quinta-feira, 17 de maio de 2007

Falar de blogues

Ao início da noite fui assistir a um colóquio na Livraria Almedina (no Atrium Saldanha) sobre blogues. Já o ano passado tinham organizado uma série de debates sobre este fenómeno (e este ano este é já o terceiro, mas só ontem descobri o evento…).
Hoje o tema era “Falar de Blogues com Cronistas”. E contou com a participação dos autores do Abrupto (José Pacheco Pereira), do Bicho Carpinteiro (José Medeiros Ferreira), da Bomba Inteligente (Carla Quevedo) e do Glória Fácil (Fernanda Câncio). E as questões sobre a mesa eram apresentadas assim: “Há cronistas que têm blogues. Porquê? O que acrescenta o blogue à crónica na imprensa e ao comentário na televisão?”

Se calhar, haverá quem ache estas coisas uma baboseira. Mas, para quem tem um bloguito, ajuda a ver as coisas com outros olhos, a ter alguns conceitos e a perceber o que é este mundo da blogosfera. É um pouco como respirar: todos o fazemos desde sempre, mas só passados muitos anos é que aprendemos os conceitos e os mecanismos que nos permitem respirar.

Não tendo chegado a tempo de ouvir a Carla Quevedo e parte da intervenção de Medeiros Ferreira, deu para seguir os restantes intervenientes. O grosso da questão estava na caixa de ressonância que os blogues são dos restantes media e vice-versa.
Interessantes os depoimentos de Medeiros Ferreira e de Pacheco Pereira, que têm a experiência da censura. Portanto, a vivência de um mundo de limitação da liberdade de expressão – antes – e da blogosfera – agora. Medeiros Ferreira diz que a blogosfera é a esfera da liberdade de expressão por excelência.

Alguns apontamentos do colóquio:

- Fernanda Câncio defende que os jornalistas têm opinião. E têm direito à opinião. Afinal um jornalista é um ser humano, e como tal tem perspectiva sobre os acontecimentos.


- Carla Quevedo, a finalizar, diz que a blogosfera é um espaço de generosidade, na medida em que ninguém é pago para lá escrever (embora já haja publicidade paga nos blogues), e em que cada um se expõe, expõe o seu pensamento, a sua visão do mundo. (Curiosidade: o blogue chama-se Bomba Inteligente porque é assim que Carlos Quevedo trata a autora. Digamos que sim).

- Medeiros Ferreira afirma que “o blogue é um instrumento de sedução, enquanto no jornal é mais namoro”. Isto a propósito das linguagens.

- Pacheco Pereira refere que “tenho este vício de ter opiniões e gosto de as divulgar”. Isto a propósito dos episódios por que passou devido a escrever em jornais desde os seus 14 anos.

Na hora das perguntas e respostas, uma questão que me surgiu a propósito: blogues e restantes media acabam por ser uma caixa de ressonância uns dos outros (sobretudo nos blogues políticos, que são a maioria). E quem escreve nos jornais normalmente tem de cingir-se a essa actualidade. Por outro lado, num blogue é possível diversificar, abrir novas janelas, através de fotografias, poesia, escrever de outros temas que não a actualidade (pelo menos não se sente essa obrigação). E a experiência do GONIO, que era muito comentário da actualidade, mas ao qual estou a tentar imprimir um outro cunho mais variado e humano (até porque não sou o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa para comentar tudo e arredores), e menos caixa de ressonância da actualidade.
Lá não fui assim tão claro, talvez por isso os comentários passaram ao lado. E também já era hora de acabar o colóquio.

É sempre interessante assistir a estas palestras. Aprende-se sempre qualquer coisa.

A próxima será a 22 de Junho, com José Luís Orihuela. Trata-se de um “professor na Universidade de Pamplona, que tem corrido o mundo a falar de blogues e a formar especialistas e não especialistas na Web 2.”
Para finalizar, um pequeno apontamento: hoje é o Dia da Internet (Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação).

2 comentários:

Cris disse...

Pessoalmente, gosto do cunho pessoal e humano que estás a imprimir ao teu blog:)
Dá-nos sempre aquela sensação agradável que nos estás a deixar entrar num outro mundo dentro deste mundo que é o teu blog...
Bjocas doces!

João Melo disse...

tambemm lá estava e pareceu-me que quando fizeste a pergunta estavas um bocado nervoso