segunda-feira, 24 de março de 2008

Ainda os "piercings"...

"O PÚBLICO falou com médicos e “body piercers”. Os dois lados são unânimes: cada um deve ter o direito de decidir o que fazer com o seu corpo e esta prática não representa qualquer perigo de saúde pública.

Alguns especialistas referem que a colocação de um “piercing” poderá causar problemas, dependendo da área onde é colocado. No entanto afirmam que, desde que os furos sejam feitos com os materiais adequados, por profissionais com formação, não existindo por parte do indivíduo qualquer tipo de incompatibilidade física, a sua saúde não é posta em causa. “Até porque o ‘piercing’ não é uma coisa recente, é um ritual com milhares de anos, há muito que faz parte da civilização humana”, afirma o dermatologista António Picoto, presidente da Associação Portuguesa do cancro cutâneo.

As origens do “piercing”

Não há uma data consensual para o aparecimento do “piercing”, mas alguns historiadores afirmam que é um ritual com mais de 5000 mil anos que varia consoante a região do globo. Para Vítor Sérgio Ferreira, o sociólogo do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, com uma tese de doutoramento sobre este assunto, “a disposição para modificar e adornar o corpo com objectos que perduram em algum local é ubíqua e universal”. Consta que alguns clãs e tribos da África do Sul e da Índia, com milhares de anos, já usavam apetrechos para furar a pele, com conotações espirituais, sexuais e estéticas, em algumas das suas cerimónias e rituais. Na Idade Média, aristocratas e nobres usavam “piercings” para se destacarem dos seus pares. Diz-se mesmo que o “piercing” genital masculino se chama “Prince Albert” porque o príncipe Alberto de Inglaterra tinha um. “Faz parte de ritos de passagem colectivos e expressavam muito claramente, por toda a comunidade, a transição das etapas do ciclo de vida (maturidade sexual, casamento, estatuto social, posições de poder)”, esclarece Sérgio Ferreira.

Mais recentemente, as marcas foram, segundo o sociólogo do ICS, “investidas de conotações eróticas ainda mais evidentes ao recontextualizarem-se nas culturas ‘gay’ e sadomasoquistas dos anos 70, pervertendo as tradicionais categorias do belo e feio, do selvagem e civilizado, do moral e imoral”. Em tempos símbolo de riqueza, o “piercing” foi marginalizado e associado a uma cultura “underground”. Actualmente, apesar de mais massificado o seu uso, ainda é proibido em vários postos de trabalhos e tido como um símbolo de menor competência profissional."

Do PÚBLICO.

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