quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

ABORTO: a opinião de Jardim (conclusão)

A seguir, a conclusão do artigo de Alberto João Jardim:
"(...)
Adversário que sou do positivismo extremo que tomou conta da Justiça portuguesa, funcionalizando-a, entendo que cada caso é um caso. E que deveria ser assim analisado pelos Tribunais, aplicando a Justiça mais do que a lei, com o bom-senso que felizmente ainda existe.
O que não aceito é a existência de qualquer precedente legal que ponha em causa o Primado da vida Humana. Estariam criadas as condições para a eutanásia liberalizada, para a instauração da pena de morte em certas circunstâncias, para a marginalização dos idosos sob conceitos economicistas, bem como para o advento de outras aberrações como o “casamento” dos homossexuais (não tenho qualquer preconceito em relação a estes).
Seria um precedente aberto para futuras discricionariedades dos legisladores, de carácter totalitário, anti-democrático.
Para já não falar daquilo que toda a gente percebeu – este referendo vem numa ocasião em que se começam a sentir as consequências do desastroso Orçamento de estado 2007, serve para desviar as atenções sobre a situação em que o País mergulhou.
Mas, por detrás de tudo isto, existe também uma manifestação de decadência civilizacional e de hipocrisia colectiva.
A liberalização do aborto é contrariada pelas mais variadas confissões religiosas.
Em todas estas se sente que é atacada a essência da sobrevivência do ser Humano, o respeito pela Vida e o dever de Solidariedade entre as Pessoas.
Embora se reconheça que há confissões religiosas, por inércia, por “neutralidades”, por quererem “estar bem com Deus e com o diabo”, por “respeitos humanos”, com a sua falta de intervenção assumida serem também responsáveis por se ter chegado a esta situação.
A morte legalizada e discricionária do feto constitui também o primado do egoísmo, da comodidade. Elimina-se Vida porque, dadas as circunstâncias, há gente que não está para se incomodar, assumir responsabilidades, dar Amor a uma vida gerada.
É o consumismo em toda a plenitude. E o “engraçado” é o facto de tal ser postulado precisamente pelos folcloristas abortivos que tanto falam contra a “sociedade de consumo”.
É a decadência de uma civilização que se diz “democrática2, mas liberaliza a droga enquanto fala contra o tabaco, procura institucionalizar – “fracturantemente”, como eles dizem… - autênticas aberrações na Natureza, preocupa-se com um monte de terra que caiu no mar, chora por uma plantinha ou por uma avezinha, mas destrói a vida humana!
Vão à merda, seus hipócritas!
Outras formas civilizacionais já nos combatem e consideram-nos decadentes!
Quem quiser ser decadente, que seja.
Eu recuso-me. E, muito menos, pactuo com a hipocrisia e a covardia de eliminar vidas indefesas."

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