domingo, 8 de novembro de 2009

9 de Novembro de 1989: o dia em que o Mundo mudou


Passam amanhã 20 anos sobre a queda do Muro de Berlim, a parede que dividia não apenas um país como todo o mundo.
(Foi ontem. Foi há tanto tempo).
Um dia histórico a que tivemos o privilégio de assistir. Um dia que mudou o mundo. Um dia que significou o fim do Bloco de Leste. O dia em que a Guerra Fria deixou de ser o modelo vigente na ordem política internacional. O dia que pôs simbolicamente fim ao séc. XX.
Sem este facto extraordinário da História recente, o nosso mundo e modo de viver seriam bem diferentes. A História acelerou-se a partir desta data.

A Visão História dedica toda a edição de Outubro ao Muro de Berlim e à Guerra Fria (é uma edição para guardar).
Ainda não a li toda, mas do que li há um homem cuja importância ressalta: Mikhail Gorbachev.
Desde o início de 1989 que havia agitação um pouco por todos os países do Bloco de Leste. E a acção deste homem irá marcar o desenrolar dos acontecimentos. Ainda em 1985, na sua tomada de posse, Gorbachev deixa o aviso explícito aos líderes do bloco soviético: “não contem com os nossos blindados para se manterem, vocês e os vossos regimes, no poder”. A sua formação fazia-o ter uma profunda aversão à violência, sob todas as formas. Este é o primeiro aspecto.
Segundo ponto: a intenção de não se imiscuir nos assuntos internos de cada um dos países, “deixando os líderes dos “países irmãos” a agir a seu bel-prazer, sem nenhum controlo de Moscovo.” Afirmou o líder soviético: “para onde vão e como vão é um assunto vosso, no qual não me vou imiscuir”.
Finalmente, uma razão económico-financeira: Moscovo não tem dinheiro. É a queda do preço do petróleo, foi a perda de receita devido à proibição da venda de vodka (as receitas fiscais desceram 34 mil milhões de rublos), e foi ainda a catástrofe de Chernobyl (que custou 8 mil milhões ao orçamento de Moscovo). Gorbachev assume a sua prioridade: “temos de nos ocupar primeiro do nosso próprio povo”, e deixa assim ao Ocidente a tarefa de salvar a Europa de Lesta da falência.

Para registo histórico ficam os acontecimentos desse 9 de Novembro: há muito tempo que na RDA havia agitação pela possibilidade de passagem de um lado para o outro do Muro. “Após controversas discussões, o grupo de trabalho define que desde que os cidadãos da RDA disponham de um passaporte ou um visto – privilégio de alguns – não serão aplicadas restrições aos pedidos de emigração permanente ou a visitas a familiares.”
Às 18h desse dia iniciou-se a conferência de imprensa de Günter Schabowski (recentemente nomeado secretário do Comité Central para a Agitação e Propaganda), que explicaria os contornos da nova lei. Com a particularidade de haver direito a perguntas por parte dos jornalistas. Questionado sobre quando a nova lei entraria em vigor, Schabowski respondeu “imediatamente”, sem se aperceber das consequências das suas palavras.
A conferência de imprensa terminou passados 54 segundos das 19h00. Cinco minutos depois a AP escrevia para todo o mundo: “A RDA abre as fronteiras.”
“Menos de duas horas depois, os postos fronteiriços berlinenses estavam inundados de gente.” A polícia não sabia como reagir, pois a lei só entraria em vigor no dia seguinte, mas acabou por ceder à pressão popular. O Muro abriu-se.
A circunstância de a reunião do Comité Central do SED ter-se prolongado até perto das 21h (em vez de ter acabado às 18h) fez com que a cadeia de comando da RDA estivesse a debater “no momento histórico em que os cidadãos escreviam a certidão de óbito de um país-espectro saído do tubo de ensaio de Moscovo”.

9 de Novembro de 1989: o dia em que o Mundo mudou em apenas algumas horas.

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