sexta-feira, 13 de junho de 2008

Caeiro em Pessoa


A 13 de Junho de 1888 nascia Fernando Pessoa... Passados 120 anos é publicado um poema inédito do heterónimo Alberto Caeiro:

Caeiro

Gosto do céu porque não creio que ele seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?

Não creio no infinito, não creio na eternidade.

Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba

E que agora e antes disso há absolutamente nada.

Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,

E que antes e depois disso não havia tempo.

Porque há-de ser isto falso? Falso é falar de infinitos

Como se soubéssemos o que são de os podermos entender.

Não: tudo é uma quantidade de coisas.

Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é coisas.

Hoje no jornal PÚBLICO.

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