um forte gesto simbólico que representou tanto para o Mundo – para o nosso mundo.
Muitos historiadores entendem que este marco representou o fim do séc. XX, cujo início se tinha dado em 1914 com a I Guerra Mundial. Um século curto e sangrento.

Infelizmente, nos nossos dias a memória desvanece-se com uma facilidade e rapidez confrangedora.

Também no passado dia 4 de Novembro passaram-se 12 anos – sim, 12 anos! – sobre o assassinato de Yitzhak Rabin (Jerusalém, 1 de Março de 1922 — Tel Aviv, 4 de Novembro de 1995), primeiro-ministro de Israel. Lembro-me de assistir quase em directo a este crime, via televisão, nos meus primeiros tempos em Lisboa.
Foi este político que teve a coragem de – sob a chancela americana de Bill Clinton – chegar a acordo com Yasser Arafat em 13 de Setembro de 1993.



(ver aqui mais sobre Yitzhak Rabin)

Infelizmente os nossos dias, feitos de episódios e faits divers, não permitem recordar momentos que marcaram a História.
Esta reflexão surge-me enquanto leio “Portugal – o pioneiro da globalização”: só através de um olhar em perspectiva é possível perceber os factos que moldam o rumo da humanidade. Ora de forma quase imperceptível, ora de forma súbita e repentina.

Só tenho pena de saber tão pouco de História.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Papoila inglesa

Quem tem e vê canais ingleses como a BBC ou Sky News já deve ter reparado numas coisas vermelhas e verdes que as pessoas usam por esta altura do ano.
Trata-se de uma papoila vermelha para recordar os militares britânicos tombados em palcos de guerra. E sobreviventes feridos.
Hoje o PÚBLICO conta a história desse fenómeno de solidariedade da sociedade inglesa.

"Ela está nas lapelas de muitos britânicos por estes dias. A cor vermelha chama a atenção, em especial de quem desconhece o seu significado e parece ser esse o objectivo. A papoila de papel que invade as ruas nos primeiros dias de Novembro é uma homenagem aos soldados que perderam a vida em combate, símbolo de uma campanha de solidariedade que nasceu de um poema escrito no campo de batalha.

Todos os anos, milhões de pequenas papoilas de papel são vendidas por voluntários da Legião Real Britânica, a maior associação de apoio a ex-combatentes do país, numa campanha de angariação de fundos (a “Poppy Appeal”) para custear a assistência a milhares de antigos e actuais militares. Os voluntários saem para as ruas nas semanas que antecedem o Dia da Memória, a 11 de Novembro, quando são recordados os que combateram nas duas guerras mundiais e também os que perderam a vida nos recentes conflitos das Malvinas, Iraque e Afeganistão.

A primeira homenagem aos militares mortos no campo de batalha foi celebrada em 1919, um ano depois do armistício – celebrado à “11ª hora do 11ª dia do 11º mês” – que pôs fim a quatro anos da mais devastadora guerra que o Velho Continente assistira até então, com milhões de mortos e centenas de milhares de estropiados. Mas só dois anos mais tarde, a papoila vermelha se tornaria no símbolo das comemorações, numa associação que curiosamente nasceu do outro lado do Atlântico."

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Portugal - pioneiro da globalização


Depois de ter lido uma série de romances, chegou a vez de ler qualquer coisa mais profunda e com a qual se aprende: "Portugal - o pioneiro da globalização".
Nas poucas dezenas de páginas que já li, estou a recordar coisas que aprendi no meu percurso escolar, como as ondas de Kondratieff.
Primeiro estabelece alguns conceitos, para mais à frente avançar com a tese explicativa de Portugal ter sido o pioneiro naquilo a que hoje se chama globalização.
Um pouco de História, para melhor compreender o presente e projectar o futuro.

Azul Porto


Consta que "o FC Porto venceu, hoje, em casa o Marselha, por 2-1, e ficou à beira da qualificação para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões de futebol, assumindo a liderança do Grupo F, com oito pontos, à passagem da quarta jornada." (SIC)

As públicas virtudes

Miguel Sousa Tavares, esse cidadão que ou se ama ou se odeia, escreveu no Expresso desta semana um texto que pôs muitos pontos nos is. A ler, sob o título de "As públicas virtudes".
Escreve sobre o abandono de uma entrevista da CBS por parte de Sarkozy (que posteriormente terá dito "Fui eleito pelos franceses para resolver os seus problemas e não para me explicar sobre a minha vida privada" ) , e sobre o encerramento ao trânsito do Terreiro do Paço aos domingos.

Cantinho do poeta - 26

Hoje faria anos Sophia de Mello Breyner (1919 - 2004).
Fica um poema em jeito de recordação:


Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.

sábado, 3 de novembro de 2007

Cem Anos de Solidão

Há livros cuja leitura devia ser obrigatória. Talvez os devessem até oferecer nas maternidades. E entre eles estaria – destacadíssimo – Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez.

Li-o pela primeira vez em 1999 ou 2000. Alguém tinha-mo emprestado, mas gostei tanto dele que o comprei logo de seguida na feira do livro. No início de Outubro agarrei-o de novo, e devorei-o. É uma obra absolutamente fantástica! Que hei-de voltar a ler, sem sombra de dúvida.

Lembro-me de me ter perdido nas personagens aquando da primeira leitura, pelo que desta vez fui desenhando a árvore genealógica dos Buendía. É que os nomes vão-se repetindo ao longo de sete gerações...

O fantástico enredo da família que ergue Macondo, e que com o passar das gerações se esvai. O contraste entre os primeiros Buendía e os últimos. E os inúmeros episódios inesperados, surpreendentes e mágicos que se vão sucedendo ao longo do tempo.

Já lá estava, mas é cada vez mais o livro da minha vida. Não por tê-la mudado, mas pelo encantamento que destila a cada página, a cada linha.
Numa palavra – que neste caso é tão pouco – apaixonante!

Roupices

Quando compramos um pullover daqueles de fecho à frente, e chegados a casa reparamos que não abre lá em baixo, o que fazemos? Vamos trocá-lo à loja, ou, “assim como assim, é para usar fechado, por isso que se lixe!”?

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Elizabeth - a idade de ouro


"O medo gera medo"
Mulher. Guerreira. Rainha.
"Esta é a história da luta de uma Rainha para se manter no trono, enfrentando conspirações e traidores. Esta história é isso e muito mais: é o conflito histórico entre Inglaterra e Espanha, entre protestantes e católicos, entre tolerância e fundamentalismo. É também o retrato estranhamente contemporâneo de uma mulher que lida com o facto de estar a envelhecer, de não ter marido e de, no entanto, ser a mulher mais poderosa de Inglaterra." (mais aqui)
Ao sair do cinema - e ao ouvir umas senhoras comentarem que Portugal precisava de alguém assim forte, e não "os bananas" (sic) que temos tido - lembrei-me da frase de Camões: "o fraco rei faz fraca a forte gente"
Uma coisa que me impressionou (não encontro outro verbo mais apropriado) neste filme foi a atitude intransigente da rainha em defesa da liberdade, tolerância e respeito pelas crenças dos seus cidadãos. Logo no início, os seus conselheiros defendem uma caça às bruxas contra os católicos (o contexto do filme é uma guerra do intolerante rei espanhol, Filipe, contra a demoníaca Inglaterra, não católica), mas Elizabeth diz que não vai punir os ingleses pelas suas crenças.
Já no séc. XVI a Inglaterra impunha valores que se viriam a tornar universais.
Um filme de Shekhar Kapur, e que conta com Geoffrey Rush, Clive Owen, Rhys Ifans, Samantha Morton. E um magnífico desempenho de Cate Blanchett como Elizabeth.
Um grande filme!