Aproveitando os feriados e com uns dias de férias (tecnicamente é mais uma pausa…), fui à descoberta de Aveiro.
Mala a tiracolo, mapa na mão, e a indispensável máquina fotográfica.
Mala a tiracolo, mapa na mão, e a indispensável máquina fotográfica.
Logo pela manhã do dia 11, apanho o InterCidades rumo à Veneza portuguesa, como também é conhecida a cidade.
Chego por volta do meio-dia. E começo a descobrir a cidade, enquanto atravesso a Av. Lourenço Peixinho rumo à Praça Humberto Delgado.
Ali a desorientação começa. Os mapas que consegui na net são maus. Andei às voltas quase uma hora. Muitas ruas não têm qualquer placa com o nome (uma dificuldade que se irá repetir nos dias seguintes), as pessoas a quem perguntei também não sabiam. Nem um polícia, que disse que “deve ser por ali”. Obrigadinho.
(Outra descoberta quanto à toponímia aveirense são várias ruas com o mesmo nome. A mais comum é Homem Cristo...).
Volto à Rua Clube dos Galitos, e encontro ali em frente um edifício com o hotel que procurava. Não era ali, mas sim numa rua ao lado. O hotel tem dois espaços: um é hotel, outro é residencial.
Encontrado o sítio para estadia, a pergunta sacramental: tem um mapa da cidade?
Tinha. E a senhora que me atendeu, sabendo já que eu ia um bocado à descoberta, esteve ali a indicar-me uma série de sítios a visitar. Óptimo.
Depois do almoço, a grande experiência em Aveiro: passear nos moliceiros pelos canais que abraçam a cidade. É indescritível!
E tive a sorte de o “meu” barco ser guiado por dois malucos: um velhote, que teria 83 anos, e um rapaz que, se o encontrasse na rua, eu teria cuidado: aspecto algures entre marginal e Jesus Cristo. São estes dois que se vêem ali no centro da foto...
Durante o passeio, o rapaz ia contando o motivo dos nomes dos canais, um pouco da história da cidade, ia explicando como era a apanha do moliço, o que se passou no fim do Canal do Côjo, para actualmente ter o Lago da Fonte Nova…. E, também ali, o Hotel Melià Ria, o único no país com 9 estrelas. Gargalhada geral no barco. (Ficai curiosos, mas não vou contar onde está a piada disto…).
Com estes guias brincalhões e bem dispostos aprendemos que há dois tipos de barcos:
- mercantel: de poucas cores, com capacidade até 22 toneladas;
- moliceiro: coloridos, com quatros painéis, com capacidade à volta de 5 toneladas, transportavam o moliço para adubar as terras. Nos painéis estão retratados momentos da cida de Aveiro, um painel a apelar à nacionalidade, e um com uma frase "maldosa".
- que os canais têm nomes diferentes para os marnotos (homens dos moliceiros) saberem onde iam deixar o moliço. Os canais, tal como as ruas, têm nomes diferentes. Por exemplo, o Canal das Pirâmides chama-se assim por ficar ao lado da Troncalhada, onde surgem as pirâmides de sal...
Neste passeio começo a ter a noção de uma coisa: Aveiro é uma cidade-espelho. Toda ela se reflecte nos canais, e isto dá-lhe umas cores mágicas, irreais.
Feito o passeio de barco, depois fui fazer a pé um passeio mais ou menos semelhante, contornando o Canal Central e o Canal de S. Roque. Queria tirar fotografias a alguns sítios que vi quando tinha passado no barco: a ponte da “Abraço”, a ponte de Carcavelos, umas casinhas coloridas que tinha visto por ali…
É assim que vou parar ao Largo da Praça do Peixe. Uma praça toda modernaça, vestida de arquitectura bonita. E uma exposição no interior sobre espécies em extinção devido à pesca excessiva. O mercado estava fechado, mas sentei-me ali numa esplanada. Era hora de descansar, olhar, tirar uns apontamentos, estudar o mapa.
E reparo nesta particularidade...
Enquanto ali estou, aparece um senhor a tocar violino. Pobre, triste. Tenta entoar uma música portuguesa, a custo descubro qual. Ele, entretanto, tenta ganhar uma moeda das poucas pessoas na esplanada. Duas espanholas dão-lhe atenção. Ela lá vai, contente, tocar para elas. A moeda não veio, e foi embora tão triste como chegou.
Às espanholas disse que tinha tirado o curso na Escola de Música Pública Romena.
Após a pausa, vou tentar descobrir uma coisa que a senhora do hotel e o guia do barco tinham falado: a Troncalhada, onde são feitas as pirâmides de sal. Sigo junto ao Canal das Pirâmides. Chego a um espaço dividido em quadrículas gigantes, cheio de água, parece um pântano cuidado.
Oficialmente este local chama-se Eco-Museu Marinha da Troncalhada.
Regresso ao centro da cidade e tento descobrir a Sé. Ainda tenho de ficar à espera, pois uma procissão (é feriado, dia do Corpo de Deus) atravessa a rua. De seguida, desço por detrás do Fórum Aveiro (um centro comercial como todos os outros, mas em jeito de Campera, aberto. No Inverno, deve estar-se ali muito bem...).
A Sé não é nada de especial.
Ali ao centro, uma réplica do Cruzeiro de S. Domingos, monumento nacional. O original está no interior da Sé, para onde foi transportado em 1979.
Entretanto, sento-me nuns tijolos que lá estão para olhar o mapa, as indicações, o mail de uma aveirense... Fico a saber que ao fundo da avenida há um parque: o Parque Infante D. Pedro.
Fantástico! Verde, árvores imponentes, silêncio, pássaros, o fim do dia, um lago, patos… Um jardim Gulbenkian em estado quase selvagem. Muitas fotografias, à luz de um dia que se aproxima do ocaso. Aquelas cores... Fico maravilhado!
Quando ia a caminho deste parque, passei junto ao Museu Santa Joana Princesa. (Museu de Aveiro). Está fechado, mas à porta, isto:
Volto a subir a Av. Miguel Bombarda, a Av. Santa Joana, e vou até junto do Canal do Côjo. Caminho ao seu lado rumo ao Fórum Aveiro.
Depois de jantar, ando por ali e acabo por ficar no Rossio, tendo o Canal Central a cercar-me.
O pôr-do-sol chega.
Aveiro veste-se de novas cores. Os canais transformam-se em espelhos. São cores irreais.
Logo ao fim do primeiro dia, sou surpreendido por uma coisa fantástica, mesmo a meio da cidade: uma dança de andorinhas, com a sua melodia alegre e saltitante, sobre os céus centrais.
Para primeira tarde, Aveiro apaixonou-me!
As cores vivas das casas, dos barcos, os canais, a mistura entre arquitectura Arte Nova, edifícios mais antigos e outros bem modernos, as praças enormes, as pontes a cruzarem os canais…
Acho que confessar que tirei quase 250 fotografias é uma boa medida… mesmo eu sendo um fotógrafo compulsivo.
Logo conto o segundo dia…
Chego por volta do meio-dia. E começo a descobrir a cidade, enquanto atravesso a Av. Lourenço Peixinho rumo à Praça Humberto Delgado.
Ali a desorientação começa. Os mapas que consegui na net são maus. Andei às voltas quase uma hora. Muitas ruas não têm qualquer placa com o nome (uma dificuldade que se irá repetir nos dias seguintes), as pessoas a quem perguntei também não sabiam. Nem um polícia, que disse que “deve ser por ali”. Obrigadinho.
(Outra descoberta quanto à toponímia aveirense são várias ruas com o mesmo nome. A mais comum é Homem Cristo...).
Volto à Rua Clube dos Galitos, e encontro ali em frente um edifício com o hotel que procurava. Não era ali, mas sim numa rua ao lado. O hotel tem dois espaços: um é hotel, outro é residencial.
Encontrado o sítio para estadia, a pergunta sacramental: tem um mapa da cidade?
Tinha. E a senhora que me atendeu, sabendo já que eu ia um bocado à descoberta, esteve ali a indicar-me uma série de sítios a visitar. Óptimo.
Depois do almoço, a grande experiência em Aveiro: passear nos moliceiros pelos canais que abraçam a cidade. É indescritível!
E tive a sorte de o “meu” barco ser guiado por dois malucos: um velhote, que teria 83 anos, e um rapaz que, se o encontrasse na rua, eu teria cuidado: aspecto algures entre marginal e Jesus Cristo. São estes dois que se vêem ali no centro da foto...
Durante o passeio, o rapaz ia contando o motivo dos nomes dos canais, um pouco da história da cidade, ia explicando como era a apanha do moliço, o que se passou no fim do Canal do Côjo, para actualmente ter o Lago da Fonte Nova…. E, também ali, o Hotel Melià Ria, o único no país com 9 estrelas. Gargalhada geral no barco. (Ficai curiosos, mas não vou contar onde está a piada disto…).
Com estes guias brincalhões e bem dispostos aprendemos que há dois tipos de barcos:
- mercantel: de poucas cores, com capacidade até 22 toneladas;
- moliceiro: coloridos, com quatros painéis, com capacidade à volta de 5 toneladas, transportavam o moliço para adubar as terras. Nos painéis estão retratados momentos da cida de Aveiro, um painel a apelar à nacionalidade, e um com uma frase "maldosa".
- que os canais têm nomes diferentes para os marnotos (homens dos moliceiros) saberem onde iam deixar o moliço. Os canais, tal como as ruas, têm nomes diferentes. Por exemplo, o Canal das Pirâmides chama-se assim por ficar ao lado da Troncalhada, onde surgem as pirâmides de sal...
Neste passeio começo a ter a noção de uma coisa: Aveiro é uma cidade-espelho. Toda ela se reflecte nos canais, e isto dá-lhe umas cores mágicas, irreais.
Feito o passeio de barco, depois fui fazer a pé um passeio mais ou menos semelhante, contornando o Canal Central e o Canal de S. Roque. Queria tirar fotografias a alguns sítios que vi quando tinha passado no barco: a ponte da “Abraço”, a ponte de Carcavelos, umas casinhas coloridas que tinha visto por ali…
É assim que vou parar ao Largo da Praça do Peixe. Uma praça toda modernaça, vestida de arquitectura bonita. E uma exposição no interior sobre espécies em extinção devido à pesca excessiva. O mercado estava fechado, mas sentei-me ali numa esplanada. Era hora de descansar, olhar, tirar uns apontamentos, estudar o mapa.
E reparo nesta particularidade...
Enquanto ali estou, aparece um senhor a tocar violino. Pobre, triste. Tenta entoar uma música portuguesa, a custo descubro qual. Ele, entretanto, tenta ganhar uma moeda das poucas pessoas na esplanada. Duas espanholas dão-lhe atenção. Ela lá vai, contente, tocar para elas. A moeda não veio, e foi embora tão triste como chegou.
Às espanholas disse que tinha tirado o curso na Escola de Música Pública Romena.
Após a pausa, vou tentar descobrir uma coisa que a senhora do hotel e o guia do barco tinham falado: a Troncalhada, onde são feitas as pirâmides de sal. Sigo junto ao Canal das Pirâmides. Chego a um espaço dividido em quadrículas gigantes, cheio de água, parece um pântano cuidado.
Oficialmente este local chama-se Eco-Museu Marinha da Troncalhada.
Regresso ao centro da cidade e tento descobrir a Sé. Ainda tenho de ficar à espera, pois uma procissão (é feriado, dia do Corpo de Deus) atravessa a rua. De seguida, desço por detrás do Fórum Aveiro (um centro comercial como todos os outros, mas em jeito de Campera, aberto. No Inverno, deve estar-se ali muito bem...).
A Sé não é nada de especial.
Ali ao centro, uma réplica do Cruzeiro de S. Domingos, monumento nacional. O original está no interior da Sé, para onde foi transportado em 1979.
Entretanto, sento-me nuns tijolos que lá estão para olhar o mapa, as indicações, o mail de uma aveirense... Fico a saber que ao fundo da avenida há um parque: o Parque Infante D. Pedro.
Fantástico! Verde, árvores imponentes, silêncio, pássaros, o fim do dia, um lago, patos… Um jardim Gulbenkian em estado quase selvagem. Muitas fotografias, à luz de um dia que se aproxima do ocaso. Aquelas cores... Fico maravilhado!
Quando ia a caminho deste parque, passei junto ao Museu Santa Joana Princesa. (Museu de Aveiro). Está fechado, mas à porta, isto:
Volto a subir a Av. Miguel Bombarda, a Av. Santa Joana, e vou até junto do Canal do Côjo. Caminho ao seu lado rumo ao Fórum Aveiro.
Depois de jantar, ando por ali e acabo por ficar no Rossio, tendo o Canal Central a cercar-me.
O pôr-do-sol chega.
Aveiro veste-se de novas cores. Os canais transformam-se em espelhos. São cores irreais.
Logo ao fim do primeiro dia, sou surpreendido por uma coisa fantástica, mesmo a meio da cidade: uma dança de andorinhas, com a sua melodia alegre e saltitante, sobre os céus centrais.
Para primeira tarde, Aveiro apaixonou-me!
As cores vivas das casas, dos barcos, os canais, a mistura entre arquitectura Arte Nova, edifícios mais antigos e outros bem modernos, as praças enormes, as pontes a cruzarem os canais…
Acho que confessar que tirei quase 250 fotografias é uma boa medida… mesmo eu sendo um fotógrafo compulsivo.
Logo conto o segundo dia…
3 comentários:
É engraçado ver a nossa cidade através dos olhos de um "turista". Sou suspeita para dizer que Aveiro é uma cidade bonita, mas de tanto estar habituada à cidade onde nasci (apesar de já lá não morar), a verdade é que há sempre pormenores e encantos que o teu olhar curioso capta e que aos olhos habituados de quem já pensa que conhece a cidade passam despercebidos.
Gostei de ver a "minha" cidade com os teus olhos. E fico à espera do post sobre o segundo dia:)
Bjocas Grandes!
Cris
Só 250? Hummmm...
Dá para perceber que descobrir Aveiro foi uma verdadeira aventura e que adoraste cada instante!!
Bjks e boas viagens!
Adorei Aveiro! Mesmo!!
250... na primeira tarde... No total, foram umas 500. Portei-me bem, portanto :)
Enviar um comentário