Do Corta-Fitas:
"Confesso que começo a ficar cansado da palavra “populismo”. Não há hoje análise política em Portugal sem que este famigerado termo se multiplique à velocidade dos pães bíblicos, servindo para nomear tudo e o seu contrário. “Populismo” passou a abarcar quase tudo quanto mexe. E quando se pretende criticar alguém sem saber muito bem justificar tal crítica, logo irrompe o nefando vocábulo, tão previsível como as ondas do mar a bater na praia. Rapidamente a fórmula, de tão generalizada, ficou esvaziada de conteúdo.
Afinal o que é o populismo?
- As “conversas à lareira” de Franklin Roosevelt faziam dele um populista?
- John Kennedy, ao aparecer junto da mulher Jacqueline, grávida de muitos meses, e fazendo disso um decisivo trunfo eleitoral na campanha presidencial de 1960, era populista?
- Harold Wilson, que se fez fotografar e filmar ao lado dos Beatles para firmar a sua frágil liderança dos anos 60 no Reino Unido, seria um notório populista?
- As disparatadas declarações de Mário Soares sobre a vida afectiva do seu adversário Francisco Sá Carneiro, na eleição legislativa de 1980, tinham um cunho populista?
- Seria populismo o facto de Cavaco Silva fazer profissão de fé anti-europeísta quando dava os primeiros passos como líder do PSD em vésperas da assinatura do tratado de adesão de Portugal à CEE?
Também Churchill poderia ser acusado de “popularizar” a actividade política com as suas fórmulas simples e certeiras, bem sonantes em cabeçalhos de jornal (nada mais natural em quem exerceu o jornalismo antes da política), e aquele V da vitória que ficava excelente em qualquer fotografia. Já sem falar do general De Gaulle, que tinha o hábito de fazer plebiscitar as suas políticas, o que lhe valeu a acusação de pretender “governar por referendo”, em permanente adulação das massas. Hoje ninguém nega que foram ambos estadistas, Churchill e De Gaulle – dos maiores que o século XX conheceu. “Populismo”, portanto, vale para tudo: para o pior – e para o melhor. Seria bom que começássemos a usar outros termos. Para percebermos melhor do que se fala."
O "populismo" renasceu com a eleição de Luis Filipe Menezes para a liderança do PSD... Menezes tem umas boas ideias, outras interessantes e que devem amadurecer. Ainda agora chegou a líder. Deixem-no fazer caminho, e ver o que vale. Uma coisa já disse e repito: Sócrates vai deixar de ter todo o campo político-mediático para si. O primeiro discurso de Menezes no cogresso foi duríssmo para o Governo de Sócrates e pôs o dedo na ferida. Se conseguir passar a mensagem de forma estruturada e clara, alguma coisa vai mudar.
Tem sido cauteloso nos comentários à comunicação social. E parece-me mais bem preparado e consistente que Santana Lopes (mas isto é a minha opinião).
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