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sábado, 1 de novembro de 2008

Cantinho do poeta - 45

No TRAMBOLHÃO, a Inês escreveu este magnífico poema:

São sete as colinas, sete as ondas que te sacudiram,

Sete são os beijos que te pespego,
De graça, sem troco, à cautela no beco escuro.
São sete as noites do calendário em que me deito contigo,
No alto de um bairro sentimental, numa rua estreita,
Que aperta o meu e o teu coração, em uníssono.
Desde há anos, desde que me respiro,
Que acordo com o teu sorriso rasgado de amarelo,
Escancarado na ombreira da minha janela,
Nua e crua, armada com sete vidros invisíveis.
Vamos passear, dizias,
Lá em cima, atravessamos as sete chagas de Cristo,
Prefiro percorrer as linhas do teu coração,
Proteger-te dos turistas incómodos, esfomeados,
Em sorver fragmentos da tua alma.
Afinal tenho direito a bilhete grátis,
E assento em primeira fila.
Sacudo a canela das mãos ao vento,
Lambo a última crosta do pastel de nata.
Descubro sete chaves enterradas no meu bolso,
No final da linha, vou fechar à chave o teu coração.

Está tão perfeito e surpreendente, que me abstenho de colocar o nome que ela lhe deu. Porque pode ser lido e interpretado de diversas formas.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Espreita-se neles a sombra do amor

Há quem escreva de forma mágica. A Inês é assim no seu Trambolhão.
"Espreita-se neles a sombra do amor. Abre-se uma nesguinha da porta e um coração quase que explode na nossa cara. Quando um homem ama, leva a sua amada em bicos de pés, como se se tratasse dum cristal. Pega nela devagarinho para não a partir ou magoar, leva-a na palma das mãos. Sentada na almofada ela sorri, e pode perder tempo com outros disparates. O homem às vezes vira costas e vai matar alguns inimigos, e atirar uns canhões e mostrar que é homem. E beber umas cervejolas. Mas se ele desistir de tudo só porque a sua mulher partiu uma unha, está condenado a amá-la durantes séculos de amor, reinventados em reencarnações supremas.
O amor dos homens é mais forte, é como uma rocha estável, é um amor feliz porque se resignou a amar aquela. E não a outra. As mulheres quando amam é mais fácil, sentem ondas de amor, que são contínuas, mas maleáveis, ondulam-se ao sabor do dia-a-dia, porque sabem que do outro lado existe um amor seguro, que as pemrite ondularem-se. Se alguns tempos atrás escrevi com raiva sobre o facto de os homens só me falarem de ex-namoradas, percebo agora, que o amor deles quando existe, é só um. Uno e indívisivel, para com aquela mulher. E que demora a passar, porque eles não querem largar o cristal, nem encontram espaço ou armários terrestres que o acolham facilmente."

terça-feira, 24 de abril de 2007

Blogues - as minhas nomeações!


Anda para aí a rodar nos blogues o Thinking Blogger Award.

A minha escolha é mesmo tendo em conta “thinkers” acima da média. Há muitos bons blogues (e estão ali ao lado, na minha restrita e elitista lista), mas que talvez se enquadrem melhor em outras categorias. Tal como os que aqui ficam também poderiam caber em outras categorias.
Eu fui escolhido pelo Sequestro Emocional, do meu amigo Rigueiro. Que considera o GONIO um digno nomeado para estes prémios.

A regra é cada blogger escolher cinco… Cá ficam as minhas “nomeações”:

- Trambolhão
Simplesmente. Porque é poesia, espontaneidade, ternura, humor, beleza, profundidade. E eu gosto. Em tão poucas palavras – e aos trambolhões – a Inês deixa cair sentimentos como raios de sol, e deixa uma gota de orvalho em cada linha. Quando uma curta frase diz tanto.
Podia apenas dizer “porque sim”, mas seria tão pouco… Tinha de ser a primeira escolha!

- Segredos ao Pôr-do-Sol
Sente, pensa, escreve. Tem raivas, sorrisos. Gosta de gatos. De paisagens. De paz. E por vezes, escreve de mais… p

- Alcómicos Anónimos
Sem regularidade certa, o humor aqui é uma regra de ouro. Desconstruindo os acontecimentos, dando sentidos alternativos à realidade. Para quem gosta de uma boa gargalhada – muitas vezes com coisas muito alternativas – vale a pena visitar.

- Estado Civil
Do Pedro Mexia. Um típico blogue masculino, de um crítico literário (ou seja lá o que for…). Tem máximas, sentenças. Fala da vida, da arte, da literatura, de homens e mulheres. Um desencantado da vida. Mas que dá gozo ler.

- Abrupto
Diariamente. José Pacheco Pereira, um dos políticos mais livres que para aí há. Diz o que pensa, sem dramas partidários, sem dependência do PSD. Um livre-pensador. Com dois ódios de estimação: Paulo Portas e Pedro Santana Lopes.
Um blogue político, não podia deixar de citar este. Pioneiro nestas lides blogosféricas e um dos mais importantes do panorama nacional. O melhor e mais importante blogue na sua área. E que vai sempre para além da espuma dos dias, e muito para além da política (vejam a paixão pelas descobertas espaciais).

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Gosto muito de it

A Inês, do TRAMBOLHÃO, saiu-me uma bela poetisa. Escreve assim, aos trambolhões. Com humor, com sentimento. E faz-nos pensar.
Cada vez gosto mais de lá ir espreitar.
Da última vez escreveu sobre a dislexia do amor. Está tão bem escrito, que tomo a liberdade de copiar integralmente. Espero que a Inês não leve a mal…
«Gosto muito de it.
Não percebi. Gostas de?
De it, só de it!!
E baixava a cabeça, frustrado consigo mesmo. Acabava por agarrar num pedaço de papel e escrevia-o devagar, trémulo, sílaba a sílaba, com o seu lápis pequenino, porque sabia que a sua imaginação não o iria atraiçoar, desta vez.Mas mal tentava dizê-lo em voz alta, com toda a garra e sinceridade, as letras baralhavam-se outra vez num esquema mental difuso e saíam sílabas sem sentido.
No dia do casamento, quando o padre fez a pergunta adequada, apenas se ouviu da boca do noivo: Ism.
Não se importa de repetir, por favor?
Ism, ism, ism. Ela chorava desgostosa e o padre fingia não ter ouvido, enquanto os antigos pretendentes da noiva quase que deitavam notas ao ar e rebolavam no chão de prazer.
Quando estava às portas da morte, de mão dada à sua esposa, conseguiu finalmente dizer: gosto de ti, gosto de ti porra, sem mais medos ou inseguranças sobre o destino de o afirmar. O medo de pronunciar algo tão solene e especial, como que a desafiar o mundo prepotente que por vezes ameça destruir os nossos sonhos se os proferimos em voz alta, desapareceu.
Eu sempre soube, podes descansar. Afinal sempre lá tinha estado o significado, só as letras é que estavam baralhadas. O importante é que as acções sejam percebidas como um todo.
Afinal, o amor não sente a "dislexia".»