sábado, 3 de agosto de 2013

Miseráveis anónimos

Este título, e o texto que se segue, é o editorial da revista Tabu (semanário SOL) desta semana, da autoria de Vítor Raínho:

"Nos tempos que correm sente-se que uma corrente ganha força. Na televisão, nos jornais e, sobretudo, nas redes sociais, o miserabilismo parece crescer cegamente. Figuras gratas, e bem na vida, são dos principais impulsionadores, parecendo que não pertencem a este mundo – alguns dos quais com largos milhares de euros doados pelo Estado para as suas fundações e afins. Que é preciso denunciar as injustiças, ninguém duvida, agora que se faça uma espécie de caça às bruxas a quem produz trabalho, é um verdadeiro exagero.
A forma quase doentia como se apela à revolta é preocupante. Nas redes sociais, sob a cobardia do anonimato, dizem-se as maiores barbaridades e chega-se a apelar ao linchamento de figuras consideradas hostis. Mas que democracia é essa?

O conteúdo deixou de ter qualquer importância e apenas a forma interessa. Uma figura diz que o seu sonho é ter uma mala de marca e logo os cobardolas da net fazem uma perseguição miserável à dita cuja. Por outro lado, começa a cultivar-se uma caça aos “ricos”, como se o mundo fosse melhor só com pobres. Por que não se apela antes a que os pobres possam criar riqueza? E por que razão há-de ser o Estado a meter-se em tudo? Há algum país onde o Estado mande na economia e as populações vivam bem?


Os exemplos esquizofrénicos são aos montes, só me faltando ver manifestações de protesto contra a austeridade em festivais onde as pessoas pagaram mais de 50 euros para ouviram as suas bandas preferidas. Esta semana cheguei a ler um texto em que o autor defendia que a herança não deve passar de pais para filhos, mas sim ser doada à comunidade. Vamos imaginar que alguém que poupou a vida inteira para deixar algo aos seus descendentes não o poderá fazer atendendo a que esse dinheiro terá de ir para outras famílias. A loucura está a instalar-se rapidamente e quem semeia ventos perigosos não espera, seguramente, colher a bonança. É o caos que deseja. E é nesse terreno pantanoso que geralmente se sentem bem os pequenos ditadores: os aparelhistas com espírito de polícias que querem, se os deixarem, transformar a nossa sociedade numa Coreia do Norte modernizada. Afinal, muitos dos mentores da corrente miserabilista foi lá e em terras livres como a antiga União Soviética que beberam os princípios daquilo a que chamam “liberdade”… Que, como sabemos, não são recomendáveis. Com todos os defeitos do tal capitalismo selvagem."

Assino por baixo.

Lógicas...

No Corta-fitas, um post bastante esclarecedor sobre as posições da CGTP (e, acrescento eu, a malta do contra):

- aumentar impostos é um embuste porque prejudica o povo;
- baixar os impostos é um embuste de quem quer destruir o Estado Social;
- ter um IRC muito alto é um embuste que prejudica trabalhadores e empresas;
- baixar o IRC é um embuste porque beneficia as empresas onde os trabalhadores trabalham;
- este governo é um embuste porque a dívida pública continua a subir;
- este governo é um embuste porque quer cortar na despesa;
- o acordo de ontem na Concertação Social é um embuste porque prefere a precaridade ao desemprego;
- este governo é um embuste porque quer privatizar as empresas públicas;
- este governo é um embuste porque as empresas públicas geram défices;
- este governo é um embuste porque o défice está muito alto;
- este governo é um embuste porque quer reduzir as prestações sociais e os custos do funcionalismo;
- este governo é um embuste porque não corta relações com os credores;
- este governo é um embuste porque não gasta mais a crédito, etc.

Claro.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A polémica do momento

A polémica dos últimos dias tem sido o facto de o Secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, enquanto quadro do Citibank ter tentado vender swaps ao Estado.

Vamos pensar um bocadinho:
Se eu agora trabalho na empresa X, tenho de defender os interesses dessa empresa. Se depois vou trabalhar na empresa Y, tenho de defender os interesses desta.

Quanto à intervenção do SET no briefing desta manhã, apenas uma palavra: uma trapalhada.