Há três meses que não se via um poema por aqui.
Pela mão de Fernando Pessoa*, o regresso:
No limiar que não é meu
Sento-me e deixo o irreflectido olhar
Encher-se, sem eu ver, de campo e céu.
Se é tarde ou cedo, deixo de notar,
Nada me diz de si qualquer cousa que eu
Possa gozar.
Pelos campos sem fim
Sinto correr, porque na face o sinto,
Um vago vento, estranho todo a mim.
Não sei se penso, ou em que dor consinto
Que seja minha ou desespero sem ter fim,
Ou se minto.
* Poesia I (1902-1929)
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