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sábado, 3 de abril de 2010

Os cadeados do amor, em Roma


No suplemento Fugas, hoje, o Público presenteia-nos com uma crónica muito interessante e curiosa. Bem em contraste com a destruição patente no post anterior.
A cidade é Roma. O assunto, um símbolo do amor eterno entre namorados.

"A lenda dos cadeados da Ponte Milvio já se tornou uma verdadeira atracção turística para os namorados.
(...)
Tudo começou com um romance, Ho voglia di te (Quero-te), de Federico Moccia, um culto para os adolescentes, onde era celebrado o ritual do cadeado, com os nomes dos namorados, eventualmente com uma frase romântica, ligado a um porte da Ponte Milvio. Fechado o cadeado com a chave, e atirando-a às águas do rio Tibre... será amor eterno."

A coisa até tem direito a site, onde podemos ver mais fotos de amores eternos. Tudo selado com um cadeado.

domingo, 14 de junho de 2009

À descoberta de... Aveiro (dias 2 e 3)

O segundo dia em Aveiro começou cedo.
Sendo sábado, quis ir à praça do peixe, vê-la em funcionamento, cheia de gente.
Desilusão. Cheguei lá por volta das 9h e estava praticamente vazia. Nem clientes, nem vendedores. Deu tão-só para dar uma volta e tirar algumas fotos à exposição que lá estava devido à pesca excessiva, com peixes a cair do tecto. Interessante, a ideia da exposição.

De seguida, como era perto, fui à Igreja da Apresentação. Por fora, bastante simples. Por dentro, vestida de motivos dourados.

O meu destino nessa manhã era longínquo, pelo que fiquei à beira do Canal Central à espera da camioneta, enquanto ia vendo o ambiente. Aguardava partir rumo à Costa Nova e à Barra. Era ali que ia encontrar as coloridas casas típicas de Aveiro e o famoso farol. A viagem levou cerca de 30 minutos.
Durante o percurso vou reparando no ambiente piscatório, nas pessoas de meia idade a andar de bicicleta, numa rua gigante, na Gafanha da Nazaré, que me fez lembrar a Nazaré. Só faltavam os letreiros ou as pessoas a dizer “aluga-se”.
Ao chegar à Costa Nova, o maravilhamento. Ali estava uma série das tradicionais casinhas coloridas. O dia soalheiro acompanhava.

Andei ali a espreitar as casas, a fotografar aquela alameda de cores, com a Ria ali em frente.
O sol estava quente, apesar da brisa constante.

Acabei por sentar-me numa esplanada. Descansar, reabastecer energias, ler a Visão. Ainda perguntei se o percurso até à Barra era longe, e como se ia lá ter.
Havia um passadiço sobre as dunas, ali atrás da igreja.

Passadiço convidativo. De um lado dunas. Do outro mar e mar e mar. E a brisa fresca a bater. Não se dava pelo calor.

Segui pelo passadiço… que infelizmente não acompanhava todo o percurso até à Barra. Tive de voltar à estrada. À torreira. Tenho de comprar um daqueles chapéus à Sampaio.
Muitas casas de verão, de praia, naquela zona. E um pormenor curioso neste concelho de Ílhavo: há passeio durante uns metros, ou durante uma casa, depois deixa de haver, mais à frente volta a haver… uau!
Chego à Barra, não sei quantos quilómetros à frente, completamente exausto. E eu, que nem me vou abaixo assim facilmente em caminhadas… Acabo por procurar sombra, e um sítio para almoçar. Acreditam se disser que comi um “menu executivo” por apenas 6€ e com direito a sopa, peixe grelhado, bebida e café?

O Farol de Aveiro, na Barra, impõe respeito. Enorme! Apenas acho estranho ter as cores esbatidas. Suponho que seja pelo sol e brisa constantes na zona.

Ali ao lado, um cartaz com um "trilho natureza", entre a Ria e o Mar. A castanho, os percursos com passadiço. O circuito inteiro são 11,5 Km. Eu fiz o percurso entre o extremo esquerdo e o lado direito, onde está uma seta, no fim do passadiço. É só calcular os quilómetros...

É hora de regressar a Aveiro. Procurar uma paragem e ficar à espera da camioneta, pois não imagino a que horas passaria a próxima. Pouco depois chegou uma rapariga que tinha vindo de manhã. Olha para um papelinho de horários. Pergunto-lhe a que horas seria o próximo, mas também não sabe. É inglesa (ou seja lá o que for, fala inglês…) e também não sabe nada de nada. Turistas, bah!
Uns 20 minutos à espera e eis que voltamos a Aveiro.

Na cidade, ando pela Praça da República e pela Praça Marquês de Pombal.


Lembro-me de a senhora do hotel ter referido um percurso ao lado da Universidade de Aveiro, na parte de baixo. Vou à procura, faço uma parte do percurso, mas não tem nada de especial. É um lamaçal, com um estrada muito estranha, pouco frequentada. Não me inspirou confiança e voltei ao centro da cidade.
Ainda fui até à Estação. E de lá meti-me por uma “paralela” à Lourenço Peixinho, tentando ver o que havia por ali. Era uma zona velha da cidade. Muitos prédios degradados.
Acabo sentado numa esplanada da enorme Praça Marquês de Pombal. Descanso, leio o jornal…
Ainda passo pelo Rossio e ali fico a ver os moliceiros, o Canal Central, as cores de um fim de tarde. Definitivamente adoptei aquele espaço.


Ao fim do dia, o fenómeno musical das andorinhas repete-se.

Aveiro fica bonito ao cair da noite.
Mas hoje foi um dia extenuante. A caminhada entre a Costa Nova e a Barra foi cansativa. Tenho a cara vermelha do sol… quase um pimento, não fosse noite de Santo António por terras de Lisboa. Um After Sun deve ajudar.

Amanhã será mais um dia.

O terceiro dia é mais calmo. A cidade está vista. Só faltam pormenores.
Logo de manhã, vou espreitar o canal que faltava, o Canal do Paraíso. Nome pomposo para um pequeno canal. Nada a relatar, além de ter encontrado vários gatos pelos arredores.

Faltava ir às Barrocas. Depois de encontrar o sítio no mapa, lá vou eu. Trata-se de uma igreja, encalhada numa zona habitacional, quase oculta. Está fechada.

Ali ao lado vejo uma coisa que nunca tinha visto ao vivo: um lavadouro público.

Regresso aos arredores do Fórum e por ali fico. A manhã está fresca. As pessoas começam a passar, as ruas a encher-se de gente.

Pouco depois é hora de voltar a Lisboa.

De outra cidade cantam que “tem mais encanto na hora da despedida”. Ainda nem parti e já sinto saudades de Aveiro.
Agarrei-me à cidade, ao seu ritmo, às suas cores, aos canais, aos jardins. É calma, pequena, sem a loucura de uma grande cidade. E tem espaços de repouso. Gostei imenso das praças que se abrem após ruas estreitas. Das esplanadas que nascem em muitos cantos. Da luz.
Depois de conhecer Aveiro, acho um abuso dizer que um dos adjectivos de Lisboa é “luz”.

Hei-de lá voltar, sem dúvida. Encheu-me as medidas.
É um sítio excelente para abrandar o ritmo. Para espairecer. Para permanecer.
E quero ver Aveiro vestida com as cores de Outono.


À descoberta de... Aveiro (dia 1)

Aproveitando os feriados e com uns dias de férias (tecnicamente é mais uma pausa…), fui à descoberta de Aveiro.
Mala a tiracolo, mapa na mão, e a indispensável máquina fotográfica.
Logo pela manhã do dia 11, apanho o InterCidades rumo à Veneza portuguesa, como também é conhecida a cidade.
Chego por volta do meio-dia. E começo a descobrir a cidade, enquanto atravesso a Av. Lourenço Peixinho rumo à Praça Humberto Delgado.
Ali a desorientação começa. Os mapas que consegui na net são maus. Andei às voltas quase uma hora. Muitas ruas não têm qualquer placa com o nome (uma dificuldade que se irá repetir nos dias seguintes), as pessoas a quem perguntei também não sabiam. Nem um polícia, que disse que “deve ser por ali”. Obrigadinho.
(Outra descoberta quanto à toponímia aveirense são várias ruas com o mesmo nome. A mais comum é Homem Cristo...).
Volto à Rua Clube dos Galitos, e encontro ali em frente um edifício com o hotel que procurava. Não era ali, mas sim numa rua ao lado. O hotel tem dois espaços: um é hotel, outro é residencial.
Encontrado o sítio para estadia, a pergunta sacramental: tem um mapa da cidade?
Tinha. E a senhora que me atendeu, sabendo já que eu ia um bocado à descoberta, esteve ali a indicar-me uma série de sítios a visitar. Óptimo.
Depois do almoço, a grande experiência em Aveiro: passear nos moliceiros pelos canais que abraçam a cidade. É indescritível!

E tive a sorte de o “meu” barco ser guiado por dois malucos: um velhote, que teria 83 anos, e um rapaz que, se o encontrasse na rua, eu teria cuidado: aspecto algures entre marginal e Jesus Cristo. São estes dois que se vêem ali no centro da foto...

Durante o passeio, o rapaz ia contando o motivo dos nomes dos canais, um pouco da história da cidade, ia explicando como era a apanha do moliço, o que se passou no fim do Canal do Côjo, para actualmente ter o Lago da Fonte Nova…. E, também ali, o Hotel Melià Ria, o único no país com 9 estrelas. Gargalhada geral no barco. (Ficai curiosos, mas não vou contar onde está a piada disto…).
Com estes guias brincalhões e bem dispostos aprendemos que há dois tipos de barcos:
- mercantel: de poucas cores, com capacidade até 22 toneladas;
- moliceiro: coloridos, com quatros painéis, com capacidade à volta de 5 toneladas, transportavam o moliço para adubar as terras. Nos painéis estão retratados momentos da cida de Aveiro, um painel a apelar à nacionalidade, e um com uma frase "maldosa".
- que os canais têm nomes diferentes para os marnotos (homens dos moliceiros) saberem onde iam deixar o moliço. Os canais, tal como as ruas, têm nomes diferentes. Por exemplo, o Canal das Pirâmides chama-se assim por ficar ao lado da Troncalhada, onde surgem as pirâmides de sal...

Neste passeio começo a ter a noção de uma coisa: Aveiro é uma cidade-espelho. Toda ela se reflecte nos canais, e isto dá-lhe umas cores mágicas, irreais.

Feito o passeio de barco, depois fui fazer a pé um passeio mais ou menos semelhante, contornando o Canal Central e o Canal de S. Roque. Queria tirar fotografias a alguns sítios que vi quando tinha passado no barco: a ponte da “Abraço”, a ponte de Carcavelos, umas casinhas coloridas que tinha visto por ali…

Ponde de Carcavelos sobre o Canal de S. Roque.

(ao fundo, a Ponte dos Botirões, a tal da Abraço)

É assim que vou parar ao Largo da Praça do Peixe. Uma praça toda modernaça, vestida de arquitectura bonita. E uma exposição no interior sobre espécies em extinção devido à pesca excessiva. O mercado estava fechado, mas sentei-me ali numa esplanada. Era hora de descansar, olhar, tirar uns apontamentos, estudar o mapa.
E reparo nesta particularidade...

Enquanto ali estou, aparece um senhor a tocar violino. Pobre, triste. Tenta entoar uma música portuguesa, a custo descubro qual. Ele, entretanto, tenta ganhar uma moeda das poucas pessoas na esplanada. Duas espanholas dão-lhe atenção. Ela lá vai, contente, tocar para elas. A moeda não veio, e foi embora tão triste como chegou.
Às espanholas disse que tinha tirado o curso na Escola de Música Pública Romena.

(atrás pode ver-se o Mercado do Peixe)

Após a pausa, vou tentar descobrir uma coisa que a senhora do hotel e o guia do barco tinham falado: a Troncalhada, onde são feitas as pirâmides de sal. Sigo junto ao Canal das Pirâmides. Chego a um espaço dividido em quadrículas gigantes, cheio de água, parece um pântano cuidado.

Oficialmente este local chama-se Eco-Museu Marinha da Troncalhada.

Regresso ao centro da cidade e tento descobrir a Sé. Ainda tenho de ficar à espera, pois uma procissão (é feriado, dia do Corpo de Deus) atravessa a rua. De seguida, desço por detrás do Fórum Aveiro (um centro comercial como todos os outros, mas em jeito de Campera, aberto. No Inverno, deve estar-se ali muito bem...).

A Sé não é nada de especial.

Ali ao centro, uma réplica do Cruzeiro de S. Domingos, monumento nacional. O original está no interior da Sé, para onde foi transportado em 1979.

Entretanto, sento-me nuns tijolos que lá estão para olhar o mapa, as indicações, o mail de uma aveirense... Fico a saber que ao fundo da avenida há um parque: o Parque Infante D. Pedro.

Fantástico! Verde, árvores imponentes, silêncio, pássaros, o fim do dia, um lago, patos… Um jardim Gulbenkian em estado quase selvagem. Muitas fotografias, à luz de um dia que se aproxima do ocaso. Aquelas cores... Fico maravilhado!

Quando ia a caminho deste parque, passei junto ao Museu Santa Joana Princesa. (Museu de Aveiro). Está fechado, mas à porta, isto:


Volto a subir a Av. Miguel Bombarda, a Av. Santa Joana, e vou até junto do Canal do Côjo. Caminho ao seu lado rumo ao Fórum Aveiro.
Depois de jantar, ando por ali e acabo por ficar no Rossio, tendo o Canal Central a cercar-me.

O pôr-do-sol chega.
Aveiro veste-se de novas cores. Os canais transformam-se em espelhos. São cores irreais.


Logo ao fim do primeiro dia, sou surpreendido por uma coisa fantástica, mesmo a meio da cidade: uma dança de andorinhas, com a sua melodia alegre e saltitante, sobre os céus centrais.

(clicar na imagem para aumentar e ver as andorinhas. Sem som :P)

Para primeira tarde, Aveiro apaixonou-me!

As cores vivas das casas, dos barcos, os canais, a mistura entre arquitectura Arte Nova, edifícios mais antigos e outros bem modernos, as praças enormes, as pontes a cruzarem os canais…
Acho que confessar que tirei quase 250 fotografias é uma boa medida… mesmo eu sendo um fotógrafo compulsivo.

Logo conto o segundo dia…

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dias de pausa...

... e aproveito para ir espreitar outros mundos, uma outra cidade que desde sempre me chamou a atenção.
Outras paisagens, outras gentes.
Espairecer. Descansar. Olhar. Fotografar. Descobrir. Espreitar.

Porque a vida consiste no presente...
"Tem havido um grande mal-entendido entre vida e tempo.
O tempo é tido como tendo três modos: passado, presente, futuro - o que está errado.
Tempo consiste apenas de passado e futuro. É a vida que consiste do presente.
Portanto, aqueles que desejam viver, para eles não há outro jeito senão viver esse momento. Somente o presente é existencial." (Palavras de Osho)

sábado, 18 de abril de 2009

Uma poética da geografia

Há alguns dias, este livro caiu-me literalmente nas mãos:


... e violei a minha auto-promessa de controlar os ímpetos consumistas livreiros.
A resenha impôs-me a compra.
Um desejo de partir?
De conhecer outras geografias?
Outras vidas?
Novos horizontes?

Uma resenha:
"Viajar tornou-se, não apenas uma espécie de apelo da humanidade civilizada e com um mínimo de meios económicos, mas também uma vitória sobre a eternidade; porque a viagem nos salva do que perdura e que não é tão eterno como julgávamos. Pertencendo a um mundo em que cada minuto tem um preço e uma medida exacta, o viajante recupera a poesia, a inutilidade, os monumentos em ruínas, os papéis que hão-de ser arquivados fora da memória, as varandas dos hotéis, os instantes fugidios de prazer e de clandestinidade."

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

De mochila às costas rumo a Tomar

A noite ainda cobria o dia quando partimos. Subtraídos ao calor da cama, enfrentámos a manhã fria e rumámos a Tomar, cidade templária.

A janela do comboio enquadrava a paisagem que ainda era oculta pela neblina matinal. A espaços, um raio de Sol teimava em furar a bruma e tocar na matinal paisagem ribatejana. Apesar da hora, a conversa fluía à velocidade do comboio e punha de lado o sono em falta.

Chegados a Tomar, por onde seguir? O GPS era rudimentar. Então seguimos em frente, atravessando a Várzea Grande, um gigantesco parque de estacionamento. Na Av. Dr. Cândido Madureira, na dúvida, virámos à esquerda e chegámos à Praça Infante D. Henrique, e à entrada da Mata Nacional dos Sete Montes – que horas mais tarde nos iria proporcionar uma aventura caricata.

Seguimos então pela Rua Pé da Costa de Baixo, que nos levou à espaçosa Praça da República, limitada pelos Paços do Concelho e pela imponente Igreja de S. João Baptista. Era hora de retemperar energias e pensar no próximo percurso. A manhã dava ainda os seus primeiros passos.

Atravessámos a Rua Serpa Pinto, olhámos o Rio Nabão à nossa frente. Detivemo-nos: a paisagem convidava a olhar devagar.

Com a Ponte Velha mesmo ali, ultrapassámos o rio. Patos e cisnes acordavam nas águas do Nabão. Na outra margem, nada de relevante. Contornámos o rio, maravilhámo-nos com os patos, e fomos descansar ao Parque do Mouchão. A manhã serena, o parque pintalgado de Outono… Inesperadamente, aproximam-se em voo picado alguns patos que, não temendo as águas gélidas do Nabão ou a nossa presença, brindam-nos, junto com alguns pássaros que por ali se encontram, com sons e imagens de puro deleite”.

Após o almoço é hora de um esforço suplementar, e subimos a escadaria que nos há-de levar à Capela de Nossa Senhora da Piedade. “Chegados ao topo, acender uma vela (iluminar é mesmo o termo) e deixar uma prece…”. Lá do alto, Tomar espreita no meio da vegetação, e à direita impõe-se outro destino desta viagem: o Convento de Cristo.

Essa tarde ainda nos abriria o livro da História, ao visitarmos a Sinagoga, único templo proto-renascentista hebraico, o único medieval do país. Embora decadente, o peso histórico sente-se na quantidade de objectos que alberga. E aprendemos um truque dos sons utilizado naquela sinagoga: a cada canto, metido na parede, um pote com a abertura para a sinagoga (para quem olha simplesmente, trata-se de um buraco na parede), e que permite a amplificação da voz de quem fala. Uma ideia simples e genial para quando não havia as tecnologias de som de que hoje dispomos.

Ao fim do dia, mergulhámos na Mata dos Sete Montes, vestida com as cores de Outono, fresca, natural, serena. Sem rumo definido, seguimos por trilhos que serpenteiam o Castelo dos Templários. Imponente ao nosso lado, mas sem forma de lá acedermos. O rudimentar GPS permite episódios assim… Então, “distraídos, avançamos por veredas escolhidas ao acaso que nos conduziram até à “Aldeia dos Duendes”. Aqui, olhámos em volta e observámos atentamente a floresta que nos rodeava na vã esperança de conseguirmos encontrar um pequeno habitante daquele pequeno reino.” Apesar do nosso poético e criativo esforço, os duendes teimaram em não se mostrar. Estariam nas suas pequenas habitações, ou teriam também ido passear? Não sabemos…


A noite começava a descer na mata, era hora de voltar à cidade. Mas… eis que o portão da mata está fechado à nossa frente! E agora? Como escapar? Terão sido os duendes a nos trancar lá dentro? Teríamos de passar a noite gélida ali, como prisioneiros involuntários? Um muro da mata que dá para a Estrada de Paialvo, não muito alto, permitiu a fuga, ao jeito de inexperientes larápios que não previram todas as contingências da viagem. Lição: convêm olhar sempre os horários do recinto que se visita…

O dia seguinte foi o dia do Convento de Cristo.

Ainda nos tentámos infiltrar numa visita guiada, mas a demora demoveu-nos. Fomos por nossa conta e risco descobrir os recantos deste monumento maior dos templários. Gigantesco, imponente. A História embebida em cada parede. Os vários claustros, a charola templária, a janela do capítulo – expoente máximo da arte manuelina – as escadas, o gigantesco refeitório, as pequenas celas… Um monumento!

Antes de deixar Tomar, tempo para aproveitar mais alguns minutos no Parque do Mouchão. Aquelas cores outonais, banhadas pelo Nabão…

No caminho para a estação, as castanhas anunciavam a chegada próxima do S. Martinho. Não resisti e, quentes e boas, tive de saboreá-las.

No regresso, deixámo-nos dominar pelo cansaço e pelo sono. O comboio já sabia o caminho e o destino, encostado à mesma paisagem ribatejana que nos tinha acompanhado até Tomar.

Em dois dias, subimos, descemos, espreitámos, procurámos, fotografámos, olhámos, surpreendemo-nos, cansámo-nos… numa palavra, empolgámo-nos!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Uma viagem chamada liberdade

Não haverá nunca melhor viagem do que a que é planeada ao sabor do destino.


Relato da viagem em
Até Onde Vais com 1000 euros?

* título e frase descaradamente copiados do suplemento "Extraordinário", do jornal Meia Hora de hoje.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O Lado Selvagem

Um filme quase indescritível. Saímos da sala escura como se tivéssemos levado uma tareia por dentro, com os pés inseguros, com as referências fora do sítio.
Não vale a pena explicar a história porque as palavras não são suficientes, e cada um sentirá o filme de uma forma própria.
É apenas um jovem de espírito rebelde, que não se conforma com a sociedade, e que decide partir rumo ao Alasca. Não será uma descoberta, mas é a jornada de alguém à procura de sentido. É uma jornada mais interna que externa.
Uma coisa é certa: é um filme que vale a pena. Um filmão!


"Recentemente saído da Universidade, com um brilhante futuro à sua frente, Christopher McCandless, um jovem de 22 anos, opta por prescindir da sua vida privilegiada e partir em busca de aventura. O que lhe acontece durante este percurso transforma este jovem vagabundo num símbolo de resistência para inúmeras pessoas. Era Christopher McCandless um aventureiro heróico ou um idealista ingénuo, um Thoreau rebelde dos anos 90 ou mais um filho americano perdido, uma pessoa que tudo arriscava ou uma trágica figura que lutava com o precário balanço entre homem e natureza?" (SAPO)
Ver trailer e site oficial aqui.

Ver também a apreciação em Life is a Masterpiece.
Tem paisagens brutais e uma excelente banda sonora (aquela voz de Eddie Vedder...).
Última frase: "A felicidade só é real quando partilhada"

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Istambul

“Em geografia, os nomes e as fronteiras, demarcadas assim, com rigor, são uma invenção dos homens, e aqui os homens que vivem do lado de lá do canal são os mesmos que trabalham do lado de cá, e é difícil um homem ser asiático de manhã e europeu à noite. De maneira que, vista daqui, a Europa é igual à Ásia, ou a Ásia igual à Europa, tanto faz. Mas a geografia dos homens diz que não. Seja. Seguindo pelo canal, em direcção a norte, o Mar Negro, a antiga fronteira entre o Mediterrâneo e a então União Soviética. E, claro, seguindo o canal em sentido inverso, o dito Mediterrâneo, aonde os submarinos soviéticos não poderiam chegar sem serem controlados. Tal como as embarcações de outros povos, muitos séculos antes. No meio de tudo isto, o Bósforo – o dito canal – e nas suas margens Istambul, a cidade rara que foi capital de três impérios sucessivos: romano, romano do Oriente e otomano. A geografia natural pode, de facto, muito. E a beleza do lugar também deve ter ajudado.”

Henrique Burnay, in revista Única (Expresso, 9 Fevereiro 2007)

Este é apenas um excerto do texto, mas é o suficiente para dar vontade de lá ir. E explorar (e conhecer) esta cidade-fronteira entre dois mundos.