terça-feira, 8 de maio de 2007

O desaparecimento de Madeleine

O rapto da menina Madeleine McCann é a grande notícia do momento. Os noticiários televisivos espraiam-se durante largos minutos para nada informarem. Hoje à noite, ao Jornal da Noite da SIC dedicou os primeiros 20 minutos a este assunto. O Telejornal da RTP levou quase meia hora. A TVI também andou por estes valores. E ao longo do noticiário fazem directos, entrevistam especialistas, fazem debates.
Conteúdo? Nenhum! Tem sido assim nos últimos dias…
Permanentemente a televisão vai divulgando as acções da polícia. Ou então há conferências de imprensa da polícia (como ontem) para dizer que nada podem divulgar. Até Cristiano Ronaldo filmou um apelo para todos darem qualquer informação que possa ajudar. E os jornalistas esfalfam-se por obter uma declaração qualquer das autoridades nacionais, seja o Presidente da República ou um ministro.
Até já se criou uma corrente de mails com fotografias da menina, para “passar ao maior número de pessoas”. Hoje recebi o mesmo mail umas quatro vezes. Apaguei-as todas.
Enquanto não acontecer mais nada de extraordinário, as televisões vão fazer lençóis noticiosos com este drama.
Esta novela que se criou à volta do desaparecimento da pequena Madeleine é absurda. É um folhetim para encher programação.
E descrevem as ajudas que os populares dão. As orações. Fazem directos da Inglaterra cheios de nada – tal como os do Algarve. Até já há um retrato-robot do alegado raptor. De costas. Ou seja, nada. Pode ser qualquer um.

Entretanto, surgiu um debate paralelo suscitado pelos ingleses (segundo parece): a questão de a polícia portuguesa não actuar como a Scotland Yard faria; ou o facto de a polícia portuguesa não estar a usar suficientemente o poder da televisão nacional para ajudar na resolução deste caso. Duas tretas!

Este desaparecimento é sem dúvida um drama para os familiares. E particularmente para os pais, que vieram de férias sem aguardarem tanto sofrimento. E a teoria da irresponsabilidade dos pais – que entretanto nasceu em Portugal – é relativa. Na cultura inglesa é perfeitamente normal o que eles fizeram cá.

3 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro bloger,
A moda agora é mesmo criticar.Os ingleses criticam a PJ,nós criticamos os pais, e você critica os jornalistas e tv's portuguesas.O que disse não é mais do que a sua opinião, é um facto mas não me parece verdadeira nem justa.Se os jornalistas não têm dito nada, como sabe que há um retrato-robot?Foi a PJ que lhe ligou a dizer? E já agora,se o incomoda tanto a cobertura que a tv portuguesa faz pode sempre optar por uma das duas opções: ver a sky news (que são tão bons)ou deixa de ver noticiários. Afinal, se não gosta porque os vê?

Cris disse...

Concordo com o Gónio quanto ao conteúdo do post. Ao contrário do que o anónimo diz, não se trata de criticar apenas por criticar. Trata-se de perceber que esta é uma notícia sensacionalisticamente aproveitada ao máximo,em prol das audiências, quando tanta coisa merecedora de igual destaque (no NOSSO País)é simplesmente ignorada.
Não digo para não falarem no desaparecimento da menina. Mas não façam dele o único assunto de interesse nacional(e até mesmo internacional). Além disso,quantas meninas portuguesas já não desapareceram e não se fez tanto "escabeche" como agora?
Sensibilidade todos devemos ter. Tal como nos é igualmente exigido bom senso para impor limites ao que é exagerado.

GONIO disse...

Isto de criticar os alegados críticos atrás da capa do anonimato... uau!
O que escrevi é o mais puro bom senso: um retrato-robot de costas não é nada. E tanto a TV nacional como a inglesa têm feito deste desaparecimento - INFELIZ! - uma novela ao estilo Big Brother.

E as reacções a isto sã tão ridículas que até já provocaram o cancelamento da campanha publicitária ALLGARVE em Inglaterra... Um perfeito disparate!!