domingo, 18 de fevereiro de 2007

Istambul

“Em geografia, os nomes e as fronteiras, demarcadas assim, com rigor, são uma invenção dos homens, e aqui os homens que vivem do lado de lá do canal são os mesmos que trabalham do lado de cá, e é difícil um homem ser asiático de manhã e europeu à noite. De maneira que, vista daqui, a Europa é igual à Ásia, ou a Ásia igual à Europa, tanto faz. Mas a geografia dos homens diz que não. Seja. Seguindo pelo canal, em direcção a norte, o Mar Negro, a antiga fronteira entre o Mediterrâneo e a então União Soviética. E, claro, seguindo o canal em sentido inverso, o dito Mediterrâneo, aonde os submarinos soviéticos não poderiam chegar sem serem controlados. Tal como as embarcações de outros povos, muitos séculos antes. No meio de tudo isto, o Bósforo – o dito canal – e nas suas margens Istambul, a cidade rara que foi capital de três impérios sucessivos: romano, romano do Oriente e otomano. A geografia natural pode, de facto, muito. E a beleza do lugar também deve ter ajudado.”

Henrique Burnay, in revista Única (Expresso, 9 Fevereiro 2007)

Este é apenas um excerto do texto, mas é o suficiente para dar vontade de lá ir. E explorar (e conhecer) esta cidade-fronteira entre dois mundos.

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