Nos últimos dias têm vindo a público algumas notícias a que vale a pena dar alguma atenção:
1 – no SAP de Almada, “uma jovem de 19 anos terá abortado na quinta-feira numa casa-de-banho”, e agora ela é suspeita de ter abortado e de infanticídio.
A notícia é tão mirabolante que basta pensar um pouco para se concluir que: nenhuma mulher no seu perfeito juízo iria a um centro de saúde para abortar fora da lei. Ou esta teria a ideia de se auto-denunciar?
Por outro lado, ao longo da notícia, não há uma única linha sobre a forma como decorreu o atendimento da jovem: tempo de espera, acompanhamento…
Outra questão não respondida é… quem chamou a polícia? Com que intenção?
E isto não tem nada a ver com a lei do aborto. A mim parece-me ter a ver mais com o mau atendimento em serviços de saúde. Mas eu não sou médico…
2 – na Austrália, pai e filha mantêm relação incestuosa há oito anos e têm uma filha de nove meses.
«Pai e filha foram condenados por incesto, no mês passado, pelo tribunal de Mount Gambier, no Sul do país. O juiz Steven Millsteed considerou que vivem uma relação "de mútuo consentimento", pelo que podem continuar a ver-se. Mas Millsteed proibiu-os de terem relações sexuais face ao elevado risco que uma criança nascida duma relação incestuosa corre de nascer com malformações e exigiu três anos de "bom comportamento".»
Sem comentários. E com isto não estou a ser nem a favor nem contra. Não sei.
Já tinha lido sobre isto, mas está no caderno P2 do PÚBLICO de ontem.
3 – o caso da ida de Jorge Coelho para a Mota-Engil…
A lei impõe três anos de “período de nojo” entre a saída de funções governativas e a ida para empresas com as quais o ministro teve algum relacionamento. Coelho esteve sete anos. Agora alguns partidos querem o alargamento desse período de afastamento: 5 anos pede o CDS-PP, 10 anos pedem os puros do BE.
Em suma, parece que quem é político tem de ser uma espécie de entidade divina superior, alheia ao mundo, e sem qualquer vontade e/ou ambição de fazer mais alguma coisa na vida para além de política.
Não pode ir para nenhuma empresa com a qual tenha tido relações enquanto político porque há interesses; não pode ir para outra área porque não percebe nada do negócio e só vai para lá por ter sido político. Não pode ir no dia seguinte a deixar de ser político porque está muito próximo; não pode ir passados muitos anos porque tem contactos privilegiados. Enfim…
Com esta lógica fabulosa, a escolha de políticos só pode ser a seguinte:
- pessoas que nunca fizerem mais nada na vida senão política, de preferência originários das juventudes partidárias, e que só chegaram ao topo aparelhisticamente. Normalmente estes cidadãos não têm qualquer noção da realidade do país e são incompetentes, mas isso não interessa nada.
- se forem pessoas reconhecidas fora da política, quando terminarem a sua função devem suicidar-se. É que após terem sido políticas as pessoas não podem fazer mais nada por passarem a ser corruptos e mais não-sei-quê...