domingo, 1 de junho de 2008

Livros: pela feira

Como não podia deixar de ser, já passei pela feira do livro deste ano.

Muita gente, potenciais compradores, potenciais leitores (são coisas diferentes), o Tejo ao fundo, sereno.

Os mesmos pavilhões de sempre, vestidos de cores garridas, os estrados com tábuas partidas para chegar a alguns expositores, alguns escritores a autografar, pessoas a comer gelados…

Certamente devido à guerra deste ano, nada de especial na feira. O pavilhão central, no alto do Parque Eduardo VII, de um terceiro-mundismo confrangedor e vergonhoso. O pavilhão para conferências é um caixote pré-fabricado no início da feira, no lado direito. O pavilhão do livro do dia igual ao de quase todos os anos (só foi diferente num ano em que se lembraram de pôr uma estrutura diagonal à entrada do Parque).

De resto, ano após ano, a feira pouco muda. A mesma disposição das barracas. A única diferença de há alguns anos é a cor dessas barracas. Só o facto de os espaços de cada editor se chamar “barraca” é por si só toda uma filosofia. Podiam chamar-se “pavilhões”, “tendas”, “quiosques”, “espaços”… mas todos, a começar nos participantes, acham por bem que sejam “barracas”.

Este ano Cabo Verde é o país convidado da feira. Poucos dão por isso. Nada a destacar essa primazia. Um pavilhão decadente tal como o do livro do dia ou o das conferências.

A diferença deste ano está no cima do Parque, à direita, com os pavilhões do grupo Leya. Houve o trabalho de pensar num novo formato. Vários pavilhões, tipo um quarto cercado de prateleiras com livros, tecto de plástico vermelho (a cor do grupo), cada uma com uma ou duas pessoas de staff do grupo, e uma ilha ao centro onde funcionam as caixas (bem servidas por umas meninas bonitas e sorridentes). Uma espécie de Campera para livros. Seguranças à saída espaço Leya, para evitar que alguns se esqueçam que têm de pagar. Um sistema próprio de rádio a anunciar livros do dia e autores a autografar, também numa ilha ao centro.

Não, não é uma solução perfeita, não será a ideal, mas está diferente. E essa mudança é positiva. Por exemplo, o plástico vermelho no tecto, quando está sol, incomoda no manuseamento dos livros, fere os olhos. (Cá está o pretexto que faltava para comprar uns óculos de sol).

Gostei do saco da Leya, em que associa o seu nome com o incentivar à leitura, com esta paixão. Cá fica:

“LEYA pensamentos LEYA cores e sentimentos LEYA sozinho ou acompanhado LEYA a sério ou a brincar LEYA depressa ou devagarinho LEYA quando, como e onde lhe apetecer LEYA tudo o que lhe dá prazer LEYA letras com sabores LEYA romances LEYA poesia LEYA países LEYA viagens e outras culturas LEYA arte LEYA música LEYA pintura LEYA escultura LEYA sonhos LEYA tudo o que se pode ler LEYA de dia LEYA à tarde LEYA à noite LEYA em casa LEYA na praia LEYA no metro LEYA no comboio LEYA no banco do jardim LEYA de pernas para o ar LEYA debaixo da cama LEYA por vício LEYA por paixão LEYA por amor LEYA com os olhos do coração LEYA com alma”

A paixão pela leitura feita palavras.

Francisco José Viegas dá
aqui um passeio pela feira.
Pacheco Pereira escreveu aqui sobre a guerra dos pavilhões neste ano.

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