Como disse há alguns dias, já acabei de ler A Capital, de Eça de Queirós.
Já há vários anos que não lia nada deste GRANDE escritor português. De início custou-me entrar na sua linguagem, mas passadas algumas páginas já estava formatado.
Vamos à minha impressão…
Um romance sobre a decepção, os sonhos desfeitos, os repentes, as vontades vazias, a falta de coragem, a futilidade, o génio sem trabalho. O engano das falsas amizades, dos interesseiros.
Uma sátira à classe dos literatos, aos falsos escritores, sem nada a oferecer. Aos que procuram na capital o reconhecimento que não têm na província. Mas numa capital irreal, sem correspondência nos seus sonhos.
Interessante quando fazemos a comparação entre o início e o fim do romance.
O início dá-se na estação de comboios de Ovar. Mas a simbologia seria a mesma se se tratasse de outra estação qualquer: um ponto de partida para o mundo, todas as portas abertas.
O fim desenrola-se num cemitério. A morte de todos os sonhos, de todas as esperanças.
Já há vários anos que não lia nada deste GRANDE escritor português. De início custou-me entrar na sua linguagem, mas passadas algumas páginas já estava formatado.
Vamos à minha impressão…
Um romance sobre a decepção, os sonhos desfeitos, os repentes, as vontades vazias, a falta de coragem, a futilidade, o génio sem trabalho. O engano das falsas amizades, dos interesseiros.
Uma sátira à classe dos literatos, aos falsos escritores, sem nada a oferecer. Aos que procuram na capital o reconhecimento que não têm na província. Mas numa capital irreal, sem correspondência nos seus sonhos.
Interessante quando fazemos a comparação entre o início e o fim do romance.
O início dá-se na estação de comboios de Ovar. Mas a simbologia seria a mesma se se tratasse de outra estação qualquer: um ponto de partida para o mundo, todas as portas abertas.
O fim desenrola-se num cemitério. A morte de todos os sonhos, de todas as esperanças.
Cito um pensamento de Artur Corvelo, a personagem central do romance, sobre a sua amada Concha (uma espanhola que o engana):
“Cada dia Artur se surpreendia mais com aquele temperamento: ora tinha rajadas de animação, e então agitava-se pelo quarto, batendo os móveis com as longas saias muito engomadas, abrindo e fechando as janelas, arrumando e desarrumando a roupa nas gavetas, cantarolando, batendo as palmas sem razão, toda petulante de vida animal; ora, embalando-se numa cadeira de baloiço, com o corpo mole, os braços descaídos, abandonada numa madracice vaga, os olhos meio cerrados, fumava infindáveis cigarros; ou então, sentada em cima da cama, encruzada como uma turca, o pezinho numa das mãos, a face murcha, parecia um bicho entorpecido, nos fins do Inverno.”
A perfeita imagem de Portugal, com altos e baixos de humor, de vontade, de euforia e de depressão. O país cuja mais profunda marca é a bipolaridade. Um maníaco-depressivo no seu melhor. Sem rumo, sem objectivos. Apenas existe.
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