sexta-feira, 29 de junho de 2007

Cantinho do poeta - 20

Perdi-me dentro de mim,
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Mário de Sá Carneiro

Por precaução...

Com a devia vénia a Daniel Oliveira, no Arrastão.

Esta perigosa democracia…


Nos últimos tempos em Portugal têm ocorrido alguns episódios preocupantes quanto à qualidade da nossa democracia. Porque atingem um aspecto fundamental da democracia: a liberdade de expressão.
Os episódios são de todos conhecidos:

- o caso do autor do blogue Do Portugal Profundo, no qual primeiramente surgiram as dúvidas sobre as habilitações de José Sócrates. O que aconteceu? O primeiro-ministro põe o bloguista em tribunal.

- o episódio do Prof. Charrua e da directora da DREN, tendo aquele sido suspenso por uma piada privada sobre o primeiro-ministro (“piada” que entretanto passou a “insulto”…) da qual a directora da DREN veio a saber através de uma denúncia.
- o caso da directora do centro de saúde de Vieira do Minho, demitida por não ter retirado um cartaz (folha A4) colocado por um médico, em que se discordava da política do ministro (brincando com uma frase proferida pelo mesmo ministro). A directora foi substituída por um vereador socialista da câmara local. O ministro diz que se trata de falta de lealdade… em quê? Entretanto, a ex-directora do centro de saúde acusa o ministro de faltar à verdade nesta história.

O papel do delator volta a surgir, pouco mais de 30 anos volvidos sobre o 25 de Abril. Perigoso. O delito de opinião não faz qualquer sentido numa sociedade livre e democrática.
Entretanto, Manuel Alegre já afirmou: “Pretendi educar muita gente no PS dentro desse espírito de tolerância, mas, pelos vistos, sem resultados".

António Barreto, no passado domingo no Público, também alertou para estes preocupantes episódios dados pelo actual governo.
Por sua vez, Marques Mendes, líder do PSD, disse tudo o que devia ser dito sobre este último episódio. E alertou para o significado destes episódios.

Com todo este historial, já começo a ter muitas dúvidas sobre a ideia de juntar num único documento vários elementos dos cidadãos. Tal como com a centralização dos serviços secretos na dependência directa do Primeiro-ministro.

Isto não augura nada de bom…

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Encosta-te a mim

Jorge Palma lança o seu novo álbum Voo Nocturno (título inspirado no livro de Antoine de Saint-Exupéry) na próxima semana.
O single de avanço já anda em algumas rádios. Chama-se "Encosta-te a mim"
Apetece-me... Encosta-te a mim...

Chinesização das relações laborais

Ontem veio a público a notícia de que uma comissão está a estudar alterações ao código do trabalho, e propõe um livro branco com mudanças.
E, basicamente, as alterações vão no sentido do corte de benefícios dos trabalhadores. Redução de vencimentos, fim dos 3 dias extras como prémio pela assiduidade, corte no subsídio de férias...
Nicolau Santos, director-adjunto do Expresso, verbalizou tudo o que penso sobre o assunto. Porque Portugal não é o Norte da Europa. Nem a nível de riqueza nem a nível de mentalidade ou cultura. O texto integral está aqui, mas realço as seguintes passagens:
"Quanto às principais mudanças propostas, várias delas fazem sentido para responder aos desafios da globalização, mas no essencial o caminho é o de diminuir os direitos dos trabalhadores conquistados nos últimos 30 anos. De que outro modo podem ser considerados a maior flexibilidade do despedimento individual (diminuição substancial do prazo para a interposição da acção de impugnação do despedimento, alargamento do âmbito do despedimento por inadaptação, aumento dos obstáculos à reintegração do trabalhador mesmo quando ganhe o processo de despedimento), a perda de salário por fundamentos objectivos, o corte no subsídio de férias (ao ser expurgado de tudo o que não seja salário base), a redução do limite mínimo de descanso de uma hora para meia hora, após cada cinco horas de trabalho, a diminuição dos dias de férias…?
(...)
Os portugueses são dos europeus que mais horas passam nos seus postos de trabalho. Não é por isso que a riqueza do país aumenta, residindo grande parte dos problemas na péssima organização da economia e da sociedade e na falta de lideranças competentes e motivadoras. É claro que, do lado dos trabalhadores, falta sobretudo formação. Mas não é cortando cada vez mais os seus direitos que eles serão motivados a trabalhar mais e melhor.
Este pacote de leis agora apresentado é só o começo, porque não terá os resultados esperados. Um dia destes, mais ano menos ano, algum Governo pensará que bom mesmo é termos as mesmas leis laborais que existem na China - isto é, quase nenhumas. Nessa altura, vamos crescer 10% ao ano ou mais - ou não.
Subsistirá, contudo, sempre um problema. É que nós não somos chineses. Somos portugueses, gostamos de ter horas para almoçar e comer pastéis de nata. É uma desvantagem brutal."
E eu, que não percebo muito de economia, percebo uma coisa: se as empresas pagassem mais, não perdiam - ganhavam. E muito!
Porque os trabalhadores estavam mais motivados (embora dinheiro não seja o único factor de motivação...) e consumiam mais. E se os cidadãos consomem mais, as empresas recebem de volta todo o dinheiro que pagaram como vencimentos sob a forma de produtos/serviços vendidos.
O problema é haver horizontes e cifrões de curto prazo na cabeça dos gestores...

Missa em Latim

Notícia aqui.
A Igreja, aproveitando a necessidade de qualificação dos portugueses, será parceira nas Novas Oportunidades, dando cursos de latim.

Welcome back...

"Com mais um quilinhos, ou com algumas plásticas, as Spice Girls estão de volta. A mais famosa girls band de sempre deverá anunciar hoje o início de uma nova digressão." (semanário Sol)
Não interessa se as meninas cantam, mas é bom voltar a vê-las...

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Imagem sem palavras - 37

Árvore florida em Lisboa

O adeus de Blair


Chegou hoje ao fim a era Blair. E chega a hora de Gordon Brown (vamos ver por quanto tempo), número 2 de Blair desde sempre.
O líder britânico parte quando chegam novos líderes à Europa (Angela Merkel, Sarkozy...). Goste-se ou não de Tony Blair, deixou uma marca de desenvolvimento no Reino Unido e de liderança na política internacional.
Agora assume o cargo de enviado especial do Quarteto para o Médio Oriente (EUA, ONU, Rússia e UE).

No coração da Europa

Vi há pouco, na RTP, o documentário “No coração da Europa”, através do qual o realizador belga Serge Ghizzardi acompanha durante cerca de ano e meio Durão Barroso no exercício das suas funções de presidente da Comissão Europeia.
Muito interessante a forma como decorrem as negociações, os contactos… O documentário debruçou-se sobretudo nas negociações da directiva dos serviços.
Para quem gosta de política como eu, foi um documentário excelente.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Sem palavras!

Há coisas absolutamente geniais. Esta é uma delas.
Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."
A aluna: Fernanda Braga da Cruz
Descobri esta maravilha na Estrela da Marisa.

Disparate jornalístico

"A primeira página da revista "Wprost" está a causar polémica por mostrar uma fotomontagem com a chanceler alemã Angela Merkel a amamentar os gémeos Lech e Jaroslaw Kaczynski" (líderes polacos)... (PÚBLICO)
Esta criatividade de gosto muito duvidoso...


Por vezes sentimo-nos assim,

e despenteados por dentro,

e com um ponto de interrogação na cabeça.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Há pedras que continuam a rolar...

The Rolling Stones- Satisfaction (I can't get no)

Imagem sem palavras - 36

Fonte e Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa

Museu Berardo


"A arte não é outra coisa senão a força de sugestão de um detalhe" - Corrado Alvaro
Certamente uma colecção de luxo, que vale a pena ver. Para mim que não percebo nada de artes, mas que já tive oportunidade de ver várias peças desta colecção por diversas vezes, é um conjunto notável e único de arte a nível mundial.
Descontando a parte propangandística, o Primeiro-ministro deve ter razão quando diz que "com este museu, o País fica mais rico e Lisboa uma cidade melhor. Antes, o roteiro da Arte Contemporânea acabava em Madrid. A partir de hoje, começa aqui."

Notícias fantásticas

1- Consultas excessivas devem ser mais caras
“Os doentes que fizerem «uso excessivo» de consultas sem justificação clínica nos serviços públicos de saúde devem pagar mais, defende o relatório sobre a sustentabilidade financeira do Sistema Nacional de Saúde (SNS), avança hoje o Público.”
Pergunto a quem fez este estudo se quem recorre ao SNS o faz por prazer, desporto, porque não tem mais nada para fazer. Certamente que é um gozo extraordinário precisar de uma consulta e só poder ter acesso à mesma daqui a vários meses… Mas isto são coisas que quem fez o estudo certamente ignora. Há coisas que os gabinetes não dizem. Nem os médicos privados.

2 - Filhos mais velhos são os mais inteligentes
"Um estudo realizado por cientistas noruegueses indica que os filhos mais velhos têm mais hipóteses de ter QIs mais altos do que seus irmãos mais novos. As causas serão sociais
Os pesquisadores analisaram 250 mil pessoas e constataram que os primogénitos e os que são o segundo ou o terceiro na ordem de nascimento, mas que perderam um dos irmãos mais velhos, marcaram uma pontuação mais alta no teste de QI."
Eu já desconfiava que devia haver algum motivo científico para a minha inteligência. Claro, para além da minha inteligência.

domingo, 24 de junho de 2007

Michael Hublé - Home

Depois de uma bela declaração de amor (com Everything), um momento de recolhimento e à procura de mimos…. com Home. Ao ouvir isto apetece estar aconchegado à lareira, com um abraço que agarre a alma.
Tudo by Michael Bublé.

Letra de Home.

sábado, 23 de junho de 2007

Todas as galáxias me contemplam,
todos os restos de universo me procuram
e me disputam.

Enquanto isso, solitário, passo a noite inteira,
a aquecer-me no fogo imenso
de um fósforo.


Vi este poema no perfil do escritor José Luis Peixoto, no hi5.
Gostei, por isso cá fica.

Bruno Nogueira: perfeito, perfeito...


Ontem fui ver o espectáculo "... sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura" do Bruno Nogueira, no jardim de inverno do São Luiz.
E… gostei! O Bruno tem aquele humor corrosivo, inteligente, que mostra o lado B da vida, aquilo que por vezes não vemos à primeira vista…
Começou a medo, mas depois foi ganhando à-vontade e saltando de assunto em assunto. Aqueles que o tinham feito pensar para início de espectáculo…

Falou dos gordos, dos magros, de África, da publicidade, dos supermercados, dos espirros, dos tímidos, dos espirros tímidos, do 11 de Setembro, da Igreja, do Papa (João Paulo II era um querido, por isso o papa devia ser um koala. É montes querido…), dos mistérios de Fátima, dos ben-u-ron, da sabedoria estúpida dos provérbios… Genial!
Através daquele rosto quase sempre sério, Bruno Nogueira põe-nos a pensar ao falar “debruçado sobre temas que fazem comichão no céu da boca dos nervos”.
Pena que ele não tenha grande interacção com o público como se vê em outros stand up comedy… metendo-se com ele, surpreendendo, rindo com e do público. Claro que dizer isto é arriscado para quem é público. Ainda para mais como nós, sentados na primeira mesa junto ao palco. Ainda acabávamos no palco a fazer figura de urso…
De resto, é perfeito, perfeito…
Às tantas olhei para o relógio: eram 01h20. O tempo passou a voar, pensei que só tinham decorrido uns 30 minutos... e já ía em quase 1h30.
O humor e os momentos agradáveis têm destas coisas.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Joeberardidades


Isto de ter dinheiro…
Ontem Joe Berardo esteve no Negócios da Semana, na SIC Notícias. Alguns dias antes esteve à conversa com Mário Crespo, no mesmo canal. E quer este, quer José Gomes Ferreira contiveram o riso várias vezes para traduzirem o que o milionário madeirense diz.

2007 tem sido o ano de Berardo. Foi a PT, foi o Millennium BCP, é o Benfica, são os museus…
Não demorará muito tempo até Joe Berardo ser candidato a qualquer coisa. Escrevam isto.

Mas, aproveitando as Novas Oportunidades, o Sr. Berardo não podia tirar um curso de português?
É que as conversas dele são líricas: não diz uma única frase correcta. Utiliza palavras inglesas pelo meio quando não sabe em português, corta raciocínios, inventa verbos (“á” em vez de “é”..)…
Como diz o slogan, aprender compensa.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Verão!

Chegou, em versão envergonhado, mas chegou.
Hoje às 18h06 começou o Verão.
Vamos ver por quantos dias...

Entretanto, hoje é o maior dia do ano, na sua versão solar.
A partir daqui é sempre a decair...

Amesterdão parabólico

No SOL:
"Em Amesterdão, uma série de artistas em conjunto com crianças criaram o projecto ‘Pimp My Dish’, no qual as antenas parabólicas são pintadas de forma colorida, dando outra cor aos objectos pendurados nas varandas dos edifícios."

O meu candidato a Lisboa!

E onde é que ponho a cruzinha?
Só não concordo com a ideia do aeroporto. É capaz de ser necessário um novo aeroporto em Lisboa. Mas a Ota é um perfeito disparate.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Refugiados


Hoje é o Dia Mundial dos Refugiados.

Refugiados porquê?
Não têm refúgio.
Não têm um tecto.
Não têm alimento.
Não têm vida.
Só têm o nada.
E só têm um horizonte: respirar.
Notícias do dia:

Tolerâncias

Salman Rushdie, autor de Os Versículos Satânicos, foi feito cavaleiro pela rainha de Inglaterra. E a reacção dos islamo-fascistas não se fez esperar. Até ao nível de ministro. Ver opinião de Francisco José Viegas, n'A Origem das Espécies.
Sobre tolerâncias estamos conversados...

Lisboa: o debate que não vi....

Ontem aconteceu o primeiro debate para as intercalares de Lisboa. Não vi, porque ontem foi o dia da estreia da “nossa” Nelly Furtado no CSI Nova Iorque., e eu tinha de ver. Saiu-se bem, a menina…

E depois não me apeteceu ver o debate, porque hoje tinha de madrugar… De qualquer forma, os Incontinentes Verbais deixaram algumas notas do debate, candidato a candidato. Vale a pena ler. Pelo menos para quem vota na capital do país cujo resto é paisagem ou deserto…

Apontamento de rodapé:
Telmo Correia (CDS) teve a frase do debate: “O António Costa saiu do Governo, mas o Governo não saiu dele".

domingo, 17 de junho de 2007

EVERYTHING - Michael Bublé

"Michael Steven Bublé é um dos crooners de maior sucesso no mundo. Ao longo da sua carreira, já conquistou vários prémios Juno no Canadá e foi nomeado para vários Grammys." (ver biografia completa aqui).
Se soubesse como, ainda punha esta canção como fundo musical do blogue... :(

Ocean's 13


"Há apenas uma razão que faria voltar Danny Ocean (George Clooney) e os seus rapazes para um novo e arriscado golpe: magoarem um dos seus. Willy Bank (Al Pacino), o implacável dono de um casino, não imaginava no que se estaria a meter quando resolveu enganar o amigo e mentor de Ocean, Reuben Tishkoff (Elliot Gould). Bank pode ter derrubado um dos onze, mas os outros ficaram de pé e estão desejosos de lhe servir a vingança bem fria. Fria e em grande estilo, pois Ocean atacará na noite triunfal da grande abertura do novo casino, chamado muito apropriadamente The Bank. O plano é perigoso, quase impossível, mas não há limites quando está em causa um amigo. Ao realizador Steven Soderbergh e a Clooney juntam-se as novas aquisições de Al Pacino e Ellen Barkin, e voltam a reunir-se, entre outros, Brad Pitt, Matt Damon, Andy Garcia, Don Cheadle, Bernie Mac e Casey Affleck." (PÚBLICO)
Com a classe que os caracteriza, este grupo dá mais um golpe. E multiplica-se em esquemas, disfarces e truques para conseguir infiltrar-se no casino e dar o grande golpe no dia da inauguração.
Um filme sem grande história (tal como os outros, que vi quando mos emprestaram...), com pouco humor para além do gozo dos actores a fazer aquilo (perfeito para alugar daqui a alguns meses e ver em casa). Quando muito, vale pela amizade que une este gang cheio de classe: atacar um é atacar todos. E a vingança é certa. E a amizade livre: "vemo-nos quando nos voltarmos a ver"
Tem o momento delicioso em que Danny Ocean está a ver a Opprah... (é assim que se escreve?)
Leva 2 a 3 estrelas. Nada de extraordinário.

sábado, 16 de junho de 2007

Imagem sem palavras - 36

Baía do Funchal

Fim do banco


O Bruno Nogueira, no Corpo Dormente, faz esta espécie de homenagem aos idosos. Notável.

"A idade vai comendo a vida.
Vai ratando o futuro, e nós (eles) a verem.
Acorda-se com um dia a menos, e adormece-se com um dia a mais.
O calendário vai-nos mudando o corpo.
Vai-nos empurrando as costas, para a queda ser pequena.
Os velhos sabem de cor o chão.
Como quem sabe que está quase a chegar lá.
Desde que perdi a minha avó, que ganhei o respeito por quem mora no terceiro andar da idade.
Perde-se para ganhar.
E assim foi.
Emociona-me.
Que vida inteira pode ser sentada sozinha, num banco de jardim?
Com a idade, nunca escolhem o meio, sempre o fim do banco.
Em crianças, ter-se-iam sentado na outra ponta?
E deixam-se estar.
Respiram como podem. Os olhos já não procuram nada. Já viram tudo.
Vão guardando o passado em rugas, para libertar a cabeça.
Em que pensam?
Na morte?
Os velhos não vivem. Deixam-se viver.
Os filhos já tem a vida deles, não os querem.
Tem de ir viajar e fazer compras para o jantar.
"O pai tem estado bem? Então vá, um beijinho."
Picaram o ponto, e para eles está feito.
Os novos choram com o corpo todo, gritam e fazem caras de quem sofre.
Os velhos choram só com os olhos, que o resto não se vê.
E assim o fazem, no fim do telefonema.
Ninguém os quer com as doenças cheias de idade.
As mãos da idade cheiram a tudo, com as veias cansadas de mostrar o sangue a toda a gente.
As pernas vão perdendo caminho.
Os braços deixam de abraçar.
O coração começa a falhar, já bateu demais mesmo para quem amou pouco.
Vai-se esquecendo de bater.
E uma noite, sem avisar, desaprende.
Desliga os olhos e atira o corpo para o fim.

Ocupam agora o banco todo.
Do principio ao fim, todo ele é corpo.
E os filhos, cansados de telefonar, resmungam.
Morreram oitenta e dois anos, e nem mais um dia.
A cidade não pára, o mundo não interrompe, nada.
Os filhos enterram vinte anos, e guardam os outros sessenta e dois.
Os últimos vinte davam trabalho e de pouco valiam.
Não tem vagar para os guardar.
Mas de hoje em diante, esses vinte vão acordá-los todos os dias.
Até se deitarem sozinhos no banco que os vai deitar."

Deus = Verdade

Na revista ÚNICA, do Expresso, um texto sob o título Cabelo de Guru:
Na imagem: "Templo dourado de Amritsar: um peregrino cumpre a sua tarefa, lavar a Parkarma, o passeio em volta do néctar sagrado"


“Nem sempre há rótulos que se adequem a todos os conteúdos. O sikhismo é um destes casos. Foram os próprios gurus que rejeitaram a catalogação, por esta ser contra o seu princípio de vida. Ser sikh é ser crítico. Crítico de si mesmo, dos outros e do meio em que vive. Assim nasceu este conceito monoteísta, um híbrido confesso de Islão e Hinduísmo, um concubinato do melhor de ambos e uma feroz revolta contra o humilhante de cada um deles. O sikhismo na Índia é como a sua própria distribuição geográfica: uma fronteira entre Islão e Hinduísmo, uma zona-tampão entre o Paquistão islâmico e a Índia hindu.” (excerto)

Os sikhs têm uma lei fundamental: “Só há um Deus e o seu nome é Verdade”

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Imagem sem palavras - 35

Velas de um barco

Aproveitar oportunidades...


E esta ideia aplicada ao futuro aeroporto internacional de Lisboa, hein? Seja na Ota ou em Alcochete..
E porque não começar a criar receitas desta forma para finanaciar a construção do novo aeroporto?

Blogosferando por aí - 2


  1. Ensaio sobre a má fé, acerca do momento actual no Médio Oriente, segundo o qual quando Israel se defende é agressivo e assassino, quando os palestinianos e o Hamas atacam Israel já é auto-defesa (no Incontinentes Verbais). Subscrevo inteiramente o argumento deste blogue (excepto o ataque quase pessoal ao Daniel Oliveira).

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Imagem sem palavras - 34


Num jardim nas Caldas da Rainha

Blogosferando por aí - 1


  • O Zé propõe uma espécie de praia para o Cais do Sodré. Talvez seja uma forma de indemnizar a autarquia e os lisboetas por tanto embargo (no Tomar Partido)
  • Sugestão para o atendedor de chamadas (no Vício de Forma);
  • Amizades indiscretas (também no Vício de Forma);
  • Mensagens azaradas (no Estado Civil);
  • Horrores de Portugal, contra as 7 maravilhas (no Corta-fitas);
  • Momento Chavez by Cavaco Silva (no Da Literatura).

Invernos


"Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais."

(Alberto Caeiro/Fernando Pessoa)

14 de Junho... que belo dia de inverno... chuva.. vento... frio...

E pensar que o verão começa daqui a uma semana...

Se Saramago o diz...

"Antes gostávamos de dizer que a direita era estúpida, mas hoje em dia não conheço nada mais estúpido que a esquerda", afirmou o octogenário escritor e militante histórico do Partido Comunista Português. (PÚBLICO)

De lembrar esta frase de Bernard Kouchner: É duro ser de esquerda, sobretudo quando não se é de direita” (via Vício de forma, de Pedro Lomba)...

A propósito... o que dirá Saramago de Chavez? Estúpido ou a verdadeira esquerda?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Cantinho do poeta - 19

Num destes dias, naquelas conversas da SIC Notícias entre Bárbara Guimarães e um convidado sobre livros, a convidada era Marília Gabriela, conhecida actriz e jornalista brasileira. No fim da conversa, ela atira com um verso de um tal Mário Quintana, de quem nunca ouvi falar. Gostei, fui à procura, e encontrei várias coisas dele.
Fica um poema sobre poemas:
Os Poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Mais coisas de Mário Quintana aqui e aqui.

Sarkozy: 1º episódio

O que se terá passado na conversa entre Vladimir Putin e Nicolas Sarkozy, aquando do encontro do G8, para este último chegar assim à conferência de imprensa?
O jornalista diz que o presidente francês está bêbado... não me parece. Mas foi a correr para a conferência de imprensa. Talvez tenha estado numa sessão de judo com o presidente russo, que é cinturão negro na modalidade...
No momento em que Sarkozy se começa a afirmar como líder europeu - goste-se ou não dele - um episódio estranho para manchar a sua imagem.
Facto é que ninguém já lhe tira a esmagadora vitória nas legislativas francesas (possível graças a um sistema eleitoral interessante: 40% de votos, 80% da assembleia...). Com tal margem, as reformas que prometeu irão avançar em força. Perigoso será quando tanto poder se transformar em autoritarismo. Ver a declaração de Blair sobre os jornalistas, agora que se prepara para deixar o cargo: chamou matilha selvagem aos jornalistas... (El Mundo)

Israel - boas notícias


Shimon Peres foi eleito hoje Presidente do Estado de Israel durante uma votação no Parlamento, cujo resultado era praticamente esperado depois de dois candidatos ao cargo terem abandonado a corrida ainda na primeira volta.
(...)
Peres, 83 anos, está na política activa israelita há cinco décadas, ao longo das quais foi primeiro-ministro (por duas vezes) e ministro da Defesa, das Finanças e dos Negócios Estrangeiros. Venceu o Prémio Nobel da Paz em 1994 ao lado do primeiro-ministro Yitzhak Rabin, assassinado em 1995, e do também já falecido Presidente palestiniano Yasser Arafat." (PÚBLICO)

Curiosidades

E eis que quando o GONIO atinge os seguintes números (embora tendo nascido a 9 de Fevereiro de 2006, a contagem só começou a 15 de Fevereiro):
Total Page Views
17,613
Total Uniques
10,351
apetece-me saber de que canto deste planeta o fazem... já que o global tomou conta de tudo...
Está lá em baixo o mapa para matar a curiosidade...

Plano Nacional de Leitura - ler para quê?

Depoimento de José Pacheco Pereira (do blogue Abrupto) a propósito do Plano Nacional de Leitura:




segunda-feira, 11 de junho de 2007

Magias literárias


Com a quantidade de livros que trouxe da Feira, vou dedicar-me mais à leitura... Tantos mundos para visitar, tantas ideias para espreitar, tantas personagens para conhecer. Tanto, tanto, tanto.
Espreitar o que um livro esconde em cada palavra sempre me seduziu. Onde é que os escritores têm a fonte de tantas ideias? Onde encontram outros mundos, criam fantasias? Essa capacidade seduz-me. Por exemplo, um José Saramago, onde foi buscar a ideia para o “Ensaio sobre a Cegueira”? Ou de que recanto mágico saiu “Cem Anos de Solidão” a Gabriel García Márquez?
Lembro-me, quando era miúdo, de tentar escrever livros. Eu e a minha irmã fazíamos uma lista de possíveis títulos, e depois tentávamos desenvolver uma história a partir daí… Obviamente que tanta ideia criativa morria ao fim de poucas linhas escritas… Infantilidades.
Nunca tive essa capacidade para escrever, criar mundos imaginários, novas vidas, novos afectos, novas cidades, novas paisagens. A minha imaginação nunca chegou para construir novos mundos carregados de sedução. As palavras são apenas palavras, sem asas para voar e transformar-se em livros.
Por isso, nada melhor que me deixar envolver nas histórias de escritores de verdade.

Imagem sem palavras - 33

Torre da Catedral do Funchal (vista das traseiras)

Momento manjerico


Oh meu Santo Antoninho,
Oh santo casamenteiro,
Se mão me dás sorte ao amor
Ao menos dá sorte ao dinheiro
(quem tiver jeito, faça favor de escrever um verso. Depois publico-os)

Feira do Livro - balanço

Então não é que as Feiras do Livro de Lisboa e do Porto tiveram aumentos de 20% nas vendas…?
Apesar da pobreza da feira deste ano…

"O balanço positivo prova que o modelo actual — centrado no livro, nos autores e nos leitores — continua a ser o melhor para celebrar e promover a leitura". No caso da Feira do Livro de Lisboa, "o regresso do certame à zona sul do Parque Eduardo VII, junto à Praça Marques de Pombal, com bons acessos de transportes e melhor visibilidade pública, e o facto de não terem decorrido outros grandes eventos culturais ou desportivos em paralelo", explicam, no entender do responsável, os bons resultados. (PÚBLICO)

Sugestão…
E se fizessem um dia dedicado a cada editora participante na feira? Assim como durante a Expo ’98 havia um dia dedicado a cada país… E, nesse dia, a editora em causa seria responsável pelos eventos e animação do recinto, e teria preços mais convidativos no respectivo pavilhão e todos (ou vários livros) seriam “livro do dia”.

Novo aeroporto

Na SIC Notícias, o presidente da CIP, Francisco Van Zeller, apresentou sucintamente os motivos e as conclusões no estudo que propõe Alcochete (Campo de Tiro) como localização alternativa para o Aeroporto Internacional de Lisboa, em vez da Ota.

Sem ideias preconcebidas, sem fundamentalismos, um contributo de cidadania. E de espírito tão livre, que a hipótese que acabou por “vencer” só apareceu a um mês da conclusão do estudo que hoje foi apresentado ao Presidente da República. E surpreendeu os próprios autores e responsáveis do estudo.

Alcochete parece ser melhor em termos ambientais, mais próximo de Lisboa (36Km em vez de 50Km), mais barato, com menos risco de derrapagem financeira, com possibilidade de “ampliação ilimitada”, trata-se de terrenos públicos, fica operacional cerca de dois anos antes do que a previsão para a Ota …

---- / / ----

A propósito deste debate sobre o Aeroporto Internacional de Lisboa há um ponto em que tenho reparado: os debates têm sido feitos sobretudo por engenheiros e políticos, com o ruído de alguns ambientalistas.

Mas ninguém se lembrou de falar com os aqueles cidadãos que conduzem os aviões para os quais se pretende fazer um novo aeroporto: PILOTOS! Só tenho ouvido o presidente da TAP, Fernando Pinto, a dizer, por exemplo, que é necessário um novo aeroporto para testar aviões.

Ver notícias:

- PÚBLICO

- PÚBLICO 2

- SOL

- NAER - Novo Aeroporto

- CIP - Confederação da Indústria Portuguesa

domingo, 10 de junho de 2007

Dia de Portugal


A propósito desta data, vale a pena ler o artigo de Pedro Lomba no Diário de Notícias:

"O DEVER DE COMEMORAR

Vem aí o 10 de Junho. Prometo que não vou lamentar aqui a decadência da Pátria, o esquecimento de Camões ou o desinteresse pelo dia. Na verdade, nunca me espantou que Portugal não celebrasse condignamente o seu feriado nacional, nem, de resto, qualquer outra data relevante (tirando as religiosas). O Sr. Presidente da República queixou-se, no seu discurso do 25 de Abril, que é preciso reinventar as comemorações da data. O Sr. Presidente não abordou o problema como deve ser. Porque a explicação é outra: Portugal não celebra nada. Nós, portugueses, não celebramos nada. Somos ensinados para não celebrar nada. Pior, somos ensinados para uma espécie de vergonha e silêncio. A existência de uma cultura de celebração requer abertura à distinção e à solenidade, coisas que a nossa baixa educação cívica e histórica repele. No ensino ou fora, o português é treinado para desprezar símbolos, memórias, rituais, tudo o que no mundo real das sociedades e das pessoas há de mais emotivo e não racional.

Esclareço que nem estou a pensar nos símbolos nacionais, como o hino ou a bandeira. Não faço nenhuma defesa de uma política nacionalista de exaltação, quase sempre apócrifa, do País. O problema é que uma comunidade que pretenda funcionar como comunidade, que não queira ser só um amontoado de leis e poderes, precisa de uma política de símbolos, imagens e valores. Um país precisa de uma certa retórica pública, da celebração de que há valores acima das nossas cabeças. Há um livro recente, de Ajume Wingo (Veil Politics in Liberal States) que explica a importância da função de véu dos símbolos políticos nas sociedades democráticas. Esta função de véu reside no facto de os símbolos intermediarem a relação entre os cidadãos e as estruturas políticas, fazendo com que, através da sua força sugestiva, as pessoas adiram a valores importantes. A América leva a sério o "em busca da felicidade" da Declaração da Independência. O discurso prevalecente em Portugal é o de desprezo por qualquer retórica pública. Quais são os valores em que assentamos a nossa consciência colectiva? Por exemplo, não somos capazes de ser justos com os ex-combatentes de África, não tratamos dos nossos monumentos, não respeitamos a memória, não comemoramos: em quantas escolas, da primária à universidade, se celebra com dignidade o início do ano lectivo, a atribuição de diplomas, os feitos dos melhores estudantes? Para que serve Portugal no fim de contas?

Talvez porque andámos demasiado divididos no último século, talvez porque não sabemos distinguir os símbolos colectivos das mitologias políticas de esquerda e de direita, consentimos que se generalizasse uma atitude de suspeição por tudo o que possa ser visto como conservador e passadista. Mas os símbolos políticos nada têm de conservador. Uma política de símbolos é vital para as sociedades. A sua ausência só traz vazio e vulgaridade."

sábado, 9 de junho de 2007

E o Tejo ali tão perto...

Porta-voz sentimental

Eu não nomeei nenhum porta-voz dos meus estados de alma.... mas a F., no Ad Intra, esteve lá.

Mas, para continuar o dia-a-dia, às vezes é melhor desligar as colunas e ignorar a música que bate lá dentro...

(Há quem nasça com o rabo virado para a lua. E há aqueles para quem a lua tem sempre o rabo virado...)

Livros que vieram da feira - 2007

Como não podia deixar de ser, passei várias vezes pela feira do livro deste ano. Apesar de ser mais pequena, pobre, pouco vistosa, triste, sem um digno pavilhão para conferências, sem espaços para sentar e ler um pouco, para beber ou comer qualquer coisa… Houve até um dia em que corria água num dos lados, qual rio saltando margens...

Comprei vários livros. Mais do que tinha pensado, mas isso já é costume. Todos os anos digo que vou comprar apenas dois ou três livros, mas acabo por me ultrapassar. Devia haver uma ACLLA – Associação de Compradores e Leitores de Livros Anónimos.

Antes de mais, trouxe uma espécie de biografia: “Freddie Mercury – auto-retrato”. É um livro feito da compilação de entrevistas, de intervenções, de palavras deste génio musical. Segue-se a vida, o sonho, a força do lendário vocalista dos Queen através das suas próprias palavras. Sempre inteligente, irónico. Freddie disse isto: “Não vou ser uma estrela, vou ser uma lenda.” É-o de facto.
Este livro foi um achado para um fã de Freddie Mercury e dos Queen.

Apanhado como livro do dia, trouxe também “Olhos de cão azul”, de Gabriel García Márquez. Um livro de contos vários, escritos nos anos 40 e 50 do século passado. Fabuloso como só Gabo sabe escrever. E lá vem, escrito em 1955, o “Monólogo de Isabel vendo chover em Macondo”, que iria fazer parte dessa obra-prima que é “Cem Anos de Solidão”. Um escritor de eleição.

Num dia de sorte, comprei o último romance de José Eduardo Agualusa, “As Mulheres do Meu Pai”. E sorte porque o escritor estava a autografar. Obviamente pedi-lhe um autógrafo. Dele só tinha lido “O Vendedor de Passados”, que tem uma osga como narradora. Criativo. Pelo que já folheei deste novo romance, parece muito bom.

“Fazes-me Falta”, de Inês Pedrosa, é uma obra transcendente. Mas perdi o meu primeiro exemplar nem sei onde nem como. Aconteceu. Por isso, aproveitei a feira para readquirir o livro. Que é uma diálogo desfasado entre um homem vivo e uma mulher que morreu há pouco tempo. Uma ideia genial que nos deixa a pensar em tanta coisa: na vida, na morte, na amizade, nos afectos, nos amores, nas palavras ditas, nas palavras por dizer. Já o li umas duas vezes, mas…Fazia-me falta. Um dos melhores livros portugueses.

Ainda me aventurei a comprar um livro da Isabel Allende. Nunca li nada dela, mas dizem que vale a pena. Vai daí, aproveitando ser livro do dia (e parece que o foi todos os dias, tendo em conta o mail diário que recebi sobre os ditos…) comprei “Inés da Minha Alma”. A história decorre no séc. XVI: “Inés Suárez é uma jovem e humilde costureira oriunda da Extremadura, que embarca em direcção ao Novo Mundo para procurar o marido, extraviado com os seus sonhos de glória do outro lado do Atlântico. (…) Na América, Inés não encontra o marido, mas sim uma grande paixão”. A ver vamos se será mais uma escritora de eleição.

Para o ano há-de haver mais. Se eu bem me conheço.