domingo, 12 de fevereiro de 2012

Blogosferando - 69



No Corta-fitas:

"Confesso que ando sem pachorra para comentar as ‘actualidades nacionais’, tal é o grau de descaramento, má-fé, estupidez, irresponsabilidade e ignorância que políticos, comentadores e muitos cidadãos comuns exibem nesta hora grave da História da Pátria.

Esquecem que Portugal esteve há pouco menos de um ano perante o abismo.

Esquecem que o Estado esteve objectivamente na bancarrota, incapaz de pagar salários e reformas, de honrar compromissos assumidos, de pagar dívidas de milhares de milhões de euros aos seus fornecedores, de que os 3 mil milhões de euros em dívidas do Serviço Nacional de Saúde são um exemplo eloquente.

Havia que mudar, tínhamos de mudar de vida.

E começámos por mudar de governo. Correu-se com um incapaz que agora revela os mais obscenos sinais exteriores de riqueza na ‘cidade-luz’, elegeu-se um Homem decidido a arrumar um passado de regabofe, de despesismo, de irrealismo, reorganizando o País para a produção, a competitividade, o trabalho, a poupança e a Justiça.

Em nome do Futuro de Portugal.

Por causa dos nossos filhos que merecem não viver a miséria que presentemente nos esmaga e humilha, como os nossos avós viveram a bancarrota desse regime da bomba, que não foi outra coisa a primeira república.

Ando pois sem pachorra para suportar um exército de comentadores fingidos e de políticos farsantes que, descontextualizando despudoradamente as palavras de Passos Coelho, sabem muito bem que este nunca chamou “piegas” aos Portugueses, antes nos desafiou a ter vontade de vencer.

Ando também sem pachorra para aturar as lágrimas de luto pelo carnaval de gente que parece não perceber que só folgando menos e trabalhando mais sairemos do fosso em que nos encontramos (e, caramba, querem carnavalar, tirem um dia férias!).

Ainda menos pachorra tenho para incendiários radicais que não descansam enquanto o País não fizer o haraquíri grego, desse modo se instalando entre nós a revolução social que aquelas hienas anarco-comunistas tanto desejam.

Nenhuma pachorra tenho, então, para esses madalenos socialistas que nestes seis anos deram prova da mais rematada imbecilidade no governo Sócrates e que, depois de terem afundado o País, agora protestam apenas com o objectivo canalha de atirar lenha para a fogueira e cortar o passo a quem está a corrigir os seus erros.

Um bom exemplo do que acabo de referir é ver o desplante de António José Seguro a sustentar que o Governo deveria ter utilizado o 'excedente' orçamental de 2011 para não reduzir os subsídios de Natal desse ano, omitindo o pormenor de que aquele resultado apenas foi alcançado graças às receitas extraordinárias da transferência do fundo de pensões da banca para a segurança social.

Se derem ouvidos a essas sereias, pobre Portugal, desgraçado País o nosso…

Em vez de tudo maldizer, atente-se antes nesta tão esquecida quanto certeira reflexão de Fernando Pessoa, para quem os vencedores da 'Grande Guerra' “Repararam que a força da Alemanha provinha, não da valentia notável dos componentes individuais dos seus exércitos, não da perícia especial dos seus chefes militares. Mas de ser na guerra e na paz e na disciplina particular da vida guerreira o que era na geral de toda a sua vida — uma nação plenamente organizada, coerindo dinamicamente em virtude de uma aplicação inteligente e estudada dos princípios de organização” (in "Como Organizar Portugal", págs. 5-6)

Organizemos, pois, o nosso País, mudando mentalidades e a nossa atitude como povo, reformando o Estado e libertando a sociedade, modernizando a economia e apostando em novos mercados e modelos de desenvolvimento. E, já agora, rejeitando também a charlatanice melíflua de que o futuro não existe sem nós e de que os outros nos devem a nossa própria existência.

É que, ou despertamos e vencemos ou continuaremos a decair até morrermos como Nação.

Pode ser duro mas a vida é mesmo assim."

E é isto.

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