quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

...és tu que a fazes!

Há dias em que presenciamos atitudes que nos fazem pensar na vida. Na forma como nos deixamos adormecer, embalar pela rotina, e não conseguimos reagir contra aquilo de que não gostamos. Que não damos o passo que falta para sair deste entorpecimento diário.
Por vezes, um safanão ajuda a abrir os olhos, a mudar de rumo. A abrir novas portas, a perspectivar novos horizontes.
Quase sem nos apercebermos, o tempo voa. Ainda ontem foi a passagem de ano e já estamos a entrar no terceiro mês do ano!! E assim dia a dia, semana a semana, mês a mês… e as rugas a aparecerem… O tempo passa e vemos tudo igual todos os dias. As mesmas caras, as mesmas burocracias, as mesmas ruas, os mesmos autocarros… tudo na mesma. Menos o tempo.
É certo que “a vida és tu que a fazes”, como diz o slogan da Coca Cola… Mas por vezes é um pouco aquele castelo de pedras de que falava Fernando Pessoa: vamos juntando pedras do caminho, juntado, com ideia de um dia fazer um castelo…
Mas casos assim, de decisão, de dar o passo em frente, é que nos inspiram a continuar, a não desistir, a acreditar. Afinal, normalmente todas as portas abrem se tivermos coragem de as abrir. É só rodar a maçaneta e empurrar.

Este texto é apenas um elogio a ti, S. Por seres inspiração.
E também um sermão a mim mesmo. Para acordar.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Jardim ganha aposta

As próximas eleições antecipadas na Madeira já decorrerão com as novas regras da Lei Eleitoral, que reduzem o número de deputados da Assembrleia Legislativa Regional de 68 para 47.

Já com esta JUSTA alteração (que acaba com o cenário anterior, segundo o qual 53% dos votos correspondiam a cerca de 70% dos deputado), o PSD-Madeira mantém - e reforça - a sua maioria absoluta. Absolutamente previsível.

Uma sondagem divulgada hoje dá estes resultados (infografia do DN Madeira):



Os resultados do PSD-Madeira ao longo das várias eleições tem sido o seguinte (infografia do Público):


Portanto... Jardim sai reforçado disto tudo.

A leitura que fez foi a correcta. E, mais que uma leitura de política regional, foi uma acção de política nacional, tal como expliquei num post anterior. Mais uma aposta ganha.

E estavam à espera do quê?!

D. João II

Esta noite (23h35), no âmbito do programa-concurso Grandes Portugueses, a RTP apresenta o documentário relativo ao rei D. João II.
"O deputado Paulo Portas apresenta o documentário dedicado a D. João II, salientando que o governo do Príncipe Perfeito deixou-nos a mais extraordinária herança da História. Em apenas 14 anos de reinado, D. João II traçou o futuro do país como ninguém o fez até hoje. Colocou-nos ao nível das maiores potências da época. Promoveu o crescimento interno, planeou a expansão ultramarina.
Segundo Paulo Portas, Maquiavel terá pensado em D. João quando escreveu o “Príncipe”. Foi Lope de Veja quem lhe chamou “Príncipe Perfeito”. Isabel a Católica chamava-lhe, com admiração e respeito, “o homem!”. Dom João II mudou o destino de Portugal. Fundou o Estado Moderno e planeou a expansão ultramarina. Institucionalizou Portugal como potência mundial no final do século XV.
Para Paulo Portas, o Tratado de Tordesilhas é o testemunho exemplar da incomparável astúcia política e da visão de futuro do mais importante português de sempre: D. João II."

Insurjo-me... parabéns!

Também me insurjo: PARABÉNS a O Insurgente.
Dois anitos…. nada mau! E agora, rumo ao 3º ano, vá lá!

Também quero uma fatia de bolo… lol

Europa: desafio verde

É este o verde desafio:

"É isto que Durão Barroso propõe à Europa e ao Mundo. E para alcançar o seu objectivo tem de conseguir que a União Europeia se comprometa com a redução das emissões para níveis pré-estabelecidos. No caso, para os níveis de 1990. Este é o seu desafio. E é um excelente desígnio para a Europa. Que lhe devolve uma ambição colectiva mobilizadora."

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

PSD e CDS: líderes ideais

"Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas são os líderes ideais para o PSD e CDS, de acordo com uma sondagem da Marktest, para o DN e TSF."
"O professor universitário, que já liderou os sociais-democratas entre 1996 e 1999, é o preferido para regressar à presidência do PSD (29,2%), seguido de Manuela Ferreira Leite (11,4 por cento). Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara de Gaia e candidato derrotado no último congresso, ocupa o terceiro lugar (10,6 por cento). Em seguida está Rui Rio, presidente da Câmara do Porto (8,1%), e Marques Mendes, actual líder, só aparece no quinto lugar (7,1 por cento). "
"Relativamente ao CDS, Paulo Portas, que liderou os democratas-cristãos de 1997 e 2005, é o líder mais desejado,(29,8%), estando Maria José Nogueira Pinto em segundo lugar (15,1 por cento). O ex-deputado António Pires de Lima é terceiro (7,7%) e António Lobo Xavier ocupa o quarto lugar (7 por cento). José Ribeiro e Castro, o actual presidente, está em quinto lugar (6%), a larga distância de Telmo Correia (2,4%), seu adversário derrotado no Congresso de Abril de 2005."
Ver aqui e aqui.
Seria engraçado voltar a ver estes dois políticos como líderes partidários, à direita, ao mesmo tempo, e para fazer frente ao governo de Sócrates...

Profissionalmente...

Se algum dia alguém lhe disser que o seu trabalho não é o de um profissional, lembre-se:
"Amadores construíram a Arca de Noé, profissionais o Titanic."
Vi aqui. Gostei. E copiei.

Blogues: história

"Quando, em 1997, Dave Winer e Jorn Barger se estreavam num universo em ascensão, os blogues resumiam-se ao papel de diários, ao registo dos gostos dos criadores num trabalho de listagem de links que remetiam para outros endereços (as primeiras formas de interactividade). Desde então, a oferta abriu até aos cerca de 30 milhões de weblogues na Net. Aos espaços de reflexão política e cultural seguiram-se os de desporto, humor, sexo e outros, nascidos da imaginação dos cibernautas.
No final de 2004 o Barnabé ganhou forma de livro, seguindo a linha iniciada com O Meu Pipi e reforçada com o Fora do Mundo de Mexia. O jornalista Paulo Querido (criador do portal Weblog.com.pt) escrevia livros a "dar pistas" sobre a rede e a nova realidade bloguística. Em Março de 2006 o Blooker Prize, primeiro prémio literário para livros nascidos de blogues, anunciava a sua short list. A tendência de colar o digital ao papel confirmava-se. A blogosfera cresceu como mundo virtualmente infinito, a (re)descobrir até hoje."
Ler texto integral aqui.

Da Masculinidade ao Órgão Masculino...

Pois é, há um livro com este título: "O Pénis - da Masculinidade ao Órgão Masculino" . O autor é Nuno Monteiro, sexólogo.

"Na sua pesquisa, Nuno Monteiro Pereira confirmou o mito popular que atribui um pénis maior aos homens de raça negra, já que estes possuem, em média, um falo com 11,90 centímetros, em flacidez, e 17,64 centímetros em estiramento (alongado).
Pelo contrário, o especialista deitou por terra "o mito popular de que os homens mais baixos possuiriam um pénis maior", pois os mais baixos contam com menos centímetros (também no falo) do que os altos, da mesma forma que os mais gordos "possuem uma dimensão peniana inferior aos homens mais magros".
Os pénis têm, contudo, muitos mais tamanhos e feitios. Há o micropénis (6,2 centímetros flácido e 10,9 centímetros em estiramento), o pénis pequeno (entre 6,3 e oito centímetros em flacidez e 11 e 13 cm em estiramento), o pénis normal (entre 8,1 e 11,7 cm em flacidez e 13,1 e 17,2 cm em estiramento), o pénis grande (entre 11,8 e 13,5 cm flácido e 17,3 e 19,4 cm em estiramento) e o mega-pénis, com mais do que 13,6 cm flácido e mais do que 19,5 cm em estiramento.
Existem pénis em Portugal com todos estes tamanhos. Contudo, apenas um por cento da população (cerca de 50 mil portugueses) possui um megapénis, e muitos gostariam de o não ter. Já pénis exagerados (cujo perímetro em flacidez ultrapassa os 11,6 centímetros) encontram-se em 4,8 por cento da população masculina (240 mil portugueses)."
Uau!

domingo, 25 de fevereiro de 2007

A direita e Paulo Portas

Hoje, Vasco Pulido Valente escreveu, no Público, sobre o pré-anunciado regresso de Paulo Portas:

"Dizem que Paulo Portas vai voltar à política na próxima semana. Paulo Portas não vai voltar à política. Não se volta à política quando se é deputado. O que Paulo Portas vai fazer, ou tentar fazer, é tomar conta do CDS. Escolheu bem a altura. Há um sentimento geral de que a direita está impotente perante Sócrates. Marques Mendes não conseguiu ainda arrumar o PSD e cometeu erros sem desculpa. O CDS para efeitos práticos não existe, embora meia dúzia de “notáveis” gozem agora de uma falsa importância e proeminência, que não querem com certeza perder. Paulo Portas tem o caminho aberto e, esperemos, mais tranquilidade e mais dúvidas. Passou a época da aprendizagem. Desta vez, depois do partido e depois do governo, os riscos que se prepara para correr só lhe valem a pena, se unir ou dominar a direita. Sofrer a animosidade que sempre provocou, e provoca, para tornar a ser parceiro minoritário numa coligação com o PSD não é, para ele, nem uma opção, nem, sobretudo, um destino digno.
A direita precisa de um programa. Mas Paulo Portas não se pode deixar convencer pelo liberalismo diletante e teórico, que por aí anda, a diminuir ou a enfraquecer a Segurança Social e o Sistema de Saúde. Quem tocar ou quiser tocar neste fundamento do regime (uma loucura a que nem a Sra. Tatcher se atreveu), fica para lá do pálio e nunca mais ninguém lhe tocará. Da educação às leis do trabalho e da administração do Estado (central e local) a dezenas de empresas públicas falidas, não falta á direita oportunidade para desregular, privatizar e, principalmente, eliminar o enorme desperdício acumulado por trinta anos de “centrão”. Desobstruído o país de parte do seu parasitismo histórico, o resto depende da política fiscal.
Fora isto, Paulo Portas não deve cair em duas tentações. Primeiro, na tentação de “moralizar” os costumes, que resvala necessariamente para a inconsequência ou para o ridículo: não cabe à presuntiva direita indígena mudar ou resistir á civilização do Ocidente. E, segundo, na tentação do nacionalismo, a que um pequeno país, que vive da “Europa”, é no fundo indiferente. Os velhos vícios portugueses não se curam com exortações. Se por acaso são curáveis, são curáveis com uma boa dose de liberdade e responsabilidade, duas coisas que, do PSD ao Bloco, horrorizam o regime estabelecido. Se o futuro CDS de Paulo portas for subversivo, sem ser populista, talvez nos tire um dia desta vil tristeza."

Subscrevo inteiramente Vasco Pulido Valente. Paulo Portas tem o que falta em muitos políticos nacionais: perspicácia, rapidez na acção, eficácia, força mediática, inteligência, sentido de Estado.
E, para além destas linhas de acção quanto ao que deve ser o Estado, o CDS devia agarrar na questão ambiental e trazê-la – sem populismos ou demagogias – para o centro da política. O ambiente é, cada vez mais, um tema central na nossa sociedade, e só era positivo um partido de direita abraçar esta causa. Já assim é no Reino Unido.

Manhã de Setembro

Há uma manhã de Setembro
em que o sol se levanta mais puro
há numa manhã de Setembro...
Porque quem sabe assim o quis
e nas estrelas assim se escreve

Sempre...
por ti!

Isto era um cartaz que andava espalhado aí pelas ruas.
Em Setembro.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Criancinhas inocentes...

coisas assim. Em parte fico apreensivo com a proposta do CDS de reduzir a idade de imputabilidade criminal dos 16 anos para os 14 anos. Mas em parte concordo inteiramente. E lembro-me de, há alguns anos, o mesmo CDS ter feito uma campanha no mesmo sentido, de penalizar as inocentes criancinhas vândalas que andam nas nossas ruas sabendo que são inimputáveis, logo podem ser irresponsáveis. Obvimante que se levantou um coro de protesto contra esta maldade às criancinhas...
Subscrevo - ponto por ponto - este post!
Para a culpa não morrer solteira. E para torcer o pepino desde pequeno.
Se não concordam, vejam o Toda a Verdade, na SIC Notícias (e de que a SIC apresentou um excerto ontem à noite), em que abordam uma onda de puro vandalismo que assola a Inglaterra há vários anos (não só da parte de jovens, mas também de pessoas mais velhas. Até um velhote que vai passear o cão e risca um Porsche porque sim). Meninos inocentes - coitadinhos... - destroem tudo por onde passam (casas, automóveis, mobiliário público...), só pelo prazer de destruir.
Vamos deixá- los à solta?
Em Portugal o fenómeno ainda não é muito significativo, mas há-de cá chegar como noutros países.

Bruna Surfistinha

A "ex-moça de programa" deu ontem uma entrevista ao Vitor Bandarra, no jornal da TVI.
O Jô Soares também fez uma entrevista. Muito melhor e sem os pruridos da entrevista portuguesa.
Ver também a Prova Oral.

Obviamente!

"Jardim perdeu a esperança em Lisboa e precisa de uma legitimidade esmagadora para uma operação de outro calibre: a de renegociar os termos da autonomia. Não prepara uma manobra táctica, prepara um terramoto."
Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 23-02-2007
Apenas um "pormenor" da levada entre o Ribeiro Frio e a Portela, na Madeira.
Um passeio absolutamente espectacular!!

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Dois mundos lado a lado

No Jornal de Negócios de hoje, Eduardo Moura analisa "Duas Alegrias Diferentes":
"Espanha chegou ao final de 2006 a crescer 3,9% reais. E mesmo assim a Oposição protesta. Portugal vai ficar-se por um terço desse crescimento. E a Oposição não protesta. Não haja dúvida que as fronteiras entre os dois países continuam fechadas.

Aqui mesmo ao lado, que é aliás o único lado que Portugal tem, a economia espanhola descobriu a fórmula do crescimento há muito tempo. O pior que aconteceu aos nossos vizinhos foi crescer 2,4% em 1997. Uma "tragédia" assim era o que todos os portugueses gostariam de viver.
Mas o problema é que olhamos para o crescimento espanhol e parece que estamos a olhar para o outro lado do mundo, para uma economia exótica e emergente separada por um oceano de diferenças e indecifrável. Espanha aproxima-se a passos largos da convergência com a média dos países da Zona Euro e Portugal porfia em distanciar-se. Espanha tem crescido a 3%, a 5%, a 4% ao ano e a sua pujança em nada arrasta a economia portuguesa. Tanta vizinhança e nenhum benefício. Como é isso possível em dois países que vivem pegados como rochas?

É claro que poderíamos enumerar uma interessante lista de diferenças que explica a assimetria entre os dois países. A escala, a proximidade com França, Itália e Marrocos, a imigração produtiva, o mercado latino-americano, a forma de governo, as autonomias como factores de concorrência? Porém, explicar o que se passa em Espanha é o que temos andado a fazer nos últimos anos, primeiro com escárnio, agora com inveja, e acabamos por não sair do estado de observação. A verdade é que a compreensão do fenómeno só nos leva à conformação.

As vozes do status quo sublinharão que a situação dos dois países não é comparável. Portugal está a batalhar por controlar o défice público e Espanha galopa em excedentes. Eis a mais perturbadora constatação. Porque introduz uma fatalidade na casa dos infelizes que lhes proíbe sequer ambicionar um ciclo de crescimento forte.

E por isso, enquanto Zapatero e Solbes se alegram com o sucesso do crescimento, com o aumento de 0,8% da produtividade num só ano, com a correcção automática de certos indicadores, por cá Sócrates e Teixeira dos Santos sorriem de orelha a orelha porque conseguem um défice aquém dos projectados 4,6%. O País suspira de gratidão e a Oposição sente-se completamente sem argumentos para criticar o Governo.

Mas não há direito! Um País não pode ter por ambição sanear as contas públicas.

Um Governo não pode alegrar-se por estar a aumentar as exportações à custa dos derivados do petróleo. Um Governo não pode silenciar o nível actual de desemprego. E não pode fechar os olhos ao fraquíssimo investimento em bens de equipamento realizado pelas empresas nacionais.

Passam agora dois anos de Governo Sócrates e deles teremos de dizer duas coisas antagónicas. Que reconciliou o País consigo mesmo em relação à capacidade de um governo tomar conta da máquina administrativa e produzir reformas. E que não conseguiu imprimir uma dinâmica de crescimento nem realizar as reformas económicas que a ela possam conduzir.

Se Sócrates entender que a segunda metade do mandato o obriga a realinhar a política e o Governo, então que ambicione pôr o País a crescer."

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Sushi Baby

Um must!!

Vão ao site dos OIOAI e deliciem-se com a música, com a letra...com a Sushi Baby...

CDS: a propósito...

Quem é o líder da bancada parlamentar do CDS-PP?
Depois da guerra entre a direcção da bancada parlamentar e a direcção do partido, em que é aquilo ficou?
Ou estão todos à espera da declaração que Paulo Portas pré-anunciou para os próximos dias?

É preciso um desenho...?!

Após quatro horas de reunião da Câmara de Lisboa, "PSD não encontra razões para queda do executivo municipal de Lisboa".
Importa-se de repetir?!?!
É preciso fazer um desenho?!

O estado de degradação - e de descrédito! - do actual executivo de Lisboa é por demais evidente!!

Percebe-se que os partidos - sobretudo PSD e PS - não queiram eleições: o primeiro, perdê-las-ia; o segundo, não encontra um candidato disponível.

E há ainda outro factor importante: seriam eleições intercalares (portanto, para concluir o que falta este mandato) e não eleições antecipadas (como vai acontecer, por exemplo, na Madeira). E, assim, ninguém se quer queimar.

(E, a propósito, convinha repensar esta anormalidade que é a impossibilidade de haver eleições antecipadas para as autarquias. Tal como outra anormalidade que é o executivo camarário ser constituído por todos os partidos: sou favorável ao modelo que existe para o Governo da República).

Mas... IMPORTAM-SE DE PENSAR EM LISBOA?!?
Ouvi há pouco na rádio que "CDS-PP e Bloco de Esquerda estão disponíveis para forçar eleições em Lisboa". Vamos a isso!

Maria José Nogueira Pinto já o tinha dito ontem: "O PSD transformou a câmara num quarto de brinquedos. Não contem comigo para brincar".
Nem mais!
Algo me diz que, se fosse numa qualquer cidade de outro País, já haveria manifestações a exigir uma solução através de eleições...

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Ainda sobre o carnaval...

Vale a pena visitar este site. Com fotos espectaculares do Carnaval em vários países do mundo, do Brasil à Espanha, à Bélgica...
Absolutamente fabulosas!! E com aquela música contagiante que marca o carnaval em todo o mundo!!

Quando Nietzsche Chorou


Comecei a ler este livro ontem. Já há alguns meses que o título e a resenha me chamavam a atenção.
Ontem não resisti – comprei-o! E com três capítulos lidos, posso dizer que valeu a pena!
Prendeu-me desde o início. Com laivos de suspense, de humor… E ainda nem apareceu a personagem principal, Nietzsche!
Mas já apareceu o pai da psicanálise, Sigmund Freud.

A história do livro será esta:

“Friederich Nietzsche, o maior filósofo da Europa, está no limite de um desespero suicida, incapaz de encontrar cura para as insuportáveis enxaquecas que o afligem.
Josef Breuer, médico distinto e um dos pais da Psicanálise, aceita tratar o filósofo com uma terapia nova e revolucionária: conversar com Nietzsche e, assim, tornar-se um detective na sua cabeça.
Pelas ruas, cemitérios e casa de chá da Viena do séc. XIX, estes dois gigantes do seu tempo vão conhecer-se um ao outro e, fundamentalmente, conhecer-se a si próprios.
E no final não é apenas Nietzsche que exorciza os seus fantasmas. Também Breuer encontra conforto naquelas sessões e descobre a razão dos seus próprios pesadelos, insónias e obsessões sexuais.
Quando Nietzsche Chorou funde realidade e ficção, ambiente e suspense, para desvendar uma história superior sobre amor, redenção e o poder da amizade”

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Dois anos de Sócrates

O PS faz esta terça-feira dois anos que conquistou a sua primeira maioria absoluta em eleições legislativas (Diário Digital).

"Determinado vaidoso teimoso frontal dissimulado competente preparado sério tenso cuidadoso rude irascível organizado astuto autoritário profissional reformista comunicador exigente disciplinado responsável telegénico sintético intransigente"

É assim que no P2, o segundo caderno do Público, se define José Sócrates...


"Só sei que nada sei" - Sócrates, filósofo grego

Como...?

Pico - Açores

Como pode um dos paraísos do planeta (tal como a Madeira e mais não-sei-que...) ser tão assolado pelos caprichos do tempo?
"As ilhas das Flores e do Corvo deverão ser atingidas, nas próximas 24 horas, por ondas de 7 a 9 metros, o que levou o Instituto da Meteorologia a emitir um alerta laranja para o Grupo Ocidental"

Playboy em DVD

Em Outubro, a Playboy faz 53 anos e tem o seu choque tecnológico (notícia aqui).
Parece que só vai ter as muitas edições da revista mais interessante do mundo, mas podia ter um videozito mais atrevido...

O meu contributo para este momento...

Carnavais


Já que é Carnaval, e não há malassadas para comer, é preciso manter-se quente...

Frases

"Escolher o seu tempo é ganhar tempo"
Francis Bacon
"a Madeira não merece passar a ter um governo de medíocres, de incultos, de traumatizados sociais e de subservientes a Lisboa"
Alberto João Jardim

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Jardim: genial finta!


Alberto João Jardim demitiu-se hoje ao fim da tarde. Uma finta genial, de pura leitura política, e que só mostra que ele está bem longe da reforma. E com um interessante discurso.
Para alguns é apenas um episódio carnavalesco. Mais um. Mas o argumento que Jardim utilizou como base a esta demissão faz sentido e é válido: há três anos, quando foi re-eleito, apresentou um determindado programa aos eleitores, que agora não irá poder concretizar integralmente devido a uma brusca redução das verbas disponíveis.
O Governo Sócrates tem feito algumas leis ad homine apenas com o intuito de o apear da Presidência do Governo da Madeira. Se a Lei das Finanças Regionais pode ter algum sentido, e fugir a esta leitura, já quanto à lei da propriedade dos meios de comunicação, destina-se claramente a impedir a posse do Jornal da Madeira por parte do governo regional.
Jardim nunca virou a cara à luta. Daí esta finta. É claro que não conseguirá a alteração da Lei das Finanças Regionais, mas baralha os calendários eleitorais, que não é coisa pouca. E desfaz as dúvidas sobre o bluff descarado aquando da discussão desta lei, em que também ameaçou demitir-se.
Numa situação normal, haveria eleições na Madeira em Outubro de 2008, já sob a acção desta nova lei. E, portanto, em plano inclinado de realizações devido à redução das verbas. Com esta antecipação, Jardim “ganha” três anos (o novo mandato terminará em 2011). E assim ultrapassa o mandato normal do Governo de Sócrates (que terminará em 2009). E, por outro lado, é ele o líder da região por altura da próxima revisão ordinária da Constituição. E diverte-se a desgastar o governo de Sócrates até lá, com nova legitimidade. Um trampolim de datas que o faz ganhar tempo, muito tempo, tendo em conta a acção rápida e eficaz que o caracteriza. Com uma legitimidade reforçada.

Não tenho a certeza, mas julgo que esta eleição já irá ser enquadrada pela nova lei eleitoral para as regiões autónomas, que irá pôr fim ao escândalo que era ter 53% dos votos que se traduziam em cerca de 70% do Parlamento Regional. Portanto, Jardim terá de fazer um esforço suplementar para garantir a maioria. Não o digo a brincar: basta ver os resultados das eleições regionais ao longo do tempo para se perceber que o PSD – Madeira tem perdido votos.
Mas, desta forma, apanha a oposição (!) fragilizada e certamente irá capitalizar votos contra o “inimigo externo”. É a lógica de muito bom ditador.

A Madeira actualmente é uma das regiões mais ricas e desenvolvidas do País (ao nível da Grande Lisboa) graças a Alberto João Jardim. E ele vai voltar, e em força.
Há coisas de que não gosto no seu estilo, mas é indiscutível a sua acção no desenvolvimento da Madeira. E sou dos que acredita que ele não enriqueceu à sombra do poder, como muitos fazem em meia dúzia de anos. É um exemplo de amor à sua região.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Istambul

“Em geografia, os nomes e as fronteiras, demarcadas assim, com rigor, são uma invenção dos homens, e aqui os homens que vivem do lado de lá do canal são os mesmos que trabalham do lado de cá, e é difícil um homem ser asiático de manhã e europeu à noite. De maneira que, vista daqui, a Europa é igual à Ásia, ou a Ásia igual à Europa, tanto faz. Mas a geografia dos homens diz que não. Seja. Seguindo pelo canal, em direcção a norte, o Mar Negro, a antiga fronteira entre o Mediterrâneo e a então União Soviética. E, claro, seguindo o canal em sentido inverso, o dito Mediterrâneo, aonde os submarinos soviéticos não poderiam chegar sem serem controlados. Tal como as embarcações de outros povos, muitos séculos antes. No meio de tudo isto, o Bósforo – o dito canal – e nas suas margens Istambul, a cidade rara que foi capital de três impérios sucessivos: romano, romano do Oriente e otomano. A geografia natural pode, de facto, muito. E a beleza do lugar também deve ter ajudado.”

Henrique Burnay, in revista Única (Expresso, 9 Fevereiro 2007)

Este é apenas um excerto do texto, mas é o suficiente para dar vontade de lá ir. E explorar (e conhecer) esta cidade-fronteira entre dois mundos.

Oinc, oinc!


Pois é, hoje entramos no ano do porco.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

"Live Earth" pelo ambiente

"Al Gore anuncia um «Live Earth» contra o aquecimento global
O ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, arauto da luta contra o aquecimento global, anunciou hoje (ontem) uma campanha mundial de sensibilização para este fenómeno com um concerto nos sete continentes baptizado «Live Earth» a 7 de Julho próximo.
Intitulado «SOS - A campanha para um clima de crise», esta iniciativa «destina-se a desencadear um movimento mundial para combater a crise climática», indicaram os seus organizadores, entre os quais Al Gore e o instigador de «Live 8» de 2005 Kevin Wall, durante uma conferência de imprensa em Los Angeles."
E pensar só na poluição que este evento vai originar para reduzir a poluição...
Ao menos o dia foi bem escolhido. Por dois motivos: é véspera de um dia muito importante. E é o dia em que serão escolhidas as Setes Maravilhas do Mundo, em Lisboa.

Coisas irritantes

Estar na caixa do supermercado que diz “prioritária” (portanto, para grávidas, crianças de colo e idosos) e ouvir uma gaja (é isso mesmo!) dizer: “tá aqui uma criança aflitinha para ir à casa-de-banho”. Deixamos passar, educadamente. A gaja nem diz “obrigado”. E depois vamos observando a criancinha (10 anos, confirmados pela menina da caixa) tão “aflitinha” para ir ao WC. Não dá sinais de qualquer tipo de aflição (as crianças costumam ser muito transparentes nestas situações). Brinca calmamente com umas coisas que a gaja tinha comprado. Salta os varandins que separam as caixas.
Coitadinha, tão “aflitinha” que ela está! Dá vontade de mandar a gaja para um sítio que a gente cá sabe!!

Sair do supermercado – portanto, com os sacos das compras - e um anormal de banca móvel pergunta: “e o cavalheiro, bom dia, não quer ser informado…?” Ignorei. Mas apetece mandá-lo para o raio que o parta! Não sabe que não é correcto parar pessoas que vão carregadas?!
É como andar na rua e levar com ciganos a impingir o “óculo de sol da moda”. Não vêem que, se uso já óculos, não é muito prático colocar o “óculo de sol da moda” por cima?!

Vão pró raio q’os parta!! Rrrrrrrrrr!!!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Nada...?

"Diga-me duas coisas em que o PSD se distinga do PS e, já agora, três ideias que o PSD esteja a lançar na opinião pública de forma consistente."

José Miguel Júdice, PÚBLICO, 16-02-2007

Mais uma vitória!


O FCPorto recebeu o Naval e venceu-o por 4 - 0.

Há dúvidas?

Flashes do dia

O dia de hoje teve várias coisas que o marcaram noticiosamente:
1 - Alberto João Jardim diz que os portugueses "não têm testículos" para dizer que o resultado do referendo não é vinculativo. E pronto! Ele tinha de fazer alguma por alturas do Carnaval...
E parece que poderá demitir-se na segunda-feira, devido à aprovação da Lei das Finanças Regionais. "É Carnaval e ninguém leva a mal..."
2 - Lisboa em crise. Há várias semanas que se arrasta a crise na Câmara de Lisboa. Apodreceu! O actual executivo mergulhou Lisboa numa crise política e de confiança. Não tem condições para continuar (subscrevo o Corta-fitas). O PSD, que não apoiou vários candidatos nas autárquicas em situação duvidosa, não pode manter o apoio a este executivo (liderado pelo independente Carmona Rodrigues). Votei em Carmona por oposição a Carrilho, porque estava em melhor condição para combater o candidato socialista, e porque tinha um perfil de competência irrepreensível. Mas o desempenho foi manifestamente insatisfatório. Então, a melhor candidatura foi a de Maria José Nogueira Pinto, claramente!
Lisboa, capital do País, não merece isto! Não pode continuar assim! Está paralisada há tempo de mais!
Lisboa precisa - JÁ! - de eleições. Para o executivo e para a Assembleia Municipal (não faria sentido de outra forma).
Eu voto Maria José Nogueira Pinto.

Novo paradigma

A Conferência Episcopal Portuguesa pronunciou-se hoje sobre o resultado do referendo do aborto do passado fim-de-semana. Tendo em conta que o resultado foi aquele (e relembro que também votei "não"), é necessário mudar de paradigma e ver o que pode - e deve! - ser feito para evitar o aborto. Ou seja, aquilo que todos falam e que nunca foi feito: planeamento familiar, educação sexual, eliminar as causas do aborto (pobreza...), disponiblizar muita formação e informação...
"Há alturas em que se percebe muito bem por que razão a Igreja sobrevive no tempo. A análise que a Conferência Episcopal Portuguesa faz dos resultados do referendo é um excelente exemplo de ponderação e de atenção à realidade e à mudança. Contrariamente ao que faz toda uma escola de ressentidos do "não", muito representada nos blogues "de direita", a Igreja afirma haver significativas mudanças de mentalidade na sociedade portuguesa, identifica essas mudanças pela maior importância dada à autonomia individual (não usa este termo, mas quase), dá importância ao resultado, tenta compreender o "sim" sem anátemas nem minimizações. É por isso que vai continuar a ter um papel decisivo, diferente do passado, mas fundamental."

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Grandes portugueses: D. João II

Como já devem ter reparado, tenho seguido com algum interesse o programa Os Grandes Portugueses, que a RTP tem promovido. (Confesso: também segui com curiosidade o Pior Português... na SIC Notícias em colaboração com O Inimigo Público).

Neste programa já houve vários alegados vencedores: Salazar, Cunhal... e hoje li que D. Afonso Henriques estaria em primeiro lugar. Antes de mais, ter os primeiros dois como vencedores deste programa-concurso é demostrativo da curta memória lusa (sim, os dois viveram no séc. XX!): ambos são as faces de uma mesma moeda. O segundo só é alegado herói porque se opunha ao primeiro. E porque nunca teve o poder de facto. Seria mais uma ditadura, simétrica da de Salazar.

Se por mais não for, este programa da RTP tem o mérito de pôr (alguns) portugueses a interessar-se pela nossa História. No âmbito do programa têm sido apresentados documentários sobre a personalidade, importância histórica, feitos dos 10 finalistas. Para já não vi nenhum, mas admito que terão algum interesse. Cada um dos finalistas tem um advogado, responsável pela sua defesa no documentário e nos vários programas-debate que têm acontecido.
De qualquer forma, a minha escolha - desde o início! - recai em....

No texto alusivo a este finalista, a RTP apresenta-o assim:

"Duas palavras descrevem D. João II: clarividência e determinação. Com apenas 19 anos planeou a expansão marítima portuguesa e pensou grande: assinou o Tratado de Tordesilhas, assegurando para Portugal a posse do Brasil e a manutenção do comércio com a Índia. Foi um monarca implacável, que não hesitou diante de nada para atingir os seus objectivos. Mesmo que isso significasse aniquilar os inimigos. Tinha uma jovem austeridade, mas o seu sentido de justiça tornou-o querido do povo. “Colocou Portugal no centro do mundo”, diz o historiador de arte Anísio Franco."

O advogado de D. João II é Paulo Portas. Num recente artigo no semanário SOL, Portas escreveu o seguinte:

"O que faz de D. João II um português verdadeiramente notável não é ter sido patriota, autocrata, destemido, hábil, piedoso ou sequer visionário. Outros também o seriam. O que faz do Príncipe Perfeito o verdadeiro génio de um Portugal-que-nunca-mais-se-repetiu é ter sido absolutamente moderno na sua época. É ter tido a noção do risco, o prazer da vanguarda e a escala de ambição que deram consequência à sua visão. Com os ‘ídolos’ do século XX, virámos o milénio na honrosa posição de país mais pobre da Europa; com os heróis de Quinhentos, tivemos meio mundo à disposição. Votem Cunhal, votem Salazar e vivam felizes…
Ah! Pequeno detalhe: no tempo de D. João II não havia sondagens. Suspeito que foi a sorte dele. Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Pêro da Covilhã, Afonso de Albuquerque e alguns mais nunca teriam partido se alguém se lembrasse de perguntar à ‘opinião pública’ se concorda, discorda, não sabe ou não responde, com a seguinte política: aceita morrer, naufragar, não voltar, encontrar mostrengos, topar com sobas, passar equadores, desafiar tempestades, cair aos infinitos e confiar nas estrelas – em nome da Coroa?”"

O HIV apanhado num momento de fraqueza

Uma importante descoberta científica!


"A imagem poderá tornar-se histórica. Mostra pela primeira vez, com uma nitidez atómica, a ligação entre dois inimigos: uma proteína do vírus da sida (HIV) – a famosa gp120 – e um raro anticorpo com provas dadas para neutralizar o HIV.

A proteína gp120 é como uma chave que abre ao HIV as portas das células do nosso sistema imunitário, ao encaixar-se nos receptores CD4 destas células. O anticorpo, chamado b12, é especial: encontra-se só no sangue de pessoas que sobrevivem há muito tempo com o vírus da sida no corpo.

Mas o que é que o anticorpo tem de diferente? Por que é mais eficaz face às artimanhas do vírus? A equipa de Peter Kwong, dos National Institutes of Health (NIH), EUA, que publica hoje os seus resultados na revista "Nature", conseguiu finalmente responder a esta pergunta com imagens como esta espectacular fotografia 3D, obtida por cristalografia de raios X.

Primeira conclusão: o anticorpo b12 (a fita verde) liga-se à proteína gp120 do HIV (a vermelho) no mesmo local (a amarelo) onde se estabelece a primeira ligação do vírus com os receptores CD4. Ou seja, o alvo do anticorpo b12 é uma parte do HIV que se encontra particularmente vulnerável na altura em que o vírus ataca novas células.

Mas, ainda mais importante, é que a ligação com o anticorpo b12 deixa a proteína gp120 inalterada, podendo impedir o HIV de fintar o sistema imunitário. Há muito tempo que os especialistas procuravam um ponto fraco do HIV: uma região exposta e invariável do seu invólucro. “Esta é sem dúvida uma das melhores pistas [para o desenvolvimentos de vacinas contra o HIV] dos últimos anos”, diz Gary Nabel, um dos elementos da equipa, citado por um comunicado dos NIH."

(Texto: Ana Gerschenfeld. Foto: NIAID)

(o texto e a magnífica imagem foram copiados a partir do site do PÚBLICO)

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

PROCURO-TE


Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes de a morte se aproximar, procuro-te.
nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre – procuro-te.

Eugénio de Andrade

Pergunta pertinente

Com toda esta polémica a propósito da clonagem, há uma pergunta que urge colocar:

"Uma pessoa que tenha relações sexuais com o seu próprio clone, pratica incesto, é homossexual, está a masturbar-se, ou fodeu-se?"

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Feliz pobreza de espírito

No Jornal de Negócios de hoje, vem o “estudo "Does money buy you more happiness?", elaborado pela escola de gestão espanhola IESE em conjunto com a Universidade da Califórnia, em Los Angeles”, que conclui que “o rendimento mínimo para ser feliz em Portugal é de 10 mil euros por ano. Um pouco abaixo da média mundial, que aponta para os 11.500 euros. Mas acima dos irlandeses que, para serem felizes, precisam de 8.800 euros anuais.”
De qualquer forma, vale a pena fazer umas contas…
Se dividirmos 10.000€ por 14 meses (12 meses + subsídios de férias e de Natal) temos 714,28€. Quem é o cidadão NORMAL que consegue viver com este valor por mês?!
Não vale a pena contar os cidadãos pobres e miseráveis que são reformados. E que dizer do salário mínimo, que está muito abaixo desta insuficiência?
O Sr. Ministro Manuel Pinho deve ter dado pulos de alegria com este estudo, ainda no espírito chinês… Os portugueses, afinal, são felizes!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Lamechas perto de si...

Na Rádio Comercial está mais um dos seus testes-maravilha. Não resisti a fazer este. Já que o dia dos amores está à porta.

Você é... a declaração de DiCaprio em “Titanic”: Quando se apaixona, você torna-se disposto a tudo pela outra pessoa – incluindo grandes sacrificios. É mesmo capaz de anular as suas vontades só para dar o melhor à pessoa amada.
Pronto, "I'm de king of the world!"
Espero não me afogar num naufrágio....

Melhor PÚBLICO!

Hoje chegou às bancas o novo PÚBLICO.
Manifestamente, gostei!
Está mais atraente, tem mais assuntos, desenvolve várias temáticas, é todo colorido, dá flashes noticiosos, quase curiosidades, tem mais opinião.
Adicionaram-lhe um segundo caderno, o P2, que é uma espécie de revista cultural diária. Fala de uma personalidade (hoje a sorte recaiu em Barack Obama, um negro candidato à nomeação para as presidências americanas pelo Partido Democrata), de blogues (tenho de candidatar o meu GONIO…), do YouTube, de filmes, do cinema, da programação televisiva, de exposições, de livros e autores, de ciência, também traz curiosidades.
Apenas uma crítica: o Calvin & Hobbes deixou de estar na última página. É pena, era uma lufada de ar fresco ali à mão.

Talvez venha a ser difícil ao PÚBLICO manter a pedalada de hoje todos os dias, tendo em conta a riqueza e diversidade dos assuntos, mas gostei da mudança. Só gostava de ter tido mais tempo para lê-lo de fio a pavio.
PÚBLICO, um diário do século XXI.

Ainda o referendo

A posição do líder do CDS (e de alguns defensores do “não”) de que vai votar contra alterações da legislação do aborto, no sentido da despenalização, é patética e infantil.
O que deviam fazer era tentar influenciar, na Assembleia da República, no sentido de prever apoio, aconselhamento e acompanhamento às grávidas que pretendam abortar; promover o planeamento familiar; incentivar a introdução real da educação sexual nas escolas; promover a natalidade.
Por mais contra que se seja relativamente ao aborto (e eu votei “não”), agora o salto foi dado. Tal como se dizia ontem no Abrupto, o divórcio também passou a ser permitido e é um dado adquirido e um valor da nossa sociedade e civilização. Em nome da felicidade individual.
Querer agora fazer uma campanha no sentido do “não”, com vista a repetir-se o referendo para inverter o resultado, é uma patetice. O País tem mais problemas com que se preocupar!
O resultado deste referendo não é o fim do mundo. Disse Mário Soares com receio de uma maioria "não". Eu votei "não" e digo a mesma coisa.

Sismo contra referendo

Esta manhã, um sismo de 6.1 fez-se sentir em Portugal, sobretudo na zona de Lisboa e sul do país.


Ninguém me tira da cabeça que isto foi um protesto dos deuses devido ao resultado do referendo de ontem...

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Referendo abortou?

O referendo abortou. O País fica pendurado da realidade pré-existente.
Com uma abstenção de 55 – 60%, os portugueses deram a entender que esta não era uma questão que os preocupasse particularmente, e que, portanto, é para deixar ficar como está.
E pronto! Não ficando nada alterado, os arautos da tolerância, da democracia e da liberdade vão ter de encontrar outra forma para mudar a lei no sentido que pretendem...

Quanto à dúvida existencial que se irá colocar sobre o instituto do referendo, penso que desta participação não se deve concluir que se deve acabar com ele.
Há eleições com pouca participação (por exemplo, as que elegem o Parlamento Europeu) e ninguém propõe acabar com essas eleições. A questão que se poderá, legitimamente, colocar no referendo, é se faz sentido haver uma percentagem mínima de participação que determine o carácter vinculativo do seu resultado.
1 - o Movimento Pelo Sim faz uma declaração panfletária, a gritar vitória (Absurda! não percebo esta palavra num referendo com esta natureza), e a tentar forçar a alteração da lei a partir da Assembleia da República. O que diriam estes movimentos se, com um resultado inverso (portanto, também não vinculativo e com vantagem do "não"), os movimentos do Não pretendessem mudar a lei na mesma Assembleia?!
2 - o Parlamento - obviamente - se quiser pode legislar no sentido que entender. É a questão da legitimidade política. E essa, tem-na naturalmente. E, embora não vinculativo, pode legislar no sentido que apontam os resultados.
3 - a referência de Louçã aos católicos (que, segundo ele, votaram maioritariamente pelo "sim". Como saberá?) é manifestamente abusiva e demagógica.
4 - o resultado do referendo não premeia ou penaliza nenhum partido ou líder político. Quem fizer essa leitura não percebeu nada.
5 - o Abrupto, de Pacheco Pereira, está a acompanhar minuto a minuto os resultados. Boa ideia! A seguir um comentário de um cidadão, a partir deste blogue:
"As pessoas que celebram a vitória por acaso recordar-se-ão (ou saberão) que a lei actualmente em vigor foi anunciada em 1984 como sendo uma lei que poria fim ao «flagelo do aborto clandestino»?"
6 - a SIC tem, no seu site, uma interessante infografia das leis aplicadas nos vários países europeus sobre esta matérias. A consultar.
7 - ponderada, a intervenção de José Sócrates. E - agora! - fala de um período de acompanhamento e reflexão para a mulher que solicite a IVG.
8 - a estupidez em estado puro, num blogue do "não" citado pelo Abrupto: "Venceu a cultura da morte! 11 de Setembro, 11 de Março, 11 de Fevereiro. Datas manchadas pela morte!"
9 - sociologicamante, é curioso ver os distritos cujos resultados foram mais extremos: Beja, com 83% de"sim"; regiões autónomas (Açores e Madeira), com 67% de "não".
E acabou!
O assunto ficou resolvido!

Não queiras saber de mim

‘Não queiras saber de mim
Esta noite não estou cá
Quando a tristeza bate
Pior do que eu não há.
Fico fora de combate
Como se chegasse ao fim
Fico abaixo do tapete
Afundado no serrim.

Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo.

Mas tu pões esse vestido
E voas até ao topo
E fumas do meu cigarro
E bebes do meu copo
Mas nem isso faz sentido
Só agrava o meu estado
Quanto mais brilha a tua luz
Mais eu fico apagado.

Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim.
Dança tu que eu fico assim
Porque eu estou que não me entendo
Não queiras saber de mim
Hoje não me recomendo.’


É uma das músicas do álbum "A Espuma das Canções", de Rui Veloso.
No fim do blog coloquei um video com esta canção, com uma magnífica interpretação da Mariza.

Um dia “talvez”

Talvez ao fim do dia fiquemos a saber se “sim” ou se “não”. É que hoje é um dia de “talvez”. São 15h10, e há uns minutos, na Antena 1, dizia-se que a afluência às urnas era de cerca de 12%.
Como o tempo está chuvoso e húmido, a dúvida é entre ver TV ou ir ao cinema.
Nem o exemplo dos “cidadãos importantes” parece estar a mobilizar os “cidadãos normais”. Às tantas, só haverá mais eleitores na assembleia de voto que tem Jorge Sampaio como presidente (um excelente exemplo de um homem simples, com sentido do dever cívico). Curiosidade.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Disse, está dito!

"O mal dos portugueses não está no atraso, na pobreza, na iliteracia ou em qualquer falha remediável e normal. O mal dos portugueses está em que manifestamente não regulam bem da cabeça. E contra isso não há nada a fazer."

Vasco Pulido Valente, PÚBLICO, 10-2-2007

Novo PÚBLICO

Na próxima segunda-feira, o PÚBLICO muda de imagem. Uma revolução, parece. Fica colorido. Talvez mais atraente, mas primeiro quero vê-lo fisicamente.
De repente, no topo da primeira página parece o SOL. No resto, parece um jornal espanhol, talvez o El País com mais cor.
A ver, a partir da próxima semana.

Tesourinhos deprimentes da TV

A navegação tem destas coisas:
descobrem-se tesourinhos... quase esquecidos.
Os achados do Gato Fedorento,

GONIO: um ano


9 de Fevereiro de 2006… um ano…

O GONIO fez ontem um ano. Quem diria?
Quando me lancei nesta aventura, fi-lo apenas por imitação, confesso. Mas, com o passar do tempo, tornou-se um vício. Dá-me gozo escrever aqui diariamente, deixar uma imagem, um comentário, uma crítica, um “só para chatear…”, fazer uma tentativa de surpreender quem me lê, ver algumas reacções ao que escrevo, acompanhar alguns blogues bem interessantes que há por essa blogosfera fora…
Como julgo ter já dito, escrever no GONIO lembra-me os tempos do secundário, em que escrevia no jornal da escola. Oh, saudades!
É bom deixar o nosso “parecer” sobre o mundo. E tentar, assim, influenciar os 0,37 cidadãos-amigos-curiosos-perdidos que já por cá passaram.
OBRIGADO A TODOS!!

Quando o GONIO nasceu estava na ordem do dia a polémica sobre as caricaturas…
Tentei sempre dar ao GONIO um cunho diversificado, não tratando apenas da espuma dos dias, das notícias mais recentes. Não sei se o tenho conseguido. Por isso, quando tenho a sensação que estou a ficar muito preso ao dia-a-dia, tento escrever qualquer coisa diferente, uma anedota, um momento de non sense. Penso que tem resultado.
É nisso que também ajuda ter um espaço para escrever: põe-nos a pensar (outras vezes, tira-nos o tempo). Faz-nos organizar as ideias sobre o que queremos dizer, seja a notícia que vimos no jornal, o filme de que gostámos, a música que nos tocou, o poema que lemos, o episódio a que assistimos na rua… E eu tento diversificar desta forma, escrevendo sobre tudo!

"Não sei quem sou, que alma tenho. Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Sou variamente outro do que eu que não sei se existe (se é esse outros). Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas". (Fernando Pessoa)

Sei que muitas vezes sou do contra, não alinho pelo mainstrean. (No trabalho, até gozam comigo por só ter defeitos: sou do FCPorto, de direita, da Madeira, nasci na Venezuela, e trabalho ali…). No GONIO tento pensar pela minha cabeça, coitadinha.
Foi isso que fiz, por exemplo, quando expus a minha posição sobre o aborto. Pretendia escrever duas ou três linhas… mas debrucei-me sobre o assunto e saiu-me um tratado. Surgiram-me várias outras questões e deu naquilo.

No GONIO há apenas dois princípios básicos: não há nomes de familiares, amigos e afins; e não há fotografias de familiares, amigos e afins. Faz parte da filosofia da casa. Que me lembre, só violei a 2ª regra uma vez. Mas a regra ainda não tinha sido estabelecida... Não são umas “regras da blogosfera” como José Pacheco Pereira enunciou no Abrupto, mas para mim são suficientes. Pelo menos para já.

São coisas que se aprendem. Tal como aprendi que há muitos tipos de blogues: políticos, económicos, masculinos, femininos, babyblogs, musicais, humorísticos, eróticos, fotográficos, de literatura, ambientalistas… e muitos mais! Tentei não fechar o GONIO exclusivamente numa destas classificações.
Aprendi também que os textos mais apreciados são aqueles de que falo sobre mim. Serei assim tão extraterrestre? Ou será apenas um voyeurismo episódico que todos temos num recanto secreto?

Passado um ano, VALEU A PENA!

“Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas – a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.”
(Alberto Caeiro - heterónimo de Fernando Pessoa)

Nada melhor do que o dia de reflexão para fazer este balanço.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

A (ir)responsabilidade do 'sim'

Maria José Nogueira Pinto escreveu hoje no Diário de Notícias:
Responsabilidade é uma das palavras de ordem da campanha do "sim". Votar "sim" - dizem - é ser responsável. Apresentam este "sim" como única solução para a despenalização da prática de aborto, como única forma de pôr um ponto final no aborto clandestino. E repetem - vezes sem conta - que é isto e apenas isto que está em causa no referendo de dia 11.
Mas aquilo que este "sim", que se diz responsável, não esperava era que muitos portugueses percebessem que, afinal, não é só isso que estará em causa no dia 11. Aquilo que este "sim" não esperava é que esta pergunta suscitasse - quando confrontada com as evidências - tantas outras perguntas. Perguntas para as quais este "sim" e a lei que oferece não encontram respostas.
Hoje o "sim" já não utiliza as palavras de ordem de 98. Este conceito de responsabilidade vem substituir a famosa frase "na minha barriga mando eu"; nem vemos mulheres, como vimos em 98, declararem orgulhosamente ter feito um aborto. O "sim" - o mesmo "sim" de 98 - percebeu que não poderia fazer esse tipo de campanha, ou utilizar esse tipo de argumentos. Se o aborto clandestino, sobretudo pelos riscos que lhe são associados, nos choca, o aborto legal - violência irreversível sobre outro - também nos choca. Porque temos hoje ainda mais certezas e estamos mais próximos desse outro. Então este "sim", que se diz responsável, arrancou do seu argumentário a sequer consideração desse outro. Porque não pode negar a sua existência, ele acaba por ser - numa lógica de debate e ponderação de valores - extremamente incómodo.
Será então responsável uma lei que - naquilo que é um conflito de interesses e ponderação de valores - ignora de forma absoluta uma das partes, a mais vulnerável, negando-lhe qualquer condição ou benefício de dúvida?
É uma lei que assenta numa negligência, não podendo pois ser responsável.
Sabemos também que este "sim" oferece como única resposta a liberalização e financiamento do aborto a pedido até às dez semanas. A mãe que quer abortar corre contra o tempo. Contra o prazo estabelecido pela lei. Por isso esta lei não oferece - e muito dificilmente poderia oferecer - aconselhamento, tempo para reflexão e ponderação de outras soluções. É por conseguinte uma lei cega. Uma lei que ignora condições sociais e financeiras. Uma lei que não dá tempo ou espaço para momentos de fragilidade, vulnerabilidade, dúvida ou angústia.
Será então responsável uma lei que - para casos tão distintos, protagonizados por mulheres tão diferentes - a todos responde com o aborto? Resposta rápida, única, legal e higiénica. E será esta a resposta que as mulheres portuguesas querem ouvir? Não esperarão elas mais que isso?
Este "sim" - dizem - acabará com o drama do aborto clandestino, e afirmam, mesmo contra a evidência dos números, que não irá contribuir necessariamente para o aumento do número total de abortos. Sabemos bem que, tal como no Reino Unido, em Espanha, em França ou nos EUA, os números vão aumentar. Porque ao número de abortos que se realizariam na clandestinidade - e agora se realizarão em estabelecimento de saúde autorizado - somar-se-ão os milhares de abortos que serão feitos porque esta prática passou a ser legal, livre e financiada. E para além do aborto legal continuaremos a ter o aborto ilegal: das mulheres que perderam a corrida contra o tempo e abortam depois das dez semanas, das mulheres que - pressionadas por um sentimento de culpa ou embaraço - não se dirigem ao SNS, onde terão de ser identificadas. Das jovens e adolescentes que, sendo menores, continuarão a optar pela clandestinidade a ter de enfrentar os seus pais.
Será responsável uma resposta que - prometendo a diminuição do número de abortos - acabará por contribuir para o seu aumento exponencial?
Este "sim" responsável apresenta-se também - por oposição ao "não" - como aquele que respeita a dignidade das mulheres portuguesas. Este "sim" acusa o "não" de má-fé. O "não", dizem - ao alertar para a evidência comprovada de que o número de abortos, após a liberalização, aumenta - parte do pressuposto de que as mulheres abortarão de "ânimo leve". O aborto não será utilizado como método anticonceptivo, dizem. E neste ponto o "sim" não negligencia, não é cego nem omite. O aborto não será utilizado como método anticonceptivo, exactamente porque se apresenta como solução pós-concepção. É que o "sim" - que se diz responsável - pretende consagrar a maternidade - após ser um facto - como uma opção. E a mulher que - against all odds - decidir ser mãe em condições emocionais, sociais ou financeiras difíceis sê-lo-á por opção. Opção pela qual poderá ser inteiramente responsabilizada. A maternidade - direito e opção - é cada vez mais entendida na segunda perspectiva.
O "não" - o "não" responsável - acredita que a aposta deve ser feita antes. O "não" entende que não se pode baixar os braços: são precisas mais e melhores respostas. Educação sexual, planeamento familiar, verdadeiras políticas de apoio à família. Políticas que existem e funcionam nos países - tantas vezes citados por este "sim" que se diz responsável - e que têm legislações menos restritivas em relação à prática de aborto. Se este "sim", que é responsável, nos aponta outros países como exemplo, que não esconda nem omita os outros exemplos que talvez prefiramos seguir.
O "sim" - que se diz responsável - de que vos falo é o "sim" efectivamente responsável por criar e reforçar, neste momento, outras soluções que não o aborto. De certa forma, ao oferecer-nos esta solução, este é o "sim" responsável que se desresponsabiliza.
PS:
alguns excertos foram por mim destacados.