quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Educação: crónica de uma morte anunciada

Em nenhuma democracia as coisas deviam ser postas como uma contabilidade de recuos e avanços, mas é assim que se passa em termos políticos.
A Ministra da Educação anunciou hoje a sua disponibilidade para substituir o contestado modelo de avaliação dos professores. Um dia após uma gigantesca - melhor, "significativa" - greve dos mesmos. No entanto, diz que só no próximo ano e após a aplicação do actual modelo este ano.
Os sindicatos deliram. Depois de vários meses de manifestações, greves, faltas a reuniões com o governo, conseguem vergar a ministra. Que a partir de agora só tem um caminho: sair.
Os sindicatos perceberam que é uma questão de tempo. Da declaração de hoje da ministra só ouviram a parte do "substituir". Pelo que não vão fazer nenhum esforço para que este ano seja aplicado o actual modelo.
Facto: a ministra teve de ceder. Morreu politicamente. A contestação crescia de mês para mês. Daqui a um ano há eleições legislativas que interessa ganhar ao PS. De preferência com maioria absoluta.
A prioridade à Educação segue dentro de meses.

O que Pacheco Pereira dizia há poucas semanas é certeiro: o resultado desta reforma na Educação iria ditar a forma como qualquer outra reforma seria encarada ou poderia ser feita no futuro. Com este desfecho, a lição é só uma: em Portugal é impossível reformar.
Em termos políticos, podem decretar a impossibilidade de reformar seja o que for neste país.
Como dizia o outro, são um povo que não se governa, nem se deixa governar.

PS: não estou a avaliar a bondade do modelo de avaliação proposto pelo governo. Não tenho qualificação para tal.

1 comentário:

Cris disse...

Creio que foi Odete Santos (mas posso estar enganada) que disse que não era preciso estar no governo para governar... e realmente comprova-se. Governa-se através de manifestações. O Governo já recuou tanto que mais uma manifestação ou duas... os professores finalmente conseguem aquilo que querem: não ser avaliados.
Votei neste governo por achar que era um governo forte, capaz de por ordem na casa. Afinal é um governo que cede a birras, como aqueles pais que preferem fazer as vontades aos filhos só para terem descanso, em vez de desempenharem o seu papel de educadores, mantendo a firmeza necessária para cumprir o que é correcto.
O outro tem mesmo razão: somos um povo que não se governa nem deixa governar.