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quinta-feira, 4 de junho de 2009

E agora, Vital?

PÚBLICO: Mail de Abdul Vakil para Oliveira Costa revela critério de recrutamento de figuras socialistas

O e-mail de Abdool Vakil para Oliveira Costa:

Meu caro,

No tocante a este assunto, para além do nome que sugeriu que foi o do Doutor Oliveira Martins que julgo não ser o mais provável porque não é para Presidente, lembrei-me de alguns outros nomes que lhe submeto para uma apreciação prévia e para estabelecermos uma hierarquização para que eu possa então seguir a lista por essa ordem.

Os nomes que me ocorrem dentro do critério que foi definido são:

Vera Jardim - advogado com nome na Praça, Deputado pelo PS e ex-Ministro da Justiça; muito próximo do actual PR (e também amigo do Neto Valente dado que este foi há anos colega do escritório Jardim, Sampaio e Caldas);

João Cravinho - nome bem conhecido, Deputado do PS e ex-Super Ministro do Equip Social, etc, conheço-o bem, já fez o favor de dar alguma colaboração ao Banco Efisa a título gracioso porque quando saiu do governo achou que não devia logo trabalhar para o banco que era prestador de serviços ao Ministerio que comandou. Entretanto, como isso já foi há algum tempo, pode ser que já possa aceitar. (Disse-me na altura que tinha aceite um lugar no Conselho Consultivo do Banco do Rendeiro).

Prof. Augusto Mateus - PS muito bem inserido na máquina do Partido ; ex-Ministro da Economia; meu antigo aluno e com quem tenho excelente relação.

Dr. Fernando Castro que foi Ch de Gabinete e ao que se diz o Mentor do então Ministro Pina Moura, muito bem inserido dentro dos meios políticos onde se move com muita discrição mas com grande eficácia. Dou-me bem com ele; veio há dias almoçar comigo ao banco; está de momento ligado à General des Eaux em Portugal.

Alberto Costa - Deputado pelo PS, advogado e muito ligado ao António Vitorino com quem também me dou bem. Foi Ministro da Administração Interna e é também uma pessoa discreta.
Também o Mário Cristina de Sousa poderia ser um bom nome mas está neste momento ligado à CGD e daí que, mesmo sendo um bom amigo, não possa. Mas fica aqui como uma mera sugestão mas que não me parece viável.

Podemos falar sobre este assunto quando entender conveniente.

AV

Vital Moreira irá continuar a campanha rasca que tem feito, tentando ligar o PSD ao caso BPN?
Ou vai acabar com a história da "roubalheira"?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sociologia da crise (tomo BPN-Portugal)

E eis que hoje Dias Loureiro renuncia ao cargo de conselheiro de Estado.
Não tinha outra saída, depois de ontem a eficaz comissão de inquérito ao caso BPN ter ouvido Oliveira e Costa, ex-administrador do banco, chamar-lhe mentiroso.
(Como há minutos dizia Helena Roseta na SIC Notícias, é notável a acção desta comissão no desvendar de factos que nem a própria justiça terá conseguido. Os deputados que compõem esta comissão estão de parabéns).
Não sei se Dias Loureiro tem culpas no cartório ou não. Facto é que as suas explicações nessa mesma comissão parlamentar tinha elementos dúbios e espaço em branco. (Que ontem Oliveira e Costa conseguiu lembrar...)
E só isso, juntamente com a onda que se levantou, deviam ter levado o conselheiro de Estado a colocar o lugar à disposição de Cavaco Silva. Sobretudo porque é um elemento designado directamente pelo Presidente da República.

A propósito deste caso, no Público de hoje, Rui Tavares escreve uma crónica curiosa.
Citando uma parte (texto não disponível online):
“Se não servir para mais nada, serve para isto: o caso BPN tem sido uma longa aula prática de Sociologia de Portugal (…).
O estado normal e justo das coisas é este: deve ser considerado “gente séria” quem se comporta de forma séria. Em Portugal, a desigualdade começa por aí: um pobre deve provar que é sério ainda antes de agir. Mas o outro lado da moeda é que existe uma casta onde nenhuma destas situações se verifica: é-se considerado “gente séria” e “gente respeitável” por inerência, ou seja, para além de qualquer comportamento que se tenha. É-se “gente séria”, pasme-se, sem ter de se ser sério.
O caso BPN veio pisar e repisar esta lição. Dias Loureiro disse que estava no BPN porque lhe parecia que era tudo “gente sérias; Vítor Constâncio disse que se considerava à partida que no BPN estava “gente respeitável”; António Marta disse que Dias Loureiro lhe disse que “não andasse tanto em cima do BPN” que era feito de “gente séria”. Dias Loureiro disse em tempos que Oliveira e Costa lhe pareceu “gente séria”; e em tempos certamente que Oliveira e Costa tinha Dias Loureiro na consideração de “gente sérias”.
Muito bem. As declarações de Oliveira e Costa, ontem ao Parlamento, serviram para confirmar mais uma vez que esta “gente séria” mentia e mente, não fazia actas de reuniões e se esquecia de negócios que tinha aberto logo depois de os ter fechado. Dias Loureiro já se tinha apercebido de tudo isto, mas não ligou muito: afinal era tudo “gente séria”. Oliveira e Costa parece ter-se lembrado de tudo isso ontem, valha a verdade, com uma profusão de pormenores e circunstâncias que envergonha a memória de Dias Loureiro. Mas continua a atribuir tudo à “problemática do ego” quando a questão é de “problemática da casta”: imã casta onde toda a gente se tratava por “gente séria” independentemente do que fizesse ou do quanto mentisse, e onde toda a gente se pagava principescamente apenas por fazer parta da casta.”

Já ontem, no I, Jaime Nogueira Pinto escrevia sobre a crise de uma forma genérica, e notava as diferenças entre a crise de 1929 e a actual:
“Uma amiga dizia-me, em Novembro passado, a respeito da comparação da crise de 2008 com a de 1929: "Mas não é a mesma coisa! Ainda ninguém, ninguém, se atirou da janela, como os falidos da Sexta-feira Negra em Wall Street!"
É verdade, mas a razão não é das melhores.
É que em 1929 essas pessoas sentiam-se responsáveis, culpadas, pelos danos causados. Tinham vergonha pelos amigos enganados, pela família arruinada, pelo seu bom nome e reputação na lama.
Tinham sido educados na moral conservadora, puritana, religiosa, do cumprimento da palavra, da sacralidade do compromisso, da responsabilidade pelo risco. Agora já não: os protagonistas, primeiro, esperam que a sociedade ou o Estado lhes aguentem as perdas.
E depois não se atiram da janela; descem do elevador e vão almoçar - e bem - com os amigos. Ou dão uma entrevista na TV.”

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Frases do dia

1 -
José Sócrates: "Nunca vi um pessimista criar um único posto de trabalho."
E eu também nunca vi anúncios sucessivos de medidas (vulgo "propaganda") resolverem coisa nenhuma...

2 -
Oliveira e Costa sobre colaboradores: "Fiquei a saber que são todos cegos, surdos e mudos”
Amanhã o ex-administrador do BPN vai explicar o que se passou com todos os seus colaboradores que, na comissão de inquérito ao caso, disseram "não ter memória", "desconhecer", e outros casos de Alzheimer agudo...

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Neste país feito de banalidades, já há um ano Henrique Raposo foi certeiro (via Corta-Fitas):
«Portugal é uma manta de retalhos semanal. Cada semana é uma entidade autónoma, separada das semanas anteriores e sem continuidade nas seguintes. Nesta semana falou-se dos combustíveis. Na semana passada, discutiu-se o cigarro de Sócrates. Na outra semana abortou-se a subida dos juros. Na próxima semana, discutir-se-á o código laboral. E nunca aparece um fio condutor entre os temas. Portugal não tem uma visão política e uma narrativa histórica para enquadrar as diferentes discussões semanais. Às 23h59 de cada domingo, alguém carrega no «reiniciar»; feita esta tabula rasa, as segundas-feiras caem de pára-quedas em Lisboa, oriundas de um Olimpo ahistórico, apolítico e «aportuguês».»