"Os portugueses não acreditam que as coisas possam piorar dramaticamente. Isto deve-se à naturalização que fazemos do pessimismo. O nosso pessimismo é sobretudo conformista e por isso é tão pouco adaptável às novas circunstâncias. O governo funciona como uma Empresa de Eventos S.A, com muitos protocolos, lágrimas ao canto do olho e miragens ferroviárias. Não nos muda e isso é o que queremos. Claro que não se esquece de distribuir dinheiro pelas autarquias socialistas (esta semana foi pelas escolas) e isso ajuda. Faz parte do jogo, mas não é o essencial.
MFL aposta na memória do bom senso: dizer a verdade e receitar prudência. Os portugueses ouvem-na, ao contrário do que fez crer a Empresa de Eventos S.A. (MFL referia-se ao conjunto PS-governo). O problema é que o nosso conformismo, a nossa indolência, faz com que a ouçamos como um estroina ouve um pai: ainda não é tempo de seguir os conselhos.
As águas estão cada vez mais claras porque MFL conseguiu contrapor ao brilho e à superfície o que está debaixo: o fundo. Resta saber se o nosso conformismo, atópico e permanente, suporta a visão. Não me parece."
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