terça-feira, 13 de setembro de 2011

Educação não são estatísticas

O relatório "As Perspectivas da Educação 2011" foi hoje apresentado pela OCDE. De acordo com o estudo, Portugal tem a maior taxa de obtenção de diplomas do final do ensino secundário (96 por cento). Mais, a taxa de obtenção do diploma subiu 34 por cento de 2008 para 2009. Perante tais resultados (melhor falaríamos de um milagre), é importante sublinhar as reacções de Isabel Alçada e de Nuno Crato. Isabel Alçada, ouvida algures na Aldeia dos Estrunfes onde reside há já alguns anos, abriu muito os olhos e afirmou, com voz melada, que "os meninos adultos portugueses confiam na escola e na educação, o que aconteceu depois do Programa Novas Oportunidades". Nuno Crato, por seu lado, referiu que "a taxa de sucesso de 96 por cento dos alunos do secundário inclui o programa Novas Oportunidades, o que inflaciona em muito os números” e que "o relatório da OCDE apresentado hoje em Paris esconde a realidade do país". Em termos de discurso, um e outro estão seperados pelo abismo que se interpõe entre os malabaristas estatísticos e aqueles que têm um sentido agudo da realidade. É fundamental, também a este propósito, que o actual Ministro da Educação seja consequente, ao nível dos actos, com a exigência que refere nas suas palavras. A alienação estatística, nesta e noutras matérias, por ter como consequência uma realidade grosseiramente falseada, tem custos. E estes são sempre pagos pelo país e, sobretudo, por aqueles que têm menos recursos.

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