quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Cativar


- Só conhecemos o que cativamos - disse a raposa. Os homens deixaram de ter tempo para conhecer o que quer que seja. Compram as coisas já feitas aos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo cativa-me!
- E tenho que fazer o quê? - disse o principezinho.
- Tens que ter muita paciência. Primeiro, sentas-te longe de mim. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas podes sentar-te cada dia um bocadinho mais perto...
O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora - disse a raposa - por exemplo, se vieres ás quatro horas, às três, já eu começo a estar feliz. E quanto mais perto da hora, mais feliz me sinto. Às quatro em ponto hei-de estar toda agitada e toda inquieta: fico a conhecer o preço da felicidade! Mas se chegares a qualquer hora, eu nunca vou saber a que horas hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito...
Precisamos de rituais.
O Principezinho

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