quarta-feira, 14 de maio de 2008

Sinais de fumo

Só um país como Portugal dá esta importância ao faits divers que é a situação de Sócrates (e Manuel Pinho) ter fumado no voo para a Venezuela.
E o primeiro-ministro sente-se na obrigação de vir dar uma explicação ao país. E dizer que desconhecia a lei que o seu governo fez. (Logo no 1º ano da faculdade, aprendi que a ignorância da lei não aproveita a ninguém... Quando eu violar uma lei qualquer, posso dizer que desconhecia a lei e não ser penalizado por isso?) E, docemente, confessar que é hábito e já o fez noutras viagens. E a oposição, seriamente vestida de sentido de estado, vem exigir que o primeiro-ministro peça desculpa e seja penalizado.
Ah... o engenheiro de todos nós, candidamente, já veio dizer que vai deixar de fumar.

É para isto que eu pago impostos, e por essa via pago os políticos deste país?! Posso mudá-los?

E não são apenas os políticos. São também os jornalistas que se prestam a dar eco a este tipo de circos.
De uma visita de Estado de um primeiro-ministro a outro país, a única coisa que fica é que Sócrates vai deixar de fumar?!

2 comentários:

Cris disse...

Não é tanto a notícia em si mas mais o ensinamento que dela resulta: "olha para o que eu digo mas não olhes para o que eu faço". Quem propõe as leis deve ser o primeiro a dar o exemplo. E mesmo que Sócrates não fosse primeiro ministro... nem fosse político sequer... estando num ambiente fechado devia ter a consideração de, pelo menos, ter perguntado se algum dos não fumadores se incomodava com o fumo. Chama-se a isso respeito. Pelos passageiros e pelos tripulantes, que têm direito a proteger a sua saúde no seu local de trabalho.
Se vai deixar de fumar ou não?Preocupam-me mais as decisões quye ele toma para o país do que as que toma para si próprio. E sinceramente... o pedido de desculpas cheira-me mais a lágrimas de crocodilo de alguém que apenas quer ser novamente eleito em 2009 do que um arrependimento sincero.

Antero de Quental disse...

Ver o segundo comentário de Antero de Quental, na opinião do Dr. António José Seguro, no jornal o Expresso, em:
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/310373