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terça-feira, 12 de abril de 2011

Medina Carreira: para abrir os olhos


"Bom, dado o que está em causa é tão só o futuro dos nossos filhos e a própria sobrevivência da democracia em Portugal, não me parece exagerado perder algum tempo a desmontar a máquina de propaganda dos bandidos que se apoderaram do nosso país.
Já sei que alguns de vós estão fartos de ouvir falar disto e não querem saber, que sou deprimente, etc, mas é importante perceberem que o que nos vai acontecer é, sobretudo, nossa responsabilidade porque não quisemos saber durante demasiado tempo e agora estamos com um pé dentro do abismo e já não há possibilidade de escapar.
Estou convencido que aquilo a que assistimos nos últimos dias é uma verdadeira operação militar e um crime contra a pátria (mais um). Como sabem há muito que ando nos mercados (quantos dos analistas que dizem disparates nas TVs alguma vez estiveram nos ditos mercados?) e acompanho com especial preocupação (o meu Pai diria obsessão) a situação portuguesa há vários anos. Algumas verdades inconvenientes não batem certo com a "narrativa" socialista há muito preparada e agora posta em marcha pela comunicação social como uma verdadeira operação de PsyOps, montada pelo círculo íntimo do bandido e executada pelos jornalistas e comentadores "amigos" e dependentes das prebendas do poder (quase todos infelizmente, dado o estado do "jornalismo" que temos).
Ora acredito que o plano de operações desta gente não deve andar muito longe disto:
  1. Narrativa: Se Portugal aprovasse o PEC IV não haveria nenhum resgate. Verdade: Portugal já está ligado à máquina há mais de 1 ano (O BCE todos os dias salva a banca nacional de ter que fechar as portas dando-lhe liquidez e compra obrigações Portuguesas que mais ninguém quer - senão já teriamos taxas de juro nos 20% ou mais). Ora esta situação não se podia continuar a arrastar, como é óbvio. Portugal tem que fazer o rollover de muitos milhares de milhões em dívida já daqui a umas semanas só para poder pagar salários! Sócrates sabe perfeitamente que isso é impossível e que estávamos no fim da corda.  O resto é calculismo político e teatro. Como sempre fez.
  2. Narrativa: Sócrates estava a defender Portugal e com ele não entrava cá o FMI. Verdade: Portugal é que tem de se defender deste criminoso louco que levou o país para a ruína (há muito antecipada como todos sabem). A diabolização do FMI é mais uma táctica dos spin doctors de Sócrates. O FMI fará sempre parte de qualquer resgate, seja o do mecanismo do EFSF (que é o que está em vigor e foi usado pela Irlanda e pela Grécia), seja o do ESM (que está ainda em discussão entre os 27 e não se sabe quando, nem se, nem como irá ser aprovado).
  3. Narrativa: Estava tudo a correr tão bem e Portugal estava fora de perigo mas vieram estes "irresponsáveis" estragar tudo. Verdade: Perguntem aos contabilistas do BCE e da Comissão que cá estiveram a ver as contas quanto é que é o real buraco nas contas do Estado e vão cair para o lado (a seu tempo isto tudo se saberá). Alguém sinceramente fica surpreendido por descobrir que as finanças públicas estão todas marteladas e que os papéis que os socráticos enviam para Bruxelas para mostrar que são bons alunos não têm credibilidade nenhuma? E acham que lá em Bruxelas são todos parvos e não começam a desconfiar de tanto óasis em Portugal? Recordo que uma das razões pela qual a Grécia não contou com muita solidariedade alemã foi por ter martelado as contas sistematicamente, minando toda a confiança. Acham que a Goldman Sachs só fez swaps contabilísticos com Atenas? E todos sabemos que o engº relativo é um tipo rigoroso, estudioso e duma ética e honestidade à prova de bala, certo?
  4. Narrativa: Os mercados castigaram Portugal devido à crise política desencadeada pela oposição. Agora, com muita pena do incansável patriota Sócrates, vem aí o resgate que seria desnecessário. Verdade: É óbvio que os mercados não gostaram de ver o PEC chumbado (e que não tinha que ser votado, muito menos agora, mas isso leva-nos a outro ponto), mas o que eles querem saber é se a oposição vai ou não cumprir as metas acordadas à socapa por Sócrates em Bruxelas (deliberadamente feito como se fosse uma operação secreta porque esse aspecto era peça essencial da sua encenação). E já todos cá dentro e lá fora sabem que o PSD e CDS vão viabilizar as medidas de austeridade e muito mais. É impressionante como a máquina do governo conseguiu passar a mensagem lá para fora que a oposição não aceitava mais austeridade. Essa desinformação deliberada é que prejudica o país lá fora porque cria inquietação artificial sobre as metas da austeridade. Mesmo assim os mercados não tiveram nenhuma reacção intempestiva porque o que os preocupa é apenas as metas. Mais nada. O resto é folclore para consumo interno. E, tal como a queda do governo e o resgate iminente não foram surpresa para mim, também não o foram para os mercados, que já contavam com isto há muito (basta ver um gráfico dos CDS sobre Portugal nos últimos 2 anos, e especialmente nos últimos meses). Porque é que os media não dizem que a bolsa lisboeta subiu mais de 1% no dia a seguir à queda? Simples, porque não convém para a narrativa que querem vender ao nosso povo facilmente manipulável (julgam eles depois de 6 anos a fazê-lo impunemente).
Bom, há sempre mais pontos da narrativa para desmascarar mas não sei se isto é útil para alguém ou se é já óbvio para todos. E como é 5ª feira e estou a ficar irritado só a escrever sobre este assunto termino por aqui. Se quiserem que eu vá escrevendo mais digam, porque isto dá muito trabalho."

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Nuvens muito negras

Uma previsão do FMI diz que, em 2015, Portugal estará no pior lugar de sempre do ranking mundial do PIB per capita.

Esta noite, na SIC Notícias, Medina Carreira analisou o assunto. Dramático. Dramático, sobretudo porque tem razão.

domingo, 25 de outubro de 2009

A mulher certa

No caderno Weekend, do Jornal de Negócios, há uma interessante entrevista a Henrique Medina Carreira, um homem de 78 anos mas com uma vitalidade de fazer inveja.
No estilo contundente a que já nos habituou, fala de si, do país, da economia, da vida...

Não resisto a citar isto:
"Qual é a primeira coisa numa mulher que me atrai? Inteligência. (Numa mulher ou num homem). Não é possível viver ao lado de uma mulher que não tenha fulgor. Ou interesse. Ou oscilação de ideias, e capacidade de discutir e debater. A gente às vezes janta com uma senhora e está ansioso por que venha a conta, para ir embora. Uma mulher que faça acelerar o desejo da conta do jantar, não serve."

Toda uma entrevista que se lê com muito gosto e gozo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

"Esta gente é um nojo"

Palavras de Medina Carreira, esta noite na SIC Notícias, a comentar os políticos a discutir os episódios do negócio PT-Media Capital.

Contundente, igual a si próprio, questionou o país, as pessoas, o que falta, o que nos conduziu a este buraco.
Há 10 anos, tínhamos um endividamento externo de 10% do PIB. Agora já ultrapassa os 100%. Não há país que resista a isto.

"Em Portugal a governação é uma farsa".
E não é uma questão de regime, mas sim da qualidade dos agentes políticos. Que só falam de tretas e não dos problemas do país e das soluções. Falam dos efeitos, mas não da causa do problema: a economia.
Sem economia não há mais nada (educação, justiça, pensões, saúde...)


terça-feira, 5 de maio de 2009

Medina Carreira: a lucidez tremendista

Medina Carreira, quando fala, incomoda.

Talvez por isso, a entrevista que deu ao Correio da Manhã no passado dia 3 de Maio não teve qualquer eco. Pelo menos eu não ouvi nem um comentário sobre ela. Só hoje, através do (I)marginálias, cheguei a ela.
Entrevista longa, mas na qual vale a pena nos determos com atenção. Os alertas são muitos.

Ficam alguns excertos:

ARF – Problemas que são muito antigos, não é verdade?
- São antigos. Aqui neste caso é que esta crise veio de fora e sairá quando se resolver lá fora. Entretanto ficam mazelas. Agora, quando ela acabar ficamos com o nosso problema, com a nossa crise. Porque a nossa crise já estava cá.

LC – Com os mesmos problemas que já tinha.
- Com os mesmos problemas que já tínhamos e ficamos pior. Nomeadamente ficamos com um desemprego muito maior, muito mais pobreza, muito mais desigualdades, muito mais desânimo na população. Por conseguinte, com a crise, para além destes danos imediatos, são danos que vão surgir através dos seus efeitos futuros. Mas aquilo que eram as nossas fraquezas já cá estavam e virão ao de cima.

(...)

LC – Cavaco Silva tem razão quando diz que não se deve governar para as estatísticas.
- Com certeza. Não se deve governar para as estatísticas. Deve governar-se em função de um objectivo e daquilo que é fundamental para o País. Porque nós andamos distraídos com tanta coisa e não percebemos que quando se fala de economia não estamos a falar de economia. Estamos a dizer desemprego, pobreza, desigualdades e riscos para o Estado social. Com esta economia que cresce 0,5 % ao ano dentro de dez anos as políticas sociais têm de ser completamente revistas. Não há dinheiro para manter estas políticas sociais.

(...)

ARF – Nenhum chefe de Governo percebeu isso?
- Destes quatro últimos nenhum percebeu o País em que estava.

ARF – Os últimos quatro?
- Sim. Guterres, Barroso, Santana, que esteve lá episodicamente, e este não perceberam o essencial do problema do País.

ARF – Não perceberam que vivem em Portugal?
- Não. Porque cada um tinha uma concepção. António Guterres era palavreado. A política de Guterres era saber quantos por cento do PIB iam para a Educação. O que se fazia com os tais por cento era indiferente. Este que está lá agora, o José Sócrates, é um homem de espectáculo, é um homem e circo. Desde a primeira hora. É gente de circo. Eles prezam o espectáculo. Porque eles não percebem que os problemas não se resolvem com espectáculo. E prezam o espectáculo porque querem enganar a sociedade, para sobreviver. E sobreviver para continuar a tomar conta do dinheiro do Estado, para pôr os amigos e negociar com os amigos.

(...)

LC – E única na história do País ou não?
- Pelo menos há cem anos que isto não era tão mau. E o que vemos são as consequências de uma economia que não funciona. Desemprego, pobreza, desânimo, desigualdade. E aqui ao lado o que é que vê? Há dias vi a notícia de um homem que ia algemado porque tinha roubado duas galinhas. Agora eu pergunto: o que é que pensa uma sociedade que trata assim um homem que pilha duas galinhas e vê aí à solta, com a maior desfaçatez, tipos que pilharam aviários inteiros. O que é que pensam?

(...)

ARF – É o assunto das grandes obras públicas.
- As obras públicas. Auto-estradas é evidente. Há auto-estradas sem ninguém.

ARF – Com pouco trânsito.
- Pouquíssimo trânsito. Nós, País pobre, não podemos dar-nos ao luxo de fazer isso. O BPI escrevia há pouco tempo o seguinte: se fizermos aquilo seremos o quinto ou sexto País do Mundo com maior densidade de auto-estradas e TGV. Vai tudo mais depressa para o Porto, Madrid e Paris. Mas o problema não é esse. Nós estamos cercados de endividamento e, por conseguinte, arranjar dinheiro lá fora vai ser cada vez mais difícil e cada vez mais caro. Eu já não discuto TGV...

ARF – Aeroporto.
- Nada. Este dinheiro, pouco e incerto, tem de ser gasto no essencial. E vamos discutir o que é essencial. É como uma família pobre que discute se vai poupar, gastar na alimentação ou ir para Cancun para a praia. O Governo está exactamente como esta família que escolhe ir para Cancun. É claro que deve ser bom ir para Cancun, não sei bem o que é. Mas deve ser bom. Mas esta gente não faria melhor ir para a Costa da Caparica ou para a Ericeira estimular a economia portuguesa? O Governo é esta família de Cancun.

LC – Acha que essa é a diferença essencial que distingue hoje o PS do PSD? A doutora Manuela Ferreira Leite também tem essa visão.
- Com certeza que tem. Qualquer pessoa com juízo tem. Não há nenhuma pessoa ponderada que não pense assim. Não sou eu. Manuela Ferreira Leite, Cavaco, toda a gente com juízo pensa isso, tirando José Sócrates e Mário Lino.

LC – Preferia ver Manuela Ferreira Leite à frente do Governo em vez de José Sócrates?
- Eu não preferia ver. A Manuela Ferreira Leite poder trazer à política uma coisa que é essencial, que é a seriedade.

ARF – E já agora a verdade.
- A verdade. Seriedade. Nós não temos seriedade na política. Isto é um espectáculo, uma aldrabice pegada. Manuela Ferreira Leite abre a boca e passado duas horas já estão duas pessoas a bater-lhe nas canelas. É o Santos Silva e o Pedro Silva Pereira. Eu nunca vi isso. Quando estive no Governo não tínhamos dois ministros para irem atacar os outros. O País está a ser gerido por medíocres.

(...)

LC – Temos o PS com maioria absoluta. Há o grande risco de sair uma maioria relativa das legislativas. É uma questão que o preocupa?
- É o senhor que diz que há um risco. Eu acho é que se sair uma maioria absoluta é que é arriscadíssimo. Eu não quero mais maiorias absolutas de um partido. Porque se o PS levar por diante estas obras resulta do facto de ter maioria absoluta.

LC – Mas com maioria relativa vai cair muito provavelmente um ou dois anos depois.
- Pois, temos que arranjar maneira de viver. Maioria absoluta com gente deste estilo nunca mais. Para mim nunca mais. Estas asneiras teimosas, absolutamente fora de senso comum, só são possíveis porque há maioria absoluta de um partido.

(...)

ARF – Quanto tempo mais é que o País aguenta esta situação de crise que vive há muitos anos?
- O que lhe digo é que se nós tivermos mais dez anos desta economia, a crescer 0,5 em média por ano, não vamos aguentar as políticas sociais que temos. Vamos ter de rever reformas, salários à força, prestações várias, saúde, educação.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Em jeito de alerta

Mário Crespo entrevista Medina Carreira:



Será pessimista, até mesmo catastrofista, mas apetece subscrever palavra a palavra.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Haverá esperança?

Não há política nem democracia que resista sem economia.

Foi esta a ideia central da entrevista de Mário Crespo a Medina Carreira, hoje, na SIC Notícias.
Duro como sempre, o ex-ministro das Finanças arrasou:
- isto do OE são só tretas;
- a qualidade dos nossos políticos é péssima;
- só vivemos de empréstimos estrangeiros, seja pela via do aumento do consumo, seja através de investimentos desnecessários;
- em 2020 seremos o país mais pobre da UE.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Alertas

Na SIC, há pouco, a propósito do debate do estado da Nação de amanhã, foi entrevistado o fiscalista Medina Carreira.
Sem papas na língua, descomplexado, a dizer o que muitos pensam, mas com uma pequena diferença: há anos que estuda e analisa a evolução económica do país, e assim fundamenta o que diz.
Põe em causa a evolução económica, a aplicação de dinheiros públicos, os objectivos políticos, a seriedade dos partidos e dos políticos (só elogiou Manuela Ferreira Leite), os governos, o sistema político (é favorável ao presidencialismo), a educação, as "reformas" deste governo...
Uma coisa é certa: se esta entrevista ocorresse num país anglo-saxónico ou nórdico, o sistema ruía de cima a baixo. Em Portugal, é apenas mais um a dizer umas coisas.