sábado, 28 de fevereiro de 2009

Virar à esquerda

Depois de o congresso do PS ter estado cheio de um discurso claro de esquerda, iniciado pelo próprio Sócrates, a aposta para cabeça de lista nas eleições europeias é alguém vindo desse lado, e até do PCP: Vital Moreira (escreve no Causa Nossa).

Quanto a mim, e tendo em conta o discurso esquerdizante do congresso, o nome de Freitas do Amaral não faria qualquer sentido. Apesar de este ter feito parte do governo de Sócrates.
Também nunca acreditei que Sócrates quisesse remodelar o governo a poucos meses de eleições, lançando Luís Amado, MNE e um dos ministros centrais do governo, na corrida para o Parlamento Europeu.

Nesta lógica, só podia ser uma personalidade conotadamente de esquerda. Assim, Sócrates tenta também trazer para junto do PS, tanto nas europeias como nas legislativas, os eleitores mais de esquerda e, também, procura esvaziar a força do Bloco de Esquerda e do PCP. Portanto, do ponto de vista do PS é uma excelente escolha.

Por outro lado, esta escolha tem esta leitura: o PS e Sócrates acham que ganham virando-se completamente para a esquerda, e alienando o eleitorado mais ao centro. Ou seja, esquecendo o eleitorado do PSD. Pode ser que o tiro lhes saia pela culatra.
Esta é uma oportunidade política de ouro para o PSD. Basta apresentar um candidato forte, que marque terreno e que lhe dê fôlego para as legislativas. Oxalá!

Agora estou cheio de curiosidade por saber quais serão os cabeças de lista do lado direito do espectro partidário, ou seja, PSD e CDS.

Choque tecnológico da moda?

Parafraseando - 33

"Arriscar-se é perder o pé por algum tempo. Não se arriscar é perder a vida..."

Soren Kiekegaard

Limpar o pó

Apeteceu-me limpar o pó aos links que estavam ali ao lado, na caixa "Miradouros do Gonio".
Muitos, simplesmente já tinham desaparecido.
Outros, estavam parados há meses.
Outros ainda, já não me diziam nada.
Limpei-os. Mesmo assim, ainda ficou uma multidão!

Lá mais para baixo, surgiu a caixa "Páginas Soltas", na qual vou juntar blogues sobre livros, sites de escritores, páginas de contos... Assim, separo estes das editoras.

Ainda falta arrumar a caixa "Massa Cinzenta". Fica para a próxima.

Gostaria de organizar os blogues por categorias mais pequenas, mas não sei se tenho paciência e criatividade para tal. Logo se vê. Para já, uma depuração blogueira já muda qualquer coisa.

Outra novidade surgiu na caixa "Ângulos Privilegiados": o twitter do GONIO.

Depois de ver "twitter" em tudo o que é lado, fui tentar perceber o que era. Basicamente, é um serviço que mistura sms, blogues, chats, redes sociais... Uma modernice, portanto. Utilidade? Nenhuma.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Até a ciência comprova...

É verdade... enquanto as pessoas dormem no trabalho, não produzem, ou seja, há uma manifesta incapacidade laboral... eheheheheh

...

"Os pés do monge Hua Chi junto das pegadas que foram feitas em décadas de meditação, num mosteiro em Tongren, na província chinesa de Qinghai..." (no PÚBLICO)
Fotografia: Reinhard Krause/Reuters

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Parafraseando - 32

“A coragem nunca foi uma questão de músculos. Ela é uma questão de coração. O músculo mais duro treme diante de um medo imaginário. Foi o coração que pôs o músculo a tremer.”

M. Ghandi

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sete vidas - 5


Como diria o Bruno Nogueira... "fofo"

Importa-se de repetir

De acordo com o PÚBLICO:
«O primeiro-ministro, José Sócrates, aproveitou hoje o debate quinzenal no Parlamento para apresentar “resultados” de “um mês” das medidas do programa Iniciativa Emprego 2009, como “os cerca de 11.000 desempregados que já estão activos”, através de “empregos de transição”.»

Se mal pergunte... o que raio são "empregos de transição"?!


Sócrates disse ainda isto (na mesma notícia):
«“Portugal será o primeiro país do mundo em que todas as crianças dos seis aos dez anos terão um computador” para usar nos estabelecimentos de ensino.»

Muito bom, sim senhor. As crianças não conhecerão uma única letra, nem conseguirão ler uma frase inteira, mas já terão um computador... Com que utilidade?

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Sendo Carnaval


"as palavras mudas escondem o medo de um dia deixar de saber quem sou
por trás de tanta máscara sobreposta"

Al Berto

Milk

"Activista pelos direitos dos homossexuais, primeiro político americano a assumir a sua homossexualidade, amante, amigo, lutador, herói. A vida de Harvey Milk mudou a História e a sua coragem mudou vidas. Em 1977, Milk tornou-se o primeiro político americano abertamente gay a ser eleito nos Estados Unidos. A sua vitória não foi apenas uma vitória para os homossexuais mas para todos aqueles que lutavam pelos direitos humanos. Em 1978, quando é assassinado, o mundo perde um dos seus líderes mais visionários." (PÚBLICO)

É um interessante documentário histórico. E um claro filme político. Vai ao passado buscar o início da luta pelo reconhecimento da igualdade para os homossexuais nos EUA . E será precioso como bandeira para manter na memória o assunto, numa altura em que
é discutido em todo o lado, desde países até organizações internacionais como a ONU.
Mas, como filme político que é, não é panfletário. E isso dá-lhe credibilidade, consistência e solidez como registo histórico.
No filme, há uma coisa que me chamou a atenção: é uma constelação de homens homossexuais a lutar pela igualdade. Só aparece uma mulher
assumidamente lésbica, e é ela que irá coordenar a campanha de Milk. Será esta apenas uma batalha de homossexuais homens?
E é também interessante seguir a troca de argumentos que se vai esgrimindo ao longo do filme entre os gays e os que são contra a o reconhecimento da sua igualdade.

Uma frase de Harvey Milk: "Não se vive apenas de esperança, mas sem esperança não vale a pena viver".

Site oficial aqui.

Sean Penn tem um desempenho irrepreensível, faz um "papelão". Mas, quanto à atribuição do Oscar, estou indeciso. Precisamente, com Brad Pitt do outro lado.

Isto é censura! - 2

Mais um episódio de censura. E ignorância.

"A PSP de Braga apreende livros por considerar pornográfica capa com quadro de Courbet". (Público)

Ouço no Jornal da Tarde, da RTP, que a PSP recebeu queixas de vários cidadãos.
Mas está tudo louco? Estes cidadãos não viveram antes do 25 de Abril? A PSP é acéfala, e agora apreende tudo o que incomode um cidadão?
O que vão apreender e censurar a seguir?

O quadro é este:


A propósito, ide ver isto. No Brooklin Museum.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O Leitor

A história de duas pessoas, cujas vidas se cruzaram por um acaso. Ele, um jovem adolescente; ela, mais velha, uma mulher com um estrito sentido do dever. Mesmo não compreendendo – ou não querendo compreender – as consequências dessa obediência ao dever. Envolvem-se, apaixonam-se, à medida que Michael lê clássicos para Hanna.
Um drama absolutamente envolvente e comovente.

Cada um fará a leitura que entender do filme, certamente pessoal. No entanto, algumas reflexões foram-me surgindo enquanto o via:
- As cenas no tribunal e nas aulas de direito são notáveis. E há a velha questão: os países regem-se, não pela moral, mas pela lei. A dicotomia é entre legal/ilegal, não entre certo/errado. E os julgamentos têm de ser feitos à luz da lei vigente aquando dos acontecimentos.
- Michael (Ralph Fiennes) tem, quanto a mim, um papel semelhante ao desempenhado em “A Duquesa”. Neste é um homem distante, que não sabe lidar com os sentimentos, e chega a ser cruel. Em “O Leitor” a distância é semelhante, mas devido à incapacidade de saber lidar com os sentimentos, de se abrir com alguém. Incapaz de lidar consigo mesmo, manteve um segredo durante toda uma vida. Às tantas, acaba por confessar que nunca se abriu com ninguém relativamente ao episódio que o marcou profundamente na adolescência. Numa conversa com a sua filha, pergunta: “How wrong can you be?”
- no tribunal, quando Hanna e as suas colegas vão sendo interrogadas, apetece perguntar como Jesus Cristo perante Pilatos: “o que é a verdade?”
- Frase na conversa entre Michael e o professor de Direito: “O que importa não é o que achamos, mas o que fazemos”.
- Quão profundamente podem algumas pessoas marcar-nos? E por quanto tempo? Nesta história, é por uma vida.
- “Até onde iria para proteger um segredo?” Ainda mais sabendo que o outro o oculta por vergonha...
- Kate Winslet é uma justa vencedora do Oscar de melhor actriz. Tem um desempenho notável!
- o jovem Michael Berg, desempenhado por David Kross (miúdo nascido em 1990...) está também excelente.

Site oficial aqui.
Outro aqui.

Desde “O Estranho Caso de Benjamin Button” – que pôs os meus critérios cinematográficos nos píncaros – que não via um filme que batesse forte como este. Encheu-me as medidas, este filme!

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Sobre os Oscares... não percebo como "Quem quer ser bilionário?" ganha a nomeação para melhor filme. Não percebo mesmo!! Quando muito, para melhor filme estrangeiro...
Quanto à escolha do melhor actor... falta-me ver "Milk" e o desempenho de Sean Penn para poder tirar as minhas conclusões. Fora isso, Brad Pitt é transcendente em "O Estranho Caso Benjamin Button".
Tenho dito.

Os vencedores de 2009, por categorias, são os seguintes:

Filme - "Quem Quer Ser Bilionário?"
Realizador - Danny Boyle ("Quem Quer Ser Bilionário?")
Actor - Sean Penn ("Milk")
Actriz - Kate Winslet ("O Leitor")
Actor Secundário - Heath Ledger ("Cavaleiro das Trevas")
Actriz Secundária - Penélope Cruz ("Vicky Cristina Barcelona")
Argumento Original - Dustin Lance Black ("Milk")
Argumento Adaptado - Simon Beaufoy ("Quem Quer Ser Bilionário?")
Animação - "Wall-E"
Curta-Metragem de Animação - "La Maison en Petits Cubes", de Kunio Kato
Filme Estrangeiro - "Departures" (Japão)
Banda Sonora - A.R. Rahman ("Quem Quer Ser Bilionário?")
Melhor Canção - "Jai Ho", de A.R. Rahman ("Quem Quer Ser Bilionário?")
Documentário (Longa-Metragem) - "Homem no Arame", de James Marsh
Documentário (Curta-Metragem) - "Smile Pinki"
Fotografia - "Quem Quer Ser Bilionário?"
Efeitos Visuais - "O Estranho Caso de Benjamin Button"
Direcção Artística - "O Estranho Caso de Benjamin Button"
Montagem - "Quem Quer Ser Bilionário?"
Montagem Sonora - "Cavaleiro das Trevas"
Mistura de Som - "Quem Quer Ser Bilionário?"
Guarda-Roupa - "A Duquesa"
Caracterização - "O Estranho Caso de Benjamin Button"
Curta-Metragem - "Spielzeugland", de Jochen Alexander Freydank

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Dúvida


Um filme incómodo. Que mexe nas certezas e nas dúvidas que vamos tendo sobre o que nos rodeia, sobre o que julgamos ver.

Com desempenhos fabulosos e convincentes de Philip Seymour Hoffman e de Meryl Streep (quem diria que é a mesma de "Mamma Mia!"...?), vemos uma freira azeda, agarrada à certeza dos seus moralismos, a pôr em causa o trabalho do Padre Flynn. Este quer uma lufada de ar fresco, de mudança, no Colégio de St. Nicholas, no Bronx dos anos 60; ela acredita na disciplina baseada no medo, agarra-se à sua visão céptica da vida e do mundo para pôr em causa os outros. E há ainda a irmã James, uma jovem optimista, que é a idiota útil que vai sendo manipulada e inocentemente alimentado a maldade da irmã Aloysius contra o Padre Flynn.

Um filme que põe em evidência a imprudência de algumas certezas. E a imprudência de certas dúvidas. E a crueldade que ambas podem revestir, destruindo o melhor de cada pessoa.
O cepticismo em relação ao outro, à bondade intrínseca de cada um. A crença cega de que todo o ser humano é mau por natureza.
Lembro-me de uma frase de Augusto Santos Silva (actual ministro dos Assuntos Parlamentares), escrita há anos num artigo de opinião num jornal: "só os impuros precisam de ostentar permanentemente a pureza". É esta a realidade da cruel personagem desempenhada por Meryl Streep, a irmã Aloysius.

Blogosferando - 17


Em tempos de crises e polémicas, há muito para citar:

1 -
Einstein e a crise. "A verdadeira crise é a crise da incompetência". Na Sofia Martins Reiki.
O texto integral:
«Não pretendamos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar “superado”. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que as soluções.
A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la».


2 -
Sobre casamentos do mesmo sexo, uma provocação, no Mar Salgado.

3-
As soluções publicitárias do governo. Manuela Ferreira Leite, no Correio da Manhã.
Fica a frase: «Se não fosse o anúncio o que é que havia? Percebe-se que um Governo que vive à custa do anúncio invista muitíssimo e fortemente naquilo que é verdadeiramente a sua acção, que é uma acção de anúncios.» (via Corta-fitas)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Imagem sem palavras - 102

Isto é censura!

Quando o Ministério Público (MP), a pretexto de uma queixa de alguém, proíbe uma sátira ao Magalhães no Carnaval de Torres Vedras, isso tem um nome: CENSURA.
Entretanto, hoje o MP emendou a mão e autorizou a sátira que ontem tinha proibido.
Pergunto-me o que leva um tribunal, ainda para mais o Ministério Público, a tomar decisões deste calibre, tal é a idiotice e atentado à liberdade de expressão.
A propósito disto, e de outros episódios, vale a pena ler Medo e Ridículo, no ABC do PPM.


No mesmo dia destes lamentáveis episódios, o Ministro dos Assunto Parlamentares, Augusto Santos Silva, considerou «"inaceitável" que a promoção feita pela RTP1 à sua entrevista com Judite de Sousa tivesse em som as suas palavras "malhar na direita" e disse esperar um pedido de desculpas daquela televisão.»
Isto tem o mesmo nome: CENSURA.
Então o senhor pode dizer as coisas que diz e depois vir exigir um pedido de desculpas a outros por transmitirem (é disso que se trata) o que ele tinha dito?

Estes sinais são sintomáticos dos caminhos que a nossa sociedade começa a trilhar: censurar tudo em nome do politicamente correcto, ou porque não é do agrado do poder.
Convém estar atento e reagir. Por este caminho, um dia destes só podemos dizer o que seja do agrado de certos poderes.
Perigoso, muito perigoso.

Quando passam 4 anos sobre a conquista da maioria absoluta pelo PS, convém lembrar que muitos episódios destes, carregados de tiques autoritários, se têm repetido: foi um professor do norte que foi a tribunal por ter chamado não-sei-quê ao primeiro-ministro; foram as visitas das polícias a escolas e sindicatos para saber quem ia a manifestações de professores; são os dois episódios relatados acima; foi um bloguista ter ido parar a tribunal por ter revelado uma série de coisas sobre a licenciatura de Sócrates; são as medições de tempos de programas televisivos em nome da pluralidade; são as pressões sobre jornais (Público) devido a publicar episódios ligados à formação académica do primeiro-ministro; são as "embrulhadas" do caso Freeport...
É muita coisa!
E todas com um ponto em comum, e perigoso.
Resta esperar que das próximas eleições saia um antídoto para isto.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Naif

Porque é que há quem só goste de fazer as coisas através de alçapões, truques e afins?
Sejam colegas ou instituições... enganam todos para conseguir os seus benefícios de merceeiros. Acham que os outros são todos parvos...

Ou eu é que sou muito naif?
Bah!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Horror ao vazio

Mais um artigo de Mário Crespo:

"Depois de em Outubro ter morto o casamento gay no parlamento, José Sócrates, secretário-geral do Partido Socialista, assume-se como porta-estandarte de uma parada de costumes onde quer arregimentar todo o partido.
Almeida Santos, o presidente do PS, coloca-se ao seu lado e propõe que se discuta ao mesmo tempo a eutanásia. Duas propostas que em comum têm a ausência de vida. A união desejada por Sócrates, por muitas voltas que se lhe dê, é biologicamente estéril. A eutanásia preconizada por Almeida Santos é uma proposta de morte. No meio das ideias dos mais altos responsáveis do Partido Socialista fica o vazio absoluto, fica "a morte do sentido de tudo" dos Niilistas de Nitezsche.
A discussão entre uma unidade matrimonial que não contempla a continuidade da vida e uma prática de morte, é um enunciar de vários nadas descritos entre um casamento amputado da sua consequência natural e o fim opcional da vida legalmente encomendado. Sócrates e Santos não querem discutir meios de cuidar da vida (que era o que se impunha nesta crise). Propõem a ausência de vida num lado e processos de acabar com ela noutro. Assustador, este Mundo politicamente correcto, mas vazio de existência, que o presidente e o secretário-geral do Partido Socialista querem pôr à consideração de Portugal. Um sombrio universo em que se destrói a identidade específica do único mecanismo na sociedade organizada que protege a procriação, e se institui a legalidade da destruição da vida.
O resultado das duas dinâmicas, um "casamento" nunca reprodutivo e o facilitismo da morte-na-hora, é o fim absoluto que começa por negar a possibilidade de existência e acaba recusando a continuação da existência. Que soturno pesadelo este com que Almeida Santos e José Sócrates sonham onde não se nasce e se legisla para morrer.
Já escrevi nesta coluna que a ampliação do casamento às uniões homossexuais é um conceito que se vai anulando à medida que se discute porque cai nas suas incongruências e paradoxos. O casamento é o mais milenar dos institutos, concebido e defendido em todas as sociedades para ter os dois géneros da espécie em presença (até Francisco Louçã na sua bucólica metáfora congressional falou do "casal" de coelhinhos como a entidade capaz de se reproduzir). E saiu-lhe isso (contrariando a retórica partidária) porque é um facto insofismável que o casamento é o mecanismo continuador das sociedades e só pode ser encarado como tal com a presença dos dois géneros da espécie. Sem isso não faz sentido. Tudo o mais pode ser devidamente contratualizado para dar todos os garantismos necessários e justos a outros tipos de uniões que não podem ser um "casamento" porque não são o "acasalamento" tão apropriadamente descrito por Louçã.
E claro que há ainda o gritante oportunismo político destas opções pelo "liberalismo moral" como lhe chamou Medina Carreira no seu Dever da Verdade. São, como ele disse, a escapatória tradicional quando se constata o "fracasso político-económico" do regime. O regime que Sócrates e Almeida Santos protagonizam chegou a essa fase. Discutem a morte e a ausência da vida por serem incapazes de cuidar dos vivos."

(no Jornal de Notícias)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Imagem sem palavras - 101

Amote

Tendo em conta que o dia mais idiota do ano já lá vai, cá fica isto saído da cabecinha do Fernando Alvim (copiado de O Meu Vício Oculto):

"Não percebo porque é que o amo-te se escreve desta forma: amo-te, quando deveria ser desta: amote. O amo-te não deveria ter hífen ou tracinho como se costuma dizer. O amote que eu falo, este, não deveria ter espaço para que nenhuma letra respirasse, para que ficassem ali as letras apertadinhas de forma a não caber mais nenhuma porque a verdade é que quando se ama alguém não cabe mais ninguém ali, porque não há espaço, porque as letras estão literalmente sufocadas por essa palavra que se deveria escrever apenas e só assim: Amote."

Afinal, como dizia o anúncio da Olá, “quem gosta, gosta sempre”.

Hoje sou do contra

Hoje apetecia-me bater no Hugo Chávez e em José Sócrates.


O primeiro, com uma aura de revolucionário e libertador, está a impor uma ditadura num país cheio de riquezas. E o “pueblo” supostamente vota, agradece e festeja. Nem é preciso ser um observador atento do mundo para saber em que é que isto vai acabar…


Sobre Sócrates...

Há esta proposta – de facto, areia para os olhos dos mais incautos – de reduzir as deduções aos “ricos”. Já ouvi meia dúzia de especialistas a desmascarar esta treta.

- Há a sua eleição de “unidade” no PS. Quando foi a eleição no CDS, era albanesa.

- Indeed, um texto sobre outra realidade que encaixa na perfeição...

- as mentiras sobre as medidas deste governo de propaganda aqui, aqui e aqui.


E, para já, chega.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ir ao inferno e voltar

Em fim-de-semana primaveril, nada melhor que aproveitar o bom tempo.
Vai daí, Cascais e a Boca do Inferno são perfeitas.

E azul.
E sol.
E tanto mar.
E tanto horizonte.

A democracia sou eu - 2

Hoje tem lugar na Venezuela mais um referendo com o objectivo de alterar a Constituição e assim eliminar os limites de mandatos presidenciais.
Como qualquer democracia perfeita, há muitas irregularidades durante a eleição: votos diferentes dos manifestados pelos eleitores... portanto, coisa sem importância.
Já na sexta-feira, o democrata Chávez expulsou um observador da UE (eurodeputado espanhol) que tinha dito isto:
“Que nunca votem deixando-se levar pelo medo que um ditador lhes quer impor de forma premeditada. Que os venezuelanos jamais se esqueçam que são cidadãos livres, que devem votar em plena liberdade e como o desejam".
Não será uma boa coisa, mas para os mais distraídos serve de bela demonstração do que ele é.

O ditador - perdão, presidente - venezuelano já anunciou que caso o resultado deste referendo lhe seja desfavorável, irá repeti-lo em 2010. (Onde é que já vimos isto...?)
Caso assim seja, hoje, no mais puro espírito democrático, certamente irá dizer que a oposição teve uma "victória de mierda", como já tinha dito em Dezembro de 2007.

Não há ninguém que ponha termo a esta ditadura?

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Vazios

Ir ao cinema, depois de ter visto "O Estranho Caso de Benjamim Button", deixa sempre uma sensação de faltar qualquer coisa...

Sessões cinéfilas

A DUQUESA

É um filme de época, que retrata a alta sociedade inglesa do final do século XVIII e os seus costumes. Uma sociedade feita de aparência, de moralismos públicos e de infelicidades privadas.

Georgiana (Keira Knightley) é uma mulher solta, que acredita no amor romântico, que fala em liberdade, em sentimentos, e é apreciada por todos. O marido, Sir William Cavendish, Duque de Devonshire (Ralph Fiennes), é um homem frio, racional, que só pensa em ter um filho homem para herdeiro, e passa quase a desprezar a mulher por esta só conceber meninas. Ela vai tentando libertar-se; ele só pensa em manter as aparências. Ela interessa-se pelas mais variadas coisas; ele só se interessa pelos cães.

Os sonhos de Georgina vão-se desvanecendo e acabam por sucumbir ao peso das regras da sociedade.

É à volta disto que decorre este drama de época, enquadrado em cenários magníficos: palácios imponentes, jardins imensos, um guarda-roupa soberbo.


QUEM QUER SER BILIONÁRIO?

A tradução do título do filme é má. Como é que “Slumdog millionaire” se tranforma no nome do concurso e aumenta a quantidade de dinheiro?

Adiante...

É um filme bem conseguido, de como um espírito inocente, e que atravessou muitas provações na vida, consegue ganhar um concurso televisivo. O jovem Jamal Malik vai ao concurso apenas para que a rapariga de quem gosta o veja, e assim consigam reencontrar-se.

A certa altura, quando se reencontram, ele insiste para ela fugir com ele, mas ela pergunta:

- E vivemos de quê?

Ele atira:

- De amor.

Sem qualquer ambição, Jamal vai acertando em todas as respostas, recorrendo a episódios da sua infância que lhe acabam por dar a opção correcta.

É uma fábula: cada momento e experiência da nossa vida traz sempre um ensinamento que alguma vez nos irá ser útil. A Jamal tornou-o milionário.

Este filme – que muito provavelmente irá ganhar o Óscar de melhor filme estrangeiro – retrata Bombaim, a sua pobreza, sujidade, as máfias, a vida das castas inferiores. E, por isso mesmo, tem sido objecto de muita polémica na Índia.

E... a música e coreografia finais... já estão nas discotecas? :)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Embrulhado em soul

Sempre fui muito selectivo em relação a música. Pronto, esquisito...
Mas em 2008 tive o dom de adquirir três álbuns que são absolutamente fantásticos e que têm recebido muitos elogios:
- Viva la vida, dos Coldplay
- Rockferry, da Duffy
- Soul, do Seal.



Vamos então ao objectivo deste post: elogiar o último álbum do Seal. Para além de ter a Heidi Klum por mulher (não sei se não estará já na categoria de deusa...), este negro desfigurado reveste e dá nova vida a clássicos como “A Change Is Gonna Come” de Sam Cooke, “Stand By Me” de Ben E. King, “I Can´t Stand The Rain” de Ann Pebbles e “I’ve Been Loving You Too Long” de Otis Redding... tudo na sua voz quente, acolhedora, e excelentemente embrulhado numa magnífica orquestra.
É ouvir, ouvir, ouvir... (assim o mp3 tenha pilhas).
O slogan com que a Rádio Comercial promoveu o álbum é perfeito: "Seal é soul". E é mesmo!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Façamos de conta...

Mário Crespo, em recente artigo no JN:

"Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo"

Vale a pena ler o artigo integral. Arrasador!

Como diria o próprio Mário Crespo, "rigorosamente a não perder".

Parafraseando - 31


"Ousando, cresce a coragem; hesitando, cresce o medo."


P. Siro

Dois países

Esta semana Portugal foi tomado de assalto pelas "causas fracturantes".
É o casamento dos homossexuais, é a notícia dos 22 mil abortos legais desde o referendo há dois anos, é a eutanásia (só para discutir, mais nada...), é a conferência episcopal a deixar críticas pouco veladas aos partidos políticos (em especial ao PS-governo)...

A continuar assim, a campanha para as muitas eleições deste ano - que já começou - vai andar à volta das questões de sociedade e ofuscará a crise económica. O PS-governo agradece.

Em jeito de análise lateral, é curioso observar o seguinte:
O país dos comentadores, políticos e jornalistas anda entretido nestas questões de superior interesse. Ou seja, Lisboa.
O país das aldeias, dos pequenos centros, anda preocupado com a crise, com o desemprego, com o medo do dia seguinte. Ou seja, o país real.

Posso emigrar?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Eluana Englaro

A polémica continua sobre a morte da italiana Eluana Englaro, a mulher italiana de 38 anos há dois anos em estado vegetativo persistente.(PÚBLICO)

Quando vi e vejo notícias sobre as posições defendidas por alguns especialistas, fico perturbado. Tenho dificuldade em aceitar quer uma, quer outra das soluções.
Até onde é vida e a partir de onde é morte? Quem o pode delimitar?
A polémica à volta deste caso, embrulhada em política entre Berlusconi e o presidente italiano, choca-me.
Sei de um caso de alguém que esteve em coma, sem reacções ao exterior, mas que ouvia perfeitamente o que diziam os familiares que a visitavam. Ela queria responder, mas o corpo não reagia em conformidade. Que estado é este?

Percebo bem o dilema e drama dos familiares em situações-limite destas.
E, ao chegar ao fim, há algo que atormenta: e quando a cabeça funciona e o corpo já não tem reparação?
Lembro-me de três casos assim: João Paulo II, a jovem modelo brasileira que faleceu há algumas semanas, e o meu pai.

Curvo-me. As palavras não chegam.

Eleições em Israel

As projecções de resultados nas eleições legislativas israelitas apontam o Kadima, de Tzipi Livni, como vencedor, com uma pequena vantagem. Era este o partido do governo actual, em que a sua líder ocupava o cargo de Ministra dos Negócios Estrangeiros.
O Kadima, de centro, terá de conseguir uma ligação suficientemente forte para contrabalançar o Likud, que terá ficado a poucos votos.

Qualquer que fosse o vencedor das eleições, terá de ser - como sempre - um governo forte para enfrentar as constantes investidas e ataques externos.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sete vidas - 4


Ode ao gato

os animais foram imperfeitos, compridos de rabo, tristes de cabeça.

pouco a pouco se foram compondo,

fazendo-se paisagem,

adquirindo pintas, graça, vôo.

o gato, só o gato apareceu
completo e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.

o homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato quer ser só gato
e todo gato é gato do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.

não há unidade como ele,
não tem a lua nem a flor tal contextura:
é uma coisa só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno firme e sutil
é como a linha da proa de uma nave.

os seus olhos amarelos deixaram
uma só ranhura para jogar as moedas da noite.

oh pequeno imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão,
nupcial sultão do céu das telhas eróticas,
o vento do amor na intempérie
reclamas quando passas
e pousas quatro pés delicados no solo,
cheirando, desconfiando de todo o terrestre,
porque tudo é imundo
para o imaculado pé do gato.

oh fera independente da casa,
arrogante vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta dos quartos,
insígnia de um desaparecido veludo,
certamente não há enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti
e pertences ao habitante menos misterioso.

talvez todos acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios de gato,
companheiros, colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.

eu não.
eu não subscrevo.
eu não conheço o gato.
tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica o gineceu com os seus extravios,
o pôr e o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.

minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.

Pablo Neruda

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Mundo à esquerda

O PS e Sócrates avançam com a regionalização e com os casamentos homossexuais.

Quanto à primeira, tal como aconteceu com o referendo ao aborto, é submetido ao voto popular até obter o resultado desejado. É assim a democracia…

Sócrates propõe como mapa para as futuras regiões as actuais CCDRs: Alentejo, Algarve, Centro, Lisboa, Norte.


Parece-me o mais apropriado. No entanto, há uma questão que deveria ser discutida previamente à configuração territorial: que funções e respectivas verbas passam do Estado central para as novas regiões? Sem isto respondido, voltarei a votar contra a regionalização.

Quanto aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, é uma inevitabilidade social. Seja agora, ou daqui a alguns anos.



Também pela esquerda, aconteceu, durante este fim-de-semana, mais uma Convenção do Bloco de Esquerda. Pondo de lado os disparates estatistas que defendem, não há novidades. Só ouvi uma proposta que não me chocou: impedir que as empresas que recebem benefícios do Estado devido à crise distribuam dividendos pelos accionistas.

Com quase dez anos, é um excelente exemplo de como juntar três inexistências políticas (PSR, UDP e Política XXI) transformando-as numa eficaz máquina política e de marketing.



À esquerda é disto.

À direita não se vê grande coisa.

Revolutionary Road

Nos Estados Unidos dos anos 50, Frank e April Wheeler procuram ter uma existência diferente, e realizar todos os sonhos. Mas a vida, as circunstâncias, os mal-entendidos, as mentiras, acabam por conduzir à tragédia.

De que massa são feitos os sonhos? Podem os sonhos destruir?

Resenha aqui.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Imagens perfeitas

Há imagens perfeitas, como estas da neve no Gerês:


E eu nunca vi neve ao vivo...

Fotos retiradas do
SOL. E há lá mais...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Eu gosto é do verão!

Contra este tempo escuro, frio, chuvoso.... esta canção dos Fúria dos Açúcar:


O vídeo é... mas é aquele em que melhor se percebe a letra (ver aqui).

A minha mãe chama-me maluco quando digo que chove há um mês e meio...
Espero é que em Março esteja bom tempo (sol e quentinho...) quando for atravessar a Ponte 25 de Abril, na versão mini-maratona Vodafone/passeio a pé...

Necrópole medieval em Tomar

"As escavações que decorrem junto à Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar, deram a conhecer a que será a maior necrópole da Europa, em número de enterramentos (3.400) e em área, disseram os arqueólogos que acompanham a obra" (SOL)

Esta não vimos quando fomos a Tomar...ops!

Tolerâncias

1 -
Na Islândia, a recém empossada primeira-ministra Johanna Sigurdardottir, de 66 anos, é assumidamente lésbica. O PÚBLICO, no caderno P2, pergunta: "E isso interessa?". Claramente não.
Em Portugal, pelo contrário, havia boatos sobre o candidato José Sócrates, e não consta que haja nos partidos representantes de qualquer minoria étnica (quanto mais ter um Obama). E não, não é com quotas que se vai lá - é com mudança de mentalidade.

2-
Hoje foram notícia uns protestos britânicos contra a contratação de trabalhadores estrangeiros (portugueses e italianos) para a construção de uma refinaria da francesa Total em Lindsey. Gostava de saber o que pensam disto uns senhores xenófobos aqui do sítio... Lá é intolerância e aqui é liberdade?! Inaceitável nos dois países.
Como se escreve no Teatro Anatómico:
«Se não servirem para mais nada, as manifestações de trabalhadores ingleses contra a contratação de operários estrangeiros, incluindo portugueses, podiam ter, ao menos, o benefício de levar certos cidadãos nacionais – os que organizam manifestações contra os pretos, ucranianos, ciganos e demais imigrantes e os que concordam com eles, mais ou menos silenciosamente - a pensar, uma vez na vida que fosse, e a perceberem que há muitos sítios no mundo onde os pretos somos nós, a suposta e superior “raça portuguesa”.»

3 -
Hugo Chávez reafirma compromisso de dar a vida e insiste que a "revolução é pacífica mas armada". As pessoas, quando têm uma arma apontada à cabeça, costumam ser pacíficas... Para quem disse, no final de 2007, ao ver rejeitado o prolongamento dos mandatos presidenciais, que ia respeitar a vontade popular (para além de lhe chamar "vitória de merda"), isto é o melhor exemplo de respeito pela vontade do povo... E viva a democracia!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A democracia sou eu

"Hugo Chávez revelou que pretende governar até 2049, quando completa 50 anos na presidência, e que alongará os mandatos presidenciais de 6 para 10 anos, se ganhar o referendo de 15 de Fevereiro sobre a reeleição presidencial." (LUSA)

Vicky Cristina Barcelona


Tendo como pano de fundo Barcelona (e Oviedo), é um filme com a marca de Woody Allen. Com aquelas inquietações amorosas e relacionais que perpassam em alguns dos seus filmes, com aqueles labirintos de amores possíveis e impossíveis ao mesmo tempo.
Com três beldades – Scarlett Johansson, Rebeca Hall (maravilhosa) e Penélope Cruz - numa procura do amor, chocando com as contingências da vida, e com Javier Bardem como ponto de união. Às tantas, Maria Helena (Penélope Cruz) sai-se com esta: “só os amores não correspondidos podem ser românticos”. E sabe do que fala, dado o conflito permanente e mortal com o seu Juan António (Javier Bardem).
O filme transpira sensualidade e provocação em quase todas as cenas. E a triangulação que acaba por ligar os quatro personagens e vidas não a as deixa de lado.
Neste filme, há imagens para as quais apetece ser transportado de imediato. E há momentos étnicos por exemplo, com as guitarras espanholas) absolutamente notáveis.

O contraste entre os latinos espanhóis Penélope Cruz e Javier Bardem, fogosos, apaixonados, cheios de garra, e as americanas cheias de inseguranças e com todos os hábitos urbanos, é algo de interessante.
Não tem o humor de um “Match Point” ou de um “Scoop”, mas é um filme de Woody Allen, apostado em brincar com os mal-entendidos da vida e do amor. E basta.

Uma interessante análise ao filme aqui, por Luís Miguel Oliveira.

Barcelona, que já era uma cidade a visitar um dia, mantém o encanto. Oviedo surgiu com interesse.