domingo, 25 de fevereiro de 2007

A direita e Paulo Portas

Hoje, Vasco Pulido Valente escreveu, no Público, sobre o pré-anunciado regresso de Paulo Portas:

"Dizem que Paulo Portas vai voltar à política na próxima semana. Paulo Portas não vai voltar à política. Não se volta à política quando se é deputado. O que Paulo Portas vai fazer, ou tentar fazer, é tomar conta do CDS. Escolheu bem a altura. Há um sentimento geral de que a direita está impotente perante Sócrates. Marques Mendes não conseguiu ainda arrumar o PSD e cometeu erros sem desculpa. O CDS para efeitos práticos não existe, embora meia dúzia de “notáveis” gozem agora de uma falsa importância e proeminência, que não querem com certeza perder. Paulo Portas tem o caminho aberto e, esperemos, mais tranquilidade e mais dúvidas. Passou a época da aprendizagem. Desta vez, depois do partido e depois do governo, os riscos que se prepara para correr só lhe valem a pena, se unir ou dominar a direita. Sofrer a animosidade que sempre provocou, e provoca, para tornar a ser parceiro minoritário numa coligação com o PSD não é, para ele, nem uma opção, nem, sobretudo, um destino digno.
A direita precisa de um programa. Mas Paulo Portas não se pode deixar convencer pelo liberalismo diletante e teórico, que por aí anda, a diminuir ou a enfraquecer a Segurança Social e o Sistema de Saúde. Quem tocar ou quiser tocar neste fundamento do regime (uma loucura a que nem a Sra. Tatcher se atreveu), fica para lá do pálio e nunca mais ninguém lhe tocará. Da educação às leis do trabalho e da administração do Estado (central e local) a dezenas de empresas públicas falidas, não falta á direita oportunidade para desregular, privatizar e, principalmente, eliminar o enorme desperdício acumulado por trinta anos de “centrão”. Desobstruído o país de parte do seu parasitismo histórico, o resto depende da política fiscal.
Fora isto, Paulo Portas não deve cair em duas tentações. Primeiro, na tentação de “moralizar” os costumes, que resvala necessariamente para a inconsequência ou para o ridículo: não cabe à presuntiva direita indígena mudar ou resistir á civilização do Ocidente. E, segundo, na tentação do nacionalismo, a que um pequeno país, que vive da “Europa”, é no fundo indiferente. Os velhos vícios portugueses não se curam com exortações. Se por acaso são curáveis, são curáveis com uma boa dose de liberdade e responsabilidade, duas coisas que, do PSD ao Bloco, horrorizam o regime estabelecido. Se o futuro CDS de Paulo portas for subversivo, sem ser populista, talvez nos tire um dia desta vil tristeza."

Subscrevo inteiramente Vasco Pulido Valente. Paulo Portas tem o que falta em muitos políticos nacionais: perspicácia, rapidez na acção, eficácia, força mediática, inteligência, sentido de Estado.
E, para além destas linhas de acção quanto ao que deve ser o Estado, o CDS devia agarrar na questão ambiental e trazê-la – sem populismos ou demagogias – para o centro da política. O ambiente é, cada vez mais, um tema central na nossa sociedade, e só era positivo um partido de direita abraçar esta causa. Já assim é no Reino Unido.

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