sábado, 31 de março de 2007

O Caimão


O Caimão é o último filme de Nanni Moretti, que regressa com esta crítica à Italiazinha, como diz uma das personagens do filme.


"O último filme de Nanni Moretti, uma metáfora sobre a Itália contemporânea, tornou-se num êxito de bilheteira no país, tendo estreado dias antes das eleições que afastaram do poder Berlusconi. É a história de um produtor em falência profissional e sentimental, Bruno Bonomo, que tem um passado de produtor de filmes de série Z com títulos inspiradores como "Os Mocassins Assassinos" ou "Maciste vs. Freud". Mas agora não consegue arranjar financiamento para o seu próximo projecto, "O Regresso de Cristóvão Colombo". Estrangulado pelas dívidas e fraquezas, com o casamento em risco e os filhos perdidos, Bruno perde o norte. É aí que o seu caminho se cruza com o de uma jovem realizadora que lhe entrega um guião, "O Caimão". A princípio Bruno pensa que é um "thriller" musculado, mas apercebe-se numa segunda leitura mais atenta - se bem que um pouco tardia - que se trata de um filme sobre o Presidente Silvio Berlusconi. Bruno já não pode recuar e vê-se obrigado a cumprir o planeado, encontrar o actor principal, enquanto tenta recolar as peças da sua vida conjugal. No entanto, em todo este novelo de erros e dificuldades, começa a nascer um novo entusiasmo em Bruno Bonomo: o da afirmação da sua dignidade. Este homem para quem tudo estava acabado encontra em si a energia para levar até ao fim um projecto que começou por acaso, mas que também ele acredita agora necessário tornar realidade."

O elenco conta com Silvio Orlando, Margherita Buy, Jasmine Trinca, Michele Placido, Giuliano Montaldo, Antonio Luigi Grimaldi, Paolo Sorrentino e Elio De Capitani. E o próprio Moreti, mais no fim.

A certa altura, uma personagem diz qualquer coisa como: "Mas que necessidade há de fazer um filme sobre Berlusconi? Tudo o que há a saber sobre Berlusconi sabe-se. Quem quer saber sabe, quem não quer saber não sabe".

Um filme dentro do filme. O retrato de um projecto político com um único objectivo: defender-se da lei, alterando-a por medida.
Deliciosas as cenas do tribunal: como a personagem Berlusconi-Nanni Moretti enfrenta o julgamento. Ele, por ter sido eleito pelo povo italiano, considera-se acima da lei.
Leva 4 estrelas.
Tem momentos magníficos. Como quando estão a preparar os cenários em que irá ser filmado O Caimão: a música claramente árabe, aliada à coreografia dos pintores... Delicioso!
E, após a consumação do divórcio de Bruno Bonomo, o despique automóvel entre o ex-casal, com a notável música de Damien Rice "Blowers Daugther" (que se ouve quase na totalidade).
Antes de “O Caimão” é exibida a curta-metragem “História Trágica com Final Feliz”. Banda desenhada, a preto e branco, apenas a lápis. Graficamente muito agradável. Uma menina cujo coração bate mais rapidamente que aos outros humanos. E cujo batimento incomoda a vizinhança, porque bate alto. Como os pássaros.

Perdonite

Esta semana, Tony Blair pediu perdão pelo papel britânico na escravatura. Uma estupidez!
Tal como quando João Paulo II pediu perdão em 2000 pelos erros da Igreja ao longo da História.

Será que daqui a 200 ou 500 anos, os líderes políticos da altura irão pedir perdão por actualmente se usar o automóvel? ou os aviões? ou outra coisa qualquer que hoje é tão normal que nem damos pela sua existência?

Os valores (ou seja lá o que for) de há 200 anos incluía escravatura e tráfico de escravos a partir de África... Faz sentido pedir desculpa por um modo de vida? Por uma certa organização da sociedade que vigorou no passado? Eu acho que não!
O problema é só um: o Ocidente - nós! - interiorizou que a culpa do actual estado de miséria em que meio mundo (sobretudo África) vive é nossa. E os líderes desses países fazem questão de lembrar isso a toda a hora.
E se S. Exas ditadores africanos tivessem feito alguma coisa para desenvolver os seus países? É que guerras, corrupção, plutocracia e afins não ajudam muito...
Ainda bem que Mugabe e compagnons de route têm desenvolvido a Nigéria (por exemplo)...



«Tony Blair marca presença numa cerimónia que lembrou a abolição da escravatura no Reino Unido, a 25 de Março de 1807: «it is an opportunity for the United Kingdom to express our deep sorrow and regret for our nation's role in the slave trade and for the unbearable suffering, individually and collectively, it caused».

Não sou grande adepto deste tipo de pedidos de desculpa em retrospectiva. Para além do óbvio politicamente correcto, há neste exercício uma dose de anacronismo que não é despicienda.»

Mostrar os idiotas

Ainda sobre o famigerado cartaz do PNR no Marquês de Pombal, Pedro Lomba escreve hoje no DN:
"Cada vez que o PNR insultar os imigrantes, mostremos que a imigração é útil e necessária a Portugal; cada vez que o PNR exaltar os direitos dos portugueses sobre os estrangeiros, expliquemos que isso é tão legítimo quanto em França os direitos dos franceses estarem acima dos nossos emigrantes ; cada vez que o PNR demonizar as minorias, expliquemos que os membros do PNR são também uma minoria e com grande benevolência nós respeitamos que eles existam. Não façamos desta gente mártires da liberdade de expressão."
Nem mais!

Protesto temporal

Sim, protesto!
Contra este tempo irritante que se tem feito sentir há duas semanas para cá. Frio, vento, uns pingos de chuva... Rrrrrrrrrr!!!
O último dia de bom tempo de que me lembro, foi o da maratona.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Pedro Abrunhosa: regresso


Na próxima segunda-feira 2 de Abril, ele está aí com um novo single.
«O primeiro single do novo álbum de originais de Pedro Abrunhosa, “Quem Me Leva Os Meus Fantasmas” , representa uma viragem na carreira do cantautor. É um novo olhar sobre o mundo, com a lucidez e a crueza da maturidade.»
“De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?”

É hoje!!

Que na TVI, numa novela qualquer que chega ao fim, iremos saber quem é o "tubarão".
Portugal inteiro está preso desta revelação...
Lol

quinta-feira, 29 de março de 2007

Shakira nas pirâmides


A fotografia é magnífica!!
"As luzes e a linha do horizonte lembram facilmente a artificialidade dos posters de férias, mas a cena é bem real: faz parte do “circo” da 'Oral Fixation Tour' de Shakira. A cantora colombiana fez estremecer as pedras mais pesadas das pirâmides de Gizé, no Egipto. Estes dois polícias montados em camelos preferem assistir longe aos ritmos mexidos do concerto. Foto: Tara Todras-Whitehill/Reuters"
Dia 4 de Abril, Shakira está em Lisboa.

Ignorância feita política

A notícia apareceu com grandes parangonas esta manhã. As rádios, as televisões, os blogues (até este, agora… Penitencio-me!), os jornais (especialmente a desproporcionada capa do Diário de Notícias…) deram destaque ao cartaz que apareceu no Marquês de Pombal.
Destaque excessivo (penitencio-me por este post), tendo em conta o que o PNR representa em votos (menos de 0,5% nas legislativas).
E o argumento utilizado por estes senhores é intolerante e estúpido. E os milhões de portugueses que tiveram de emigrar (portanto, são IMIGRANTES noutros países…)? Seriam todos repatriados? O PNR dar-lhes-ia condições de vida (trabalho, casa…)?

Segundo ouvi hoje na rádio, basta apenas uma queixa na polícia para tirarem o cartaz. E talvez ilegalizarem um partido que perfilha ideologias inconstitucionais. Mas isso dá muito trabalho, e nem as próprias autoridades que se agastaram a comentar o cartaz se deram (ou darão) ao trabalho de o fazer.
Estes senhores aproveitaram a suposta onda saudosista gerada pelo resultado de "Os Grandes Portugueses"… e conseguiram direito de antena à borla. Só tiveram mesmo de desembolsar os 1750€ para o cartaz.

Curiosidades:
O que pensarão estes senhores dos descobrimentos? Da colonização? Da escravatura do passado? Da globalização iniciada pelos portugueses? Os militantes, simpatizantes e afins do PNR não têm familiares emigrantes? Não têm necessidade de empregados estrangeiros (sejam empregadas dosméticas, professores, médicos...)?
O modelo deles deve ser a Albânia…
Enfim, a ignorância feita política...

Doutorices

"Em Portugal, a mania dos títulos poderia ser apenas ridícula, caso não fôssemos o país com menos licenciados da Europa ocidental."

Rui Tavares, PÚBLICO, 28-03-2007

Parabéns, MM!


Pois, mais um aniversário... Já sem roxo ou verde... lol

Como maluquinha por gatos que és, não podia faltar O gato: Garfield. Parasita. Manhoso. Lasagneiro.

PARABÉNS!!!!

quarta-feira, 28 de março de 2007

Uma perda

Uma perda. Uma pena.


A verticalidade:
"Não devo, não posso e não desejo no momento em que já ponderei e decidir desfiliar-me, constituir-me como alegada e hipotética força de bloqueio a qualquer decisão dos órgãos do partido. Isso seria absurdo", frisou ainda Nogueira Pinto.

Perde o partido. Perde a Câmara. Perde Lisboa. Perde a direita.

Não acredito que a política fique a perder, pois Maria José Nogueira Pinto sempre foi independente. Só esteve vinculada ao CDS-PP nesta última década. Ela, tal como a família (Jaime Nogueira Pinto, Maria João Avillez...), sempre respirou e transpirou política.
Nunca precisou da política para o seu desempenho. Reconhecido por todos, por exemplo, na Santa Casa da Misericórdia, na Maternidade Alfredo da Costa, e mesmo neste ano que esteve na Câmara de Lisboa, e onde lançou um programa para a reabilitação da baixa da cidade (ideia que será consumida pela politiquice, e não servirá para nada...)

Cantinho do poeta - 13


TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho genios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas
-Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.


(Excerto)

Álvaro de Campos / Fernando Pessoa


Site com poesia de Pessoa (e heterónimos) aqui.

OTArio

Na VISÃO, Pedro Norton escreveu...
«Começo a ficar com a sensação de que, lá para 2020, a palavra "otário" corre o risco de ser sinónimo de "aquele que se deixou convencer pelos méritos do aeroporto da Ota"»

Desporto à força

A notícia é verídica, e está nos jornais, televisões a até no YouTube.
"Pai agride filha nos Mundiais de natação
O ucraniano Mikhail Zubkov, pai e treinador de Kateryna Zubkova, foi expulso dos Mundiais de natação, a decorrer na Austrália, depois de uma televisão ter mostrado imagens da agressão à filha, ontem, em plena piscina de Melbourne. Zubkov, de 38 anos, ficou sem credencial e está agora proibido de contactar e de se aproximar de Kateryna.
Hoje, a nadadora, de 18 anos, venceu a sua primeira série dos 50m costas, mas depois não se conseguiu qualificar para as meias-finais.
As agressões ocorreram em circunstâncias ainda por esclarecer. Certo é que as imagens do canal 9 australiano mostram Mikhail a agredir a filha, que depois respondeu igualmente ao pai."
Será que é uma forma de treino? Um mimo pela menina ter perdido uma prova?
Assim que li a notícia, a minha primeira reacção foi uma gargalhada... Está tudo louco!

terça-feira, 27 de março de 2007

Um ano de Simplex

Faz hoje um ano que foram apresentadas as medidas do Simplex.
E, depois, coisas tão simples como alterar um endereço implicam dar essa informação em dezenas de sítios e serviços administrativos...
Ou ter de possuir prescrição médica das facturas que se apresentam no IRS como despesas de saúde, quando essas mesmas prescrições ficam nas farmácias...
Ou aberrações como a Segurança Social não pagar o subsídio de desemprego a um cidadão pela simples razão de as datas da baixa não serem rigorosamente iguais entre o que consta no ex-empregador e o que está nas bases de dados da Segurança Social... Será que 40 dias deixam de o ser se as datas não forem as mesmas nos dois sítios ou se tiverem sido lançadas, por exemplo, no mês seguinte?

Portugal. Retrato Social


Excelente, o documentário de António Barreto!

As mudanças que aconteceram em Portugal desde os anos 60.

Os nascimentos. Como se nascia no passado e como se nasce hoje. A redução da natalidade. O aumento da esperança de vida. Antes 50 anos, agora cerca de 80. o envelhecimento. A alimentação, a fome. A família. Numerosa no passado. Reduzida agora. Monoparental, desfeitas, compósitas de várias famílias, homossexuais. As casas de uma pessoa só. Dividida com amigos.
A revolução sexual. A pílula, que libertou a mulher. Tem liberdade de escolher o momento da gravidez. Tem tempo para trabalhar. A sociedade organiza-se para a produção.
A velhice. Na cidade. No campo. Nos lares de idosos, para os pobres. Nas residências de júnior, para os ricos. A solidão. A impossibilidade dos filhos cuidarem dos pais como no passado. Têm de trabalhar para poder viver.
Nem sempre a evolução da sociedade é justa.

Curioso o facto de estar a ouvir muitos daqueles relatos como se fosse o meu avô a contar. Ou mesmo os meus pais ou tios. Como viviam há 40 anos. A sua infância. Como desenrascavam as refeições. O trabalho. As mezinhas caseiras que curavam tudo. As idas a pé ao Funchal. A falta de carros, de estradas. Tudo.
Um retrato verídico. E tão próximo.
Quase como diz o anúncio: "eu ainda sou do tempo..."


Vale a pena ver o documentário. E visitar o site do programa na RTP. Que devia passar a DVD os programas e disponibilizá-los no circuito comercial.

Muito bem na imagens. Magnífica a voz de António Barreto. Grave. Pausada. Observadora. Talvez o sociólogo que melhor nos conhece.


------ / / ------


Na descrição do programa no site da RTP está explicado o conteúdo. Nada melhor que citá-lo inntegralmente:


"As mudanças sociais verificadas em Portugal ao longo das últimas quatro décadas foram profundas e mais rápidas do que na maioria dos países europeus. Em certos casos, como na demografia, certas mudanças, medidas através dos indicadores sociais clássicos, ultrapassaram os valores médios dos países vizinhos.


A emigração, a guerra colonial, uma revolução política e social, a fundação do Estado democrático, a descolonização, uma contra-revolução, a adesão à União Europeia e a imigração foram alguns dos acontecimentos ou fenómenos históricos que marcaram estas quatro décadas e que resultaram ou aceleraram mudanças sociais profundas.


O sentido geral destas mudanças sociais foi o da aproximação dos padrões de vida europeus. Os indicadores demográficos, sociais e económicos portugueses parecem-se, cada vez mais, com os dos membros da União Europeia. Ainda há sinais relevantes que traduzem uma história específica, diferenças permanentes, um atraso real e circunstâncias especiais.


Mas nada permite afirmar hoje, como seria possível há poucas décadas, que Portugal mais parecia um país de outro continente. Os domínios do social e do económico foram mais dinâmicos do que o do político. Ainda a sociedade parecia imutável, nos anos sessenta, por causa do imobilismo político, e já as forças sociais, económicas e culturais registavam mudanças profundas, invisíveis à primeira vista.


A mudança política de 1974, a mais visível e a mais dramática, acelerou as mudanças sociais em curso. Mas foi ela própria preparada por aquelas. As mudanças sociais foram permanentes e contínuas. E começaram antes de 1974. A própria integração europeia, cujo início é costume datar de 1977, com a candidatura à Comunidade, ou de 1986, com a adesão efectiva, começou muito antes: com a emigração e o turismo dos anos sessenta, com a fundação da EFTA em 1959/60 e com o desenvolvimento das relações económicas e empresariais dos anos setenta.


As mudanças sociais e demográficas podem ser mais profundas do que as políticas, mas estas são mais perceptíveis, aparentemente mais radicais e têm um efeito acelerador. Removidos, com a democracia e a integração europeia, os obstáculos políticos, a mudança social e económica prosseguiu, depois de 1974, a um ritmo ainda mais rápido. Em todo este processo de mudanças rápidas ou graduais, invisíveis ou dramáticas, assistiu-se a uma permanente oscilação entre factores internos e externos. Mas sublinha-se a importância predominante dos factores externos: a emigração, o turismo, o comércio externo, os investimentos estrangeiros, os costumes, as modas, a ciência, a técnica, as artes, as mentalidades, a religião, etc.


Em certas situações, as sociedades não têm, dentro de si, forças, dinâmicas e dimensão suficientes para gerar uma mudança social acelerada. Sobretudo nos casos de sociedades pequenas, fechadas ao exterior, politicamente autoritárias, culturalmente viradas para si próprias, dotadas de insuficientes elites e com uma reduzida expressão das classes médias. Como era o caso de Portugal. Gradualmente exposto ao mundo exterior, mesmo contra ou apesar da vontade dos dirigentes políticos, o país encetou processos de mudança não programados. A abertura ao exterior terá sido a mais importante causa e consequência das transformações ocorridas.


Mas a sociedade não se limitou a digerir ou assimilar passivamente as influências externas. Pelo contrário, foi atravessada por acontecimentos e movimentos próprios, através dos quais teve de resolver os seus problemas atávicos, ultrapassar contradições, dirimir conflitos, encontrar as suas soluções e adaptar-se a novas situações. No que revelou uma notável plasticidade. Não era, com efeito, fácil, libertar-se um país de tanto quanto o condicionou durante décadas: a ignorância e a reverência; a delação e o medo; o autoritarismo e a repressão. Ao mesmo tempo que se separava de África e se voltava para a Europa; e que sacudia o paternalismo e criava uma República de cidadãos.


Ao fim de quarenta anos de uma quase correria, a sociedade, tão diferente do que era, encontra, não obstante, velhas questões. Mesmo se menor, a pobreza relativa de Portugal não deixa de ser causa das maiores ansiedades da população e dos seus dirigentes. Vivendo numa sociedade aberta de informação e conhecimento, de modas e de padrões de comportamento cosmopolitas, os portugueses partilham, as expectativas e as aspirações dos países mais desenvolvidos do mundo. Mas não têm, na sua economia, na sua cultura e na sua sociedade, capacidades suficientes para as satisfazer e concretizar.


As suas deficiências de organização, de formação técnica, de cultura, de produtividade, de rendimento económico e de eficácia dos serviços públicos são fonte de desequilíbrio e de frustração. Os portugueses habituaram-se, há séculos, a comparar-se com os europeus. E, apesar de muitas vezes resignados, não se conformam com os resultados das comparações: por mais depressa que andem, continuam muito atrás. Para um país que já foi pioneiro, é um pesadelo permanente.


É esta consciência do atraso que ajuda a alimentar a mitologia de uma identidade nacional muito especial. A de um país diferente, na dimensão, na glória passada e no carácter. A de um povo que, para se manter, deveria resistir à mudança e ao exterior. E, no entanto, o país moveu-se. A ponto de ficar um país como os outros. "

OTA: prós & contras

Na RTP, o Prós & Contras debate as questões técnicas do novo aeroporto. Uma sala cheia de engenheiros.
Falam de aquíferos e sobreiros. E pilares.
Nenhum piloto para falar de aeronáutica, de aproximações, de descolagens, de aterragens. Nenhum meteorologista para falar do tempo por aqueles lados, dos ventos, dos nevoeiros.
Depois de, na semana passada, terem enchido o auditório de políticos a falar do novo aeroporto... um debate incompleto!
As minhas dúvidas mantém-se.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Infernal

Papa Bento XVI garante que o inferno existe.
No mesmo dia em que teceu duras críticas à ausência de referências cristãs na Declaração de Berlim, o Papa Bento XVI decidiu endurecer o discurso, e veio dizer que é preciso falar mais do inferno.

Lisboa recebe A380

Hoje passou por Lisboa o novo avião A380. Ouvi a notícia na SIC Noticias.
Lisboa é um dos primeiros aeroportos em que este monstro passa em teste.
Apenas para mostrar – infelizmente não em Lisboa – aqui ficam umas imagens.


Absolutamente brutal!!

Salazar, esse grande português...

Triste país este, que em 10 séculos de história só tem um ditador como figura de referência, e que escolhe como o seu “maior”.
Ainda para mais um país que já foi potência mundial, império, tem grandes feitos na sua história, e que se reduz identificando-se com uma personagem de um século pouco notável na nossa vida colectiva. sim, o séc. XX português é de um constrangimento enorme!

Salazar e Cunhal são duas faces da mesma moeda. E foram escolhidos como a primeira e segunda personalidades de referência. Um ditador, outro que – felizmente! – não teve o poder para o ser.

O resultado deste programa da RTP é a prova de que a revolução de mentalidades está longe. E urge ser feita.

Salazar nunca se submeteu a eleições. Ironicamente, é ele o escolhido na votação de um programa-concurso televisivo.

O resultado oficial, de acordo com a RTP, é o seguinte:

1º António de Oliveira Salazar - 41,0%
2º Álvaro Cunhal - 19,1%
3º Aristides de Sousa Mendes - 13,0%
4º D. Afonso Henriques - 12,4%
5º Luís de Camões - 4,0%
6º D. João II - 3,0%
7º Infante D. Henrique - 2,7%
8º Fernando Pessoa - 2,4%
9º Marquês de Pombal - 1,7%
10º Vasco da Gama - 0,7%

Nº total de votos válidos recebidos: 159.245
Nº total de chamadas recebidas: 214.972

No início, aquando da primeira polémica pela ausência de Salazar na lista de sugestões de grandes portugueses, defendi – e mantenho – que este devia constar. A democracia pressupõe essa liberdade. Tal como não me choca o museu que querem fazer em Santa Comba Dão, terra do senhor. Desde que não seja uma lavagem da memória!

O que me incomoda é que passados 40 anos após a sua morte, e pouco mais de 30 sobre a queda do seu regime – portanto, com cidadãos que viveram sob a sua ditadura! – haja quem vote nele para “grande português”.

Tanto português notável nesta curta lista de 10 finalistas, e os dois primeiros lugares são ocupados pelas piores personagens…. Que comparação fazer com nomes realmente grandes como Churchill, De Gaulle, Reagan…?
Vale a pena pensar nisto!

Notícias deste momento televisivo no Público e no SOL.

Riso e estupidez...

"O que me dá vontade de rir é eles pensarem que eu sou estúpido"
Alberto João Jardim, a propósito da nova lei da comunicação social, que visa impedir a posse destes meios por parte dos governos. Uma lei feita à medida para tirar o Jornal da Madeira da alçada do Governo Regional da Madeira.

domingo, 25 de março de 2007

50 anos: o momento

"Os líderes europeus posaram para a fotografia de família, hoje de manhã, em frente à Porta de Brandenburgo, na capital alemã, depois da assinatura da Declaração de Berlim, que marcou o 50º aniversário da assinatura dos Tratados de Roma, que deram origem à União Europeia, tal como a conhecemos hoje" (no PÚBLICO).

O Homem do Ano


A ideia do filme é interessante: um comediante de sucesso, após dizer uma piada no seu programa, cria involuntariamente uma onda de apoio à sua candidatura à presidência dos EUA. Acaba por candidatar-se. E ganhar.
Um pouco ao estilo de "Manobras na Casa Branca" (um excelente filme que parodiava a presidência de Clinton, e as manobras para ser reeleito...), "O Homem do Ano" levanta questões pertinentes sobre a democracia, a manipulação, o poder dos media, o vazio dos discursos políticos embrulhados em grandiloquências e boas intenções, os sistemas de eleição…
Um excelente filme. Para ver. Rir. E pensar. Sobretudo.

A resenha do filme é esta:

"E se um comediante concorresse à Presidência? E se ganhasse?
A super-estrela da comédia, Robin Williams interpreta o papel de Tom Dobbs, um comediante que faz o seu percurso até ao topo chamando as coisas pelo nome.
Quando decide candidatar-se à presidência, com a intenção de soltar o seu humor corrosivo no retórico discurso dos políticos “em ascensão”, acontece algo extraordinário – ele ganha as eleições!
Uma comédia irreverente com um hilariante elenco de estrelas, que vai, certamente, conquistar o seu voto para melhor comédia do ano!"

Por mim, leva 4 estrelas!

ADN em imagens

Através da Rita Batata Frita descobri o Imagini, pelo qual, respondendo a meia dúzia de perguntas, obtemos um possível ADN através de imagens. Uma ideia engraçada.
Hoje as imagens são aquelas, daqui a dois dias podem ser outras quaisquer...
Hoje o meu perfil é este.
Façam o vosso!

sábado, 24 de março de 2007

Uma hora a menos.
Um dia mais curto.
Faltou-me o tempo de tudo aquilo que não fiz.

Passatempos

Descobri isto...
Divirtam-se (com som)!

Lições de matemática

E Deus Criou a Mulher deu, há alguns dias, umas lições de matemática. Para quem quiser aprender, cá fica o índice:

-
Curva

Depois deste esforço mental, dedicou-se à primavera…

Truques do Expresso

O Expresso começou a distribuir a semana passada, juntamente com o jornal, uns cartões que permitem ter um DVD na compra do jornal na semana seguinte.
Confesso que não me pus a ver as datas de saída dos cartões e dos DVD com muita atenção, já que todas as semanas trago o jornal para casa. Mas pensei que na semana 1 tinha o cartão para o DVD na semana 2; nesta teria o cartão para o DVD da semana 3... e assim até ao último dos quatro DVD.
Qual não é o meu espanto hoje quando, no quiosque, a senhora me diz que na próxima semana é que viria o próximo cartão para o DVD seguinte. Saiu-me... "grandes aldrabões!"
Este truque para garantir a venda do Expresso ao longo de 8 semanas é um abuso!
Será que o Expresso precisa destes tipo de truques para vender?
Ainda mais estranho: o Expresso, que ao longo de todo o mês de Fevereiro ancorou muito do seu conteúdo no ambiente, faz milhares de cartões que servem de vale para a aquisição de um DVD na semana seguinte. Bem prega frei João... faz o que eu digo, não faças o que eu faço...

UE: 50 anos

"Os líderes dos 27 reúnem-se hoje e domingo, em Berlim, para comemorar os 50 anos da fundação da União Europeia, um encontro que pretendem aproveitar para relançar o processo de integração ameaçado pelo impasse na aprovação do Tratado constitucional.

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) vão domingo adoptar uma Declaração solene evocativa do processo de integração europeia, iniciado em 25 de Março de 1957, com a assinatura, em Roma, dos Tratados que instituíram a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom), percursoras da actual União." (fonte: SIC).
Ontem, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, fez 51 anos.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Série: "Irmãos e Irmãs"

A RTP 2 (agora é novamente este o nome…) estreia esta noite, às 22h30, a série “Irmãos e Irmãs”.
De origem americana (2006), e da autoria de Jon Robin Baitz, esta série conta a história da família Walker.



No site do canal, é esta a resenha da série:
“Os irmãos Walker, enquanto crianças partilham todos os bons momentos de juventude, mas enquanto adultos tudo se torna mais complicado, pois são pessoas muito diferentes, somente unidos pelo mesmo gene.
Os filhos de Henrry Walker e as suas respectivas famílias juntam-se para comemorar o aniversário de Kitty, só que o patriarca da família morre naquela noite.Com a sua morte, o elo de ligação mais forte entre todos rompe-se e todos são forçados a enfrentar a realidade das suas vidas.
Kitty, que tem sucesso na rádio, consegue um emprego em Los Angeles.
Thomas junta forças com a sua irmã, Sarah, uma poderosa executiva e mãe de três filhos, para tentar consertar o negócio de família.
Kevin sabe da notícia que a sua ex-mulher se vai mudar com o filho de 12 anos para o Texas.
Justin, veterano da Guerra do Golfo, deixou a nicotina, mas outras coisas não o vão deixar progredir com a carreira e vida amorosa.
As dificuldades de um filho autista estão a dificultar a vida de Sarah. Os gémeos vão descobrir muitos segredos que podem abalar os laços familiares ou torná-los ainda mais fortes.”


O elenco da série conta com Calista Flockhart, Patricia Wettig, Dave Annable, Matthew Rhys, Ron Rifkin, Rachel Griffiths, Jimmy "Jax" Pinchak, John Pyper-Ferguson, Balthazar Getty, Sarah Jane Morris, Sally Field.

Ao longo da semana fui vendo a publicidade a esta nova série. Fiquei curioso. Esta noite é o primeiro de 23 episódios.
Vou ver!

Avaliação: gostei!

Horas...


«Quatro confederações patronais escreveram ao primeiro-ministro, José Sócrates, a pedir a uniformização da hora legal em Portugal com a que está em vigor na maior parte dos países da Europa continental.
Na carta, a que o DN teve acesso, as cúpulas patronais da indústria, comércio e agricultura argumentam que "a diferença de uma hora provoca dificuldades nos contactos comerciais e o aumento nos custos com as deslocações dos empresários portugueses, obrigando a que, para estar presente em iniciativas que se iniciam ao princípio do dia, seja necessário viajar na véspera".
"A maioria das associações [patronais] entende que a hora legal portuguesa deve coincidir com a hora dos países da Europa continental, com os quais o nosso país mantém intensas relações comerciais, nomeadamente Espanha", lê-se na missiva enviada a Sócrates.»


Ainda sou do tempo do Governo Guterres, quando se adoptou a hora actual. Contra a barbaridade que era as criancinhas acordarem de madrugada para irem à escola.

Esta ideia peregrina é uma completa estupidez! Daqui a 10 anos vamos adoptar a hora da China? E porque não a dos EUA?
A Bolsa ja tem de abrir às 7h00 da manhã para a companhar a hora da "Europa".

E há também para aí outra ideia ainda mais peregrina, mudando o esquema mundial das 24h/dia para outra coisa qualquer por forma a "aumentar a produtividade".

Eu proponho: e se proibirem as pessoas de terem vida pessoal, hein? e passarem a dormir na empresa (assim tipo século XIX, por alturas da Revolução Industrial)?

É apenas uma sugestão, nao se acanhem....

quinta-feira, 22 de março de 2007

Meter água

Hoje, dizem os entendidos, é o dia da água.
A propósito desta data....
Na Ribeira dos Milagres, mais uma descarga desconhecida de efluentes de uma suinicultura. Depois do milagre de Fátima, este deve ser o maior milagre que há em Portugal: todos os anos ocorrem várias descargas na Ribeira dos Milagres e nunca ninguém conseguiu descobrir a sua origem.
Apenas uma ajuda: consta que fica em Leiria...
Na VISÃO de hoje, destacam um país a caminho da submersão: o Tuvalu. Segundo consta, "o arquipélago de Tuvalu pode ficar submerso pelas águas do Pacífico Sul num futuro não muito distante."
O Tuvalu tem apenas 26km quadrados, distribuidos por 9 ilhas (oito das quais habitadas). "A elevação máxima de Tuvalu é de apenas 5 metros, sendo muito susceptível às alterações climáticas." "A ilha já perdeu 3 mil dos seus 11 mil habitantes e o Governo tenta, sem êxito, obter apoio da Austrália." "A Nova Zelândia aceita, desde 2001, 75 refugiados por ano e já afirmou que, em caso de submersão acolherá os 8 mil habitantes, na sua maioria de origem polinésia, quie ainda permanecem em Tuvalu".
Só me questiono como será com o Quiribati. Amigo próximo do Tuvalu nas aulas de Introdução ao Direito, no longínquo 1º ano, com o Prof. Fernando Seara...
E ainda há quem se preocupe com a Caparica e o parque de campismo.... bah!

quarta-feira, 21 de março de 2007

Cantinho do poeta

Já há tanto tempo que não visito este cantinho, que nem sei em que número vai... De qualquer forma, como hoje é também o dia da poesia, pareceu-me um bom pretexto para voltar.
Fica o poema de Ivan Lins, "Começar de novo". Porque é também o dia em que - de novo - começa a uma nova estação. E vale sempre a pena começar de novo!
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido

Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
Começar de novo...

Uma grande perda

Nogueira Pinto abandona CDS ao fim de dez anos no partido.

A notícia estava no site do PÚBLICO: "É o fim. Após mais de uma década de militância, Maria José Nogueira Pinto bate com a porta e despede-se do CDS-PP. A ruptura será consumada após a realização do próximo conselho nacional."

E representa uma grande perda para um partido em luta autofágica. Uma mulher com nome, reconhecida, com obra feita, com valor para além do partido. Uma mulher de direita, desde sempre.

Primavera

Porque hoje começou a Primavera... apesar da ventania louca que se faz sentir há vários dias...
Até os autocarros comemoravam o dia... Na Carris, penduraram árvores perfumadas, a lembrar que também é dia da árvore... bah!

Falta de ambição

Depois de ontem o défice de 2006 ter sido fixado em 3,9% em vez de 4,6%, hoje o Governo reviu o valor previsto para este ano. E fixou-o em 3,3%.
Uma completa falta de ambição!
Num ano não se consegue passar de 3,9% para abaixo dos 3%?
É claro que este ano Portugal tem a presidência da União Europeia no segundo semestre, mas isso não é motivo para não continuar a reduzir o défice.
Ou não será a preparação de mais uma manobra de propaganda, para no início de 2008 anunciar que afinal o défice ficou abaixo do previsto, e que o Governo é fantástico? E aliar isso a uma descida de impostos, que aponta para as eleições legislativas do ano seguinte?

Botânica, envelhecer, primavera... e outros

Excelentes e interessantíssimas duas reportagens que a SIC apresentou no Jornal da Noite. Uma sobre “saber envelhecer”, outra no Jardim Botânico, a propósito do início da primavera, tendo como guia Bagão Félix.
Na primeira, abordaram as questões que se põe aos “velhotes”, para se manterem ocupados, para terem interesses, terem relações sociais, terem momentos de lazer…. e não ficarem em casa à espera do fim.
Um técnico qualquer lembrou que ir para o jardim jogar às cartas não é solução. Pois as pessoas ficam entretidas, mas não têm nem desenvolvem verdadeiras relações afectivas e sociais. As conversas andam sempre à volta do jogo e nada mais.
E mostraram também os casos das universidades da terceira idade. Em que, ao mesmo tempo que estão ocupados, os reformados aguçam a curiosidade, aprendem coisas diferentes. Exercitam a cabeça.

E aqui faço a passagem para a conversa com Bagão Félix, no Jardim Botânico. Este diz q ler e aprender tanta coisa sobre as plantas, os seus nomes, características, e outros, são uma forma de exercitar o cérebro. Coisa muito importante na sua idade.
É magnífica a forma como Bagão Félix disserta sobre botânica, com à-vontade, ligando natureza e realidade social e política.


Dando mais um salto… esta juventude de espírito põe-me a pensar no passar dos anos. Isto deve ter a ver com a crise dos pré-trintas… Sim, está quase… e o tempo não pára.
Há alguns dias a Nocas escreveu sobre essa barreira psicológica. E deixou-me aliviado. Será mais um dia como outro qualquer. E uma amiga minha disse, há algumas semanas, que nós homens não devemos ligar a essa idade: a nossa fronteira são os 40. Portanto, ainda tenho 10 anitos de jovialidade pela frente. Os 30 só contam para as mulheres.
Mas como não sou propriamente o génio das relações sociais, tenho um bocado de receio da solidão. E esse é uma característica que, dizem, se acentua com a velhice.
Se nesse tempo ainda houver blogues, faço mais alguns. E aproveito para desenvolver uns heterónimos ou pseudónimos, ao melhor estilo de Fernando Pessoa.

terça-feira, 20 de março de 2007

Um novo partido?

"Paulo Portas irá retirar «todas as ilações» do que se passou no Conselho Nacional de domingo, mas só falará depois da decisão do Conselho de Jurisdição, disse fonte próxima do ex-líder do CDS-PP" (notícia no SOL).
Santana Lopes também já mandou para o ar a ideia de fundar um partido a semana passada. E antes.

Para a guerra?

Esta manhã, no autocarro a caminho do trabalho, uma cena caricata.
Um homenzinho, pelos 50 anos, entrou no autocarro. Vestido de fato xadrez e gravata, próprio para a idade. Na mão, uma pasta com umas folhas.
Pormenor: na cabeça trazia um capacete. Sim!, daqueles que os soldados usam na guerra. Com a "coisa" para apertar no queixo.
Mais um pormenor delicioso: por cima do capacete, um gorro preto dqueles que os dreads usam, de uma marca qualquer.
Nada melhor para começar o dia com um sorriso...

3,9%

Ontem o INE anunciou que afinal o défice tinha ficado pelos 3,9%, bem abaixo dos esperados 4,6%.
"O défice público português ficou nos 3,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2006, um valor melhor do que os 4,6 por cento previstos pelo Governo, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE)." (notícia na TSF).
Uma excelente notícia. Falta saber se este valor se deveu a cortes nas despesas correntes ou nas despesas de investimento.
Entretanto, alguns já vieram pedir a descida de impostos. Na linha daquilo que o PSD já vem dizendo há vários dias. Um disparate! Ao qual Manuela Ferreira Leite já respondeu dentro do partido laranja.
Só Ribeiro e Castro, apesar da confusão em que o CDS está mergulhado, foi lúcido. "O líder do CDS-PP elogiou o Governo, e em particular o ministro das Finanças pela redução do défice público. Ribeiro e Castro concorda também que é prematuro falar nesta altura em baixa de impostos." (notícia na TSF).
Os problemas nacionais não estão resolvidos. É certamente uma boa notícia para o Governo e para o País. Mas ainda há muito a fazer.
Pena que este Governo viva excessivamente de manobras propagandísticas.

'Bora dormir!


Segundo dizem, hoje é o Dia Mundial do Sono.

E o Infarmed diz que os "portugueses gastaram 80 milhões de euros em 2006 em sedativos, hipnóticos e ansiolíticos".

segunda-feira, 19 de março de 2007

Dia do Pai

In memorian.
Fez três anos em Janeiro. Tanto tempo e tão pouco.

Uma vergonha!

Foi o que se passou ontem em Óbidos, no Conselho Nacional do CDS. Aquelas discussões ao pior nível, fazendo ofensas pessoais entre os participantes.
Paulo Portas, quando anunciou a sua candidatura, disse, com todas as letras, querer uma solução “legalista”. Não percebi esta peixerada!
Pelo que percebi, as regras foram cumpridas: quando há mais de 1000 militantes a pedir um congresso, o Conselho Nacional só o pode aceitar e anunciar.
Truques procedimentais não se coadunam com um partido decente.

Acredito que Portas possa vir a ser um líder mais eficaz para o partido, mas não desta forma.
Existem regras. A liderança do partido – de um qualquer partido – não se faz de assalto, em versão golpe de Estado. É certo que a direcção de Ribeiro e Castro tinha prometido alterar os estatutos para que o líder fosse eleito directamente pelos militantes, mas não o fez ainda. Portanto, a eleição do líder em congresso é que vigora.

Nestes dias, Ribeiro e Castro tem mostrado uma garra e combatividade que não se lhe conhecia. Ainda esta noite, fez – “a frio” – uma dura intervenção sobre o que se passou ontem em Óbidos. E, frontalmente, atacou Portas.
Uma guerra fratricida é que não vinha a calhar. Enfraqueceria ainda mais o partido.
Se as duas linhas de liderança forem inconciliáveis, porque não uma liderança de Maria José Nogueira Pinto?
Mais notícias aqui, aqui, aqui e aqui.

Já se sabia...

Com esta ideia do Governo de fechar urgências, centros de saúde, maternidades e afins em toda a terreola que não tenha mais de cinco gatos pingados...
No Jornal da Noite, da SIC, a notícia: "Idosa morre em Pombal devido à demora dos meios de socorro em encontrar a habitação da vítima".
Já ontem à noite, na SIC Notícias, Pedro Santana Lopes avisava para coisas parecidas: a partir de agora, as crianças vão passar a ser registadas como "nasceu numa ambulância entre X e Y".
Depois queixem-se que o interiro está a ficar (ainda mais) abandonado...

domingo, 18 de março de 2007

A pergunta que se impõe...

Ao longo da maratona somos testemunhas de alguns episódios no mínimo caricatos...
A certa altura, ali por Alcântara, está um atleta caído no asfalto. Um atleta da Meia Maratona. As faixas e as provas estavam separadas por um varandim. Mas português que o seja, tem de espreitar o que se passa, pois claro! E dar o seu parecer de especialista.
E eis que uma jovem ao nosso lado faz a pergunta que se impõe: de que côr é que ele está vestido?

Mini Maratona: relatório

Domingo. 18 de Março.
Acordar cedo, e partir.
Manhã soalheira. De primavera. Ou seja, 15º ou 16º quentes. Costuma ser frio.
Apanhar comboio. Já vários atletas prontos para a aventura.

A Mini Maratona Vodafone. 7 Km.
De t-shirt amarela. Não gostei da cor.
Algumas fotos. Este ano portei-me bem. Entre a partida de casa e a chegada a casa, só tirei 123 fotos. Nada de mais…

36 mil pessoas segundo dizem. Mais os não inscritos, deve dar uns 40 mil. Nada mau! E mesmo assim, encontrar uma amiga por lá. Um feito!

Vamos ao que interessa: algumas imagens…

Aliviar o corpo, para andar melhor


o Senhor pronto a bater palmas aos atletas...



a partida... ou mais ou menos...





o início, com mais ponte...





o nosso amigo Libório, que nos acompanhou sempre na ponte...





entre outros, os vikings...

e o mexicano...

à passagem pelos 18 km. Da meia maratona, claro!
Na mini, devíamos ir pelos 5...

sob a ponte...

a meta no horizonte... e os Jerónimos...

tempo à passagem pela meta.... descontar 5-10 minutos

confusão após a meta... e entrega de medalhas...

descanso dos atletas após os gelados...

a medalha!