Nas minhas férias por terras de Machico, um certo dia, apanhei um autocarro de volta para casa com bónus no percurso: em vez do habitual e simples percurso Machico-Maroços, este passou pela Ribeira Seca.
Muitos turistas de mochila às costas, as pessoas do costume, as que vão as compras, os vizinhos, a prima... e todos os que se conhecem uns aos outros.
Para quem não sabe, na Madeira, excluindo os Horários do Funchal, há umas particularidades para quem anda de autocarro (por lá conhecidos como "camioneta" ou "horário"): nas paragens ninguém respeita ninguém na entrada para o autocarro (não interessa quem chegou primeiro, e ninguém se chateia...); na hora de sair, as pessoas só se levantam depois de o autocarro estar muito bem parado.
Continuando... Naquele dia, com aguaceiros, o autocarro parava, as pessoas levantavam-se para sair, alguém dizia qualquer coisa a quem ia sair, quem estava de saída ainda ficava a responder, como se estivesse no carro da prima e pudesse ficar ali na conversa.
Perante estes episódios delirantes, era fabuloso ver as reacções dos turistas: olhavam, sorriam, achavam a coisa pitoresca. Ninguém se chateava.
Houve até uma senhora de meia idade, daquelas que têm a mania e tem direitos... Ia sair numa determinada paragem. O motorista parou uns cinco metros antes da paragem para facilitar a saída a uma velhota, uma vez que havia carros parados na estrada (coisa habitual). Ainda a velhota ia a caminho da porta, e a senhora dos direitos começa a reivindicar "eu também vou sair aqui, mas a paragem é ali à frente e ele (motorista) vai parar para eu sair na paragem". E ainda reclamava com a velhota.
Se não fosse estar de férias, com velocidade mais lenta, apetecia reclamar também e ficar furioso e mais não sei o que. Como era tempo de férias, restou olhar para os episódios pitorescos de uma simples viagem de autocarro.
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