quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Marginalidade política e informativa

A política é cada vez mais uma coisa estranha e sem sentido. E a comunicação social ajuda, e muito.

Na entrevista de Luís Filipe Menezes ontem à SIC Notícias, o assunto que ficou foi a retirada da publicidade (e consequente receita…) à RTP. Pelo menos foi isso que a imprensa de hoje ouviu.
Não vi a entrevista, mas… é só isto que um candidato a primeiro-ministro tem a dizer numa entrevista? É só isto que fica de uma entrevista de uma hora?!
Já a semana passada, na entrevista a Sócrates, o grande resultado tinha sido um tabu…. que não passava de uma idiotice. Quer da parte de quem o disse, quer de quem se agarrou a isso como notícia.

É claro que muitas notícias são mal tratadas, agarrando sempre o que não interessa. Alguns exemplos:

1 – no Expresso, a propósito de um pequeno engano de Sócrates no encerramento das jornadas parlamentares, o título é “afinal Maria de Lurdes Rodrigues é ministra da avaliação”. Ouvi a intervenção de Sócrates, e foi um engano normal no contexto do que ele dizia… e é isto que merece realce num jornal de referência?! O jornalismo anda com umas tiradas idiotas…

2 – no Jornal da Noite da SIC, Luís Costa Ribas, um jornalista experiente, a propósito do debate de ontem entre Hillary Clinton e Barack Obama, destaca alguma (pouca) dificuldade da candidata dizer o nome do candidato delfim de Putin, de seu nome Medvedev. E o jornalista comenta que um candidato que não consegue dizer o nome do futuro presidente da Rússia não tem capacidade para liderar os EUA. Costa Ribas não consegue perceber que foi uma dificuldade normal em pronunciar um nome de um país (e alfabeto) diferente? Por que é que todos os jornalistas e comentadores têm de tirar partido por Obama?

3 - outro caso, que se enquadra nesta mesma lógica, é a polémica causada pela foto de Barack Obama com os trajes tradicionais somalis há dois anos. Não há ideias a discutir?
4 - as eleições presidenciais russas são no próximo fim-de-semana... algum jornal ou televisão tem seguido a campanha? (hoje vi uma noticia preocupante no Meia Hora). É certo que a democracia na Rússia tem características muito particulares, mas não há notícias? O que fazem os candidatos alternativos a Medvedev? Conseguem fazer comícios? Têm tempo de antena? Os jornalistas conseguem trabalhar livremente?

Eu devo ser alguém muito elitista e fora da realidade, mas não compreendo nem aceito este tipo de política e forma de a relatar.

Assim não vamos longe….

1 comentário:

Cris disse...

Os jornalistas deviam educar a sociedade que informam, mas o que na verdade acontece é que apenas servem audiências. E a lei da audiência dita que se faça notícia não do que realmente é merecedor de destaque, mas sim do que o público gosta de ouvir. Infelizmente, as falsas notícias que referiste são aquelas que o público gosta de ler. Não obrigam a pensar muito e ainda ajudam a dar dois dedos de conversa no café, quanto mais não seja para gozar os alvos delas.Um povo assim merece as notícias que tem. E quem paga por isso são aqueles que gostam de ler apenas notícias dignas desse nome.