Quem lê esta frase, certamente pensará que enlouqueci. Mas, citando Obama (o deus do momento), julgo que esta cimeira foi um “ponto de viragem” no combate à crise.
Antes de mais, uma frase de Jorge Almeida Fernandes, na análise que faz no Público: "Que é feito do G8? A centralidade da cimeira G20 é um facto novo. Traduz uma mudança de fundo não só na economia mundial mas também na cena internacional". (Vale a pena ler todo o artigo).
Os líderes mundiais chegaram hoje a um “acordo de acção global” para reactivar a economia internacional, que passa pela reforma do sistema bancário (que incluirá a penalização dos paraísos fiscais), estímulos ao crescimento económico, a revisão das instituições internacionais, o apoio ao comércio global e novos fundos para o combate à pobreza. (PÚBLICO)
Pormenorizando um pouco as conclusões do encontro de Londres, temos:
- “profunda reforma do sistema bancário” a nível internacional,
- criação de uma lista de paraísos fiscais que não cumprem as regras de transparência – tarefa que estará a cabo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
- fixar novas regras para a atribuição de prémios aos gestores financeiros,
- reforçar a capacidade de intervenção das instituições financeiras internacionais.
- retomar as negociações para a liberalização das trocas (um das principais reivindicações dos países emergentes).
- o FMI poderá vender parte das suas reservas de ouro para financiar a ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres
Irão as conclusões desta cimeira resolver a crise já amanhã? Claro que não. As revoluções francesa e americana não aconteceram num dia. A revolução industrial não aconteceu num dia. O renascimento não aconteceu num dia. Todo o edifício financeiro internacional, criado nos anos 40 em Bretton Woods, demorou três anos até ao seu resultado final. Portanto, este é o início de um processo.
João César das Neves, hoje no Destak, escrevia o seguinte: “o principal propósito da reunião é levantar o moral e elevar as expectativas da opinião pública mundial. Isso constitui um dos factores mais decisivos na actual crise. O nervosismo e até o pânico são em grande medida a causa desta recessão, sendo esse o único elemento que pode transformar um choque económico num desastre global. Se desta reunião sair uma perspectiva favorável e credível, os resultados serão excelentes.”
Se olharmos para as reacções dos mercados financeiros um pouco por todo o mundo, vemos que a resposta agradou: as bolsas subiram como não acontecia há meses.
Durão Barroso declarou que na cimeira sentiu-se o “efeito Obama”. Do que ouvi das intervenções do presidente americano, não disse nada de extraordinário – Gordon Brown pareceu-me bem mais concreto – mas, de facto, as impressões são uma coisa extraordinária e mudam comportamentos. Seja na vida das pessoas, seja nas relações entre Estados. E parece que, neste momento, Obama é o Midas mundial.
(Sobre a “magia” Obama escreverei num destes dias no Palavras Impressas, a propósito de “Dez Discursos Históricos”, que acabei de ler há alguns dias).
Países que constituem o G-20: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Japão, México, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, EUA e países da UE. Ou seja, o grupo dos países mais poderosos que juntos representam 85% da economia mundial. (fonte: Destak)
Comunicado oficial da cimeira aqui.
Dossier do Público sobre a cimeira aqui.
Nota pessoal: não deixa de ser empolgante saber que vivemos num tempo em que uma nova arquitectura mundial está a ser concebida e a emergir.
Antes de mais, uma frase de Jorge Almeida Fernandes, na análise que faz no Público: "Que é feito do G8? A centralidade da cimeira G20 é um facto novo. Traduz uma mudança de fundo não só na economia mundial mas também na cena internacional". (Vale a pena ler todo o artigo).
Os líderes mundiais chegaram hoje a um “acordo de acção global” para reactivar a economia internacional, que passa pela reforma do sistema bancário (que incluirá a penalização dos paraísos fiscais), estímulos ao crescimento económico, a revisão das instituições internacionais, o apoio ao comércio global e novos fundos para o combate à pobreza. (PÚBLICO)
Pormenorizando um pouco as conclusões do encontro de Londres, temos:
- “profunda reforma do sistema bancário” a nível internacional,
- criação de uma lista de paraísos fiscais que não cumprem as regras de transparência – tarefa que estará a cabo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
- fixar novas regras para a atribuição de prémios aos gestores financeiros,
- reforçar a capacidade de intervenção das instituições financeiras internacionais.
- retomar as negociações para a liberalização das trocas (um das principais reivindicações dos países emergentes).
- o FMI poderá vender parte das suas reservas de ouro para financiar a ajuda ao desenvolvimento dos países mais pobres
Irão as conclusões desta cimeira resolver a crise já amanhã? Claro que não. As revoluções francesa e americana não aconteceram num dia. A revolução industrial não aconteceu num dia. O renascimento não aconteceu num dia. Todo o edifício financeiro internacional, criado nos anos 40 em Bretton Woods, demorou três anos até ao seu resultado final. Portanto, este é o início de um processo.
João César das Neves, hoje no Destak, escrevia o seguinte: “o principal propósito da reunião é levantar o moral e elevar as expectativas da opinião pública mundial. Isso constitui um dos factores mais decisivos na actual crise. O nervosismo e até o pânico são em grande medida a causa desta recessão, sendo esse o único elemento que pode transformar um choque económico num desastre global. Se desta reunião sair uma perspectiva favorável e credível, os resultados serão excelentes.”
Se olharmos para as reacções dos mercados financeiros um pouco por todo o mundo, vemos que a resposta agradou: as bolsas subiram como não acontecia há meses.
Durão Barroso declarou que na cimeira sentiu-se o “efeito Obama”. Do que ouvi das intervenções do presidente americano, não disse nada de extraordinário – Gordon Brown pareceu-me bem mais concreto – mas, de facto, as impressões são uma coisa extraordinária e mudam comportamentos. Seja na vida das pessoas, seja nas relações entre Estados. E parece que, neste momento, Obama é o Midas mundial.
(Sobre a “magia” Obama escreverei num destes dias no Palavras Impressas, a propósito de “Dez Discursos Históricos”, que acabei de ler há alguns dias).
Países que constituem o G-20: Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Japão, México, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, EUA e países da UE. Ou seja, o grupo dos países mais poderosos que juntos representam 85% da economia mundial. (fonte: Destak)
Comunicado oficial da cimeira aqui.
Dossier do Público sobre a cimeira aqui.
Nota pessoal: não deixa de ser empolgante saber que vivemos num tempo em que uma nova arquitectura mundial está a ser concebida e a emergir.
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