domingo, 3 de abril de 2011

10 unidades de cidadania

Basta um episódio corriqueiro como este para se perceber por que não havemos de ser um país desenvolvido e civilizado nas próximas décadas:
No Pingo Doce, uma senhora de meia idade, com uma filha de uns 4 anos, leva um cesto de compras cheio. Até aqui nada de estranho.
Começa a colocar os artigos no tapete da caixa. Um mais um mais um mais um... E eis o problema: por cima da caixa, num cartaz de um metro quadrado, um aviso bem visível: caixa até 10 unidades.
A senhora irá alegar que não tinha reparado. O costume. Mas o seu comportamento denuncia-a. Separa os artigos: 2/3 para ela, 1/3 para outra pessoa... presumo que a filha de 4 anos. 
Quando saio da minha caixa, mesmo ao lado, os artigos da senhora já vão em 16. E ainda falta passar uma boa meia dúzia.
A funcionária da caixa nem disse nada. Devia tê-lo feito, mas não disse. 
Se dissesse, a senhora poria a mão na anca. Tinha ar disso. 

São atitudes e comportamentos como estes que bloqueiam o nosso país. 
É a chico-espertice. É a ideia do "faço e não me acontece nada", a impunidade.
É este tipo de pessoas que há em excesso em Portugal.
São estes que conduzem mal, mas dizem que conduzem sempre bem. Os outros é que não sabem conduzir.
São pessoas como estas que tiram cursos superiores aos domingos.
São pessoas como estas que gostam de ser enganadas por pantomineiros descarados.
São pessoas como estas que votam em autarcas condenados pela justiça. Por que "rouba mas tem obra feita".
São pessoas como estas que também não votam e passam o tempo a queixar-se dos políticos que lá estão.
São pessoas como estas que deitam lixo na rua, a dois passo de um caixote de lixo.
São pessoas como estas que cortam as unhas nos transportes públicos.
São pessoas como estas que, no Metro, querem entrar antes de deixar as pessoas sair.
São pessoas como estas que apagam a luz e ligam a água de rega quando a equipa com quem acabaram de jogar está a festejar a conquista de um campeonato.
São pessoas como estas que batem no carro do outro e fogem.

Enquanto este tipo de mentalidade prevalecer, enquanto a educação destas pessoas não aumentar, enquanto estas pessoas não tiverem dois dedos de bom senso, não há lei ou regras que valham, e não vamos sair da cepa torta.
Esta chico-espertice não existe em países que identificamos como desenvolvidos, nomeadamente os do norte da Europa. 
Vamos lá pensar um bocadinho sobre o motivo de tais sociedades serem mais desenvolvidas e ricas...
Por terem respeito uns pelos outros, por cumprirem as regras, por serem sérios, por não se armarem em chicos espertos, por serem cidadãos responsáveis.

1 comentário:

Blogadinha disse...

Civismo. No seu melhor, só mesmo este apontamento. :)