quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Em política, o que parece é

Logo de manhã, a bomba: o Jornal Nacional de sexta-feira, na TVI, era suspenso.
De seguida, a Direcção de Informação, da qual também faz parte Manuela Moura Guedes, apresentadora do noticiário em causa, demite-se em bloco. Um protesto.
As informações e contra-informações sucedem-se.
Manuela Moura Guedes, em entrevista, diz que a TVI tinha pronta uma peça sobre o caso Freeport. Peça que serie emitida amanhã, dia em que o noticiário voltava após as férias.
A Prisa vem dizer que a suspensão do polémico programa se prende com razões económicas.
As reacções dos partidos políticos sucedem-se.
A ERC, em vez de se preocupar com a dúvida legítima que paira sobre o que motivou a suspensão do noticiário, dispara ao lado: a oportunidade desta suspensão (dando a entender que “agora não dá jeito ao governo”…) Isto é o que ouvi da boca do seu presidente, na TVI.
Entretanto, lê-se no comunicado da ERC: "Perante a situação descrita e a eventual violação de valores com dignidade constitucional, de que é exemplo a liberdade de imprensa, o Conselho Regulador delibera, no âmbito das suas atribuições relativas à defesa do 'livre exercício do direito à informação e à liberdade de imprensa', a imediata abertura, com carácter de urgência, de um processo de averiguações"

Notas ao lado:
- dia 27 de Setembro há eleições legislativas;
- em Fevereiro, no Congresso do PS, Sócrates atacou sobejamente a TVI e o Jornal Nacional das sextas-feiras;
- há uns meses, no parlamento, o mesmo Sócrates deixou no ar a ideia da intervenção estatal no canal através da PT. E por essa via afastar Manuela Moura Guedes.
- o currículo deste governo tem demasiadas zonas sombrias no que à liberdade de imprensa diz respeito;
- o currículo deste governo tem muitas actuações duvidosas no que à liberdade diz respeito (lembrar casos do professor Charrua, de um centro de saúde não sei onde, das polícias nas escolas devido a manifestações…).
- a mão deste governo no mundo empresarial também é abusiva.
- estes casos, bem explorados pela oposição, retiram uma bela resma de votos a Sócrates. E a altura não podia vir mais a jeito. E foi o próprio primeiro-ministro que se pôs a jeito.
O PS perdeu hoje as eleições. Definitivamente.

Já dizia Salazar: "em política, tudo o que parece é".

E o clima de asfixia democrática é demasiado pesado nesta longa legislatura do PS-Sócrates.

Mais 4 anos de governo Sócrates? JAMAIS!

1 comentário:

Anónimo disse...

Em política, nem tudo o que parece é. Não faço nem a apologia de Manuela Moura Guedes/Jornal Nacional nem a apologia de José Sócrates. Mas não convém tirar conclusões precipitadas. Para lá do que é transmitido pelos órgãos de comunicação social, há-de haver nesta história toda muito pormenor desconhecido que nos poderia fazer pensar duas vezes antes de formar uma opinião imediata e imediatista.
É certo que as conclusões parecem óbvias, mas nestas "polémicas" a única coisa que sabemos é que metade dos factos ou são adulterados ou nunca chegam ao conhecimento geral. Nem sei se alguma vez chegaremos a saber o que verdadeiramente se passou...
Mas sim, é possível que prejudique as intenções de voto no PS.
Bjocas,
Cris