«Acredite, sonhar não paga imposto, não engorda, não faz mal à saúde. Sonhar não é proibido (aliás, trata-se de uma das poucas coisas boas da vida que a lei permite e onde o Estado não interfere).
Sonhar é democrático, sonha o rico, sonha o pobre, sonha-se bem num colchão de penas e, às vezes, melhor no chão frio de uma calçada (o melhor sonho é o daquele de quem mais precisa). Sonhar não tem sexo, não tem complexo, não tem nexo. Sonhar é como respirar, para fazer basta o ar.
Há quem sonhe com riquezas, há quem sonhe com amores, há ainda quem sonhe com a fama, com o sucesso, com balões de gás amarelos, há quem sonhe que está a comer gelado de baunilha com calda de chocolate quente dependurado num trapézio, servido pela Angelina Jolie nua.
Só não sonha quem não tem alma.
Dizem que os porcos não sonham. Já os cães sonham todas as horas, os gatos todos os dias, os passarinhos quando estão a voar.
O sonho é sempre uma hipérbole, um exagero, um paradoxo. O sonho do baixinho é que o planeta seja povoado só por anões. O sonho do feio é que não haja espelhos. O sonho da gorda é que o mundo acabe em mel para que possa morrer doce. O sonho do general é ser uma bailarina de can-can, estrela do Moulin Rouge. O sonho do idiota é ter asas (é por isso que se os cretinos voassem nunca veríamos o céu). O sonho do padre saiu na capa da última "Playboy". O sonho da rapariga de olhar triste, que passa a vida na janela, casou com uma prima ruiva e dentuça e foi morar para Badajoz.
Algumas pesquisas atestam que sonhamos todas as noites, várias vezes, mas nem sempre nos lembramos. Victor Hugo dizia: "Poucos trabalham para realizar os seus sonhos, a maioria apenas ressona." Já Anatole France exclamava: "A loucura é o sonho de uma pessoa. A razão é, sem dúvida, a loucura de todos." Por outro lado,
Segundo Freud, nós somos o que sonhamos. Por isso seremos tanto maiores quanto maior for o que projectamos. Se sonhar pequeno, será insignificante. Se nada sonhar, nada será.»
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