A Inês, do TRAMBOLHÃO, saiu-me uma bela poetisa. Escreve assim, aos trambolhões. Com humor, com sentimento. E faz-nos pensar.
Cada vez gosto mais de lá ir espreitar.
Da última vez escreveu sobre a dislexia do amor. Está tão bem escrito, que tomo a liberdade de copiar integralmente. Espero que a Inês não leve a mal…
Cada vez gosto mais de lá ir espreitar.
Da última vez escreveu sobre a dislexia do amor. Está tão bem escrito, que tomo a liberdade de copiar integralmente. Espero que a Inês não leve a mal…
«Gosto muito de it.
Não percebi. Gostas de?
De it, só de it!!
E baixava a cabeça, frustrado consigo mesmo. Acabava por agarrar num pedaço de papel e escrevia-o devagar, trémulo, sílaba a sílaba, com o seu lápis pequenino, porque sabia que a sua imaginação não o iria atraiçoar, desta vez.Mas mal tentava dizê-lo em voz alta, com toda a garra e sinceridade, as letras baralhavam-se outra vez num esquema mental difuso e saíam sílabas sem sentido.
No dia do casamento, quando o padre fez a pergunta adequada, apenas se ouviu da boca do noivo: Ism.
Não se importa de repetir, por favor?
Ism, ism, ism. Ela chorava desgostosa e o padre fingia não ter ouvido, enquanto os antigos pretendentes da noiva quase que deitavam notas ao ar e rebolavam no chão de prazer.
Quando estava às portas da morte, de mão dada à sua esposa, conseguiu finalmente dizer: gosto de ti, gosto de ti porra, sem mais medos ou inseguranças sobre o destino de o afirmar. O medo de pronunciar algo tão solene e especial, como que a desafiar o mundo prepotente que por vezes ameça destruir os nossos sonhos se os proferimos em voz alta, desapareceu.
Eu sempre soube, podes descansar. Afinal sempre lá tinha estado o significado, só as letras é que estavam baralhadas. O importante é que as acções sejam percebidas como um todo.
Afinal, o amor não sente a "dislexia".»
2 comentários:
olá!
Que honra, ver o meu texto aqui:)
Claro que não levo a mal, és um querido.
Bjs
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