quinta-feira, 29 de março de 2012

Uma Passos Coelho sólido

Só hoje pude ver a entrevista de Passos Coelho, à TVI, ontem.
Está cada vez melhor. Sólido. Seguro. Sem o que estávamos habituados na arte da areia para os olhos. Bem preparado, conhecedor dos assuntos. Em português claro e sem artes de prestidigitador. 
A entrevistadora é que queria certezas onde não são possíveis. E Passos Coelho teve uma paciência de santo para responder a uma série de insistências descabidas da parte de Judite de Sousa.

Como disse há uns dias: se continuar assim, será um dos melhores primeiros-ministros que Portugal já teve.

domingo, 25 de março de 2012

Mini-maratona 2012

Último fim-de-semana de Março e eis que há maratona em Lisboa.
Entre atletas e passeantes, a Ponte 25 de Abril encheu-se de gente. Jovens, velhos, crianças. Este ano não vi cromos. 
Desta vez fui decidido a reduzir os tempos da minha prestação. E consegui. 
O ano passado fiz em 1h37. Este ano consegui entre 1h05 e 1h10. O meu melhor de sempre!
Para 2013 o objectivo é, no máximo, fazer a prova em 01h00.

Este ano fiz cerca de 1/3 da prova a correr.
Com a companhia da Aurea em todo o percurso.

Houve menos fotos. Mas aqui ficam algumas para recordar.




O senhor da estátua continua de braços abertos para bater palmas...

Pela primeira vez desde que participo cheguei ao fim da ponte sem se ver um único atleta na parte de baixo... 

 A menina gira da Tezenis a olhar para nós...
O fotógrafo criativo à chegada da meta... 
A banana da Madeira em grande nesta prova... 
 O único cromo que vi em toda a prova...



quinta-feira, 22 de março de 2012

Em dia de greve "geral"

A malta das greves teve mais um dia de "grandes adesões".
Graças à adesão dos transportes públicos - empresas falidas, mas deve ser uma mera coincidência e um acaso dos diabos - muitos portugueses foram obrigados a ficar em casa.
Àqueles que não conseguiram obrigar a ficar em casa, torturam com "piquetes de greve" com benevolentes palavras - e acções - mobilizadoras. Claro, os que querem ir trabalhar só foram chamados de fascistas para cima, mas isso é perfeitamente democrático se sair da boca dos grevistas encartados.
À noite, quando questionado pelos números da adesão, Arménio Carlos diz que foi semelhante às greves anteriores. 
Não parece que assim tenha sido, mas se ele diz é por que é verdade.

Para ajudar nesta importante tarefa de fazer o país a sair da crise, houve ainda distúrbios na baixa lisboeta. Mas se os grevistas partem, vandalizam e afins, é pelo bem de todos nós. Continuamos a pagar ainda mais e agradecemos o empenho.

E se esta malta fosse fazer greve para a Coreia do Norte, hein?!

Perante o sucesso da greve (que foi "geral" por ter sido a CGTP a meter na rua os comunistas do costume), Arménio Carlos pediu uma reunião de emergência ao Primeiro-ministro.
Pedro Passos Coelho, que respondeu bem a esta malta na Universidade do Porto, devia recebê-los, deixá-los falar sozinhos durante uma hora e depois voltar ao trabalho.

Tenho para mim que, se Passos Coelho mantiver o rumo e a atitude que tem tido até agora, virá a ser um dos melhores Primeiros-ministros que o país já teve.
Mas isso sou eu que sou fascista.

domingo, 18 de março de 2012

Curtas

1 - 
Será legal, não haverá incompatibilidade, mas não parece legítimo.
Legalidade e legitimidade não são bem a mesma coisa.
A questão que ponho é outra: tem de ser um consultor externo a coordenar as privatizações?
Não há ministros para tratar disso?

2 - 
Mais uma vez, o espanto do mundo jornalístico...
Ele, tal como qualquer cidadão português com mais de 35 anos, pode candidatar-se ao cargo.  Portanto, o que não faria sentido era dizer que não o vai fazer.
Já agora, em 2016 também eu tenho mais de 35 anos. Se calhar também me candidato.
(Curiosidade: em Portugal, para ser candidato presidencial são necessárias 7500 assinaturas; em França bastam 500).

3 - 
Temos Álvaro! 
Não embrulha as respostas. Diz ao que vem. E não está ali para ver passar os navios.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Blogosferando - 70



"Hoje, sinto uma enorme gratidão para com Henrique Gomes e a troika.

Com o seu voluntarismo e a mesma peculiar crença em «homens novos» que já conduziu às maiores chacinas, os socialistas encomendaram há anos a um senhor um plano geral sobre energias renováveis, o qual senhor o fez. Invocando os argumentos razoáveis do nosso défice energético e da nossa dependência externa, o plano procedeu, portanto, ao fomento das energias renováveis - vento, sol e marés. Como todas as distorções de mercado que sempre se pretendem benfazejas, esta agradou a toda a gente que detesta a liberdade económica e a algumas pessoas em particular - como, a mero título de exemplo, a fundamentalistas verdes como Carlos Pimenta, que vê defendido o seu credo, do mesmo passo que recolhe os proventos de ser quadro de uma empresa de energia eólica; como, por exemplo, a provincianos como o primeiro-ministro Sócrates que, enquanto conduzia o país à ruína, podia reivindicar periodicamente uns galões de modernidade, uns futuros vanguardistas, e outras patetices caríssimas. Só não agradou, é claro, aos consumidores. É natural. O mercado distorcido e não concorrencial de electricidade em Portugal alegra e alimenta luxos ambientalistas, fabricantes de turbinas, provincianos arrivistas, autarcas modernaços, e grandes negociatas. Mas aos consumidores-papalvos foi assacada a tarefa de subsidiá-los. E, assim, para além de viverem em situação de monopólio de facto, com consequente inflação das tarifas, os consumidores suportam ainda uma sobretaxa de 40% sobre os seus consumos eléctricos (coisa que os beneficiários da trama e os cínicos dizem ser para bem deles).

É por isso que estou hoje profundamente agradecido ao ex-secretário de estado da Energia, Henrique Gomes, ao demitir-se em protesto contra este estado de coisas. É por isso que, pela primeira vez, aplaudo a nossa perda de soberania e a vontade datroika, que espero ver imposta, mesmo contra este governo e contra os abusos eléctricos. Para extorsão, já basta o fisco."

terça-feira, 13 de março de 2012

Curto-circuito

"Henrique Gomes, que será substituído por Artur Trindade, director do serviço de custos e proveitos da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), encontrava-se há vários meses sob fogo cerrado, com a promessa de revisão dos subsídios pagos à indústria eléctrica, nomeadamente às empresas de energia eólica e à cogeração e com a EDP no alvo. A mudança no modelo de ajudas ao sector eléctrico consta das medidas que a troika inscreveu no memorando de entendimento."

"O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, comprometeu-se hoje a “prosseguir as reformas estruturais” para o sector da energia com que o país se comprometeu perante a troika, num comunicado em que agradece o trabalho do secretário de Estado da Energia, cuja demissão foi conhecida ontem."

domingo, 11 de março de 2012

Pessoa - plural como o universo



De uma forma simples e esteticamente atraente, dão-se a conhecer os vários heterónimos de Pessoa e alguns textos de todos eles.
Vale bem a pena!
E depois sabe bem um passeio pelos jardins da fundação.


A Dama de Ferro

É um filme em dois registos: ora a senhora velha, delirante, com Alzheimer, ora a Primeira-ministra que mudou o Reino Unido com o seu braço de ferro. 
No primeiro registo o filme é cansativo, maçador, desinteressante (quero lá saber das alucinações da senhora doente presa em casa!); no segundo registo achei interessante, uma espécie de biopic, uma reprodução da vida e acção de Margaret Tatcher na política inglesa. 
Preferia que o filme fosse simplesmente sobre a vida de Margaret Tatcher e a sua importância no campo político. Ao ser centrado na sua velhice e com os constantes flashbacks ao seu passado político, o filme é quase como o Titanic. O coração deste filme é - devia ser - a vida de Tatcher, não a sua decadência e velhice.
Meryl Streep é camaleónica! Consegue transformar-se por completo em cada nova personagem, e aqui não é excepção. Está uma Dama de Ferro muito real e convincente.

O perigo da história única



quarta-feira, 7 de março de 2012

Coisas que não entendo

Nos últimos dias tem sido notícia a mudança da empresa que faz as medições das audiências televisivas.
Alegadamente, a escolhida era a pior em termos técnicos, mas a mais baratinha.
Para esta nova medidora a RTP caiu a pique.
A RTP contesta. Que a coisa é mal medida. E mais não-sei-quantos.
O que faz então a RTP?

Se perdeu, a culpa é de quem não vê a RTP - não de quem mede a audiência.
Se a medição não presta, a audiência é igual à anterior, logo não perdeu audiências.
Publicidade? Mas a RTP não é paga pelos impostos dos portugueses (mesmo daqueles que não a vêem ou nem sequer têm TV)?

Estou a dizer alguma barbaridade?

segunda-feira, 5 de março de 2012

O novo Público


Numa palavra: gostei!
Muito semelhante à edição de domingo, muito agradável graficamente, bastante completo e enriquecido no tratamento dos assuntos.
Ao 22º aniversário, o jornal está de parabéns.

Chico-espertices

Hoje o Público saiu com o novo grafismo e era oferta em banca.
No quiosque onde fui, o jornal não estava à mostra na banca. Estranhei. Poderia estar já esgotado.
Perguntei ao senhor. Com dificuldade (pois o senhor não era português, mas oriental) percebi que estava dentro do DN. E para levar o Público tinha de comprar o DN.
Como estava com pressa, e 1,10€ não são uma fortuna, comprei o DN para poder ter o novo Público.
Entretanto, já apresentei esta situação no mínimo estranha ao jornal Público. O mesmo já sabe qual o quiosque que praticou esta chico-espertice.

É assim que Portugal vai ser levado a sério (sejam cidadãos portugueses ou imigrantes)?

Putin - versão 3.0


Putin regressa à presidência depois de 4 anos de interregno como primeiro-ministro da Rússia.
O homem que em 1999, pela mão de Ieltsin, aparecia como um elemento renovador da política russa (embora vindo da escola do KGB), agora é o génio de uma rede de poder que controla o país e a economia, e que cada vez mais deixa em dúvida o que será uma democracia no país dos czares.
Com a mudança do tempo de mandato presidencial para 6 anos, o homem forte do Kremlim pode permanecer até 2024, com 72 anos de idade...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Consta que está tudo louco...

No semanário SOL:

"Dois investigadores, um italiano e uma australiana, defendem nas páginas do Journal of Medical Ethics (JME)- uma conceituada publicação da área da medicina - a ideia de aborto pós-parto. De acordo com Alberto Giubilini e Francesca Minerva, do ponto de vista moral, matar um recém-nascido, em nada difere de praticar um aborto.

Os investigadores das universidades de Filosofia de Milão e de Melbourne argumentam no artigo 'After-birth abortion: Why should the baby live?' ('Aborto pós-parto: Porque deve o bebé viver?') que um feto e um recém-nascido são dois seres «moralmente equivalentes», na medida em que ambos estão num estádio em que apenas têm o potencial para se tornarem pessoas. Como nenhum dos dois possui consciência, as mesmas razões que justificam o aborto sustentam o infanticídio.

No resumo da sua exposição explicam que «o aborto pós-parto deveria ser possível em todos os casos em que o aborto o é, e explicitam: «Inclusive quando não há malformações no feto»." 


Só para chatear: 
de facto, um feto é um ser humano tão completo como um recém-nascido.
Pela mesma lógica dos prazos para realização do aborto, se o prazo for alterado para cima ou para baixo, qual a diferença? Um feto é menos pessoa às 10 semanas que às 35?

O renascer do Estado-nação

Um artigo muito interessante de Dani Rodrik, professor de Harvard, no Público:

"Um dos mitos basilares da nossa era é o de que a globalização condenou o Estado-nação à irrelevância. Ouvimos dizer que a revolução nos transportes e comunicações fez desaparecer fronteiras e encolheu o mundo. Os novos modos de governação que vão das redes transnacionais de reguladores até às organizações internacionais da sociedade civil e às instituições multilaterais estão a transcender e a suplantar os legisladores nacionais. Diz-se que os responsáveis políticos internos se sentem bastante impotentes perante os mercados globais.

A crise financeira mundial abalou este mito. Quem socorreu os bancos, injectou liquidez, promoveu incentivos fiscais e estabeleceu as redes de segurança para os desempregados, para impedir uma catástrofe crescente? Quem está a reescrever as regras de fiscalização e a regulamentação do mercado financeiro para evitar outro incidente? Quem recebe a maior parte da culpa por tudo o que corre mal? A resposta é sempre a mesma: os governos nacionais. O G-20, o Fundo Monetário Internacional e o Comité de Basileia de Supervisão Bancária têm sido, em grande parte, elementos marginais.

Mesmo na Europa, onde as instituições regionais são relativamente fortes, o interesse nacional e os políticos nacionais, em grande parte, na pessoa da chanceler alemã, Angela Merkel, têm dominado a definição de políticas. Se a chanceler Merkel se tivesse mostrado menos apaixonada pela austeridade para os países endividados da Europa e se tivesse conseguido convencer os seus eleitores da necessidade de uma abordagem diferente, a crise da zona do euro teria tido contornos bastante diferentes. 

No entanto, mesmo com a sobrevivência do Estado-nação, a sua reputação está a ruir. O assalto intelectual ao Estado-nação assume duas formas. Na primeira, há a crítica de economistas que consideram que os governos são um impedimento à livre circulação de mercadorias, capitais e pessoas por todo o mundo. Impeça-se a intervenção dos responsáveis políticos nacionais com os seus regulamentos e barreiras, dizem eles, e os mercados globais cuidarão de si próprios no processo de criação de uma economia mundial mais integrada e eficiente.

Mas quem vai ditar as regras e a regulamentação do mercado, se não os Estados-nação? O laissez-faire é receita para mais crises financeiras e para um maior retrocesso político. Além disso, seria necessário confiar a política económica a tecnocratas internacionais, isolados como estão dos incentivos e desincentivos da política – uma posição que circunscreve seriamente a democracia e responsabilidade política.

Em suma, o laissez-faire e a tecnocracia internacional não fornecem uma alternativa plausível ao Estado-nação. Na verdade, a erosão do Estado-nação, em última análise, é pouco benéfica para os mercados globais enquanto não existirem mecanismos viáveis de governança global.

Na segunda forma existem especialistas em ética cosmopolita que condenam a artificialidade das fronteiras nacionais. Como afirmou o filósofo Peter Singer, a revolução das comunicações gerou uma "audiência global" que cria a base para uma "ética global". Se nos identificamos com a nação, a nossa moral permanecerá nacional. Mas, se cada vez mais nos associarmos ao mundo em geral, as nossas lealdades irão igualmente expandir-se. Da mesma forma, o Nobel da Economia, Amartya Sen, fala das nossas "múltiplas identidades" – étnicas, religiosas, nacionais, locais, profissionais e políticas, muitas das quais atravessam fronteiras nacionais.

Não está claro que uma parte disto tenha por base um optimismo exacerbado e que outra parte seja baseada em mudanças reais de identidades e ligações. As pesquisas mostram evidências de que a ligação ao Estado-nação continua a ser bastante forte.

Há alguns anos, a associação World Values Survey inquiriu os entrevistados em dezenas de países sobre a sua ligação às comunidades locais, às nações e ao mundo em geral. Não é de admirar que aqueles que se viam a si mesmos como cidadãos nacionais ultrapassavam em muito aqueles que se consideravam cidadãos do mundo. Mas, surpreendentemente, a identidade nacional ensombrava até a identidade local nos Estados Unidos, Europa, Índia, China e na maioria das outras regiões.

As mesmas pesquisas indicam que as pessoas mais jovens, as que têm qualificações mais elevadas, as que se identificam a si mesmas como classe superior, têm mais tendência a associar-se com o mundo. No entanto, é difícil identificar qualquer segmento demográfico cuja ligação à comunidade global supere a ligação ao país.Por muito grande que tenha sido o decréscimo nos custos das comunicações e transportes, não apagou a geografia. A actividade económica, social e política continua a agrupar-se com base em preferências, necessidades e trajectórias históricas que variam em redor do globo.

A distância geográfica é um determinante de intercâmbio económico tão forte como era há 50 anos. Afinal, nem mesmo a Internet é tão desprovida de fronteiras quanto parece: um estudo descobriu que os americanos têm muito mais tendência a visitar sites de países que estão fisicamente próximos do que de países que estão longe, mesmo após as medidas de controlo de linguagem, rendimentos e muitos outros factores.

O problema é que ainda estamos sob o domínio do mito do declínio do Estado-nação. Os líderes políticos alegam impotência, os intelectuais sonham com esquemas implausíveis de governança global e os perdedores culpam cada vez mais os imigrantes ou as importações. Quando se fala sobre a reabilitação do Estado-nação, as pessoas respeitáveis correm a esconder-se, como se estivéssemos a propor reavivar a peste.

Para ser mais preciso, a geografia de ligações e identidades não é fixa, na verdade, tem mudado ao longo da história. Isso significa que não devemos descartar totalmente a possibilidade de que uma verdadeira consciência global se venha a desenvolver no futuro, em conjunto com comunidades políticas transnacionais.

Mas os desafios actuais não podem encontrar respostas em instituições que (ainda) não existem. Por enquanto as pessoas ainda têm de procurar soluções nos seus governos nacionais, que permanecem a melhor esperança para a acção colectiva. O Estado-nação pode ser uma relíquia que nos foi legada pela Revolução Francesa, mas é tudo o que temos."