domingo, 22 de fevereiro de 2009

Dúvida


Um filme incómodo. Que mexe nas certezas e nas dúvidas que vamos tendo sobre o que nos rodeia, sobre o que julgamos ver.

Com desempenhos fabulosos e convincentes de Philip Seymour Hoffman e de Meryl Streep (quem diria que é a mesma de "Mamma Mia!"...?), vemos uma freira azeda, agarrada à certeza dos seus moralismos, a pôr em causa o trabalho do Padre Flynn. Este quer uma lufada de ar fresco, de mudança, no Colégio de St. Nicholas, no Bronx dos anos 60; ela acredita na disciplina baseada no medo, agarra-se à sua visão céptica da vida e do mundo para pôr em causa os outros. E há ainda a irmã James, uma jovem optimista, que é a idiota útil que vai sendo manipulada e inocentemente alimentado a maldade da irmã Aloysius contra o Padre Flynn.

Um filme que põe em evidência a imprudência de algumas certezas. E a imprudência de certas dúvidas. E a crueldade que ambas podem revestir, destruindo o melhor de cada pessoa.
O cepticismo em relação ao outro, à bondade intrínseca de cada um. A crença cega de que todo o ser humano é mau por natureza.
Lembro-me de uma frase de Augusto Santos Silva (actual ministro dos Assuntos Parlamentares), escrita há anos num artigo de opinião num jornal: "só os impuros precisam de ostentar permanentemente a pureza". É esta a realidade da cruel personagem desempenhada por Meryl Streep, a irmã Aloysius.

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