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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Descriminar vs discriminar

Há uns meses que reparo neste português alternativo em todo o sítio: querem dizer "discriminar" mas escrevem "descriminar".
Ora, vamos lá espreitar um dicionário:

- descriminar = descriminalizar
verbo transitivo
1. absolver do crime imputado
2. tirar a culpa a
3. justificar
4. legalizar (acto, comportamento, substância, etc., anteriormente considerado susceptível de penalização)

- discriminar
verbo transitivo
1. diferenciar; distinguir; destrinçar; discernir
2. separar; especificar
3. tratar de forma desigual e injusta (pessoa ou grupo de pessoas); segregar
verbo pronominal
separar-se; apartar-se

E assim se fala em bom português.

terça-feira, 9 de março de 2010

Português alternativo

Se há coisa de que acho que me posso orgulhar é saber construir frases correctas. E com a pontuação a fazer sentido. Mas é cada vez mais frequente ler, seja em jornais, revistas, na televisão, em e-mails, frases extremamente mal construídas. Que - para mim - só fariam sentido se escritas por alguém que infelizmente não tenha tido a oportunidade de ir além da 4ª classe.
Pois bem... ainda hoje, num organismo público, lá estava uma placa dourada com uma barbaridade destas: "inaugurado pelo Ministro da Justiça, António Costa, sendo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Santana Lopes"
.

Alguém me consegue explicar como se lê a parte que destaquei?
Aquela vírgula ali serve mesmo para quê?
!

O Metro, onde circulam milhares de pessoas por dia, costuma ter uma frase que reza assim: "o Metro informa, que a circulação..."
Mais uma vírgula mal colocada. Ninguém compreende que, com aquela vírgula, a frase não faz sentido? Lendo apenas a primeira parte da frase, o Metro informa o quê?

Um dos truques que utilizo para a colocação de vírgulas é o seguinte: uma vírgula permite juntar frases como um puzzle, de forma a fazer sentido, e a transmitir mais informação. Se eu tirar uma dessas frases (uma dessas informações), o resto da frase tem de continuar a fazer sentido. E isto para mim é básico.

Lembro-me de ter aprendido que uma frase era composta por sujeito, verbo e predicado...

Cada vez mais fico arrepiado com a forma como se escreve neste país.

sábado, 3 de maio de 2008

Visualizações

Há certas expressões ou palavras que me irritam. "Visualizar" entra nesse restrito lote.
Hoje, no Jornal da Tarde da RTP, havendo alguma demora na apresentação de uma peça sobre a novela Maddie McCann, a jornalista alerta: "um compasso de espera para podermos visualizar esta reportagem..."

O que é visualizar?! O verbo "ver" foi abolido?
Actualmente todo o mundo visualiza coisas...
Será que sou eu a ter um problema na visualização (perdão, vista)?
Bah!

sábado, 22 de março de 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

E de que é que me lembrei de escrever agora? Do Acordo Ortográfico, pois claro!

Num primeiro embate, não gosto das alterações que este acordo vem propor. Quanto mais não seja porque abrasileira a língua portuguesa, e porque já estamos habituados a uma determinada grafia.

“O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) é um tratado internacional que tem como objectivo criar uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países que adoptam oficialmente essa língua. Foi assinado pelos representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em Lisboa, em 16 de Dezembro de 1990, fruto de um longo trabalho desenvolvido pela Academia de Ciências de Lisboa e pela Academia Brasileira de Letras desde 1980. Timor-Leste aderiu ao Acordo em 2004.” (Wikipedia)

Em jeito de anedota, há alguns dias, ao falar no messenger com uma amiga, ela pergunta “Veem-se?”, do verbo Ver. E eu respondo qualquer coisa como “cá está um exemplo da confusão que o novo acordo deve gerar: estás a perguntar do verbo Ver ou do verbo Vir?”

Não sou linguista nem suficientemente entendido para argumentar a favor ou contra o acordo. Apenas não simpatizo com aproximação ao português que se usa no Brasil. E Portugal é que é a origem da língua portuguesa.

“A unificação ortográfica acarretará alterações na forma de escrita de 1,6% do vocabulário usado em Portugal e de 0,5% no Brasil (Wikipedia)

Mas percebo perfeitamente que a língua não é uma realidade estática, mas sim uma coisa viva. E que por isso muda, evolui, é moldada por quem a fala. Alguém entende hoje em dia algum texto de português escrito há 500 anos? Muito poucos. E podemos ainda recuar ao século XIX e ver a forma como se escrevia na altura: para nós é algo estranho. Basta pensar na palavra “farmácia”, então escrita “pharmácia”…

Uma outra coisa que me espanta na implementação do acordo é o chamado “período de transição”: 6 anos, se não estou em erro. Ou seja, uma eternidade. Na qual se irá escrever das duas formas, gerando confusões.

Em Portugal, se fosse para alterar o trânsito da faixa direita para a esquerda teríamos também uma fase de transição de vários anos, indo todos os veículos de frente uns contra os outros e provocando acidentes, pois ninguém sabia em que faixa devia circular: à direita, à esquerda, ou no meio… Ou seja, esta alteração da ortografia era coisa para se fazer no próximo ano. Já há dicionários à venda, pelo que bastava muita publicidade, informação e campanhas de esclarecimento nos meios de comunicação social, de forma a termos uma “nova” língua em 2009.

Já disse Pessoa, num célebre slogan para a Coca Cola: "primeiro estranha-se, depois entranha-se". Será a mesma coisa com este Acordo Ortográfico.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Amor... essa estranha língua

Africano - Ek het jou liefe
Albânio - Te dua
Alemao - Ich liebe dich
Alentejano - Gosto de ti, porra!
Amárico - Afekrishalehou
Arabe - Ana Behibak (para um homem)
Arabe - Ana Behibek (para uma mulher)
Bávaro - I mog di narrisch gern
Birmanês - Chit pa de
Boliviano - Qanta munani
Búlgaro - Obicham te
Cantonês - Moi oiy neya
Catalão - T'estim
Checo - Miluji te
Chinês - Ngo oi ney
Cingalês - Mama oyata adarei
Coreano - Tangsinul sarang ha yo
Corso - Ti tengu cara (para uma mulher)
Corso - Ti tengu caru (para um homem)
Croata - Ljubim te
Dinamarquês - Jeg elsker dig
Eslovaco - Lubim ta
Esloveno - Ljubim te
Espanhol - Te amo
Esperanto - Mi amas vin
Flamengo - Ik zie oe geerne
Filipino - Mahal ka ta
Finlandês - Mina rakastan sinua
Francês - Je t'aime
Francês Canadiano - Sh'teme (falado, tem este som)
Frisao - Ik hald fan dei
Gaélico - Tha gra agam ort
Grego - S'ayapo (diz-se s'agapo, a 3ª letra é a letra minúsculo "gamma")
Grego antigo - Ego philo su
Gronelandês - Asavakit
Havaiano - Aloha i'a au oe
Hebreu - Ani ohev otach (para uma mulher)
Hebreu - Ani ohevet otcha (para um homem)
Holandês - Ik hou van jou
Húngaro - Szeretlek
Iídiche - Ich han dich lib
Indonésio - Saya cinta padamu
Inglês - I love you
Iraniano - Mahn doostaht doh-rahm
Irlandês - Taim i' ngra leat
Islandês - Eg elska thig
Italiano - Ti amo
Japonês - Kimi o ai shiteru
Javanês - Kulo tresno
Jugoslavo - Ya te volim
Klingon* - Qabang
Latim - Vos amo
Latim antigo - Ego amo te
Letao - Es milu tevi
Libanês - Bahibak
Lisboeta - Gramo-te bué, chavalinha
Lituanio - Tave myliu
Macedoniano - Sakam te
Madrileno - Me molas, tronca
Malaio - Saya cintakan mu
Mandarim - Wo ai ni
Mohawk - Konoronhkwa
Norueguês - Eg elskar deg
Panjabi - Mai taunu pyar karda
Paquistanês - Mujhe tumse muhabbat hai
Persa - Tora dost daram
Polaco - Kocham cie
Português (Brasil) - Eu te amo
Portuense - Amo-te, carago!
Queniano** - Tye-mela'ne
Romano - Te iu besc
Russo - Ya vas liubliu
Sérvio - Ljubim te
Servo-Croata - Volim te
Sioux - Techihhila
Sírio/Libanês - Bhebbek (para uma mulher)
Sírio/Libanês - Bhebbak (para um homem)
Sueco - Jag alskar dig
Suíço/Alemao - Ch'ha di ga"rn
Tagalo - Mahal kita
Tailandês - Khao raak thoe
Taitiano - Ua here vau ia oe
Tâmil - nan unnaik kathalikkinren
Télego - Neenu ninnu pra'mistu'nnanu
Tunisino - Ha eh bak
Turco - Seni seviyorum
Ucraniano - Ja tebe kokhaju
Vietnamita - Em yeu anh (para um homem)
Vietnamita - Anh yeu em (para uma mulher)
Vulcan* - Wani ra yana ro aisha
Zulu - Mena tanda wena

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Português alternativo (actualizado)

Eu, que tinha pensado reduzir o blogue a pouco mais dos serviços mínimos, não posso deixar de chamar a atenção para um magnífico post (ver também os comentários) do Incontinentes Verbais sobre a forma como se fala português, em Portugal:

"Alguém me faz a fineza de dizer a partir de quando se começou a "colocar questões" em vez de "fazer perguntas"? Foi antes ou depois de se dizer "recepcionar" em vez de "receber"? Terá sido em simultâneo com a descoberta do "incontornável"?"

Julgo que estes disparates sejam aparentados com "visualizar" (em vez de "ver"), de "estórias" (em ves de "história"), de "listagem" (em vez de "lista"), de "fazer print" (em vez de "imprimir")... e já chega! Este português dá-me arrepios....

Entretanto, durante as férias encontrei, na revista Executive Digest de Agosto/07, mais umas novidades linguisticas a entrar em vigor em Janeiro de 2008:


Francisco José Viegas, na sua A Origem das Espécies, realça ainda declarações de Francisco Seixas da Costa, embaixador de Portugal no Brasil.

Ler ainda este post delicioso do Pedro Mexia, no seu Estado Civil.

sábado, 12 de maio de 2007

Fala-se e escreve-se com poucas e más palavras

No site da RTP (excertos):
«A tendência para simplificar a fala e a escrita quotidianas espelha o empobrecimento do uso da língua, segundo professores, escritores e tradutores portugueses - mas os linguistas atribuem o fenómeno ao empobrecimento de raciocínio e ao défice cultural dos falantes.
Segundo profissionais das Letras ouvidos pela Agência Lusa, o uso redutor do vocabulário português reflecte-se na escrita quase "telegráfica" das mensagens de telemóvel e correio electrónico, na literatura "leve", nas conversas pouco argumentativas, nos debates televisivos com "frases feitas", na "pressa" das notícias e legendagens dos filmes e no "facilitismo" do ensino.

(...)

"Pensamento pobre não pode gerar uma linguagem rica", sentencia (Maria Lúcia Garcia Marques, investigadora do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa), acrescentando que os níveis sócio-cultural e de literacia dos falantes, assim como as suas vivências e condutas sociais e a escolha dos temas que querem tratar explicam a opção pelo uso mais ou menos rico da Língua, desde o calão à poesia.

(...)

De acordo com o especialista (José Victor Adragão, sociolinguista), o fenómeno é visível na banalização da palavra "cena" em substituição de "coisa", na adjectivação "paupérrima" e repetitiva das notícias, na incapacidade de as pessoas manterem uma boa conversa "a três" ou na legendagem de filmes com tradução "à letra".

(...)

Para o uso redutor do vocabulário, que "também ocorre noutras Línguas, como o Inglês e o Francês", a docente (Maria Lúcia Lepecki, professora do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras de Lisboa) encontra dois motivos: a falta da leitura atenta, que permite registar palavras desconhecidas ou esquecidas, e a "perda progressiva da arte da conversa argumentativa".

"Todo o pensamento minimamente consistente pede precisão de vocabulário: se conversarmos de verdade, precisaremos de tirar palavras da prateleira e, até, de inventar novas", advoga, acrescentando que há "um crescente desprestígio relacionado com o requinte da linguagem".
"Quanto mais restrito for o vocabulário, menor é a capacidade de pensar, menor a do exercício da crítica", reforça, por sua vez, o escritor Mário de Carvalho, salientando que isso é desencadeado sobretudo pela televisão.

E é na televisão que o tradutor e professor universitário Pedro Braga Falcão, de 25 anos, detecta mais maus-tratos linguísticos: o uso de "clichés, frases feitas, pré-formatadas e estereotipadas".
"Basta ouvir um discurso do primeiro-ministro ou um daqueles malfadados programas opinativos, onde há um mestre-opinião, um jornalista-opinião e o público-opinião, todos alegremente opinando, para perceber que não há o mínimo gosto em encontrar a forma mais bonita, sentida, correcta de se veicular uma mensagem", sustenta.»