segunda-feira, 12 de março de 2007

Alarvidade em TVI: a bela e o cromo

Ontem começou na TVI mais um magnífico concurso ao estilo "big brother", segundo vi hoje de relance ao passar por lá. Ontem foi muito baixo e até ofensivo para qualquer mulher que se preze. Foram escolhidas a dedo... boas, minimini saias, e ignorantes (para não chamar mais nada). Eles? uns totós. Não fosse o apresentador-palhaço (e acompanhante) e dava para dormir.
Só não percebi como é que o Rui Zink, a Clara Pinto Correia, o Carlos Quevedo e a Marisa Cruz se prestam àquelas figuras...
O Arrastão, de Daniel Oliveira, disse tudo o que eu penso. Cá fica, na íntegra, o texto dele:
"Para quem ficou muito chocado com imagens eróticas de dominação em publicidade devia ter passado ontem por um inenarrável concurso: "A Bela e o Mestre". Uma espécie de "Big Brother". De um lado, raparigas supostamente belas (os gostos não se discutem, lamentam-se) que estiveram a vida inteira enfiadas numa cave e por isso nunca ouviram falar de Fidel Castro, de Putin, de Gorbachev ou de fosse quem fosse. O estereótipo boneca-boa-burra-mimada-infantil. O apresentador vai gozando com a inesgotável ignorância das meninas (ao pé das quais até ele parece ser dotado de alguma massa cinzenta) e o público diverte-se com as asneiras das cachopas. Os medíocres entram em delírio quando encontram alguém pior do que eles. Do outro, uns "nerds" supostamente inteligentíssimos, mas flácidos, feios, desajeitados e tímidos, mostram a sua humilhante falta de virilidade, compensada por cursos de ciências em Coimbra. Elas burras e giras, como se quer. Eles feios e cultos, como se espera.
O programa, que se deve julgar muito moderno e até feminista, vai tentar que, por osmose, as mulheres fiquem mais espertas e os homens mais belos. No fim, teremos a igualdade. Se era para provar que as duas coisas se ensinam, porque não ocorreu a ninguém misturar na brincadeira uns belos-burros e umas feias-espertas? Porque seria insuportavelmente humilhante para uns e outros. E não teria graça. Como se vê pelo apresentador, as audiências até aguentam homens pouco dotados de neurónios, mas não suportam mulheres feias. E não costa que o "shares" aumentem quando uma mulher inteligente abre a boca.
O programa, por si só, nada tem de mal. É só a alarvice do costume. Talvez só tenha impressionado quem, como eu, não descia há muito tempo do canal 5. Mas não consigo deixar de ficar perplexo ao perceber que, em 2007, ainda haja gente que queira ver isto. Para quem este estereótipo, mesmo como estereótipo, ainda funcione. E, mais extraordinário, que Rui Zink e Clara Pinto Correia estejam lá para abrilhantar a festa."

1 comentário:

... disse...

Pois é. Deprimente. Eu fiz zapping e dei com o Rui Zink a falar d inteligência emocional!! bolas..é um insulto pra quem vive o tema d forma efectiva e diária.
Enfim..na tvi