sábado, 30 de maio de 2009

MMG: jornalista contundente

Manuela Moura Guedes, igual a si própria, em entrevista ao I:

Há quem diga que este governo lida mal com os media. Concorda?
Este governo lida mal com a liberdade de informação. Mas a culpa é dos jornalistas. Se o governo estivesse habituado a uma comunicação social mais contundente, directa e que o confrontasse mais, ou seja, se a comunicação social fosse aquilo que devia ser, talvez o governo não apontasse o dedo a quem se limita a fazer jornalismo. Nós não fazemos mais nada além disso: fazemos investigação, mostramos casos que devem ser mostrados à opinião pública, fazemos aquilo que é normal fazer em qualquer país.

(...)

Incomodar o poder é uma das características do "Jornal Nacional" que apresenta?
Não fazemos as peças para criar incómodos ao poder. Enfim, os jornalistas têm de ser contrapoder. Faz parte! Temos de estar sempre lá, cuscar, roer as canelas, porque isso faz parte do jornalismo. Quanto mais responsabilidade tem um político, mais nós temos de estar atentos. Quem não pensa assim, está mal no jornalismo. Não é o "bota abaixo". É o alertar, pedir contas, desmontar a mensagem política. Eles [governantes] vão para lá e já sabem que isto tem de acontecer. Nós não podemos ser um eco, temos de ser o descodificador. Quem faz o contrário está errado e os políticos que não o entendam também.

Há quem diga que faz oposição ao governo...
Isso é uma estupidez. Se calhar é porque há ausência de oposição política. Mas esse tipo de opiniões só surge porque há uma ausência de tudo o mais. Se são relatados casos em que a política de gestão do país está mal, é-se logo encarado como oposição. Mas nós relatamos factos. Fico furiosa quando me dizem isso de fazermos oposição.

(...)

Acha que vivemos submersos em propaganda política e que isso também complica a vida aos jornalistas?
Complica como? Se não fizerem eco de tanta propaganda, não complica. Quantas vezes é que o governo apresenta as mesmas coisas? Ora, se os jornalistas, em vez de estarem a fazer eco como se aquilo fosse novidade, tivessem outra postura, tudo seria diferente. A culpa é nossa. Por isso é que me envergonho da nossa classe. Envergonha-me, que um director de um jornal [do DN, João Marcelino] escreva um editorial a perguntar como é que a ERC ainda não se pronunciou sobre "o Jornal Nacional de sexta-feira, que bate no primeiro-ministro".

-- / / --

Pode não se gostar do estilo MMG, do Jornal Nacional, da TVI e arredores, mas que ela aqui tem razão, tem.

Sem comentários: