segunda-feira, 7 de maio de 2007

O medo

José Gil, na VISÃO:
“Qualquer coisa está a correr mal neste país. Que não se diga, como gosta de repetir o primeiro-ministro a propósito dos discursos da oposição, “que só sabem dizer mal, incapazes que são de apontar para o que fazemos de bom”. Se bem que a acção da oposição seja quase nula, aquela frase mostra já o que se pretende: um consenso geral obediente, a adesão à política do Governo como condição primeira da crítica. Mas uma coisa é a maledicência, outra a crítica; uma coisa é a obediência passiva, outra a aprovação lúcida.
(…)
“Quando um pai acusa o filho injustamente e o castiga em seguida por ele protestar acabando por o calar (domar), este interioriza a primeira acusação com a aceitação da segunda. Obedecerá dali em diante voluntariamente sem saber porquê, apenas porque é uma ordem. Assim se incorpora inconscientemente medo e submissão.
(…)
O medo encolhe os cérebros, reduz o espírito, fecha os corpos. Está-se a formar um clima de medo. E o medo tem a particularidade de alastrar. Ao medo social de perder o emprego, de não subir na carreira, de perder as pensões, de não aguentar tanta pressão e constrangimento em tantos domínios, junta-se agora o medo de protestar, de flar, de se exprimir. O medo social está a tornar-se político: tem-se medo do governo, e, talvez, um dia, do primeiro-ministro.”
Certeiro!!
Vale a pena ler o texto na íntegra, na Visão desta semana.

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